terça-feira, 1 de agosto de 2017

Espetáculo ruim

Domingo retrasado voltei a um autódromo pela primeira vez em quase dez anos e pude experimentar novamente o que é a essência do automobilismo. Ao meu lado, crianças se encantavam com os 'brutos' da Truck, que passavam com seus bólidos coloridos em alta velocidade à nossa frente. Foi emocionante ver especialmente um menino, cuja a mãe dizia que agora estava com um problema, pois seu filho iria querer sempre estar ali.

E lembrei do que motivo porque gosto tanto de corrida. Costumo dizer que o amor pelo automobilismo se sustenta pelo binômio carro-piloto. Se o carro encantar pela velocidade, pelo barulho que faz e até mesmo por sua beleza, muita gente fará questão de acompanhar a prova. Se atrás do volante do tiver um piloto carismático e ídolo de todos, quem não irá acompanha-lo? 

Essa semana que se passou, Mercedes e Porsche surpreenderam a todos a anunciar suas saídas, respectivamente, de DTM e WEC para se mudarem para a F-E, que teve nesse seu final de semana suas corridas finais e que consagrou o brasileiro Lucas di Grassi como novo campeão. Sinceramente tentei assistir a corrida de sábado. Não consegui, preferi assistir um joguinho que passava em outro canal. A F-E representa exatamente o inverso pelo o que me apaixonei pelo automobilismo. Vejamos. Os carros são vergonhosamente lentos e tenho uma teoria que a F-E só corre em circuito de rua para disfarçar a lentidão dos carros, que ficariam evidentes em circuito permanentes, além da comparação com outras categorias. 

Além de lentos, os carros são feios. Muito feios. Simplesmente não encanta aquelas proteções nas rodas e os pneus com perfil alto. Por sinal, o fato dos pneus não serem slick torna a corrida quase amadora, maximizado pelo fato do carro simplesmente não ter autonomia de completar a prova, com os pilotos tendo que trocar de carro no meio da prova. Precisa falar alguma coisa sobre o som que os motores elétricos fazem? Faz vergonha até ao liquidificador aqui de casa!

Durante o Grande Prêmio da Inglaterra, Lewis Hamilton pulou para os braços do povo após sua vitória, mostrando um pouco o quanto o inglês é popular. Alguém seguraria Lucas di Grassi nos braços? O pessoal da Fox Sports com certeza não... Diga-se de passagem, existia um site muito bom chamado 'F1 Rejects', que era uma ode à F1 lado B. Para entrar nessa lista, o piloto tinha 'requisitos' para estar presente nela. Um piloto nunca poderia ter ido ao pódio e ter marcado no máximo um determinado número de pontos durante sua passagem na F1. Poucos, logicamente. Lucas di Grassi e Sebastien Buemi entram com certeza na categoria 'F1 Reject'. Pilotos ruins? Não. Apenas longe, muito longe de serem estrelas que chamem público.

Categorias como DTM e WEC morrerem por causa da F-E seria um pecado muito maior do que a cisão da Indy em meados da década de 1990. Apesar do futuro indicar que os carros de rua sejam elétricos nas próximas décadas, isso não pode simplesmente indicar o fim do automobilismo como gostamos. Não será possível que essa tecnologia não faça nos emocionar? Torcer por um carro e um piloto? 

Pois a F-E não consegue fazê-lo nesse momento. O espetáculo é ruim, chato e insípido. E apesar da chegada de várias montadoras, o público parece não se interessar e os exemplos estão aí aos montes. Quinze dias atrás tive a curiosidade de acessar o site Motorsport americana, para ver o que se falava da F-E, que naquele final de semana corrida nas ruas de Nova Iorque. Muita Nascar, alguma coisa de F1 e Indy. E rodapé para a F-E. Semana passada houve uma briga verbal entre Di Grassi e Buemi, mas nada chamou mais a atenção do que o 'Suck my balls' de Magnussen à Hulkenberg depois do Grande Prêmio da Hungria. Por sinal, a F1 caminhava para ser uma competição 'amiga' da natureza, mas logo se percebeu que os fãs estavam indo embora e o que fez a F1? Aumentou a potência dos carros, tenta fazer os pilotos ainda mais estrelas e procura o ronco do motor perdido.

Neste domingo, a etapa derradeira da F-E teve sua largada marcada, coincidentemente, no mesmo momento em que a Indy teria a bandeira verde em Mid-Ohio. As duas teriam suas provas transmitidas ao vivo. A Indy está longe dos áureos tempos. Mas tem velocidade, ronco de motor bonito e público fiel ao seus ídolos. Adivinhem qual corrida assisti? 

4 comentários:

  1. muito boa toda a argumentação que você construiu, concordo e endosso, a parte sobre os autódromos de rua para disfarçar a lentidão é matadora

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    1. Obrigado amigo Mário! Estava apenas vendo elogios à uma categoria que no momento, tem pouco a se elogiar. Esse post saiu do coração e da alma! Quase um desabafo!

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  2. Admiro muito o seu blog e o acompanho já tem um tempo quase sempre concordo com sua opinião.Porém, apesar de entender seu ponto de vista, discordo em boa parte. Mas, sim, realmente alguns "especialistas" superestimam demais a F-E.

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    1. Anderson, você foi cirúrgico no momento em que tem muita gente que superestima a F-E...
      Você pode não concordar do meu post, mas concordo em 100% sua última frase!

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