quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Fim de uma era

Para quem acompanha o automobilismo aqui no Brasil, essa frase foi a mais ouvida no dia de hoje. Foi o fim de uma era. Se você gosta de corridas, com certeza a maior referência jornalística se chama Reginaldo Leme. Em algum momento se ouviu a voz calma do veterano jornalista da TV Globo em alguma transmissão. Para quem acompanha a F1 desde muito cedo, como é o meu caso, é impossível desassociar Reginaldo Leme das corridas. 

A vida é feita de ciclos, mesmo que alguns sejam muito longos. Cresci ouvindo os comentário de Reginaldo Leme, mas hoje foi anunciado que o animado Grande Prêmio do Brasil foi o último de Leme pela TV Globo. As informações ainda são desencontradas, onde se diz que Reginaldo passou um e-mail se despedindo da equipe de esportes da Globo dando a entender que ele pediu para sair, enquanto outras dizem que Reginaldo foi dispensado antes do final do seu contrato, que iria até o final de 2020. Em ambas, a questão ficou numa nova relação da emissora com os seus contratados e que Reginaldo Leme não teria concordado.

Independente se saiu ou foi saído, não termos mais Reginaldo Leme nas transmissões de F1 da Rede Globo será um choque muito grande para todos os fãs. Leme estreou na F1 em 1972 pelo jornal Estado de São Paulo, só se transferindo para a TV Globo em 1978, primeiro em parceria com Luciano do Valle e depois com Galvão Bueno, que se tornou grande amigo ao longo dos anos. Foram 41 anos de Globo. Em tempos em que a F1 era menos restrita do que hoje, Reginaldo conseguia grandes reportagens e informações exclusivas, muito pela amizade com os pilotos, principalmente os campeões Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet. Já com Ayrton Senna, Reginaldo teve problemas que afetaram até mesmo a sua amizade com Galvão Bueno, mas um pouco antes da morte do piloto, Reginaldo e Ayrton já tinham uma relação mais cordial.

Foram anos e anos circulando pelo paddock da F1 e graças a amizade com Nelson Piquet, Reginaldo deu a notícia em primeira mão do maior escândalo da história da F1, no caso da batida proposital de Nelsinho Piquet em Cingapura. Foi um caso que abalou as estruturas da F1 e reforçou a credibilidade de Reginaldo, porém, do grande anúncio de 2009 para cá, Leme pareceu ter se acomodado. Apesar de todo o respeito que todos nós, fãs e jornalistas, devemos ter com Reginaldo, o veterano repórter vinha cometendo cada vez mais equívocos nos últimos anos quando tentava contar histórias de cabeça, mostrando uma imprecisão para que irritava quem estuda e vive a F1. 

Num ano em que Lito Cavalcanti foi dispensado pelo Sportv, a saída de Reginaldo Leme não deixa de ser uma troca de guarda entre os comentaristas globais, mas chama a atenção não termos nenhum jornalista de ofício na frente das transmissões, já que Luciano Burti e Felipe Giaffone são ex-pilotos que fazem muito bem o papel de comentaristas, mas sem diploma. Outra curiosidade será o que Reginaldo Leme fará daqui para frente, lembrando que sua saúde fraquejou em alguns momentos nos últimos anos. Aposentadoria? Difícil, pois Reginaldo ainda tem muita lenha para queimar. Assim como será difícil para Galvão, ainda se recuperando de um infarto, se ver sem seu parceiro de longa data.

Para quem convivi com Reginaldo, fala-se de uma pessoal gentil e muito gente boa. Mesmo com as imprecisões dos últimos tempos, Leme merece todo o respeito do mundo e ele fará muita falta já na próxima corrida de F1.

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