segunda-feira, 29 de março de 2021

Figura(BAH): Lewis Hamilton

 E ainda há quem duvide de Lewis Hamilton... O inglês é acusado de estar teoricamente batendo em bêbado com sua Mercedes nos últimos anos, que seus números superlativos tem mais a ver com a superioridade da Mercedes do que seu talento. Tudo pode ser relativizado, menos o talento e a velocidade de sir Lewis Hamilton. Nesse final de semana no Bahrein a Mercedes, depois de muito tempo, não tinha o melhor carro e o piloto que estava com o melhor carro era simplesmente Max Verstappen, para muitos, o piloto mais rápido da F1 atual. A classificação no sábado já mostrava o piloto da Red Bull quatro décimos na frente da Mercedes de Hamilton. Corrida perdida? Não para Hamilton e sua equipe. Primeiro a Mercedes optou em adiantar a primeira parada de Hamilton e fazer o famoso 'undercut' em Verstappen, mas todos sabiam que em ritmo de corrida o piloto neerlandês era, sim, mais forte do que Hamilton. Contudo, o inglês soube segurar a barra com pneus mais gastos e um carro ligeiramente inferior. Lewis viu Max se aproximar nas últimas voltas, abrir a asa móvel e até mesmo ultrapassa-lo em determinado momento, mesmo que Max tenha tido que devolver por causa da sua infração (mesmo que a infração seja discutida). Hamilton não se desesperou, errou pouquíssimo sob muita pressão e começou 2021 com uma vitória consagradora. Se a Red Bull tem mesmo o melhor carro e se Max Verstappen virá muito forte nesse ano, Lewis Hamilton mostrou mais uma vez que não entregará a sua taça de forma fácil. Temos campeonato, amigos e Hamilton está preparado para ele!  

Figurão(BAH): Sebastian Vettel

 Lá vamos nós novamente... Sebastian Vettel, tetracampeão mundial de forma consecutiva, com números que o colocam como o terceiro piloto mais vitorioso da história da F1 e dono de uma experiência de quase quinze anos na categoria simplesmente não consegue se adaptar ao seu novo carro, algo que o alemão vem repetindo várias vezes desde a pré-temporada. Ok, adaptar-se nunca foi nada fácil, mas Carlos Sainz (Ferrari) e Daniel Ricciardo (McLaren) tiveram as mesmas oportunidades de Vettel em suas novas equipes e fizeram bem mais do que Seb. Isso, sem contar o novato Tsunoda e Alonso vindo de dois anos fora da F1. O vexame já ficou evidente quando Vettel não apenas ficou num horroroso P18 no Q1, como tomou sete décimos do seu fraco companheiro de equipe. Como se desgraça pouca é bobagem, Vettel acabou punido por não ter diminuído durante um período de bandeira amarela, caindo para a última posição. As primeiras voltas do piloto da Aston Martin foram até promissoras, mas ele parou sua evolução quando ultrapassou as duas Williams e tinha apenas 2s de vantagem para Russell. De Williams! Tentando fazer um diferente, Vettel partiu para uma suicida tática de uma parada, algo que era considerado impossível por todos no Bahrein justamente pela queda acentuada de rendimento da tática. Logicamente Vettel subiu para o top-10, teve algumas brigas interessantes, principalmente com seu desafeto Alonso, mas fez sua parada esperada que o devolveu às últimas posições. Tentando recuperar o prejuízo, se envolveu num acidente com Esteban Ocon que nem é digno de um piloto de F1, mas de um barbeiro em qualquer trânsito do mundo, acertando a traseira do francês quando era ultrapassado. Uma cena bizarra para alguém com o currículo de Vettel, que terminou na décima quinta posição, punido pelo toque com Ocon e com risco de ser suspenso pela barbeiragem. A saída da Ferrari serviria para Vettel respirar novos ares, mas até o momento o alemão continua sua imparável espiral descendente na carreira.

domingo, 28 de março de 2021

Maverick deu o primeiro tiro

 


A falta de Marc Márquez nessas duas primeiras corridas da temporada 2021 tornaram essas provas de abertura no Catar bem decisivas, pois os muitos pontos marcados no Oriente Médio podem fazer muita diferença no final do campeonato. Sabendo disso, Ducatis, Suzukis e Yamahas lutaram com o que tinham para se sobressaírem no Catar, na abertura do campeonato 2021 e no final, Maverick Viñales conseguiu uma bela vitória em outra corrida apertada da MotoGP.

A largada viu como o controle de saída Ducati é muito superior aos demais. O pole Francesco Bagnaia se manteve na frente, mas logo atrás dele vieram três Ducatis, incluindo o novato Jorge Martin, que saíra da terceira fila. Uma diferença impressionante, mas como a MotoGP não tem muitas restrições de ultrapassagens, isso não se torna tão crucial como numa corrida de carro. Bagnaia se manteve boa parte da corrida na ponta, usando e abusando da potência da Ducati, marca registrada da montadora italiana desde que chegou à MotoGP. Porém, o jovem italiano nunca disparou, em outra corrida próxima na MotoGP. Jack Miller se destacou na pré-temporada e muitos já especulavam se o australiano emularia seu compatriota Casey Stoner como o próximo campeão pela Ducati. Pelo o que se viu nessa abertura de campeonato, Miller precisará mostrar muito mais do que agressividade para isso, pois ele não segurou o pelotão atrás de si e terminou a prova num opaco nono lugar.

Outro que precisava se afirmar era Maverick Viñales. O espanhol da Yamaha sempre foi considerado um 'anti-Márquez', mas nunca mostrou isso na prática. Velocidade nunca faltou à Viñales, mas sim força mental. A chegada de Fabio Quartararo a equipe oficial da Yamaha colocou ainda mais pressão no frágil espanhol, mas Viñales colocou ordem na casa ao ficar sempre na frente de Quartararo e ultrapassar uma a uma as Ducatis, usando uma boa estratégia para se defender da velocidade estúpida da Ducati nas retas. Quando abriu 1s sobre o segundo colocado Zarco, Viñales se colocou numa zona de segurança e não foi mais ameaçado até a bandeirada, começando o campeonato com o pé direito, mas isso já aconteceu antes, restando saber se Maverick manterá essa pegada.

O atual campeão Joan Mir parecia que faria uma corrida fraca, porém, ele se mostrou como os americanos chamam de 'closer', ou 'fechador'. O espanhol começa as corridas devagar, mas vai ganhando corpo durante a prova e da décima posição que largou chegou na briga pelo segundo lugar com as Ducatis de Zarco e Bagnaia no final. Mir estava em segundo na última curva, mas acabou errando um pouco na tomada, permitindo que a potência das Ducatis engolissem sua Suzuki e saindo do pódio. Boa corrida para Zarco, tentando reconstruir sua carreira e de Bagnaia, mostrando que pode ser a ponta de lança da Ducati de fábrica. Rossi largou em quarto, mas perdeu muito rendimento e foi apenas 12º, enquanto Franco Morbidelli foi ainda pior, caindo para as últimas posição e finalizando apenas em 19º. Muito pouco para um vice-campeão. Sem Márquez, a Honda novamente sofreu, mas Pol Espargaró ainda assegurou um oitavo lugar, logo atrás do seu seu irmão Aleix, numa evoluída Aprilia.

A vitória de Maverick Viñales pode fazer bem a fugaz confiança do espanhol da Yamaha, mas essa corrida no Catar nos mostrou novamente que ainda tem muito água para rolar debaixo da ponte do campeonato 2021, sem contar a chegada de Marc Márquez em breve.

Tivemos briga


 Mais uma vitória de Lewis Hamilton. Monótono, chato. Qual a novidade nisso? Bom, olhando unicamente o resultado da prova desse domingo no Bahrein pode-se chegar a conclusão que a F1 não mudou nada e que o inglês segue dando as cartas. Porém, quem não assistiu a prova de abertura da temporada de 2021 perdeu uma corrida de tirar o fôlego, num final realmente emocionante e que Lewis Hamilton mostrou para os que tem dúvidas o porquê seus tantos títulos o quanto ele pode ser excepcional, enquanto Max Verstappen também apareceu bem e dar um pequeno recado ao inglês de que o oitavo título pode até vir, mas Lewis terá que lutar duro por ele.


O Grande Prêmio do Bahrein entrou para o rol das ótimas aberturas de campeonato, numa corrida em que a pessoa não poderia cravar o vencedor da prova depois da primeira volta, algo que vem acontecendo continuamente de 2018 para cá. Max Verstappen ficou com a pole e largou muito bem, mas atrás dele vinha Lewis Hamilton, simplesmente dono de sete títulos mundiais, fato que não pode ser negado ao inglês. As estratégias entraram em cena e mais uma vez a Mercedes se aproveitou da situação 2x1 em relação à Red Bull. Os alemães anteciparam a parada de Hamilton, mas como Bottas não estava muito longe de Verstappen, fez com que a Red Bull não reagisse a jogada da Mercedes, mantendo Verstappen na pista, pois qualquer deslize significaria uma vitória de Bottas. Quando Max fez sua parada mais tarde, ele voltou atrás de Hamilton, que sempre colocou pneus duros. Verstappen colocou pneus médios, tendo que colocar outro composto em sua segunda parada. Ao retardar a parada do seu piloto, a Red Bull deu a sensação que colocaria os macios no carro de Max, mas para surpresa geral, faltando apenas 16 voltas e com o carro com o tanque mais vazio, montou os compostos duros no carro de Verstappen. Mesmo com o vacilo da trupe de Christian Horner, descortinou-se uma luta épica entre um Lewis Hamilton com pneus mais gastos, contra um Max Verstappen com sangue nos olhos. O neerlandês foi se aproximando volta a volta, até chegar na chamada 'zona do DRS'. Porém, Hamilton usou seu talento e experiência para dar apenas uma chance para Max, que aproveitou para ultrapassar, mas claramente colocando as quatro rodas para fora da curva 4. Podemos criticar, mas se o regulamento diz que não pode, tudo o que Verstappen pôde fazer era devolver a posição metros adiante. O piloto da Red Bull claramente guardou energia para a última volta, mas não foi o suficiente. Numa luta fratricida, Lewis Hamilton abriu a temporada de 2021 com uma vitória consagradora, mostrando que sabe reagir quando está em desvantagem ou atacado. 


A Red Bull precisa urgentemente garantir que Max Verstappen não fique sozinho em suas lutas contra a Mercedes. Sergio Pérez não foi ao Q3, mas ainda assim isso não faria diferença, já que seu carro simplesmente apagou na volta de apresentação, fazendo o mexicano largar dos boxes e tendo que fazer uma corrida de recuperação rumo ao quinto lugar. Olhando o copo meio cheio, Pérez fez uma impressionante remontada em sua estreia pela Red Bull. Já olhando para o copo meio vazio, Checo falhou em nunca andar próximo de Verstappen, aumentando as opções da Mercedes na escolha da melhor estratégia para seus pilotos. Menos mal para Verstappen que a Mercedes cometeu um raro erro. E quando isso acontece, sempre sobra para Valtteri Bottas, que ficou 10s parado no seu segundo pit-stop por causa de uma porca presa, saindo definitivamente da luta pela vitória, restando ao nórdico um decepcionante terceiro lugar.


Na briga pelo resto, Lando Norris lutou bastante com Charles Leclerc e acabou se sobressaindo ao monegasco, no que promete ser uma outra luta bem interessante nesse campeonato. No fim, o jovem inglês ainda ficou na frente de Pérez, que não teve tempo de alcança-lo, garantindo pontos importantes para a McLaren. Leclerc chegou a ocupar a terceira posição no início da corrida, mas mais uma vez mostrou-se um abismo entre o duopólio de Mercedes e Red Bull para o resto do pelotão. Daniel Ricciardo não conseguiu andar na frente de Norris, no que pode se afirmar de um início abaixo do esperado do australiano, enquanto Sainz também não o fez com Leclerc. Havia a expectativa de que Aston Martin e Alpine estivessem nessa briga, mas as duas montadoras decepcionaram e só pontuou com o fraco Lance Stroll, na décima posição. Fernando Alonso chegou a brigar na zona de pontuação com McLarens e Ferraris, mas um problema de freio tirou o espanhol da corrida, mas Alonso ainda tem a competência de sempre, enquanto Ocon foi vítima do figurão da corrida de hoje. Vettel largou apenas em 18º, que se tornou último por não ter respeitado as bandeiras amarelas no dia de ontem. O alemão tentou postergar sua parada, se envolveu numa luta birrenta com Alonso, claramente querendo se sobressair frente ao espanhol da Alpine, mas no final ele acabou atingido a traseira da outra Alpine numa manobra que mais parece de um motorista barbeiro do que de um tetracampeão mundial. Muito, muito ruim a estreia de Vettel pela Aston Martin, equipe que aposta nele para tentar ficar no top-3 do Mundial de Construtores, mas corre o risco de se juntar à Ferrari como mais uma a se lamentar pela eterna má fase de Vettel.


A Alpha Tauri poderia muito bem estar nessa briga, mas Pierre Gasly acabou atingido pela McLaren de Daniel Ricciardo logo na primeira relargada, deixando o francês na última posição e como não houveram mais SC's, a corrida de Gasly estava praticamente condenada ali. Uma pena, pois Pierre vinha fazendo um ótimo final de semana. Se serve de consolo, o novato Yuki Tsunoda chegou em nono e se tornou o primeiro japonês a pontuar na sua estreia na F1. A Alfa Romeo deu indícios de melhoria, com Kimi Raikkonen chegando a estar próximo de pontuar, mas o nórdico teve que se conformar com a 11º posição, ficando logo à frente de Giovinazzi. O italiano vinha mais rápido do que Kimi todo o final de semana, mas novamente sucumbiu em ritmo de corrida. A Williams se mostrou estacionada, enquanto a Haas já ocupa, sozinha, o cargo de pior equipe de 2021. Seus dois pilotos novatos erraram na mesma curva em manobras semelhantes, mas ao menos Mick Schumacher pôde levar o carro até o fim, mas o último dentre os que terminaram.


Para os consumidores brasileiros, a grande novidade foi a entrada da TV Bandeirantes na F1. Com uma novidade dessa nas mãos, a emissora paulista caprichou em sua primeira corrida, com três horas de programa antes da largada e o belo pódio sendo mostrado. Porém, com uma equipe praticamente vinda inteira da Globo, não se sentiu uma grande diferença, com Felipe Giaffone sempre preciso, Reginaldo Leme errando aqui e ali, mas exalando qualidade e insuspeição, enquanto Sergio Maurício fez um ótimo trabalho, mesmo que em alguns momentos ele gritou demais quando o momento não precisava para tanto. Com Mariana Becker sendo pouco interrompida, a Bandeirantes começou bem sua nova jornada na F1 e ainda teve a sorte de ter mostrado uma bela corrida na sua reestreia.


Se há algo de bom da temporada começar em Sakhir é que temos um quadro mais real das forças da F1 em 2021, ao contrário do que ocorresse se o campeonato começasse no circuito de rua de Melbourne, um traçado atípico do que acontece no resto da temporada. O asséptico traçado barenita é ordinário, até por que ele foi feito por Tilke e não faltam circuito feitos pelo arquiteto alemão por aí. E o que se viu foi muito bom. A Red Bull apareceu muito forte com Verstappen, comprovando o que se viu na pré-temporada, enquanto a Mercedes se recuperou rapidamente da má performance no mesmo circuito. As brigas pelo pelotão intermediário continuam animadas, somente uma pena que longe do pelotão dianteiro. A Red Bull ainda tem pendente ter seu segundo piloto mais próximo da briga pela liderança. Hamilton pode ter vencido mais uma vez, mas o inglês lutou bastante para isso. Se continuar assim, podemos ter uma temporada e tanto pela frente!

sábado, 27 de março de 2021

Boas perspectivas

 


Ao contrário dos anos anteriores, não vimos a Mercedes blefando para destruir a oposição. Lewis Hamilton e Valtteri Bottas deram tudo de si, como os próprios falaram depois da classificação. Os problemas mercedianos foram resolvidos rapidamente, como esperado, mas não foi o bastante. Com uma volta incrível no final do Q3, Max Verstappen marcou uma pole consagradora no Bahrein, começando a promissora temporada 2021 com o pé direito, ao contrário de alguns dos seus colegas.

Antes mesmo dos carros entrarem na pista no Oriente Médio era sabido que a Haas apostará todas as suas fichas no carro 2022, praticamente jogando fora 2021 e foi exatamente isso que se viu, com a sua jovem dupla ocupando a última fila, enquanto Nikita Mazepin rodava loucamente pela pista barenita. Apesar da beleza dos carros, Alpine e Aston Martin ficaram para trás, porém, temos que falar de dois personagens dessas equipes. Fernando Alonso deixou para trás a ferrugem de dois anos fora da F1 para suplantar o promissor Esteban Ocon com certa facilidade e levar o carro gaulês rumo ao Q3, enquanto Ocon ficou no Q1. Junto ao francês estará Sebastian Vettel. O alemão que foi tetracampeão e é o terceiro maior vencedor da história da F1 fez outro papelão nesse sábado, ficando numa humilde décima oitava posição, tomando oito décimos para Stroll, ficando atrás até mesmo do péssimo Nicholas Latifi. Mesmo com toda a sua mediocridade, Lance Stroll rumou ao Q3 com seu Aston Martin. O canadense não teve a companhia de Sérgio Pérez. O mexicano nunca andou próximo de Verstappen e no Q2 foi claro que a Red Bull errou em sua tática ao deixa-lo com pneus médios, quando vários pilotos estavam com os pneus macios, desclassificando Pérez por meros três centésimos de segundo.

Um começo nada auspicioso de Pérez, que deu até a sensação que estava para chorar dentro do seu carro. Ao contrário acontecia com Pierre Gasly. Com o crescimento do motor Honda e a Alpha Tauri assumindo mais e mais itens do carro da Red Bull, o francês aproveitou para conseguir uma ótima quinta posição no grid, enquanto o novato Tsunoda deu a impressão que incomodaria Gasly, mas acabou no Q2. Outra equipe que cresceu à olhos vistos foi a Ferrari, que chegou a fazer dobradinha no Q2. Sainz ficou à frente de Leclerc o treino praticamente inteiro, mas no famoso pega pra capá, o monegasco enfiou seis décimos em cima do espanhol, levando um bom quarto lugar, porém, a dupla da Ferrari largará com pneus macios amanhã, ao contrário da turma ao redor. Será uma luta interessante com a forte McLaren.

A Mercedes se mostrou forte na classificação, mas Max Verstappen sempre batia os tempos dos alemães. Quando Hamilton marcou um tempo de 29.3s no Q3, parecia que mais uma vez ficaria com a pole, mas Verstappen tirou uma volta da cartola, sendo mais rápido até mesmo no primeiro setor, que era favorável à Mercedes. A pole de Max Verstappen foi com um tempo daqueles de cair o queixo, mostrando que podemos ter briga não apenas nessa corrida, mas em toda a temporada. A perspectiva para 2021 não poderia ser melhor! 

sexta-feira, 26 de março de 2021

Lella


 Não resta muita dúvida de quem foi a mulher mais bem-sucedida da história da F1. Mesmo com algumas tentativas antes e depois dela, Lella Lombardi foi mesmo a melhor mulher a correr na F1, além de ter sido a único a ter pontuado. Se viva fosse, Lella estaria completando 80 anos de idade no dia de hoje.

Maria Grazia Lombardi nasceu no dia 26 de março de 1941 em Frugarolo, no Piemonte. O começo do interesse de Lella Lombardi por carros e corridas foi bem peculiar, pois além de sua família não se interessar por corridas, nem carros eles tinham! Mas Lella era apaixonada por esportes e jogava handebol no time local. Numa partida, Lombardi foi designada a marcar a melhor atacante do time adversário e a pequena italiana foi muito bem, fazendo com que a adversária não marcasse nenhum gol, contudo, Lella acabou levando uma cotovelada no nariz, quebrando-o. Depois da partida Lella estava no ponto de ônibus com o nariz tampado com um lenço quando um Alfa Romeo azul parou na frente dela. Era a atacante que ela tinha acabado de marcar, que estava ao volante. "Vamos, vou levá-lo ao hospital", disse ela, então Lella entrou no carro. Vendo a situação do nariz de Lella, a antiga adversário dirigiu rumo ao hospital a toda velocidade. Lella de repente esqueceu do seu ferimento. Ela ficou tão impressionada com a velocidade e a emoção que estava tendo naquele momento que o estrago foi feito. O nariz da jovem foi consertado e isso não era mais um problema, mas a alma de Lella Lombardi foi tomada pela paixão pela velocidade.

Lella sonhava com carros rápidos, mas nem carteira de motorista ela tinha. À muito custo ela entrou num auto-escola e quando conseguiu um namorado, ela tinha mais interesse em dirigir o Fiat dele do que no rapaz. Um dia, Lella conheceu um jovem que era piloto de corridas e passou a ajuda-lo fora das pistas. Em uma ocasião, o rapaz inscreveu seu Alfa Romeo para um rali e Lella seria seu navegador. Ela gostou daquele 'fim de semana em alta velocidade' e convenceu o amigo a trocar de lugar para o próximo evento. Quando Lella apareceu no banco do motorista, os outros pilotos riam com desprezo ... Lella ficou muito chateada e colocou toda a sua raiva em seu volante. Ela ganhou a sua corrida de estreia! Depois desse tremendo sucesso, com a ajuda de uma empresa italiana, ela teve a chance de correr para a Alfa Romeo no Campeonato Italiano de Turismo. No início, seus resultados foram modestos, mas ela terminou na terceira posição num evento em Palermo. Mais tarde a atenção de Lella se voltou para os monopostos, onde seria vice-campeã da F3 Italiana em 1968. Seu maior sucesso veio no Campeonato de F-Ford do México, no qual ela se tornou a campeã em 1973. No ano seguinte, ela subiu para a Fórmula 5000 e estava competindo no campeonato Shellsport, na Inglaterra.

Em 1974 ela participou de sua primeira corrida de F1, no Grande Prêmio da Inglaterra, com um Brabham. Ela seria patrocinada por uma rádio de Luxemburgo, cuja estação era a FM 208 e foi com esse número incomum que Lella correu naquele final de semana, mas ela não conseguiu se classificar. Em 1975 as coisas mudaram para melhor. O multi-milionário Conde 'Guggi' Zanon comprou um lugar na equipe de fábrica da March para Lombardi, ao lado de Vittorio Brambilla. A primeira tentativa de Lella veio em Kyalami, onde ela registrou o 26º tempo e último tempo, ficando à frente de Wilsinho Fittipaldi e Graham Hill. Pela primeira vez em 17 anos a F1 veria uma mulher largar para um Grande Prêmio. Então veio a corrida em Montjuich, na Espanha. O então campeão mundial Emerson Fittipaldi liderou um movimento para boicotar a corrida devido à falta de segurança. Aquilo se mostrou profético. Lella alinhou seu March em 24º no grid. Na volta 26, o carro do líder Rolf Stomellen quebrou a asa traseira e o alemão perdeu o controle da máquina, destruindo um guard-rail e matando cinco espectadores. A corrida foi interrompida na 29ª volta e devido ao alto índice de abandonos Lella subiu para o sexto lugar. Jochen Mass venceu, mas com um terço de corrida percorrido apenas, os pilotos receberam meio ponto. Então, Lella recebeu 0,5 ponto por seus esforços. Essa foi a primeira e única vez na história da F1 que uma piloto marcou um ponto.

Depois da Espanha, Lella Lombardi marcou apenas um resultado digno de crédito, com a sétima colocação em Nurburgring. Quando Mark Donohue morreu durante os treinos para o Grande Prêmio da Áustria, Lella quase se aposentou da Fórmula 1, mas o desejo de competir no mais alto nível do automobilismo a fez ficar. Para o Grande Prêmio dos EUA, Lella se mudou para Frank Williams Racing, mas ela não conseguiu se classificar para a prova. Para a primeira corrida de 1976, Lella estava de volta à March e ela terminou em 14º lugar após largar em 22º. Aquela corrida em Interlagos, a 12º de sua carreira, seria a última de Lombardi na F1. Quando Ronnie Peterson saiu da Lotus, a March o contratou imediatamente e dispensou Lella. Ela ainda tentou correr pela equipe RAM, mas falhou em todas as suas tentativas. Em 1977 Lella Lombardi fez uma aparição na Nascar, onde teria a companhia da também desbravadora Janet Guthrie, além da belga Christine Beckers. Durante os anos 1980, Lella Lombardi disputou várias categorias de turismo, além de se declarar homossexual, se juntando à companheira Fiorenza. Sua paixão pelas corridas continuou intacto até praticamente o fim de sua vida. Em 1989 ela ainda participava do campeonato europeu de turismo, até o câncer a afastar das corridas. Ela sucumbiria à doença em 1992, poucos dias antes de completar 51 anos de idade. 

quinta-feira, 25 de março de 2021

Fator Marc Márquez

 


Na última semana, Marc Márquez anunciou que não participará das duas primeiras etapas do Mundial de MotoGP no Catar, ainda se recuperando de sua complicada contusão no braço direito. Como a participação da terceira etapa ainda é uma incógnita, resta saber como será a MotoGP nesse 2021 sem seu principal piloto.

O ano de 2020 foi basicamente um campeonato europeu, com as montadoras sofrendo com a instabilidade das motos passando de circuito para circuito. Se a Yamaha se adaptou perfeitamente em Jerez, sofreu no Red Bull Ring, pista que viu uma das vitórias da KTM. A Honda mostrou sua Márquez-dependência e só apareceu com alguns espasmos de Alex Márquez. A Ducati conseguiu uma vitória na Áustria, mas a saída tumultuada de Andrea Doviziozo marcou uma temporada em que os italianos lembraram os tempos nada áureos da Ferrari nos anos 1960, 70 e 80. Restou quem? A Suzuki se mostrava uma moto bastante regular, andando forte em todos os circuitos, principalmente com um ritmo de corrida muito bom quando os pneus estavam desgastados. Contudo, Alex Rins, seu primeiro piloto, sofreu um sério acidente na primeira corrida e fez várias provas machucados. O jovem Joan Mir não parecia pronto. Parecia. O espanhol fez um campeonato extremamente regular a ponto de chegar nas provas finais na liderança, mas sem ter vencido nenhuma prova, problema que resolveu na antepenúltima etapa. A consistência de Mir lhe deu o surpreendente título, o primeiro da Suzuki em vinte anos. Agora, como se fosse no tênis, Joan Mir precisa confirmar a quebra do saque e continuar na luta pelo título.

Com a ausência de Márquez nas primeiras corridas, a MotoGP deverá ter um campeonato não muito diferente do ano passado, com muitos pilotos fortes entrando numa briga de foice no escuro para se destacar. Mir claramente será um piloto a ser observado e a solidez da Suzuki será um fator a lhe auxiliar, mas agora Rins estará em forma desde o início e poderá fazer da vida do compatriota mais difícil. Mesmo sendo uma das decepções da temporada, Fabio Quartararo teve sua promoção à equipe de fábrica da Yamaha confirmada ao lado da já eterna promessa Maverick Viñales. Valentino Rossi, que nesse ano completa 25 anos no Mundial de Motovelocidade, foi para a equipe satélite da Petronas, mas isso não significa algo tão ruim, lembrando que o pupilo de Rossi, Franco Morbidelli, foi o melhor piloto da Yamaha no campeonato passado. 

A Ducati terá dois novos pilotos para tentar voltar a ganhar o título, algo que não acontecesse desde o já longínquo ano de 2007, com o agressivo Jack Miller e promissor Pecco Bagnaia. Doviziozo ficou sem moto esse ano, mesmo ele sendo ligado à Aprilia, que tenta se fazer finalmente um bom ano. A Honda rebaixou Alex Márquez para a LCR, trazendo para o seu lugar Pol Espargaró, porém, a marca da asa dourada espera ansiosamente para Marc Márquez possa retornar o mais rapidamente possível, mas algumas questões já começam a ser levantadas. Como Márquez irá voltar? Aos 28 anos o espanhol, que ganhou quase tudo na década passada, pode não ser mais o piloto espetacular de outrora? Até que ponto a sua séria contusão poderá afetar sua pilotagem agressiva? Quando Márquez voltar, terão passados quase nove meses de seu acidente, sua atrapalhada volta precipitada e sua longa convalescênça. Talvez a cabeça de Marc deverá ser seu primeiro obstáculo.

Marc Márquez será um fator importante para a temporada 2021, lembrando que ele já começa com cinquenta pontos de deficit para todos os demais pilotos esse ano. E não se sabe como e quando ele retornará. A MotoGP começa com muitas perguntas a serem respondidas e provavelmente não será no Catar que a serão. Porém, não deverá faltar emoção nas corridas e no campeonato que está para começar. 

Verdades e mentiras

 


Fevereiro de 2004. A expectativa para a temporada vindoura era enorme pelos resultados da pré-temporada, onde McLaren-Mercedes e Williams-BMW pareciam dispostas a acabar com a hegemonia da Ferrari, mesmo o título de Schumacher em 2003 tenha sido conquistado na bacia das almas. Veio a primeira corrida e toda aquela expectativa foi para o ralo e o binômio Ferrari-Schumacher conquistaria o mais fácil dos seus cinco títulos consecutivos. Voltando para março de 2021. Apesar dos encantos da F1, a hegemonia da Mercedes nos últimos anos já causa enfado no mais ferrenho torcedor da categoria e qualquer sinal de fraqueza dos alemães já significa alegria para muitos.

A pré-temporada 2021 ocorreu de forma diferente dos outros anos, com tudo sendo suprimido em três míseros dias no Bahrein duas semanas antes da abertura do campeonato, no próximo dia 28. E a Mercedes esteve longe de estar bem. Longe a ponto de Toto Wolff se dizer preocupado com as seguidas falhas do novo carro, além do comportamento arredio da traseira do carro. Blefe? Aprendemos que isso será respondido no próximo sábado, mais especificamente durante o Q3, mas nunca nos últimos anos se previu a Mercedes tão próxima das demais equipes como em 2021. Na verdade, essa conta pode ficar no singular. A Red Bull andou sem nenhum problemas nos três dias barenitas, fazendo o melhor tempo com seus dois pilotos, incluindo uma bela adaptação de Sérgio Pérez a um bólido conhecido por só se fazer aparecer nas habilidosas mãos de Mex Verstappen. E é no neerlandês que todos já apontam o dedo como favorito, se as dificuldades da Mercedes se confirmarem. Mas será tão simples assim?

Mesmo com problemas, a Mercedes tem uma equipe entrosada e forte o suficiente para dar uma volta por cima e voltar a colocar a casa em ordem. Além do mais, tem uma pecinha muito importante que fica atrás do volante chamada Lewis Hamilton que faz muita diferença. Muitas vezes acusado de ter seus números inflados por ter disparado o melhor carro (fato) e correr sozinho (dizia-se o mesmo de Schumacher e o tempo mostrou o contrário), Hamilton pode ter em mãos um desafio diferente em 2021. Se a Red Bull encostar mesmo na Mercedes, Lewis terá a chance de triunfar mesmo sem ter claramente o melhor carro nas mãos e mesmo já tendo feito isso em 2008, Hamilton terá uma oposição bem mais forte, pois não restam muitas dúvidas de que Max Verstappen é bem superior ao super-confiante Felipe Massa na ocasião. Se derrotar Max e conquistar o oitavo título numa disputa acirrada com o piloto da Red Bull, os feitos de Hamilton serão vistos com outro olhar. E no posicionamento da história, isso é muito importante para Hamilton. Já Verstappen poderá ter nãos mãos pela primeira vez na carreira um carro realmente bom o suficiente para ser um contendor ao título mundial. Lembrando que mesmo ainda jovem, essa será a sexta temporada de Max e sua velocidade nunca foi colocada em dúvida. Poderá ser uma temporada épica entre o jovem leão (Verstappen) contra o velho lobo (Hamilton).

Porém, se tudo passou mesmo de um blefe da Mercedes e Toto Wolff dar uma risada na cara de todos nós, resta à Valtteri Bottas a esperança de deter de alguma forma Hamilton. Agora alguém ainda acredita no finlandês? Que nessa temporada de Drive to Survive nos 'presenteou' com um nude? Provavelmente apenas Wolff acredita, mas a paciência do dirigente austríaco deve estar se esgotando e como se fala no futebol, George Russell já está na fase final de aquecimento, prontinho para falar com o técnico. O fator Sérgio Pérez também será interessante nas equipes de ponta. O mexicano terá a chance de sua carreira e mais experiente e maduro do que imberbe garoto que chegou na McLaren em 2013, Pérez certamente agarrará essa chance e deverá fazer melhor figura do que os antigos segundos pilotos da Red Bull.

Convencionando que a F1 2021 terá apenas Mercedes e Red Bull como postulantes únicas ao título, como ocorria com Ferrari e McLaren no começo dos anos 2000, quem será a terceira força? Essas duas equipes tradicionais estão numa briga muito forte com Aston Martin, Alpine e Alpha Tauri para ser o líder do pelotão intermediário e que essa briga esteja a mais próxima possível dos líderes. Usando novamente motores Mercedes, a McLaren desponta como favorita a esse posto, principalmente com Daniel Ricciardo se mostrando tão forte como nunca, ao lado de Lando Norris, em sua terceira temporada e fazendo uma dupla harmoniosa (em todos os sentidos) com o australiano. A Ferrari se mostrou sólida na pré-temporada, sem quebras e com o motor não mostrando tanta deficiência como no ano passado, mas os italianos não foram capazes de retornar à briga pela vitória. Leclerc agora será o líder inconteste da Ferrari, mesmo Carlos Sainz tendo se mostrado um piloto muito regular nas suas equipes anteriores. Após a cópia descarada da Mercedes no ano passado, a Aston Martin terá que ter um pouco mais de trabalho esse ano com as restrições impostas pela FIA e nem de longe mostrou o resultado da pré-temporada do ano passado. Sebastian Vettel deve ter perdido um pouco mais dos seus ralos cabelos numa adaptação que está se mostrando mais lenta do que o habitual. Fernando Alonso retornou à F1 como se nunca tivesse saído dela, mas isso não significa um retorno aos bons tempos, com a Alpine se mostrando firme na luta para se manter forte no pelotão intermediário. Pierre Gasly lutará para se manter no mesmo bom ritmo de 2020, mas o novato Tsunoda mostrou ser melhor do que os vários japoneses que aportaram na F1 e nada demais fizeram. Todas essas equipes tem um discurso bem alinhado: esperar por 2022 e o novo regulamento técnico, uma ruptura com o atual.

O mesmo é dito pelas equipes que deverão brigar pela rabeira do pelotão. Alfa Romeo, Haas e Williams tem seus problemas e dificilmente sairão da posição que ocuparam ano passado. A Alfa manteve a mesma estrutura sonhando que com a continuidade as coisas melhorem, enquanto Haas e Williams mudaram seus pilotos, mas tem estratégias parecidas, apostando num piloto para tentar algo de bom, enquanto o outro paga as contas. Ao mesmo tempo que Russell sonha com a Mercedes, Nicholas Latifi banca a Williams, que manteve o nome mesmo com a saída da família Williams. Na Haas saíram os dois pilotos atrapalhados que tinham e trouxeram dois novatos, mas de formas diferentes. Mick Schumacher será uma atração óbvia pelo seu sobrenome e vem de um título da F2, com as bençãos da Ferrari. Enquanto Nikita Mazepin pouco fez nas pistas, contudo aprontou bastante fora delas, mas com o pai tendo o bolso bem fundo, seguirá a linha de Stroll e Latifi para ficar na F1.

E a F1 começará ainda sob a influência da pandemia, que já postergou corridas, mas o calendário se manteve com 23 provas. Para o público brasileiro, a grande novidade será a troca da TV Globo para a TV Bandeirantes, que montou uma equipe inteira vinda da Vênus Prateada. Muitas questões serão respondidas no domingo e se o que foi visto na pré-temporada foi verdade ou mentira.

segunda-feira, 22 de março de 2021

Que pena...

 


John Colum Crichton-Stuart, o sétimo Marquês de Bute. Era com esse nome pomposo que um jovem piloto escocês começou sua carreira no automobilismo inglês, sem chamar muito atenção. Até para esconder sua ascendência real, passou a usar o sobrenome Dumfries. Logo Johnny Dumfries se destacou e venceu o prestigiado campeonato inglês de F3 em 1984. Em 1986 se envolveu numa polêmica negociação para preencher o segundo carro da Lotus e nessa temporada Dumfries fez seu único ano na F1, correndo ao lado de Ayrton Senna. Foi uma temporada tão ruim que Dumfries pensou em se aposentar, mas ele resolveu continuar no automobilismo, como piloto de testes da Benetton e indo para o Endurance, onde conseguiria seu maior prêmio ao vencer as 24 Horas de Le Mans em 1988. Muitos falam de Johnny Dumfries como o piloto que entrou no lugar do vetado Derek Warwick para ser massacrado pelo talento estonteante de Ayrton Senna dentro da Lotus. Porém, Johnny não precisava estar lá. Como membro da realeza escocesa, Johnny poderia ficar em alguma castelo no norte das ilhas britânicas, mas preferiu realizar o sonho de ser piloto sem usar sua fortuna, inclusive sendo motorista da van da equipe Williams em seu começo de carreira. Não foi um piloto virtuoso, mas Johnny Dumfries foi dono de uma carreira peculiar. Hoje à tarde, com apenas 62 anos de idade, o Marquês de Bute nos deixou de forma precoce, indo acertar carros no céu, quem sabe trocando algumas ideias com Senna e Peter Warr para melhorar a Lotus 95T. 

domingo, 21 de março de 2021

Dia normal na Nascar

 Noah Gragson e Daniel Hemric tendo uma discussão normal após a corrida Xfinity Series da Nascar.


sexta-feira, 19 de março de 2021

História: 15 anos do Grande Prêmio da Malásia de 2006

 


Uma semana depois da abertura da temporada no Bahrein, a F1 teve que se virar para levar todo o seu circo para o sudeste asiático e enfrentar o tradicional e forte calor malaio. Se a Ferrari incomodou bastante a Renault de Fernando Alonso no Oriente Médio, em Sepang foi um pouco diferente, com Schumacher e Massa perdendo dez e vinte posições respectivamente por trocas de motor, algo que David Coulthard, Ralf Schumacher e Rubens Barrichello também tiveram que enfrentar, fazendo com que o grid ficasse bem embaralhado.

A primeira sessão da classificação não viu surpresas com os nocautes dos pilotos de Super Aguri, Midland e Toro Rosso, enquanto o Q2 viu Barrichello e Trulli ficarem pelo caminho. No Q3 o motor de Ralf Schumacher estourou, enquanto Fernando Alonso só conseguiu o 7º lugar depois de um problema com o cálculo de combustível da Renault. A dupla da McLaren compartilharia a terceira fila, mas eram considerados favoritos por estarem mais pesados, devido à confusa classificação da época. A surpresa ficou com a Williams, com seus dois pilotos ficando com os quarto e quinto melhores tempos, mas com a punição de Michael Schumacher, os carros azuis compartilhariam a segunda fila, com Nico Rosberg conseguindo uma ótima terceira posição logo em sua segunda corrida na F1. Jenson Button parecia que ficaria com a pole, mas Giancarlo Fisichella superou o inglês na sua última volta e ficou com a pole, mostrando o momento de domínio da Renault naquele início de 2006.

Grid:

1) Fisichella (Renault) - 1:33.840

2) Button (Honda) - 1:33.866

3) Rosberg (Williams) - 1:34.626

4) Webber (Williams) - 1:34.672

5) Montoya (McLaren) - 1:34.916

6) Raikkonen (McLaren) - 1:34.983

7) Alonso (Renault) - 1:35.747

8) Klien (Red Bull) - 1:38.715

9) Trulli (Toyota) - 1:34.702

10) Villeneuve (BMW) - 1:34.752


O dia 19 de março de 2006 estava quente e úmido, como normalmente acontece em Kuala Lumpur, mas o dia estava ligeiramente mais fresco do que nos outros dias, enquanto havia a permanente previsão de chuva para a qualquer momento, mas a chuva acabou não aparecendo. Quando as luzes vermelhas se apagaram, os protagonistas da primeira fila saíram sem problemas, mas logo atrás ficou conhecido uma outra faceta de Fernando Alonso: um ótimo largador. O espanhol saiu muito bem e logo deixou para trás as duas McLarens. Um pouco mais à frente, os carros da Williams se preocuparam unicamente em atacar um ao outro, fazendo com que Alonso mergulhasse por fora para chegar ao terceiro lugar.


Na primeira volta Kimi Raikkonen foi atingido por Klien e acabou tendo a suspensão traseira quebrada, sendo o primeiro abandono do dia, além de reforçar a fama de pé-frio. Houveram pilotos que como Alonso ganharam muitas posições, como Schumacher, Coulthard, Massa e Barrichello. Espremido pelo próprio companheiro de equipe, Rosberg caiu para sétimo e rapidamente ultrapassou seu compatriota Heidfeld, mas a corrida do piloto da Williams só duraria seis voltas, quando o motor Cosworth quebrou. Mark Webber pressionava Alonso pela terceira posição, mas sua precoce parada indicava que o australiano estava muito leve na largada, enquanto Fisichella abria uma boa vantagem sobre Button. O dia da Williams terminou na décima volta, com Webber saindo com problemas hidráulicos. Fisichella pararia na volta 17, seguido por Button na volta seguinte. Alonso ficou mais sete voltas na pista antes de entrar para a sua primeira parada, retornando logo atrás de Button. Massa é um dos últimos a parar, chegando a ser quarto, com Barrichello em sexto, mas na metade da prova os brasileiros pararam, contudo, Barrichello acabaria punido por excesso de velocidade nos boxes.


Na volta 38 Fisichella e Button abriram a segunda rodada de paradas, mas o inglês acabou atrapalhado por retardatários, perdendo um precioso tempo. Alonso parou cinco voltas depois e emergiu na frente de Button, mas 11s atrás de Fisichella. A dobradinha da Renault estava feita, mas a diferença era talvez grande demais para uma troca de posições. Heidfeld vinha em um bom quinto lugar quando seu motor BMW quebrou, sendo o último abandono do dia. Michael Schumacher fez sua última parada com onze voltas para o fim, retornando à pista em sexto, logo atrás de Massa. O alemão tentou um ataque, que foi rechaçado por Massa. Haveria uma troca de posições na Ferrari? Apesar das especulações, Massa manteve a posição, algo que surpreendeu a muitos na época. Depois das paradas, a corrida ficou estática e Fisichella conseguiu sua terceira e última vitória na F1. Alonso completou a dobradinha da Renault e já abria uma interessante vantagem no campeonato, enquanto Button completava o pódio, com Montoya terminando num discreto quarto lugar. Fisichella sempre cobrava que se tivesse um bom equipamento, ele poderia vencer com regularidade na F1, porém, a falta de consistência do italiano fez com que vitórias como a de quinze anos atrás fossem mais exceções do que regra.

Chegada:

1) Fisichella

2) Alonso

3) Button

4) Montoya

5) Massa

6) M.Schumacher

7) Villeneuve

8) R.Schumacher

quarta-feira, 17 de março de 2021

O dia de André Ribeiro

 


Em meados dos anos 1990, a Indy crescia tanto no Brasil que veio uma questão óbvia: valeria a pena ter uma corrida da categoria por aqui? Muito se falou e especulou, mas no final de 1995 foi decidido que a Indy visitaria o Brasil pela primeira vez no ano seguinte. E não poderia acontecer em melhor hora. A Indy vivia um momento excelente e muitos pilotos brasileiros estavam correndo na categoria com destaque. Mesmo a CART vendo ser criada a IRL, o dano técnico naquele momento não parecia ser tão grande, afinal, as grandes equipe e os melhores pilotos permaneciam no seu campeonato.


Outro detalhe era saber aonde a Indy aportaria no Brasil. A categoria vivia um momento tão bom que Bernie Ecclestone em pessoa praticamente vetou que Interlagos recebesse a prova. Sim, a F1 tinha receio da Indy. Então surgiu a ideia de utilizar o Autódromo Nelson Piquet, mas de uma forma diferente. Ao invés de utilizar o belo circuito misto de Jacarepaguá, se construiria uma variante totalmente nova e inédita no Brasil. Nascia o circuito oval Emerson Fittipaldi. Estava tudo pronto para receber a Indy naquele março de 1996.

Seria a segunda etapa do campeonato, cuja a estreia viu vitória de Jimmy Vasser na ascendente equipe Chip Ganassi. Gil de Ferran, rookie of the year de 1995, chegara em segundo e era talvez a maior esperança brasileira quando a Indy saiu de Miami rumo ao Rio de Janeiro. A Rio 400 ganhou uma cobertura maciça na mídia brasileira. O SBT investia pesado no esporte e não mediu esforços para promover a corrida e seus pilotos, principalmente os brasileiros. Além de Gil, havia o pioneiro Emerson Fittipaldi, seu sobrinho Christian, o rodado Raul Boesel, que na ocasião corria no carro da Brahma, os experientes Maurício Gugelmin e Roberto Moreno, além do inexpressivo Marco Greco. E André Ribeiro.


Paulista de 30 anos na época, André Ribeiro começou tarde no automobilismo e mesmo fazendo bons trabalhos na Europa e nos Estados Unidos, estava longe de brilhar. Na ocasião corria pela equipe Tasman ao lado do mexicano Adrian Fernández e mesmo tendo vencido uma corrida em 1995, André não aparecia entre os favoritos à prova. Contudo, Ribeiro tinha um trunfo a seu favor: o motor Honda. Na primeira corrida da temporada, no oval de Homestead, era nítido que a Honda era o propulsor mais potente do pelotão e isso faria diferença.


No dia 17 de março de 1996, o Rio de Janeiro voltava aos bons tempos como anfitrião de uma prova internacional e o sucesso foi imediato. O público foi em peso à Jacarepaguá e ninguém se arrependeu do que viu. A primeira fila foi toda da Ganassi, com o fogoso Alex Zanardi conquistando a sua primeira pole na Indy. André Ribeiro fora o melhor brasileiro do grid em terceiro. Logo no começo da corrida um acidente muito forte com Mark Blundell assustou a todos, mas o inglês teve apenas uma fratura no pé. Rapidamente Gil de Ferran partiu para a briga pela vitória, mas sua equipe errou no cálculo de combustível e o brasileiro acabou tendo uma pane seca antes de uma de suas paradas. Gil ficou arrasado depois da corrida com a chance perdida de vencer em casa. O novato Greg Moore chegou a liderar a prova, mas acabou quebrando a suspensão, deixando a ponta para André Ribeiro. O paulista fez uma corrida excepcional, sempre se mantendo entre os primeiros, se aproveitando dos vacilos alheios para liderar no stint final. Uma bandeira amarela marota no fim da corrida ainda fez Ribeiro receber uma forte pressão da raposa felpuda Al Unser Jr, mas Ribeiro administrou bem a prova e usando a potência do seu motor Honda, venceu com todos os méritos.

A festa ocorrida vinte e cinco atrás foi inesquecível. Ribeiro saiu do carro com o público em delírio e logo pegou uma bandeira brasileira, imediatamente fazendo lembrar das inesquecíveis festas de Ayrton Senna, morto menos de dois anos antes. A foto de André Ribeiro com a bandeira brasileira foi capa de praticamente todos os jornais tupiniquins na segunda-feira seguinte.


A Indy vivia seu melhor momento, mas o fim estava à espreita. De forma até discreta, com pilotos semi-profissionais, a IRL começava seu campeonato de forma meio mambembe, mas em maio ela estaria em Indianápolis, não as estrelas da CART. Isso se mostraria definitivo num futuro próximo. Ainda assim, até hoje muitos lembram as combinações chassi/motor/pneu da temporada 1996 da Indy. Foi uma época mágica, uma pena que não tenha durado muito. André Ribeiro só faria mais duas temporadas além daquela antes de se aposentar do automobilismo, se tornando um empresário de sucesso. Porém, sua marca vinte e cinco anos atrás nunca será esquecida.

sábado, 13 de março de 2021

Que pena...

 


Você já pensou em viver 97 anos? É muito tempo e quem sabe eu chegue lá. Murray Walker chegou. E foram 97 anos muito bem vividos para esse ícone do esporte a motor. Walker começou sua carreira como narrador ainda antes de existir a F1, em 1949, acompanhando todos os setenta anos da categoria. Com seu estilo entusiasmado se tornou uma espécie de voz oficial da F1, já que a Inglaterra, onde Murray foi o narrador principal da F1 por várias décadas ao lado de comentaristas carismáticos como James Hunt e Martin Brundle, é o berço da principal categoria do automobilismo. Mesmo aposentado desde 2001, Murray Walker nunca abandonou as corridas e sempre teve sua opinião bastante respeitada. Nesse sábado, o mundo de esporte a motor lamentou a passagem de Murray Walker.

sexta-feira, 12 de março de 2021

História: 15 anos do Grande Prêmio do Bahrein de 2006

 


A F1 iniciava uma nova temporada se perguntando se uma nova era havia iniciado ou se a antiga havia mesmo terminado. Fernando Alonso vencia seu primeiro título em 2005 com méritos, levando à Renault ao seu primeiro título como equipe, derrotando na ocasião Kimi Raikkonen. Alonso e Raikkonen tinham menos de 25 anos de idade e estreado em 2001. Seriam as novas estrelas do futuro? Quando parecia que a Ferrari não pararia mais de ganhar com Michael Schumacher, os italianos tiveram um ano muito ruim em 2005, com o alemão só vencendo uma única corrida por causa da retirada das equipes com pneus Michelin em Indianápolis. 

Novamente a F1 teria mudanças. Em 2006 saía a impopular classificação com volta única, entrando em cena um treino totalmente diferente, onde os pilotos seriam eliminados de acordo com suas posições em pequenas sessões, deixando os dez primeiros disputarem o melhor tempo nos minutos finais. Porém, a mais impopular ainda regra dos pilotos treinarem com o combustível que largariam permanecia. Outro fato importante era a volta da troca de pneus, algo que ajudou muito a Michelin em 2005 e atrapalhou a Bridgestone. Isso era uma ótima notícia para a Ferrari, que usava os pneus japoneses, mas isso não era a única novidade em Maranello. Após cinco temporadas cheia de altos e baixos, Rubens Barrichello deixava a Ferrari, se mudando para a BAR, que mudaria o nome para Honda ainda antes do ano começar. Para o lugar de Rubens, outro brasileiro iria ficar ao lado de Schumacher: Felipe Massa, protegido por Jean Todt. A BMW deixava a parceria com a Williams e comprava a Sauber, criando uma equipe própria e com muito potencial. Porém, não era apenas a simpática Sauber que se despedia. Jordan e Minardi foram compradas e mudaram de nome para Midland e Toro Rosso, respectivamente, com a segunda se tornando uma filial da Red Bull. Além da movimentação entre os brasileiros, Nick Heidfeld ia para a BMW para fazer um agrado aos alemães, enquanto Takuma Sato era dispensado pela futura Honda, mas isso causou indignação aos fãs japoneses. A Honda teve que montar uma equipe às pressas para manter Sato no grid, usando os restos da Arrows (!) de 2002 (!!). Junto com Yuji Ide, nascia a Super Aguri. A Williams perdia o status de equipe de fábrica, mas promovia a estreia do atual campeão de GP2, ainda mais conhecido por ser filho de um campeão mundial: Nico Rosberg.

A primeira classificação com 'knockouts' reservou uma surpresa logo de cara com a saída de Kimi Raikkonen logo no Q1 com um problema em sua McLaren, fazendo o nórdico largar em último. A falta de sorte de Kimi continuava. Os carros da Super Aguri eram simplesmente lentos demais, mas a falta de jeito de Ide chamava ainda mais atenção. Ralf Schumacher foi outro a decepcionar ao ficar no Q1. Schumacher mostrava que seu talento continuava intacto ao ficar na pole pela primeira vez em algum tempo, enquanto Massa mostrava a força da Ferrari ao completar a primeira fila. O atual campeão Alonso era superado por Button, que nos primeiros tempos ao lado de Barrichello, o superava com alguma vantagem. 

Grid:

1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:31.431

2) Massa (Ferrari) - 1:31.478

3) Button (Honda) - 1:31.549

4) Alonso (Renault) - 1:31.702

5) Montoya (McLaren) - 1:32.164

6) Barrichello (Honda) - 1:32.579

7) Webber (Williams) - 1:33.006

8) Klien (Red Bull) - 1:33.112

9) Fisichella (Renault) - 1:33.496

10) Heidfeld (BMW) - 1:33.926


O dia 12 de março de 2006 amanheceu ensolarado e seco, como normalmente acontece no deserto do Bahrein. Antes da largada ainda haviam as perguntas sobre a quantidade de combustível que os carros carregavam para o primeiro stint e havia a desconfiança de que Montoya estava muito pesado a ponto de parar apenas uma vez. A largada se deu sem maiores problemas, mas demonstrando mais uma vez ser um ótimo 'largador' Alonso saiu da quarta para a segunda posição ainda na primeira volta, iniciando uma luta sensacional com Michael Schumacher. O novato Christijan Albers foi o primeiro abandono da temporada quando sequer largou, tendo problemas na transmissão do seu Midland.


As primeiras voltas mostravam os três primeiros colocados muito próximos, com Schumacher controlando os ataques de Alonso, enquanto Massa os seguia de perto. Montoya era quarto colocado, mas seu ritmo indicava que estava mesmo mais pesado que os pilotos da ponta, enquanto Raikkonen escalava o pelotão rapidamente. Na sétima volta, Massa errou na curva um e acabou rodando, quase levando Alonso a tiracolo. Com os pneus destruídos pela rodada, Massa foi aos boxes, mas a Ferrari se atrapalhou todinha e o brasileiro não foi mais um fator na corrida, sequer pontuando. Fisichella tinha um problema no mapeamento do seu motor e por isso não conseguia andar num ritmo decente, acabando por abandonar na volta 21 com problemas hidráulicos. Schumacher e Alonso andavam próximos, mas sem ataques e a pergunta era: quem estava mais leve? O questionamento foi respondido na volta 15, quando Michael entrou nos pits para a sua primeira parada. Alonso demorou quatro voltas para entrar, mas saiu ainda atrás da Ferrari. Demonstrando estar mesmo pesado, Montoya foi um dos últimos a parar e quando o fez, quem assumiu a terceira posição fora um incrível Kimi Raikkonen, numa ótima corrida de recuperação.


O segundo stint decidiu a corrida. Alonso ficou mais próximo de Schumacher e quando este parou na volta 35, o espanhol aumentou o ritmo e cinco voltas depois saiu do seu segundo pit-stop ao lado de Schumacher, mas conseguiu obter uma vantagem que levaria até o final. Mas não sem luta. Schumacher nunca ficou a mais de 2s do espanhol, numa disputa de alto nível entre o velho leão e o novo contendor, com vantagem para Alonso, que abria sua luta pelo bicampeonato da melhor forma possível. Raikkonen fez uma corrida magnífica, fazendo sua única parada na volta 30 e nas voltas finais recebendo uma forte pressão de Button, mas conseguindo subir ao pódio depois de largar em último, ganhando dezenove posições na corrida. Montoya fez uma corrida apagada, onde teve que fazer uma segunda parada e terminando num obscuro quinto lugar. O fogoso colombiano nunca esteve no nível de Raikkonen na McLaren. Barrichello chegou a brigar com Button no meio da prova, mas um pneu furado jogou o brasileiro para o final do pelotão e fora dos pontos. A Williams fazia uma boa corrida na sua primeira vez depois da saída da BMW, com seus dois pilotos marcando pontos. Nico Rosberg ultrapassou Klien nas voltas finais e como consequência marcou a voltas mais rápida da corrida, sendo o mais jovem até então a faze-lo. A corrida no deserto barenita mostrava que seria uma briga entre o velho e o novo na F1 em 2006, sendo que um piloto ainda estreante (Nico Rosberg) já mostrava suas garras.

Chegada:

1) Alonso

2) M.Schumacher

3) Raikkonen

4) Button

5) Montoya

6) Webber

7) Rosberg

8) Klien 

quarta-feira, 10 de março de 2021

SF21

 


A Ferrari foi a última equipe a apresentar seu carro para a temporada 2021 com diferentes tons de vermelho para relembrar um passado glorioso e, quem sabe, expurgar um presente que não foi dos melhores para a turma de Maranello. Além de um estranho verde na carenagem.

O novo SF21 foi o carro que apresentou as maiores modificações visíveis de todos os bólidos que apareceram nas últimas semanas, mas o mais importante talvez seja o que tenha debaixo da carenagem. O motor Ferrari em 2020 foi o pior do pelotão depois de uma punição para lá de estranha e misteriosa aplicada pela FIA no excelente motor de 2019, que até o momento ninguém sabe ao certo qual foi, mas rebaixou a Ferrari ao pelotão intermediário e ao pior campeonato em quarenta anos. Se recuperar de uma temporada tão ruim não será nada fácil para Mattia Binotto e sua trupe, mas como diria o poeta, pior do que está não fica.

Com a saída de uma abatido Sebastian Vettel, a Ferrari colocou nos ombros de Charles Leclerc a esperança de ser o principal piloto da scuderia nos próximos anos, além de trazer o sólido Carlos Sainz como um segundo piloto capaz de andar no mesmo ritmo do monegasco. Porém, a Ferrari não soube administrar muito bem o clima entre Leclerc e Vettel, devendo ter mais receios na hora de liberar seus pilotos durante o campeonato. Indo para a sua terceira temporada com a Ferrari, Leclerc tentará provar que estar no mesmo nível de Max Verstappen, seu rival desde os tempos de kart, enquanto Sainz irá para esse ano pensando em conquistar seus primeiros triunfos na F1.

O problema para Sainz e também Leclerc é saber o quanto a Ferrari evoluiu do seu péssimo ano em 2020. Pensar em título beira a utopia, mas lembrando de que se trata de Ferrari, no mínimo as vitórias serão cobradas nesse 2021.

sexta-feira, 5 de março de 2021

FW43B

 


Na semana antecedente ao início dos treinos de pré-temporada da F1 dessa temporada, a Williams continuou o frenético momento de lançamentos, com o tradicional time mostrando seu novo carro para 2021, mesmo que sem muitas novidades, o que não deixa de ser perigoso.

Mesmo ainda chamando-se Williams e nomeando seu carro em homenagem à Frank Williams, essa nova Williams tem pouco da antiga equipe, com a saída da família Williams. A Dorilton Capital comprou o time, trouxe alguns nomes fortes na chefia, mas com todo o problema da pandemia, houveram poucas mudanças no carro do ano passado para esse, portanto, a Williams continuará com a mesma base de uma equipe que vem ladeira abaixo desde 2018 e que só marcou um mísero ponto nas últimas duas temporadas. 

O line-up de pilotos continua o mesmo. George Russell é a grande aposta da Williams para algum bom momento em 2021. O inglês é integrante do seleto grupo dos jovens pilotos candidatos à estrela no futuro da F1 e sua ligação com a Mercedes (que cede seus motores para a Williams tendo Russell como trunfo) faz de Russell um dos favoritos a sentarem no assento da Mercedes num futuro próximo. E o inglês está fazendo para conseguir isso, mesmo que ainda lhe falte melhorar em ritmo de corrida. Já Nicholas Latifi fica com o papel de pagar as contas da equipe, sendo o canadense também filho de um bilionário que comprou uma vaga para o filhão, mesmo ele não fazendo nada para estar na F1.

As novas cores duvidosas da Williams mostram que o time segue a tendência da continuidade, mesmo que olhando para um passado recente, isso não seja algo muito promissor para a tradicional equipe. 

quinta-feira, 4 de março de 2021

VF-21

 


Se a Mercedes já aparece como grande favorita ao título, a Haas já aparece com seu novo carro sendo favorita a uma posição menos nobre do grid: de estar na última fila de forma constante. Com um orçamento limitado, vindo de uma temporada muito ruim, com dois pilotos novatos e já avisando que não desenvolverá o carro desse ano, a Haas parte para ser a pior equipe da F1 em 2021.

Usando o know-how da Ferrari, a Haas sempre dependeu dos humores dos carros italianos e como a Ferrari decaiu vertiginosamente em 2020, o time americano foi para as profundezas do pelotão ano passado e nada indica uma melhora para esse ano. Steiner já avisou que a Haas irá investir no carro de 2022, quando ocorrerá uma grande mudança de regulamento, deixando essa temporada ao léu. 

A Haas mudou seus dois pilotos, saindo os desajeitados Kevin Magnussen e Romain Grosjean para a entrada de Mick Schumacher e Nikita Mazepin. O alemão terá muitos olhos em si para observar se Mick terá pelo menos um décimo do talento do pai, sem contar que trará de volta o nome Schumacher de volta à F1. Já Nikita Mazepin é um capítulo à parte. Com a Haas precisando de dinheiro, o russo entrou com uma verba milionária que fez até a Haas mudar seu lay-out para as cores da bandeira russa (por coincidência, também as cores americanas...), além do grande logotipo da empresa do seu pai. Nos tempos da F2, Mazepin se mostrou um piloto agressivo demais e sem resultados que o colocassem como um piloto que esteja na F1 apenas pelo seu talento. Fora das pistas o russo já se meteu em inúmeras confusões e polêmicas.

A perspectiva da Haas não são das melhores para 2021, com Steiner e sua trupe olhando apenas para 2022. Tomara que acertem, pois entrarão em 22 muito provavelmente após dois anos muito ruins.

quarta-feira, 3 de março de 2021

AMR21

 


Depois de sessenta anos o nome Aston Martin retornará à F1, após um longo hiato e graças a um pai bilionário que ama corridas e acredita piamente que seu filho é um bom piloto. Lawrence Stroll comprou os espólios da Force India e depois adquiriu parte da Aston Martin, trazendo a lendária montadora britânica de volta à F1 com altas expectativas.

Quando ainda se chamava Racing Point a equipe então pintada de rosa conseguiu ótimos resultados usando um artificio aparentemente simples, mas no limite do legal: copiou o carro da vencedora Mercedes. Mesmo com uma temporada cheia de percalços (os dois pilotos pegaram Covid), a Racing Point conseguiu sua primeira vitória, além de uma pole e alguns pódios. Mudando de nome para Aston Martin, é de se pensar que a filosofia copiadora da equipe continue, até porque o time mantém laços estreitos com a Mercedes e Toto Wolff.

Outra novidade será a chegada de Sebastian Vettel e qual será o comportamento do alemão. O período dominador de Vettel já se aproxima dos dez anos e sua passagem da Ferrari não foi exatamente um sucesso, com o último ano de Sebastian na equipe chegando próximo do medíocre. Chamou atenção a apatia de Vettel e falou-se abertamente em aposentadoria do alemão, mas Seb acabou resgatado pela Aston Martin e pela primeira vez correrá com um motor Mercedes, numa associação que muitos gostariam de ver. Com menos cabelo e sua reputação posta à prova, todos esperam ver como se sairá o tetracampeão, principalmente tendo como companheiro de equipe Lance Stroll. Não que Vettel tenha algum receio do canadense, mas é fato de que Lance teve muitas regalias como filho do chefe. Ainda nas categorias de base a família Stroll comprava equipe e pilotos experientes para ser coach de Lance. Vettel aceitará essa situação? Aceitará as novidades da equipe indo para Lance, mesmo sendo mais piloto que o companheiro de equipe? Isso será outro ponto a ser observado na Aston Martin em 2021.

O carro ganhou o tom verde do velho 'british racing green', ficando bem bonito e lembrando a antiga Jaguar, concorrente da Aston na Inglaterra. Tendo um piloto como Vettel, o melhor motor da F1 e copiando também o melhor carro, a Aston Martin poderá dar mais um passo e aumentar a fama de Lawrence Stroll de ser um midas.

terça-feira, 2 de março de 2021

A521


Se o carro da Mercedes deixou um pouco a desejar com relação ao lay-out desse ano, a Alpine compensou um pouco mais tarde. Mesmo tendo todas as restrições do mundo às cores escolhidas pelo time por motivos clubísticos, o primeiro carro da chamada Alpine é um dos mais belos dos últimos tempos e os franceses torcem para que o velho ditado de que carro bonito é carro rápido se concretize.

A antiga Renault mudou de nome e de cor, porém, houveram muito mais trocas. Após anos mostrando um trabalho abaixo do esperado, Cyril Abiteboul foi dispensado pela Renault e não assumirá o batente da nova Alpine, marca do grupo e ligado aos ralis nos anos 1960, que estreará na F1 nesse ano. Outra mudança importante foi a chegada de Fernando Alonso após dois anos fora da F1, experimentando de tudo no automobilismo com diferentes graus de sucesso. 

Novidades não faltaram na apresentação de hoje e a Alpine chamará a atenção não apenas pelo seu belo carro, mas como Fernando Alonso irá se comportar nesse seu retorno à F1. O espanhol ficou dois anos de fora, mas em ampla atividade, competindo no Endurance, na Indy e até mesmo no Dakar. Um piloto ficar tanto tempo fora da F1 muitas vezes lhe trazem problemas e não faltam exemplos recentes, sem contar que Alonso completará 40 anos em 2021. No entanto, estamos falando de um piloto excepcional e que esteve na ativa. Um pequeno acidente de bicicleta não alterou o ritmo de Alonso, que tentará mostrar que ainda é um dos grandes da F1 e muitos estarão de olho no que austuriano será capaz de fazer. A comparação óbvia será Esteban Ocon. Antigo darling da Mercedes, Ocon cansou de esperar uma chance com os alemães e vai para o seu segundo ano na Renault tentando recuperar a chama de ter sido um grande rival de Verstappen nas categorias de base, mas que até o momento não mostrou isso de forma clara na F1. Ocon terá um desafio e tanto pela frente. Se conseguir superar Alonso, Ocon fincará os pés na F1. Se apanhar, Ocon não passará de uma promessa que não se realizou...

A Alpine fala claramente em esperar pela aguardada grande mudança de regulamento de 2022, quando a expectativa é de que haja um achatamento nas forças da F1. Enquanto 2022 não vem, a equipe francesa brigará no pelotão intermediário e espera agradar Alonso. Para não levar patadas via rádio... 

W12

 


Se tudo ocorrer de acordo com o esperado, em condições normais de temperatura e pressão, hoje foi lançado o carro campeão mundial de 2021, continuando uma hegemonia poucas vezes vistas no esporte. Se em 2020 a Mercedes matou a pau seus concorrentes, com os regulamentos praticamente iguais com relação a temporada passada devido aos efeitos da pandemia, os germânicos partem serelepes como francos favoritos ao título de 2021.

E se a Mercedes é a grande favorita ao campeonato que se avizinha, logicamente Lewis Hamilton é o grande favorito ao octa-campeonato, se tornando solitariamente o maior campeão da história da F1. O melhor já são outros trezentos e com direito a muito discussão a respeito, porém, não se pode negar os feitos que Lewis Hamilton vem fazendo nos últimos anos, se destacando frente a sua geração e ainda se impondo frente à próxima, representada por Max Verstappen. O inglês só renovou o seu contrato até o final desse ano, mas somente se Lewis quiser fazer outra coisa na vida o seu vínculo não será renovado. O mesmo não acontece com Valtteri Bottas. O finlandês parte para a sua quinta temporada na Mercedes mais pressionado do que nunca. Os seguidos vice-campeonatos de Bottas não convencem a ninguém e sua vaga está a prêmio no final de 2021, além de candidatos não faltarem.

Muitos se perguntam o porquê de Toto Wolff ainda permanecer com Bottas, mas basta se colocar no lugar do dirigente austríaco para mostrar que a opção pelo nórdico é até óbvia. Bem ou mau, Bottas marca os pontos necessários para a Mercedes ganhar o Mundial de Construtores com ampla vantagem. Valtteri não incomoda Lewis e o ambiente dentro da equipe é harmonioso. Tendo o melhor piloto do grid no outro lado do boxes para garantir o campeonato de pilotos, porque trazer um piloto mais combativo e que possa acabar com toda essa benesse? Wolff, para desgosto de muitos fãs da F1, pensa exatamente assim e por isso, dificilmente haverá uma briga tão séria dentro da Mercedes como aconteceu nos tempos de Nico Rosberg e que Lewis Hamilton é o franco favorito ao título, inflando ainda mais seus superlativos números.

Por mais que a Mercedes fale de um probleminha aqui ou acolá, todos sabem que os tedescos tem tudo para continuar sua hegemonia na F1.