quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Em nome da Rosa

Esse espanhol teve um começo de carreira estranho, mas foi o primeiro hispânico na F1 após vários anos e ficou na categoria, entre idas e vindas, por várias temporadas, conseguindo a simpatia de muita gente dentro da paddock da F1, inclusive alçado a presidente da GPDA. Pedro de la Rosa não tem um décimo do talento do seu amigo Fernando Alonso, mas juntamente com o compatriota levou o nome da Espanha de volta à F1. Completando 45 anos de idade, vamos conhecer um pouco mais a carreira de Pedro de la Rosa.

Pedro Martínez de la Rosa nasceu no dia 24 de fevereiro de 1971 na cidade de Barcelona, vindo de uma família aristocrática local. O pequeno Pedro sempre teve muito apoio em tudo o que fez, mas as primeiras corridas dele não foram iguais a de muitos pilotos. O primeiro envolvimento de Pedro de la Rosa foi com carros de controle remoto, onde o espanhol se tornou um dos melhores do mundo na modalidade, vencendo vários títulos espanhóis e europeus, além de vice-mundial. A primeira experiência de Pedro em carros, digamos, de verdade, foi relativamente tarde, já aos 17 anos, quando fez sua primeira corrida de kart. Sabendo que tinha perdido muito tempo com outros 'carrinhos', De la Rosa fica apenas um ano no kart e logo em seguida partiu para os monopostos, debutando no Campeonato Espanhol de F-Fiat. E de forma surpreendente, De la Rosa se tornou campeão e com isso, ganha um importante apoio. Mesmo tendo dois pilotos ibéricos na F1 no final dos anos 1980 (Luiz Peréz-Sala e Adrian Campos), a Espanha sentia falta de um piloto de alto nível e a partir de título de Pedro na F-Fiat em 1989, a Federação Espanhola de Automobilismo passou a apoiar o jovem piloto com a equipe 'Racing for Spain', em sua tentativa de chegar à F1 melhor preparado.

Pedro de la Rosa se gradua para a F-Ford 1600 Espanhola em 1990 e venceu oito das dez corridas, se sagrando campeão com facilidade. O espanhol participa pela equipe 'Racing for Spain' da conceituada F-Ford Inglesa, com Pedro conquistando bons resultados, mesmo não participando de todo o campeonato. Na temporada seguinte Pedro de la Rosa estreia na F-Renault, primeiro na Espanha, onde se adaptou ao carro e mesmo sem vencer nenhuma corrida, conseguiu um bom quarto lugar. Porém, em 1992, Pedro de la Rosa tem um ótimo ano, se sagrando campeão inglês de F-Renault, com três vitórias em doze corridas, além de vencer uma corrida de fim de ano, envolvendo os melhores pilotos da F-Renault na Europa. Com esses resultados, Pedro de la Rosa, que corria pela equipe da Federação Espanhola, sobe para o tradicional Campeonato Inglês de F3 pela famosa equipe West Surrey, que tantos títulos havia vencido nos anos 1980. O espanhol usa o ano como aprendizado, terminando o ano em sexto lugar. De la Rosa esperava repetir o que fez na F-Renault e vencer em seu segundo ano na F3, mas tudo deu errado quando o espanhol voltou à equipe da Federação Espanhola em 1994, que escolheu os motores Renault, bem inferior ao Mugen. Como resultado, Pedro de la Rosa tem um ano muito ruim, acabando o campeonato numa obscura 19º posição. Já contando com 24 anos de idade, Pedro de la Rosa dá uma guinada em sua carreira e se muda para o Japão, onde é contratado pela equipe Tom's para disputar o campeonato local de F3. Ao contrário do ano anterior, Pedro de la Rosa vence oito das nove corridas e conquista com facilidade a F3 Japonesa. Como esperado, o espanhol pula para a F3000 Japonesa, categoria tão forte como a 'irmã' europeia. Após um primeiro ano de aprendizado, Pedro de la Rosa é campeão da categoria nipônica com muita facilidade em 1997, chegando ao pódio em todas as dez corridas do campeonato, além de seis vitórias e ter conquistado quase o triplo de pontos do vice-campeão, o japonês Takuya Kurosawa. Para melhorar ainda mais o ano de Pedro, ele vence o conceituado campeonato japonês de turismo, ao lado do alemão Michael Krumm.

Com um ótimo currículo conseguido no oriente, Pedro de la Rosa volta às baterias para a F1 e em 1998, retorna à Europa para se tornar piloto de testes da Jordan, numa época em que os pilotos de testes realmente testavam e ganhavam muita experiência com um F1. E De la Rosa ganhou muita quilometragem, além de conseguir o fundamental apoio da Repsol, que o ajudou a conquistar um lugar na Arrows em 1999. Após mais de dez anos de carreira e já contando com 28 anos de idade, Pedro de la Rosa finalmente estrearia na F1. E da melhor forma possível. O Grande Prêmio da Austrália de 1999 foi uma da aberturas de campeonato mais conturbadas dos últimos tempos e Pedro de la Rosa usou sua experiência para levar seu Arrows até o final da corrida, sendo recompensado com o sexto lugar, na época, garantindo um ponto no campeonato. Era algo bastante raro um piloto novato conseguir pontos na estreia, ainda mais numa equipe pequena como a Arrows e De la Rosa chamou bastante atenção com esse feito. Porém, foi apenas uma leve brisa na tempestade que vinha vindo. A Arrows teve vários problemas financeiros durante a temporada e sem ter como desenvolver o carro, Pedro de la Rosa sofreu várias quebras mecânicas, somente vendo a bandeirada outras quatro vezes depois de Malbourne, enquanto a Arrows disputava com a Minardi quem ficaria com a penúltima fila do grid. De la Rosa superou o seu companheiro de equipe Tora Takagi, que já tinha experiência prévia na F1 e por causa de suas exibições, mais o patrocínio da Repsol, Pedro ficou mais um ano na Arrows. Com a chegada dos patrocínios de Jos Verstappen, a Arrows pode adquirir os motores Supertec e melhorou bastante para o ano 2000. Durante os testes de pré-temporada, De la Rosa chegou a andar 3s mais rápido em comparação ao ano anterior, mas a confiabilidade do carro ainda deixava a desejar. Em um começo de ano de várias quebras, mesmo com posições melhores no grid, De la Rosa consegue marcar pontos com dois sextos lugares (Nürburgring e Hockenheim, ambas sob chuva) e na Áustria, o espanhol estava em terceiro lugar quando o seu Arrows tem problemas de câmbio. Apesar das melhorias, o relacionamento de Pedro de la Rosa com a Arrows piorava durante o ano. Nos treinos para o Grande Prêmio da Espanha, Pedro foi desclassificado por irregularidades no combustível da Repsol, causando um enorme mal-estar, ainda mais com a petroleira correndo em casa. No começo de 2001, de forma surpreendente, a Arrows troca Pedro de la Rosa e a Repsol por Enrique Bernoldi e o patrocínio da Red Bull. Além, lógico, de trocar de fornecedora de combustível...

Pedro de la Rosa ficou numa situação difícil no começo de 2001, conseguindo um lugar como piloto de testes da Prost no começo do ano, mas o espanhol seria contratado pela Jaguar ainda antes da primeira corrida, ainda como piloto de testes, mas com a promessa de ser titular em 2002. Porém, a vaga viria bem antes. Luciado Burti não tinha o apoio de Bobby Rahal, chefe da equipe e pressionado, se mudou para a Prost no meio da temporada, fazendo com que Pedro de la Rosa estreasse pela equipe verde durante o Grande Prêmio da Espanha. Lá, Pedro de la Rosa tinha ao seu lado o jovem Fernando Alonso, que logo se tornaria o principal piloto da Espanha na F1. Pedro marcaria um sexto lugar no Canadá e um quinto na Itália, andando no mesmo nível do seu companheiro de equipe, Eddie Irvine. Porém, o irlandês tinha o status de primeiro piloto da equipe e era uma pessoa de difícil relacionamento. Em 2002 a Jaguar constrói um péssimo carro, mas mais ao gosto de Irvine, que à essa altura já não falava com Pedro de la Rosa. A chegada de Niki Lauda para o lugar de Rahal, que contratou Pedro, foi bastante ruim para o espanhol, pois Lauda não acreditava no potencial de Pedro, que acabaria dispensado da equipe no final de 2002, sem marcar nenhum ponto. Sem conseguir resultados de relevo, Pedro de la Rosa volta ao cargo de piloto de testes, agora na McLaren, onde ficaria por seis anos. Em 2005, o titular Juan Pablo Montoya sofre um acidente de tênis (ou seria de Motocross...) e machuca o ombro. Pedro de la Rosa corre pela equipe no Grande Prêmio do Bahrein e mesmo sem estar correndo há algum tempo, o espanhol faz uma boa corrida, chegando em quinto lugar após fazer uma bela ultrapassagem em Mark Webber com quatro voltas para o final. Pedro cede seu lugar ao outro piloto de testes da McLaren, Alexander Wurz, que conquistaria um pódio em Ímola, e só voltaria ao cockpit numa corrida em 2006. Montoya estava desmotivado após ser superado por Raikkonen e no meio da temporada, abandona a McLaren e a F1, se mudando com seus quilos à mais para a Nascar. Com Wurz na Williams, Pedro de la Rosa assume o lugar do colombiano para as corridas no segundo semestre do ano. Logo em sua terceira corrida em 2006, Pedro de la Rosa consegue a sua melhor posição na F1, com um segundo lugar no confuso Grande Prêmio da Hungria, no que seria o único pódio de Pedro na F1, além de marcar a volta mais rápida da prova. Simpático e muito querido no paddock da F1, todos ficaram felizes com o ótimo resultado do espanhol.

Com Raikkonen se mudando para a Ferrari em 2007, Pedro de la Rosa estava cotado para ter um lugar na equipe, ainda mais com o seu amigo Fernando Alonso chegando na McLaren naquele ano. Contudo, a McLaren tinha um importante trunfo na manga. O protegido Lewis Hamilton tinha acabado de destruir a concorrência na GP2 e chegava como um furacão na F1. Mesmo sem experiência, Hamilton seria companheiro de equipe de Alonso na McLaren, iniciando uma das parcerias mais polêmicas nos últimos tempos. De la Rosa acaba se envolvendo na polêmica do Spygate, quando e-mails trocados com Alonso acabam indo parar nas mãos da FIA, confirmando que a McLaren tinha mesmo um espião dentro da Ferrari. Alonso foi escorraçado da McLaren, mas por incrível que pareça, De la Rosa permaneceu na McLaren, tamanho o seu prestígio dentro da equipe, além dos seus bons serviços prestados. Porém, Pedro queria mais. Ele queria correr. Em 2008 Pedro assume o lugar de presidente da GPDA e em 2010, assina contrato com a Sauber, que tinha ressurgido das cinzas da BMW. Pedro, já contando com 39 anos de idade, teria como companheiro de equipe Kamui Kobayashi, que estava impressionando a todos com o seu arrojo. Querendo mostrar serviço, Kobayashi engole De la Rosa, que não fez um bom trabalho com Sauber, logo tendo problemas com o seu chefe, Peter Sauber. Pedro acabaria substituído por Nick Heidfeld ainda em 2010, assumindo o lugar do alemão como piloto de testes da Pirelli, que testava os seus pneus para a estreia no ano seguinte. Em 2011, Pedro de la Rosa reassume o seu lugar de piloto de testes na McLaren, mas com a falta de testes, De la Rosa se torna um piloto de simulador, deixando o veterano espanhol bastante desconfortável com a sua situação.

Mesmo brigado com a Sauber, o espanhol volta à equipe em 2011 quando Sérgio Pérez se machucou em Mônaco e Pedro substituiu o mexicano no Grande Prêmio do Canadá. Todos imaginavam que essa seria a última corrida de Pedro de la Rosa na F1, mas o espanhol surpreende ao assinar contrato com a Hispania por dois anos. A equipe havia sido comprada por um empresário espanhol e queria uma 'espanholização', trazendo Luiz Pérez-Sala como chefe de equipe e com Alonso fora de questão, o time trouxe o veterano Pedro de la Rosa. Contudo, as dificuldades eram muitas. A Hispania não se classificou para a primeira corrida na Austrália e mesmo com Pedro de la Rosa conseguindo levar o carro constantemente até o final, a Hispania tinha o pior carro do grid, pior até do que a Marussia. No final de 2012, a Hispania fecharia as portas e Pedro de la Rosa anuncia sua aposentadoria como piloto de F1, já aos 41 anos. Foram 105 Grandes Prêmios, uma melhor volta, um pódio e 35 pontos. Graças à amizade com Fernando Alonso, Pedro de la Rosa conseguiu um lugar como piloto de testes da Ferrari. Ainda presidente da GPDA, Pedro de la Rosa comenta corridas pela TV espanhola, onde torce pelo compatriota e amigo Fernando Alonso. Mesmo sem muito talento, o espanhol teve uma carreira longa na F1, mesmo que na maior parte como piloto de testes.

Parabéns!
Pedro de la Rosa  

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