terça-feira, 12 de setembro de 2017

História: 35 anos do Grande Prêmio da Itália de 1982

Com sua vitória em Dijon na quinzena anterior, Keke Rosberg se tornava líder do Mundial de Pilotos e tinha ótimas chances de definir o campeonato em Monza, penúltima etapa do certame de 1982. Com Didier Pironi definitivamente fora de combate, o piloto mais próximo de Keke era Alain Prost e sua inconfiável Renault. Se Rosberg não ceder mais de um ponto para Prost ou dois para os dois pilotos da McLaren (Watson e Lauda), que estavam empatados, o finlandês se sagraria Campeão Mundial na Itália. Os tifosi tiveram uma agradável surpresa com o anúncio de Mario Andretti como segundo piloto da Ferrari para o resto da temporada, enquanto Marco Piccinini anunciava que René Arnoux faria dupla com Patrick Tambay na Ferrari em 1983. Arnoux teve duas temporadas complicadas com Prost e fez questão de se livrar da companhia do compatriota. Prost, por sua vez, pediu à Renault um piloto mais maleável e em Monza a montadora francesa anunciou o jovem Eddie Cheever para 1983, primeiro não-francês a correr pela Renault na F1, mas ao menos o americano falava fluentemente francês. Na festa da Marlboro, Ron Dennis e Niki Lauda anunciavam uma parceria entre a McLaren e a TAG, que queria um maior envolvimento na F1, e financiava o novo motor Porsche turbo, a ser usado pela McLaren em meados de 1983.

Mesmo morando nos Estados Unidos há vários anos, Mario Andretti era um verdadeiro ídolo nacional italiano e em todo o final de semana, Mario foi ovacionado pelos tifosi, que em troca, receberam de presente uma surpreendente pole de Andretti, na primeira vez que o americano corria com um carro turbo na F1. Andretti deu uma volta a mais para acenar para a torcida, que aplaudia em júbilo. Mesmo ainda com fortes dores nas costas e tendo tomado vários analgésicos para poder correr, Tambay conseguiu um bom terceiro lugar, com Nelson Piquet separando as duas Ferraris, enquanto o piloto da casa Riccardo Patrese fechava a segunda fila. Os pneus Goodyear funcionaram melhor em Monza e a Renault foi relegada à terceira fila, com Arnoux se envolvendo num incidente com Elio de Angelis durante os treinos. Os carros com motor aspirado sofreram nas longas retas de Monza, com Keke Rosberg sendo o primeiro não-turbo com um tempo 3s mais lento do que Andretti, enquanto as duas McLarens sofreram com os pneus de classificação da Michelin.

Grid:
1) Andretti (Ferrari) - 1:28.473
2) Piquet (Brabham) - 1:28.508
3) Tambay (Ferrari) - 1:28.830
4) Patrese (Brabham) - 1:29.898
5) Prost (Renault) - 1:30.026
6) Arnoux (Renault) - 1:30.097
7) Rosberg (Williams) - 1:31.834
8) Giacomelli (Alfa Romeo) - 1:32.352
9) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:32.546
10) Lauda (McLaren) - 1:32.782

O dia 12 de setembro de 1982 amanheceu com o típico clima de outono em Monza, com tempo bom e uma multidão para torcer pela Ferrari. E por Mario Andretti. Porém a torcida admirava a coragem de Tambay, que se dizia com 60% de condições físicas para correr, por causa das fortes dores que sentia nas costas. Como sempre, a Brabham colocava suas máquinas de reabastecimento na frente dos boxes e calçava seus pilotos com pneus macios, com intuito de realizar uma parada programada. Mais acostumado com as largadas lançadas da Indy, Andretti acaba largando muito mal e é quase que imediatamente ultrapassado por Piquet, Tambay e Arnoux, que largara muito bem. Prost tenta ganhar a posição de Mario, mas acaba colocando duas rodas na grama e era o francês da Renault que perdia muitas posições, enquanto Andretti se mantinha em quarto.

Nelson Piquet tem problemas na embreagem e tira o pé nas curvas de Lesmo, sendo ultrapassado por Tambay, Arnoux, Patrese e Andretti. Na saída da Parabolica, Arnoux pega o vácuo de Tambay e cruza a primeira volta na frente. Derek Daly tem a suspensão quebrada após um toque na largada e bate em Henton e Warwick num strike britânico! Os três estavam fora na primeira volta. Na segunda volta Piquet vê seus problemas na embreagem piorar e cinco voltas depois ele abandonaria. Patrese consegue uma bela ultrapassagem por fora em cima de Tambay na Parabolica para ser segundo. Com menos combustível e mais leve, não demorou para Patrese colar em Arnoux, mas o italiano abandona na mesma volta de Piquet e com o mesmo problema: embreagem. Ainda cedo na corrida, a Brabham tem que recolher seu equipamento de reabastecimento e juntar as malas para casa. Isso deixava Arnoux com uma vantagem de 7s em cima de Tambay, enquanto Prost se recuperava de sua má largada e após uma boa disputa com Andretti, assumia o terceiro lugar, com o americano, com problemas no cabo do acelerador, em quarto, mas tamanha era a vantagem dos motores turbo, que mesmo assim Mario tinha uma boa vantagem para o primeiro carro não-turbo, que era Andrea de Cesaris.

Quando De Cesaris vai aos boxes com problemas de ignição, uma briga aparentemente sem importância se iniciava no pelotão intermediário, mas que valia muito no campeonato. John Watson executava outra boa corrida de recuperação e já estava em sétimo, após largar em 12º. O irlandês da McLaren começava a atacar Keke Rosberg, que fazia uma corrida longe de ser brilhante. Sem condições de luta, Keke é facilmente batido por Watson, que entrava na zona de pontuação e passava a atacar Giacomelli, ultrapassando o italiano na volta 13, se tornando o melhor não-turbo da corrida. Mesmo com suas conhecidas provas vindo de trás, Watson não era milagreiro. Sem um motor turbo, ele nada podia fazer para alcançar os carros turbo nas longas retas de Monza. As pequenas chances de título de Lauda terminam quando o austríaco abandona na volta 22 com problemas de freio. Enquanto isso, o outro contendor ao título era o piloto mais rápido da pista. Em sua perseguição à Tambay, Prost aumentou seu ritmo e exatamente na metade da prova, ele começou a atacar seu compatriota da Ferrari. Correndo em 'casa', Tambay jogou duro com Prost, mas a briga não durou muito. Os velhos fantasmas voltaram a assustar a Renault e Prost. Na volta 29 o francês levanta o braço e encostava seu carro em outra quebra mecânica. Mais uma vez um problema na injeção do motor gaulês, que destruía os sonhos da Renault ser campeã do mundo. Ou ainda havia alguma chance?

Enquanto Prost voltava aos boxes recebendo apupos do público italiano, Keke Rosberg voltava dos boxes duas voltas atrasado. Sem nenhum aviso, a asa traseira da Williams de Keke voou! O carro ficou parecendo mais um F-Ford tamanho família e Keke passou duas voltas tentando entender o que tinha acontecido, até ser avisado por outros pilotos que algo estava faltando em seu carro. Rosberg foi aos boxes providenciar uma nova asa traseira. Com Prost fora, as chances de Keke ser campeão em Monza estava nas mãos de Watson, que com o quarto lugar, marcava os pontos necessários para manter o campeonato vivo até a última prova, em Las Vegas. Depois desse acontecimento, nada mais ocorreu numa prova de ficou morna do meio para o fim e René Arnoux venceu pela quarta vez na carreira em uma corrida sólida. Os tifosi comemoravam muito. Mesmo Arnoux ainda estando de amarelo, eles consideravam o francês como ferrarista e no pódio, Arnoux teve dois companheiros de equipe, com Tambay e Andretti em segundo e terceiro. Andretti era o mais aplaudido pela torcida italiana e o americano mostrou que mesmo aos 42 anos, ainda se mantinha brilhante como nos bons tempos. Watson marcava pontos após três meses e mantinha o campeonato vivo, com Alboreto e Cheever fechando a zona de pontuação. Mesmo fazendo uma corrida para lá de discreta, Rosberg saiu de Monza com o título praticamente nas mãos. Com nove pontos de vantagem sobre Watson, Keke se livrava das ameaças de Prost e Lauda, além de precisar apenas pontuar em Las Vegas para ser campeão. Isso, no caso de uma vitória de John Watson. Ainda haviam pendengas políticas por causa das polêmicas desclassificações ocorridas durante a temporada, mas Keke Rosberg era o virtual Campeão Mundial de 1982.

Chegada:
1) Arnoux
2) Tambay
3) Andretti
4) Watson
5) Alboreto
6) Cheever  

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