Quando deu um chega pra lá em Simon Pagenaud semana passada em Gateway, Josef Newgarden dava um recado claro à todos os rivais: ele não mediria esforços para ser campeão da Indy em 2017. O americano não se importou em bater no seu companheiro de equipe para vencer e dar uma pequena disparada no campeonato na reta final do certame. Helio Castroneves, que liderou a maior parte da prova no oval de Saint Louis e vacilou no momento decisivo (oh novidade) declarou, desconsolado, que pelo menos um piloto Penske seria campeão. Dixon, em sua luta solitária com a Ganassi, parecia conformado em não ter muito o que fazer conquistar seu quinto título. Isso foi sete dias atrás. Mas como tudo na vida, nunca é bom garantir certas coisas, ainda mais no automobilismo e Newgarden jogou fora sua enorme vantagem e vai para a última prova em Sonoma com uma pressão enorme em seus ombros, com Scott Dixon colado no campeonato.
Desde os treinos livres era claro que as equipes com o kit Honda estavam com vantagem no mítico circuito de Watkins Glen. Porém, quando se fala de Penske, nunca se pode esperar uma derrota sem luta e o embalado Newgarden brigou pela pole, mas acabou superado por Dixon e pelo americano Alexander Rossi, da Andretti. Havia previsão de chuva e ela veio pela manhã, mas a pista estava seca na bandeira verde e os pilotos não demoraram uma volta para trocar para os pneus slicks. A corrida começava a ser decidida. Com a indefinição de quando a chuva viria (e ela nunca veio), pilotos acertaram seus carros com acertos para diferentes situação. Dos pilotos da Penske, aparentemente apenas Helio Castroneves arriscou para o piso seco e se deu bem. Pagenaud e Power, que largavam mais atrás, se despediam das chances de serem campeões com corridas opacas. Newgarden até começou bem, mas foi perdendo terreno, enquanto Helio fazia sua corrida de Leão da Metro. Rugia forte no começo para dar lugar às principais estrelas. Castroneves se aproveitou da confusão da primeira volta para assumir a ponta da corrida, mas como normalmente ocorre em circuitos mistos, seu ritmo de corrida vai diminuindo e ele foi perdendo terreno, mesmo tendo apostado certo.
O pole Rossi liderou após a segunda rodada de paradas, mas um problema na sua mangueira de reabastecimento o fez parar fora da janela dos líderes e mesmo muito rápido, o americano da Andretti parecia carta fora do baralho para vencer. Parecia. A Andretti consertou a mangueira e acertou a estratégia de Rossi, que reassumiu a ponta e liderou até o final para uma vitória arrebatadora, sua primeira na Indy em circuitos mistos e a segunda na carreira. Junto com Newgarden, Rossi poderá ser o futuro dos Estados Unidos na Indy. Porém, Newgarden se encarregava de estragar um campeonato que parecia ser seu. Após sua última parada, Josef, que vinha perdendo rendimento, foi superado por Power nos boxes e na ânsia de se recuperar, acabou batendo na saída dos boxes e ainda foi atingido na traseira por Sebastien Bourdais. Mais atrás Tony Kanaan cometia o mesmo erro e abandonou em sua penúltima prova pela Ganassi, numa passagem para esquecer. Newgarden fez de tudo para se manter na prova e conseguir alguns pontos, mas perdendo voltas, acabou em último, perdendo toda a sua vantagem para a última etapa do campeonato. E o rival de Newgarden nessa decisão não poderia ser pior.
Scott Dixon é o que os americanos gostam de chamar 'raposa felpuda'. É aquele animal astuto e inteligente, sempre pronto para conseguir vantagem quando ela aparece para abater sua vítima. Numa pista favorável à Honda, Dixon até deu pinta de favorito num circuito onde já venceu quatro vezes, mas o neozelandês não tinha do que reclamar do seu segundo lugar, muito próximo de Rossi numa disputa mano a mano com o americano no stint final. Agora três pontos atrás de Newgarden, Dixon vai com um viés positivo para Sonoma, na última etapa do ano e com a pontuação dobrada em jogo. Castroneves poderia ter atacado o terceiro colocado Ryan Hunter-Reay nas voltas finais e conseguir mais pontos que o ajudariam na batalha pelo título, mas acabou se conformando com a quarta posição. O paulista ainda tem boas chances de título, mas dependerá demais do azar de Newgarden e Dixon em Sonoma, pois fica claro que Helio, mesmo com toda a sua imensa experiência, não tem estofo de campeão.
Num campeonato que já parecia decidido à favor de Newgarden, a Indy chega à Sonoma com três pilotos brigando diretamente pelo título, mas todas as atenções estarão direcionadas para Josef Newgarden e Scott Dixon. O jovem americano da Penske representa o futuro da categoria e até mesmo do automobilismo americano. Dixon pode colocar ainda mais seu nome na lista das lendas do automobilismo ianque com um possível quinto título. Newgarden nunca esteve na situação de brigar pelo título na Indy, experiência que Dixon tem se sobras, incluindo viradas incríveis, como em 2015. Castroneves corre por fora e dependerá dos azares alheiros, além de fazer uma corrida que faz tempo que não faz em misto, na prova que poderá ser a sua última pela Penske na Indy. Não faltará emoção para a decisão da Indy.
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