Após o monótono Grande Prêmio da Hungria, onde a McLaren mostrou sua força com uma dobradinha dominante, a F1 chegava ao tradicional palco de Spa, num circuito completamente diferente de Hungaroring, mas nem por isso a McLaren parecia menos forte. Mika Hakkinen tinha cometido alguns erros não característicos para um campeão, o mesmo acontecendo com a McLaren, que deixou seus dois pilotos na mão algumas vezes vinte anos atrás. Por isso, mesmo com Michael Schumacher ainda se recuperando dos seus ferimentos em casa, a Ferrari liderava o Mundial de Pilotos com o segundo piloto Eddie Irvine, que negociava para onde iria no ano 2000, enquanto a Ferrari encaminhava um contrato com Rubens Barrichello, que fazia uma ótima temporada com a Stewart.
O tempo bom marcou os treinos em Spa, mas o que ficou na lembrança foram os dois acidentes protagonizados pela dupla da BAR. Jacques Villeneuve e Ricardo Zonta bateram muito forte na Eau Rouge, com pouca diferença entre os dois acidentes, mas apesar da magnitude das pancadas e os carros completamente destruídos, os dois pilotos saíram ilesos. A McLaren confirmou os prognósticos e arrastou a primeira fila com muita facilidade, com Hakkinen na frente de Coulthard. Numa tarde infeliz da Ferrari, foi a Jordan quem conseguiu a segunda fila com Frentzen novamente se mostrando como o piloto do ano de 1999, enquanto o semi-aposentado Damon Hill conseguia sua melhor classificação naquela temporada. Irvine era apenas sexto, tomando mais 1.5s das McLarens, num final de semana bem complicado para os italianos.
Grid:
1) Hakkinen (McLaren) - 1:50.329
2) Coulthard (McLaren) - 1:50.484
3) Frentzen (Jordan) - 1:51.332
4) Hill (Jordan) - 1:51.372
5) R.Schumacher (Williams) - 1:51.414
6) Irvine (Ferrari) - 1:51.895
7) Barrichello (Stewart) - 1:51.974
8) Zanardi (Williams) - 1:52.104
9) Salo (Ferrari) - 1:55.124
10) Herbert (Stewart) - 1:52.164
O dia 29 de agosto de 1999 amanheceu belo e pleno ao redor da floresta das Ardenas, num clima nada típico da região, mas que garantia uma corrida mais tranquila e no seco. Muito provavelmente a Ferrari esperava um clima diferente para ter uma chance na corrida, já que em nenhum momento os italianos conseguiram acertar o carro. Debaixo de muito sol a largada foi dada com a dupla da McLaren saindo rumo a primeira curva lado a lado. Hakkinen deixou patinar um pouco a embreagem, enquanto Coulthard saiu melhor. Vindo por dentro, Mika tentou forçar a barra e os dois McLarens se tocaram, mas sem maiores problemas dessa vez e na entrada da Eau Rouge era Coulthard quem liderava a corrida. Irvine fez uma boa largada e forçou para ficar em quarto, atrás de Frentzen e Ralf Schumacher, já que Hill não largou bem e ficou para trás, superado inclusive por Zanardi, que fazia uma corrida competitiva finalmente.
Coulthard imprimia um ritmo fortíssimo na frente, enquanto Hakkinen apenas se distanciava do terceiro colocado Frentzen. Os três primeiros colocados estavam distantes entre si e não haviam brigas pelas primeiras posições. Na volta 7 a McLaren mostrou a placa 'Push' para Hakkinen e o nórdico rapidamente diminuiu a vantagem para Coulthard, aumentando as suspeitas que uma ordem de equipe seria dada naquele momento, mas o escocês também incrementou o ritmo e a diferença entre a dupla da McLaren se estabeleceu nos 6s. Mais atrás Irvine segurava claramente Ralf Schumacher na briga pela quarta posição, mostrando que somente um milagre faria o irlandês permanecer na ponta do campeonato na bandeirada. Quando os líderes fizeram suas primeiras paradas, a vantagem de Coulthard só aumentou, principalmente com Ralf Schumacher esticando seu stint e atrapalhando Hakkinen quando o finlandês tentava 'voar' com os pneus novos.
Numa corrida sem muita emoção, saindo um pouco das características caóticas de Spa-Francorchamps, David Coulthard venceu com extrema facilidade, não dando chances à Hakkinen, que quase deixou o motor morrer em sua segunda parada, mas esteve longe de ser ameaçado por Frentzen, que chegou mais uma vez no pódio numa corrida solitária. Irvine teve sorte, pois a estratégia da Williams não funcionou e Ralf Schumacher perdeu bastante tempo com relação ao irlandês. Em termos táticos, não foi um dia feliz para a Williams, pois Alex Zanardi corria tranquilamente para marcar seu primeiro ponto em sua volta à F1 quando a Williams não colocou combustível o suficiente e o italiano teve que fazer uma parada não-programada, relembrando de forma triste os splash-and-go tão característicos da Indy. Hill ficou com o último ponto, segurando um frustrado Zanardi nas últimas voltas. Numa prova onde os cinco primeiros da primeira volta terminaram nas mesmas posições na bandeirada, a grande polêmica do dia foi a falta de ordens de equipe dentro da McLaren. Com a Ferrari num péssimo final de semana e Hakkinen brigando pelo títulos, os quatro pontos poderiam fazer muita diferença para o nórdico na briga com Irvine. Norbert Haug simplificou a questão dizendo que a McLaren não trabalhava da mesma forma do que outras equipes, numa alfinetada na Ferrari. Apesar do ato de esportividade da McLaren, por sorte aqueles pontos não fariam falta para Hakkinen no final do ano.
Chegada:
1) Coulthard
2) Hakkinen
3) Frentzen
4) Irvine
5) R.Schumacher
6) Hill
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