O Grande Prêmio da Áustria de 1985 era uma corrida triste para a F1, pois era a primeira prova após a trágica morte de Manfred Winkelhock, quando o alemão espatifou seu carro contra um muro em Mosport Park, numa corrida Esporte-Protótipos. Porém, o show deveria continuar e a RAM teria Kenny Acheson para o lugar de Winkelhock. Aproveitando que correria em casa, Niki Lauda anuncia a sua segunda aposentadoria para o final de 1985. Desgastado com Ron Dennis e numa temporada muito ruim com a McLaren, Lauda diz que sua decisão estava tomada, enquanto o chefe de equipe já tinha contratado Keke Rosberg da Williams, que negociava com Nelson Piquet para 1986.
O rapidíssimo circuito de Österreichring favorecia os carros com motores potentes, no caso em 1985, os motores da Porsche (McLaren) e Honda (Williams). Mesmo na briga pelo título, Alain Prost ainda não havia largado na pole em 1985, algo que o francês consegue na Áustria, tendo a Williams de Nigel Mansell na primeira fila. Na segunda fila, a mesma ordem McLaren-Williams, com Lauda tentando fazer uma ótima corrida em sua prova derradeira em casa. A Ferrari tem uma classificação decepcionante, o mesmo acontecendo com Senna, que vinha se destacando nas classificações trinta anos atrás, mas o brasileiro tem vários problemas durante o final de semana e consegue apenas o 14º lugar no grid.
Grid:
1) Prost (McLaren) - 1:25.490
2) Mansell (Williams) - 1:26.052
3) Lauda (McLaren) - 1:26.250
4) Rosberg (Williams) - 1:26.333
5) Piquet (Brabham) - 1:26.404
6) Fabi (Toleman) - 1:26.664
7) De Angelis (Lotus) - 1:26.799
8) Tambay (Renault) - 1:27.502
9) Alboreto (Ferrari) - 1:27.516
10) Patrese (Alfa Romeo) - 1:27.851
O dia 18 de agosto de 1985 amanhece muito nublado em Zeltweg, com risco de chuva durante a prova. Durante a noite, uma chuva forte caiu na Áustria, chegando a alagar os arredores do circuito e deixando os estacionamentos e os locais de camping cheios de lama. Porém, a pista secou e não havia chuva na hora da largada. Porém, a grama continuava muito escorregadia. Numa reta estreita e cercada pelo muro dos boxes de um lado, e o guard-rail de outro, as confusas largadas em Zeltweg se tornaram lendárias e trinta anos atrás não foi diferente. Lauda consegue uma largada estupenda, pulando para primeiro, enquanto Mansell larga muito mal, permitindo a Piquet pular para terceiro. Fabi sai ainda mais lentamente, causando o caos ao seu redor, com muitos carros se envolvendo numa batida, notadamente Alboreto e Gerhard Berger e a bandeira vermelha aparece, indicando uma segunda largada. Alboreto e De Angelis trocam de carro, o mesmo fazendo Prost, que mesmo não envolvido no acidente, descobriu um superaquecimento em seu motor. Para largar novamente, Fabi utiliza o carro de Piercarlo Ghinzani, que estreava naquele dia pela Toleman e já estava fora da prova. A segunda largada acontece com mais cuidados, mas novamente Mansell não aproveita a vantagem da primeira fila, mas quem pula para frente é Keke Rosberg, assumindo a segunda posição.
Os três primeiros colocados (Prost, Rosberg e Lauda, na ordem) disparam na frente, com Piquet sendo quem liderava o segundo pelotão, porém, a corrida de Rosberg durou muito pouco, com o finlandês tendo o motor quebrado ainda na quarta volta. A corrida fica à mercê dos pilotos da McLaren, pois o terceiro colocado Piquet fica a quase 20s dos líderes em menos de dez voltas, mas para desespero da torcida local, Prost abre uma diferença confortável de 5s sobre Lauda, que parecia incapaz de alcançar o companheiro de equipe nas primeiras voltas. Na volta 14, Andrea de Cesaris perde o controle do seu Ligier na saída da rápida curva Texaco. Quando o italiano encosta na grama molhada, a velocidade do Ligier aumenta e De Cesaris inicia uma espetacular série de capotagens, tornando essa imagem uma das mais conhecidas dos anos 80. Porém, havia apreensão para saber a situação do popular piloto italiano, mas quando De Cesaris emerge ileso do seu carro, mesmo que sujo de lama, todos aplaudem. Menos Guy Ligier. Cansado dos prejuízos de Andrea de Cesaris em 1985, o chefe da equipe demite o italiano ainda nos boxes.
Senna fazia uma bela corrida de recuperação, se aproveitando dos azares alheios e subindo o pelotão com seu belo Lotus. Na volta 15, o brasileiro ultrapassa Teo Fabi e já aparecia na zona de pontos, ficando atrás do seu companheiro de equipe Elio de Angelis, ultrapassado por Mansell, tentando se recuperar de sua péssima largada. Prost sabia da sagacidade de Lauda, ainda mais com o austríaco motivado pela sua despedida em casa. O francês tem dificuldades em ultrapassar os retardatários e permite à Lauda encostar de vez, porém, Prost muda de estratégia e vai aos boxes na volta 26 para trocar pneus, voltando ainda em segundo. Na volta seguinte, o terceiro colocado Piquet, já atacado por Mansell, tem o turbo do seu motor quebrado, mas o inglês da Williams não se aproveita da queda do seu futuro rival e tem o motor Honda quebrado. O segundo motor japonês no dia! Quem aparecia em terceiro era Ayrton Senna, que tinha acabado de ultrapassar De Angelis e numa prova sensacional, já estava com um lugar no pódio, mesmo que longe da briga pela vitória. Com pneus novos, Prost marca a volta mais rápida, mas Lauda se mantém na pista com tranquilos 17s de vantagem. A torcida austríaca fica ouriçada, mas o motor Porsche de Niki Lauda explode na Rindt Kurve (nome do outro ídolo austríaco da F1...) e o tricampeão pára o seu McLaren na reta dos boxes. Para enorme tristeza local, Lauda não venceria sua última corrida em casa.
Isso deixava Prost com uma liderança fantástica, permitindo ao francês dosar o seu ritmo nas voltas finais. Com Elio de Angelis perdendo rendimento, o italiano é alcançado pelas duas Ferraris, com Alboreto na frente. Brigando pelo campeonato Alboreto tentava marcar o maior número de pontos possíveis e se aproveitando dos vários abandonos, num final de semana em que a Ferrari não foi bem, o italiano já estava no pódio! Alain Prost recebe a bandeirada para a sua vigésima vitória na F1, com Senna coroando uma belíssima corrida para ser segundo, acabando com uma série de sete abandonos consecutivos. Alboreto ainda tentou uma aproximação em cima de Senna nas voltas finais, mas não havia tempo suficiente e o italiano da Ferrari garantiu o seu oitavo pódio em 1985. A vitória de Prost o fez reassumir a ponta do campeonato, mesmo que empatado com Alboreto, mas o francês tinha mais vitórias. O campeonato esquentava, na mesma medida em que a F1 começava a se despedir do mito Niki Lauda.
Chegada:
1) Prost
2) Senna
3) Alboreto
4) Johansson
5) De Angelis
6) Surer
Nenhum comentário:
Postar um comentário