segunda-feira, 3 de agosto de 2015

História: 40 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1975

A F1 chegava à Nürburgring reclamando dos perigos do tradicional circuito alemão, que mesmo sofrendo reformas ao longo dos últimos anos, ainda era o circuito mais perigoso do calendário da F1 e desagradava aos pilotos, mesmo sendo muito prazeroso para eles em termos de pilotagem. Uma prova da maior preocupação com a segurança por parte da organização da F1 era o cancelamento do Grande Prêmio do Canadá, após os donos de Mosport Park se recusarem a reformar o circuito por motivos de segurança. Após a conturbada saída de Jacky Ickx, a Lotus ainda procurava um piloto e após duas experiências mal sucedidas com Jim Crawford e Brian Henton, Colin Chapman resolve apostar em John Watson, que estava sofrendo com o pouco desenvolvido e financiado carro da Surtees e foi liberado por John Surtees para essa corrida. A Ferrari era a grande favorita no final de semana, ainda mais com Niki Lauda vindo numa fase sensacional, onde o austríaco liderava o campeonato após quatro vitórias nas últimas seis corridas.

Durante os treinos, o inglês Ian Ashley quebra o tornozelo após bater na perigosa curva Pflanzgarten, cuja característica era de não ter guard-rails ao seu redor. Os pilotos pressionam que novos 'rails' sejam instalados em caráter de urgência no local. Niki Lauda marca sua 15º pole na F1 com um tempo incrível, sendo o único piloto de F1 na história a andar abaixo de sete minutos em Nürburgring. José Carlos Pace mostra mais uma vez o porquê de sempre andar bem no 'Ring' e fica em segundo, marcando sete minutos cravados, enquanto a dupla da Tyrrell fica com a segunda fila. Outro piloto que andar bem em Nürburgring, Clay Regazzoni, fica em quinto, enquanto o segundo colocado no campeonato Emerson Fittipaldi marca apenas o oitavo tempo. Watson consegue superar Peterson na luta interna da Lotus, mas o norte-irlandês consegue apenas o 14º tempo.

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 6:58.6
2) Pace (Brabham) - 7:00.0
3) Scheckter (Tyrrell) - 7:01.3
4) Depailler (Tyrrell) - 7:01.4
5) Regazzoni (Ferrari) - 7:01.6
6) Mass (McLaren) - 7:01.8
7) Stuck (March) - 7:02.1
8) Fittipaldi (McLaren) - 7:02.7
9) Hunt (Hesketh) - 7:02.7
10) Reutemann (Brabham) - 7:04.0

O dia 3 de agosto de 1975 estava bastante quente e ensolarado em Eifel, fazendo com que um enorme público se deslocasse para o autódromo de Nürburgring para o tradicional Grande Prêmio da Alemanha, mas essa edição poderia ser um dos últimos. O contrato com Nürburgring acabaria em 1976 e com os pilotos reclamando cada vez mais, além do acidente de Ashley, a pressão era grande para que o circuito saísse do calendário da F1. Outro fator que preocupava as equipes e os pilotos era o calor, que poderia fazer com os pneus se desgastassem mais do que o previsto, lembrando sempre que há quarenta anos atrás, pit-stop programado era um ato de ficção científica. Na bandeirada alemã, Lauda salta muito bem e mantém sua vantagem de pole, enquanto Scheckter tem problemas na transmissão do seu Tyrrell e fica parado no grid. Com o braço levantado, todos conseguem evitar o carro parado do sul-africano, mas quem consegue a melhor largada é Carlos Reutemann, que salta de um obscuro décimo lugar para o quinto posto.

Com um circuito de 22 km, aconteciam muitas coisas durante uma volta em Nürburgring e a primeira passagem viu Depailler assumir o segundo lugar após ultrapassar Pace, enquanto Reutemann continuava sua ascensão e sobe para o quarto lugar, deixando Emerson para trás. Porém, o brasileiro da McLaren teria sua vida piorada quando a sua perca de rendimento na realidade era por causa de um furo no pneu traseiro esquerdo, o fazendo ir aos boxes lentamente. Isso num circuito de mais de vinte quilômetros... Após reiniciar seu carro, Scheckter voava pela pista e na segunda volta já era 12º. Pace perde rendimento na quinta volta por causa de um pneu furado e abandona no final da volta, enquanto seu companheiro de equipe já aparecia em terceiro, mas tendo que se preocupar com os ataques de Clay Regazzoni. Na volta seguinte, o suíço toma o último lugar do pódio do argentino, mas a vida da Ferrari não era assim tão bela, com Lauda sendo atacado por Depailler na briga pela primeira posição. O piloto da Tyrrell tinha um melhor rendimento nas partes lentas do circuito, enquanto Lauda tinha vantagem nas partes rápidas. Era uma briga empolgante pela ponta, com Depailler fazendo sua melhor corrida na F1, enquanto Scheckter já aparecia em sexto após uma espantosa corrida de recuperação.

Porém, a corrida do sul-africano teria um fim abrupto quando Scheckter tem um pneu furado e bate forte na curva Wippermann. Jarier vinha logo atrás e passou por cima dos destroços da Tyrrell de Scheckter, tendo um pneu furado, fazendo com que Tom Pryce, que havia largado apenas em 16º, ganhasse a sexta posição, seguido pelo francês Jacques Laffite, que fazia uma bela corrida no seu humilde Williams. E a vida da Tyrrell pioraria quando Depailler entra nos boxes na oitava volta com a suspensão dianteira quebrada. O francês ainda retornaria à pista com uma volta de atraso, mas a bela corrida de Depailler estava definitivamente estragada. Com isso, a corrida tinha a conhecida formação de uma dobradinha Ferrari, com Lauda ainda à frente, seguido por Regazzoni e com Reutemann conseguindo um lugar no pódio. Porém, como já havia acontecido ao longo da temporada, Regazzoni tem o seu motor quebrado na décima volta e para desespero da Ferrari, Lauda diminui o ritmo por causa de um pneu dianteiro furado, entregando a liderança da prova para Reutemann. Lauda chega aos boxes e o pit-stop é demorado, pois o pneu furado também afetou a asa dianteira, mas a vantagem de Lauda era tamanha, que o austríaco ainda volta à pista em quinto. Numa corrida de sobreviventes, James Hunt estava em segundo lugar após o inglês ter problemas com seu Hesketh no começo da corrida, mas James acabaria tendo mais problemas no final, quando uma porca de roda se soltou e Hunt teve que abandonar.

Com o abandono de Hunt, Carlos Reutemann tinha uma vantagem superior a um minuto para Tom Pryce, mas o galês também tinha problemas, pois um vazamento de óleo fazia com o fluído caísse no cockpit do piloto da Shadow e o resultado era que Pryce acabou sofrendo queimaduras. Com tamanho desconforto, o galês foi facilmente ultrapassado pelo surpreendente Jacques Laffite e por Niki Lauda, já na volta final. Carlos Reutemann recebeu a bandeirada com um minuto e meio de vantagem. Era a quarta vitória do argentino na F1 e a primeira em 1975. Porém, o grande nome do dia era o francês Jacques Laffite, que com esse segundo lugar, conquistava o seu primeiro pódio, além da Williams como construtor. Lauda salvou quatro pontinhos e aumentava sua vantagem sobre Emerson Fittipaldi para dezessete pontos no campeonato. Após a bandeirada, Pryce foi socorrido pelos médicos e devido às queimaduras, passou uma noite no hospital. Uma prova heroica para o piloto da Shadow!

Chegada:
1) Reutemann
2) Laffite
3) Lauda
4) Pryce
5) Jones
6) Van Lennep 

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