domingo, 14 de junho de 2015

Mercedes azul

Nas últimas provas, as corridas da MotoGP estão muito parecidas com as da F1. Uma equipe (Mercedes) domina as duas primeiras posições, com um piloto (Hamilton) superior ao companheiro de equipe e mesmo com o esforço desse (Rosberg), a dobradinha normalmente acaba nessa situação. Mesmo não largando na pole, mesmo Rossi ser incomparavelmente mais talentoso, vitorioso e carismático do que Nico Rosberg (é comparar Jesus com Genésio...), Jorge Lorenzo está sendo o Lewis Hamilton da MotoGP e pela primeira vez na carreira conseguiu vencer quatro corridas consecutivas, com direito a 100% de aproveitamento nas voltas lideradas. A Yamaha está sendo a Mercedes da classe rainha do Mundial de Motovelocidade e o título ficará restrito aos seus dois pilotos, com Lorenzo vindo num embalo muito maior do que Rossi, ainda líder por um ponto.

A Suzuki ter conquistado a sua primeira pole em oito anos, com direito a dobradinha no grid (pela primeira vez em 22 anos), foi um fato que chamou a atenção de todos que acompanham a MotoGP, mas todos sabiam que Lorenzo, largando em terceiro, era o grande favorito à vencer a sua corrida caseira, em Barcelona. Largando muito bem, Jorge Lorenzo imediatamente tomou a ponta e só teve trabalho nas voltas iniciais, quando um tresloucado Marc Márquez partiu para cima do compatriota. Acostumado a vencer, Márquez não mediu esforços para atacar Lorenzo e tentar assumir o lugar que ele que é dele, mas uma freada impossível no final da reta oposta significou o segundo 'chão' para o espanhol da Honda, que ficou furioso com o erro. Esse resultado, somado ao desempenho atual da Yamaha, praticamente alijou Márquez da briga pelo terceiro título seguido.

Com Márquez no chão, Jorge Lorenzo ganhou a tranquilidade de sua quarta vitória seguida ali. Como vem acontecendo com frequência desde a nova forma de classificação, Rossi largou do pelotão intermediário, ganhou posições na primeira volta e foi ultrapassando quem via pela frente até a corrida assentar. E quando a poeira baixou, Rossi estava 2.5s atrás de Lorenzo e um esforço brutal do italiano baixou a diferença para meros oito décimos na bandeirada, mas era nítido que Lorenzo administrava o final de prova. Ainda líder do campeonato, Rossi não é burro que, se quiser 'la décima', precisa acabar com o domínio de Lorenzo, já que a Yamaha está na liderança sozinha na MotoGP. A Honda tomar 17s da rival Yamaha é o mesmo que a Ferrari tomar 40s da Mercedes. Mais um ponto idêntico da MotoGP e a F1. Porém, houve festa no box de Pedrosa. Com a sua vaga em prêmio, ainda mais com a possível volta de Casey Stoner para a MotoGP, Pedrosa fez uma operação em seu ante-braço, o deixando algumas corridas de fora do campeonato. Atropelado por Márquez, Pedrosa aproveitou-se da acidentada corrida em Barcelona para garantiu o seu 95º pódio na carreira, mas dentro da Honda há a clara sensação que 2015 já acabou, restando à marca testar nesse resto de temporada, para construir a moto de 2016.

Foi uma corrida longe das emocionantes provas da MotoGP. Tirando o domínio da Yamaha, a corrida teve algumas brigas nas posições intermediárias, mas nada demais. Houve muitas quedas, pois além de Márquez, foram ao chãos vários pilotos de ponta, como Doviziozo e o pole Espargaró. Historicamente as provas da MotoGP foram sempre mais emocionantes que as da F1, mas em 2015, com a Yamaha bem superior às rivais e com Lorenzo um passo à frente de Rossi, as corridas dessa temporada estão bem parecidas com as da F1. E ninguém reclama dizendo que há crise na MotoGP...   

3 comentários:

  1. Difícil vai ser agüentar a empáfia do Lorenzo até Assen...

    E o que ele deve estar tripudiando do Marquez agora não e mole...

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  2. E aproveito pra deixar um convite aqui pra visitar meu recém criado blog sobre Motovelocidade!

    http://motoworldbrasil.blogspot.com.br/

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