domingo, 10 de setembro de 2017

Em câmera lenta

Se corridas na chuva trazem um tempero à mais nas corridas de F1, nas de MotoGP ocorrem praticamente o contrário. Empolgantes com piso seco, quando a pista fica molhada, o cuidado dos pilotos por motivos óbvios de segurança faz com que a corrida fique menos emocionante, com a corrida ficando praticamente em câmera lenta. A chuva anunciada para este domingo em Misano veio forte nas provas de Moto3 e Moto2, mas diminuiu bastante na MotoGP e com a pista secando, Marc Márquez aumentou seu ritmo e com uma ultrapassagem cirúrgica no início da última volta em cima da surpresa Danilo Petrucci garantiu ao espanhol da Honda a co-liderança do campeonato, empatado com o terceiro colocado do dia, Andrea Doviziozo.

Hoje poderia muito bem ter sido o dia da redenção de Jorge Lorenzo. Fazendo uma largada espetacular, o espanhol da Ducati pulou para a ponta e contrariando seu bloqueio em piso molhado, Lorenzo caminhava para uma vitória arrebatadora em Misano. Seria uma vitória duplamente saborosa, pois seria a primeira com a Ducati e também calaria a boca dos críticos, que falam do medo que Jorge tem da chuva. Bastava não cair. Mas Lorenzo caiu. Quando estava isolado e abrindo do segundo colocado, à essa altura Danilo Petrucci, especialista em pista molhada e já tendo ultrapassado vários pilotos para estar nessa posição. Nesse momento, a corrida ficou estática, com Petrucci puxando um pequeno pelotão que ainda tinha os dois contendores ao título, Márquez e Doviziozo. O piloto da Honda chegou a sinalizar para os seus pits alguma coisa, no que poderia ser uma troca de moto. A chuva havia parado, mas a pista ainda estava muito molhada para arriscar uma troca de moto com acerto seco. Porém, era nítido que Márquez estava andando mais do que a moto naquelas situações muito molhadas, mas na medida em que a pista melhorava, a Honda melhorava de desempenho. Sem nada a perder e desejando sua primeira vitória, Petrucci aumentou o ritmo, mas Márquez vinha nitidamente mais forte no final. Doviziozo já tinha ficado definitivamente para trás, talvez o italiano esperando um entrevero entre dois pilotos tão agressivos na luta pela vitória. Curiosamente, a luta entre Márquez e Petrucci foi breve e sem maiores dramas. Márquez esperou a abertura da última volta para emparelhar com o italiano e assumir a ponta numa ultrapassagem sem maiores problemas. Sem condições de revidar, Petrucci apenas viu Marc Márquez fazer a melhor volta da corrida e vencer pela quarta vez nesse ano, empatando com Doviziozo no campeonato, mas levando a melhor nos critérios de desempate.

Doviziozo continuou em sua estratégia que lhe deu bons resultados quando corria nas categorias inferiores e marcou pontos que o mantiveram na ponta do campeonato. Única Yamaha oficial na pista com o acidente de Rossi no enduro, Maverick Viñales fez uma corrida discreta, onde logo percebeu-se que não tinha chances de vitória e segurou como pôde sua quarta posição, atacado por Cruthlow, Miller e Pirro durante a prova. Numa condição de pista onde não esteve confortável, Viñales administrou os danos e não é carta fora do baralho, mas já está na hora do piloto da Yamaha voltar a ganhar, após um início de campeonato fulminante. Como não deixaria de ser, vários pilotos encontraram o chão, como Lorenzo, Cruthlow e Loris Baz, que vinha crescendo na prova. Daniel Pedrosa fez uma corrida medonha, ficando nas últimas posições a corrida toda e só garantindo mais um pontinho com o problema de Zarco na última volta, onde o francês cruzou a bandeirada empurrando sua moto. Nas enquetes sobre os melhores de todos os tempos, na minha opinião o melhor Agente da história é o de Pedrosa. São doze (!) temporadas na equipe oficial da Honda e ele se mantém na equipe mesmo com corridas como essa.

Misano mudou a cara do Mundial, com Márquez retornando a liderança, mas tendo que enfrentar um piloto completamente diferente do que está acostumado em 2017. Ao contrário dos talentosos e rápidos Lorenzo e Rossi, Marc tem pela frente um piloto extremamente cerebral e astuto em Andrea Doviziozo, onde nenhuma chance é perdido pelo italiano da Ducati. Se Maverick Viñales não vencer nas próximas corridas, o campeonato pode ficar bipolarizado entre esses dois pilotos tão diferentes.  

2 comentários:

  1. Quanto ao Lorenzo caminhar pra vitória tranquila,tenho cá as minhas duvidas pois pelo ritmo que imprimia e com a pista secando,os pneus dele já teriam ido pro espaço e ele iria acabar sendo passado por Petrucci e Marquez numa clara repetição de Motegi/2015.

    Creio que Jorge confiou que a pista secaria a ponto de permitir uma troca de motos e por isso mandou bala no começo pra abrir vantagem suficiente pra efetuar a troca logo e manter a liderança quando os outros entrassem pra efetuar suas trocas...

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  2. E concluindo o raciocínio: Jorge acabaria entrando pelo cano pois a pista secou,mas não a ponto de permitir que fosse feita uma troca de motos,e com o ritmo alucinante que imprimia os pneus dele iriam pra lona e Lorenzo seria presa fácil de Petrucci e Marquez...

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