quarta-feira, 26 de agosto de 2015

História: 25 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1990

A F1 chegava à sua etapa decisiva de 1990 em outro circuito favorável à McLaren, que estava se destacando mais em circuitos rápidos, enquanto a Ferrari se dava melhor em circuito mais travados, utilizando seu chassi mais acertado. No final do grid, a novidade era o fim das atividades da equipe Onyx, que conseguiu surpreendentes resultados em seu ano de estreia em 1989, mas passou a ver vários problemas financeiros em sua segunda temporada. Era a seleção natural da F1 de 25 anos atrás. Se em 1989 chegou-se a ter 39 carros tentando um lugar no grid, aos poucos equipes eram cortadas, principalmente as lideradas por algum aventureiro, que vem em quando aparecia na F1 naqueles tempos.

Na outra ponta do grid, Senna e Berger disputaram a pole, mas como sempre acontecia naqueles tempos, o brasileiro acabou se sobressaindo, colocando mais de meio segundo em cima do seu companheiro de equipe da McLaren. Prost liderava a segunda fila, mas era a Williams de Boutsen, que vinha a seguir. Correndo em casa, o belga sabia que seu emprego na Williams estava em risco e por isso, tentava mostrar serviço não apenas à Frank Williams, mas as demais equipes. 

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:50.365
2) Berger (McLaren) - 1:50.948
3) Prost (Ferrari) - 1:51.043
4) Boutsen (Williams) - 1:51.902
5) Mansell (Ferrari) - 1:52.267
6) Nannini (Benetton) - 1:52.648
7) Patrese (Williams) - 1:52.703
8) Piquet (Benetton) - 1:52.853
9) Alesi (Tyrrell) - 1:52.885
10) Nakajima (Tyrrell) - 1:53.468

O dia 26 de agosto de 1990 estava nublado e frio em Spa, mas a pista estava seca quando as largadas foram dadas. Isso mesmo, largadas! Para sempre essa corrida em Spa ficará marcada pelas largadas confusas e em consequência, as três tentativas. A primeira largada foi logo interrompida ainda na La Source, com Mansell tocado por trás e ficando parado na primeira curva, causando vários pequenos toques entre os pilotos que vinham atrás. A segunda tentativa foi mais tranquila, mas logo na segunda volta, Paolo Barilla acertou em cheio o guard-rail na Radillon, causando um enorme susto, mas apesar da Minardi de Barilla ter ficado destruída, o italiano saiu ileso do seu carro, mas com o guard-rail avariado, a bandeira vermelha foi mostrada mais uma vez. A terceira largada foi cautelosa, com os quatro primeiros colocados mantendo suas posições, enquanto Mansell caía para sétimo.

Os incidentes ainda na primeira volta fizeram com que os pilotos ficassem bastante calmos nas primeiras voltas, com poucas ultrapassagens e emoção. Utilizando o carro reserva, acertado para Prost, Mansell sofria com o acerto do francês e era ultrapassado por Alesi, que tinha um motor bem menos potente do que o seu. Lá na frente, Senna começava a descolar do primeiro pelotão, com Berger, Prost e Boutsen, andando bem próximos, mas ninguém tentava ultrapassar ninguém. Mansell resolve trocar os pneus para tentar melhorar sua situação e com isso, cai para 16º. Poucas voltas mais tarde, o inglês abandonaria a corrida devido ao comportamento errático do seu carro. Vendo seu grande rival pelo título disparando na frente, Prost resolve tomar uma atitude e aumenta o seu ritmo, ultrapassando Berger na chicane Bus Stop na volta 14, assumindo o segundo lugar. Sem o austríaco à sua frente, Prost passa a ser o mais rápido na pista, porém Senna já tinha uma vantagem confortável na frente. Após assumir o quinto lugar de Nannini ainda na primeira volta, Patrese entra nos boxes lentamente na volta 19, com um problema de transmissão.

Porém, para desespero da torcida local, Boutsen encosta a segunda Williams no muro depois da entrada dos boxes para abandonar, com o semi eixo quebrado na volta 22, na metade da prova. O belga estava em terceiro lugar, pois Berger tinha feito uma parada quando percebeu que seus pneus já não tinham o mesmo desempenho. Na volta seguinte, as duas estrelas da F1 em 1990, Senna e Prost, fazem seus pit-stops ao mesmo tempo, mas as posições permanecem as mesmas. Tentando repetir a grande corrida em Hockenheim, onde não parou para trocar pneus, Nannini fica na pista e quase repete o feito na Alemanha, quando o italiano da Benetton saiu à frente de Senna por muito pouco, mas ao contrário de Hockenheim, quando Nannini liderou várias voltas, Senna emergiu em primeiro por muito pouco, deixando o piloto da Benetton em segundo. Senna teria menos trabalho para vencer, mas agora Prost tinha um desafio pela frente, pois teria que ultrapassar Nannini se quisesse atacar Senna, sendo que o italiano tinha dado muito trabalho à Senna em Hockenheim em condições parecidas. Enquanto Piquet tomava uma tática diferente e fazia sua parada, deixando Maurício Gugelmim em sexto, Prost pressionava Nannini de todas as formas na luta pela segunda posição, enquanto Senna aproveitava a deixa e aumentava sua vantagem na ponta.

Depois de quatro voltas de muita pressão, finalmente Prost ultrapassa Nannini na Bus Stop, mas o estrago para francês estava feito. Inteligente como era, Senna não perdeu a oportunidade para disparar na frente e mesmo Prost tendo aumentado seu ritmo, a corrida estava nas mãos do brasileiro da McLaren. Com pneus mais novos, Berger parte para cima de Nannini e numa disputa apertada, os dois pilotos forçam tudo na freada das Les Combes e saem ligeiramente da pista, com Nannini mantendo a terceira posição. Por pouco tempo. Faltando duas voltas para o final, com os pneus extremamente desgastados, Nannini é facilmente ultrapassado por Berger, que rapidamente abriu 19s (!) sobre o italiano. Prost ainda tentou se aproximar, chegar a ficar 3s atrás do líder, mas Senna não perderia a chance e vence praticamente de ponta a ponta em Spa, a quinta vitória em 1990 e a 25º na carreira, se igualando aos mitos Niki Lauda e Jim Clark. Nannini cruza em quarto e mesmo com sua tática não dando totalmente certo, no final ele superou seu companheiro de equipe Piquet, enquanto Gugelmin marcaria o que seria seu único ponto em 1990. E último na F1! Mostrando o ótimo momento do automobilismo brasileiro, haviam três pilotos tupiniquins pontuando vinte e cinco anos atrás. Com treze pontos de vantagem sobre Prost, o bicampeonato estava cada dia mais próximo de Senna!

Chegada:
1) Senna
2) Prost
3) Berger
4) Nannini
5) Piquet
6) Gugelmin

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