Marc Márquez venceu e disparou no campeonato. A Honda conseguiu uma dobradinha em Aragão. Andrea Doviziozo decepcionou na hora errada. E Jorge Lorenzo voltou ao pódio em outra corrida espanhola. Em condições normais, essas seriam os principais destaques da recém-terminada corrida em Aragão, mas Valentino Rossi conseguiu superar todas essas manchetes com uma corrida heroica nessa tarde.
Que os pilotos de moto são meio malucos, ninguém pode duvidar, até mesmo pelos riscos que correm ao andar a mais de 300 km/h em cima de uma moto, cujo contato com a asfalto não é muito maior do que um cartão de crédito. Porém, as recuperações pós-acidentes que chamam atenção. Desafeto de Rossi, Jorge Lorenzo fez a loucura-mor ao correr apenas um dia após ser operado, depois de um acidente em Assen na chuva. Fala-se que desde esse dia a relação Lorenzo-chuva nunca mais foi a mesma. Porém, o que Valentino Rossi fez hoje não fica muito atrás. Pouco mais de vinte dias depois de quebrar a perna direita, Rossi voltou ao Mundial e não se pode dizer que ele fez feio. Conseguiu um terceiro lugar no grid, passou a maior parte do tempo entre os três primeiros, mas o cansaço e as dores foram mais fortes e Rossi, de forma até esperada e lógica, foi perdendo rendimento e não mais brigou pela vitória, mas conseguindo um excelente top-5, contra pilotos melhores preparados e com motos melhores também.
Marc Márquez caiu ontem na classificação e por isso largou em quinto, quebrando sua invencibilidade de quatro poles seguidas em Aragão. O espanhol da Honda fez uma corrida bem ao seu estilo, partindo para cima dos rivais de forma agressiva, até se arriscando em demasia quando ultrapassou Lorenzo e Rossi numa freada e acabou fora da pista. Contudo, o espanhol tinha mais moto e já nas últimas voltas conseguiu tomar a ponta de Lorenzo para vencer pela quinta vez no ano e abrir uma diferença boa no campeonato. Olhando o desempenho de Lorenzo com a Ducati, Andrea Doviziozo teve sua pior corrida no campeonato. O italiano até largou bem e correu a primeira metade da prova no pelotão da frente, mas foi perdendo rendimento e terminou apenas em sétimo, ultrapassado até mesmo pela anêmica Aprilia de Aleix Espargaró. Péssima hora de ter uma corrida ruim, pois Márquez agora tem dezesseis pontos de vantagem e mesmo Doviziozo sendo mais experiente, o italiano da Ducati nunca brigou pelo título da MotoGP, algo que Márquez já fez algumas vezes em sua carreira. Pedrosa dava pinta de ter outra corrida ruim, mas foi se recuperando até alcançar a segunda posição e completar a dobradinha da Honda, com Lorenzo em terceiro. O piloto da Ducati fez sua melhor corrida em sua passagem pela montadora italiana até agora, onde liderou boa parte da prova e mesmo superado pela força da Honda, se manteve perto dos compatriotas Márquez e Pedrosa. Largando na pole, Viñales vez uma corrida apagada, onde não lutou pela vitória, mesmo sendo o mais rápido na classificação.
Agora a MotoGP parte para a decisiva trinca de corridas no extremo oriente com Márquez tendo tudo para chegar à última etapa em Valencia com, ou o título nas mãos ou bem encaminhado. Doviziozo não teve força para diminuir o prejuízo e Viñales, após um começo de ano avassalador, terá que amadurecer mais para poder enfrentar Márquez num futuro próximo. Porém, Valentino Rossi merece sempre nossa reverência. Com 38 anos de idade, Rossi não tem mais nada a provar e pode-se dizer que ele tem mais a perder do que a ganhar em continuar competindo. Uma perna quebrada e vários pontos atrás no campeonato poderiam fazer o piloto da Yamaha simplesmente esperar para a melhor oportunidade para retornar às pistas. Porém, Valentino Rossi é feito de uma material diferente. Ele espantou os médicos e todo o mundo da MotoGP com uma volta impressionante. Rossi não venceu e nem subiu ao pódio, mas mostrou que está bem acima de todos no grid no quesito garra e amor às corridas.
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