segunda-feira, 11 de setembro de 2017

História: 40 anos do Grande Prêmio da Itália de 1977

O grande assunto do final de semana italiano quarenta anos atrás foi o anúncio oficial da saída de Niki Lauda da Ferrari. Cansado das brigas internas e pela forma como a Ferrari o tratou após o acidente em Nürburgring, além do abandono voluntário em Fuji, Lauda decidiu abandonar a Ferrari, causando a ira de Enzo Ferrari, que o chamou de traidor, além da torcida italiana, que estaria em peso em Monza. Temendo pela própria segurança, Lauda solicitou segurança pessoal reforçada e se isolou na Vila d'Este, longe da pista, ao lado da esposa, Walter Wolf e... James Hunt. Ao contrário do que mostrou 'Rush', Lauda e Hunt eram bons amigos. Todos sabiam que o destino de Lauda era a Brabham, mas a repercussão da saída do austríaco fez com que a Brabham resolvesse anunciar a contratação depois da corrida na Itália. A Ferrari tentou contratar Mario Andretti usando o amor que o americano sentia pela equipe italiana, mas Andretti preferiu ficar na Lotus e apostar no carro-asa, cada vez mais aperfeiçoado. 

Preocupada com o progresso dos pneus Michelin usados ​​pela Renault, a Goodyear trouxe pneus ultramacios para Monza e o resultado foi que os 24 pilotos do grid melhoraram a pole de Laffite em 1976. No sábado pela manhã Patrick Tambay sofreu um grave acidente nas curvas de Lesmo, quando seu Ensign saiu da pista a 200 km/h, batendo no guard-rail duas vezes antes de capotar. Felizmente o jovem francês estava milagrosamente ileso. Hunt encarava este fim de semana com um espírito de vingança, depois dos insultos que sofreu dos italianos na corrida anterior em Monza e fez a pole com um tempo 3s melhor do que Laffite em 1976. Reutemann repentinamente revigorou-se depois de várias corridas ruins, garantindo o segundo lugar. A segunda fila tinha Scheckter e Andretti. Lauda ficou em quinto, seguido pelo jovem Patrese, que marcou um excelente sexto tempo. Assim como em Hockenheim, o Copersucar de Emerson Fittipaldi sofreu nas longas retas de Monza e o bicampeão acabou não conseguindo tempo para largar.

Grid:
1) Hunt (McLaren) - 1:38.08
2) Reutemann (Ferrari) - 1:38.15
3) Scheckter (Wolf) - 1:38.29
4) Andretti (Lotus) - 1:38.37
5) Lauda (Ferrari) - 1:38.54
6) Patrese (Shadow) - 1:38.68
7) Regazzoni (Ensign) - 1:38.68
8) Laffite (Ligier) - 1:38.77
9) Mass (McLaren) - 1:38.86
10) Brambilla (Surtees) - 1:38.92

O dia 11 de setembro de 1977 amanheceu com sol e havia um belo dia para uma corrida de F1. Mesmo de saída da Ferrari, Lauda perguntou ao diretor esportivo da escuderia se Carlos Reutemann cederia sua posição quando fosse necessário, como haviam combinado. O dirigente confirma, enquanto os pilotos se preparavam para a largada. Em Monza, com sua reta muito larga, as largadas sempre foram caóticas e não foi diferente em 1977. Reutemann e Andretti queimaram a largada de forma descarada, mas achar que os italianos puniriam um piloto da Ferrari e um ídolo da casa era pedir demais. Porém, foi Scheckter quem largou melhor, pulando para primeiro, seguido por um impressionante Regazzoni, enquanto Laffite tem problemas na embreagem e fica parado no grid.

Houve muita movimentação na primeira volta, quando o líder Scheckter saiu da pista na Variante della Roggia e mesmo indo para a caixa de brita, o sul-africano consegue retornar à corrida ainda em primeiro. Regazzoni mal sentiu o gostinho da boa largada e já era ultrapassado por Hunt na Variante Ascari e na entrada da curva seguinte, a Parabolica, o suíço era deixado para trás por Andretti. Após o incidente em Zandvoort, era esperado uma briga encarniçada entre Hunt e Andretti, mas surpreendentemente o americano da Lotus ultrapassa Hunt de forma tranquila ainda na segunda volta, enquanto Regazzoni era ultrapassado pelas duas Ferraris. Scheckter mantinha uma boa vantagem de 3s em cima de Andretti, que era seguido por Hunt e as duas Ferraris. Com Reutemann na frente de Lauda. Porém, Andretti fazia uma corrida de administração, sabedor do potencial do seu carro. Em apenas duas voltas o americano tira toda a vantagem de Scheckter e assume a primeira posição na volta 10, ainda antes da Parabolica. Mais atrás, Reutemann parte para cima de Hunt e no início da volta 12 o argentino põe a Ferrari por dentro na primeira curva, porém Hunt joga duro e tenta evitar a ultrapassagem, só que coloca duas rodas da McLaren na terra. O inglês perde o controle e roda, ficando de frente para os demais carros. Lauda, Stuck, Mass e Alan Jones passam por Hunt até o piloto da McLaren retornar à corrida, bem na frente de Regazzoni, que após a sua ótima largada, perdia rendimento e posições.

Com esse problema, Scheckter conseguia abrir um pouco para as duas Ferraris, mas via Andretti abrir cada vez mais, porém, a corrida do piloto da Wolf estaria terminada na volta 24 com o motor quebrado. Depailler (motor) e Hunt (freios) abandonam, fazendo com que pilotos de equipes medianas chegassem à zona de pontuação. Andretti liderava tranquilo, com 8s de vantagem sobre as duas Ferraris, que andavam juntas. Atrás de Lauda vinha Jones, Stuck, Mass e Regazzoni. Lauda ficava cada vez mais impaciente atrás de Reutemann, esperando que o argentino lhe cedesse a posição, como combinado, mas Reutemann não aliviava. Na volta 35, cansado de esperar uma gentileza do seu desafeto, Lauda ultrapassa Reutemann na freada da primeira chicane, mas o seu companheiro de equipe teimava em segui-lo de perto. O italiano Bruno Giacomelli, virtual campeão da F2, fazia sua estreia na F1 num terceiro carro da McLaren e fazia uma corrida bem decente até seu motor quebrar na volta 40. A falta de experiência fez com que Giacomelli rodasse no próprio óleo na chicane da primeira curva. Os líderes não sabiam do problema de Bruno e principalmente do óleo no local. Andretti escorregou, mas segurou. Lauda também abanou, mas para evitar um acidente com o companheiro de equipe, Reutemann saiu da pista em alta velocidade e ficou atolado na caixa de brita. Logo depois foi a vez de Patrese. Com três carros abandonados, a corrida transcorreu normalmente, com os pilotos tendo mais cuidado no local, enquanto os fiscais jogavam pó de cimento no local, para secar o óleo. Tudo isso com a corrida acontecendo! Eram outros tempos...

Peterson foi o último a vacilar no óleo de Giacomelli, mas o sueco permaneceu na corrida. Esse foi o último fato da corrida, que terminou sem maiores emoções. Andretti administrou praticamente até a bandeirada, vencendo com 16s de frente para Lauda, que não comemorou muito o segundo lugar, mesmo que o título fosse praticamente seu, só faltando confirmar matematicamente. Mesmo com o abandono de Reutemann, a Ferrari conquistava o Mundial de Construtores, mas o clima dentro da equipe não era nada bom, principalmente quando Lauda descobriu que Roberto Nosetto nunca havia combinado nada com Reutemann sobre uma troca de posições entre os pilotos da Ferrari. Jones terminou em terceiro lugar e conseguiu seu segundo pódio depois da vitória na Áustria. Mass conseguiu um belo quarto lugar, seguido por Regazzoni e Peterson. Fato raro ocorrido em Monza, Mario Andretti foi tão aclamado pelos tifosi quanto o ferrarista Lauda. Mesmo não sendo piloto da Ferrari, Andretti era um piloto muito popular na Itália pelas suas origens, mas nem essa vitória poderia tirar o bicampeonato de Lauda, apenas a um ponto do título.

Chegada:
1) Andretti
2) Lauda
3) Jones
4) Mass
5) Regazzoni
6) Peterson 

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