quinta-feira, 25 de março de 2021

Fator Marc Márquez

 


Na última semana, Marc Márquez anunciou que não participará das duas primeiras etapas do Mundial de MotoGP no Catar, ainda se recuperando de sua complicada contusão no braço direito. Como a participação da terceira etapa ainda é uma incógnita, resta saber como será a MotoGP nesse 2021 sem seu principal piloto.

O ano de 2020 foi basicamente um campeonato europeu, com as montadoras sofrendo com a instabilidade das motos passando de circuito para circuito. Se a Yamaha se adaptou perfeitamente em Jerez, sofreu no Red Bull Ring, pista que viu uma das vitórias da KTM. A Honda mostrou sua Márquez-dependência e só apareceu com alguns espasmos de Alex Márquez. A Ducati conseguiu uma vitória na Áustria, mas a saída tumultuada de Andrea Doviziozo marcou uma temporada em que os italianos lembraram os tempos nada áureos da Ferrari nos anos 1960, 70 e 80. Restou quem? A Suzuki se mostrava uma moto bastante regular, andando forte em todos os circuitos, principalmente com um ritmo de corrida muito bom quando os pneus estavam desgastados. Contudo, Alex Rins, seu primeiro piloto, sofreu um sério acidente na primeira corrida e fez várias provas machucados. O jovem Joan Mir não parecia pronto. Parecia. O espanhol fez um campeonato extremamente regular a ponto de chegar nas provas finais na liderança, mas sem ter vencido nenhuma prova, problema que resolveu na antepenúltima etapa. A consistência de Mir lhe deu o surpreendente título, o primeiro da Suzuki em vinte anos. Agora, como se fosse no tênis, Joan Mir precisa confirmar a quebra do saque e continuar na luta pelo título.

Com a ausência de Márquez nas primeiras corridas, a MotoGP deverá ter um campeonato não muito diferente do ano passado, com muitos pilotos fortes entrando numa briga de foice no escuro para se destacar. Mir claramente será um piloto a ser observado e a solidez da Suzuki será um fator a lhe auxiliar, mas agora Rins estará em forma desde o início e poderá fazer da vida do compatriota mais difícil. Mesmo sendo uma das decepções da temporada, Fabio Quartararo teve sua promoção à equipe de fábrica da Yamaha confirmada ao lado da já eterna promessa Maverick Viñales. Valentino Rossi, que nesse ano completa 25 anos no Mundial de Motovelocidade, foi para a equipe satélite da Petronas, mas isso não significa algo tão ruim, lembrando que o pupilo de Rossi, Franco Morbidelli, foi o melhor piloto da Yamaha no campeonato passado. 

A Ducati terá dois novos pilotos para tentar voltar a ganhar o título, algo que não acontecesse desde o já longínquo ano de 2007, com o agressivo Jack Miller e promissor Pecco Bagnaia. Doviziozo ficou sem moto esse ano, mesmo ele sendo ligado à Aprilia, que tenta se fazer finalmente um bom ano. A Honda rebaixou Alex Márquez para a LCR, trazendo para o seu lugar Pol Espargaró, porém, a marca da asa dourada espera ansiosamente para Marc Márquez possa retornar o mais rapidamente possível, mas algumas questões já começam a ser levantadas. Como Márquez irá voltar? Aos 28 anos o espanhol, que ganhou quase tudo na década passada, pode não ser mais o piloto espetacular de outrora? Até que ponto a sua séria contusão poderá afetar sua pilotagem agressiva? Quando Márquez voltar, terão passados quase nove meses de seu acidente, sua atrapalhada volta precipitada e sua longa convalescênça. Talvez a cabeça de Marc deverá ser seu primeiro obstáculo.

Marc Márquez será um fator importante para a temporada 2021, lembrando que ele já começa com cinquenta pontos de deficit para todos os demais pilotos esse ano. E não se sabe como e quando ele retornará. A MotoGP começa com muitas perguntas a serem respondidas e provavelmente não será no Catar que a serão. Porém, não deverá faltar emoção nas corridas e no campeonato que está para começar. 

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