Detroit era a última corrida de rua na temporada de 1983 e por isso, era a última chance de um resultado decente dos pilotos com motores aspirados, ainda utilizando os velhos motores Ford-Cosworth. Correndo em casa, boa parte do alto-comando da Ford foi ver de perto a corrida em Detroit, enquanto os pilotos americanos (Eddie Cheever e Danny Sullivan) decepcionavam em 1983, principalmente Cheever, já que ele vinha de bons resultados na Tyrrell e Ligier nos anos anteriores, mas o americano não conseguia andar no mesmo ritmo do companheiro de equipe Prost. A Lotus anunciava a contratação do projetista Gerard Ducarouge, enquanto Brabham e Renault trocavam acusações de tentarem burlar regulamento da época, numa típica briga de quem brigava pelo campeonato.
A sexta-feira foi atrapalhada pela chuva e Rosberg, ainda com o motor aspirado em seu Williams, fez o melhor tempo, apesar de um forte acidente com Laffite ter estragado o bom momento da Williams. No sábado o sol apareceu forte em Detroit, mas a umidade que ainda estava no asfalto fez a pista ficar muito escorregadia. Ao contrário do imaginado, os pilotos com motores turbo se destacaram e Arnoux conquistava a sua primeira pole position do ano, a décimo sexta da sua carreira na F1. Também muito bem vinha Piquet, ocupando o segundo lugar. Por outro lado, seu companheiro de equipe Patrese teve dificuldades em acertar seu carro e largaria apenas em 15º lugar. Tambay andou no mesmo ritmo do seu companheiro de equipe, mas no fim acabou tomando 1s e ficando com o terceiro lugar. De Angelis colocou seu Lotus-Renault em quarto, mesmo sem forçar seu motor turbo. Os carros da Arrows se comportaram bem em Detroit e eram os mais rápidos com motor Cosworth. Alboreto aproveitou o aumento do torque em baixa velocidade do novo motor Ford Cosworth DFY para colocar seu Tyrrell no sexto lugar. A Renault teve sérios problemas na pista escorregadia e Cheever conseguia uma rara melhor classificação do que Prost, mas ficando apenas em sétimo, enquanto o francês era apenas 13º.
Grid:
1) Arnoux (Ferrari) - 1:44.734
2) Piquet (Brabham) - 1:44.933
3) Tambay (Ferrari) - 1:45.991
4) De Angelis (Lotus) - 1:46.258
5) Surer (Arrows) - 1:46.745
6) Alboreto (Tyrrell) - 1:47.013
7) Cheever (Renault) - 1:47.334
8) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:47.453
9) Warwick (Toleman) - 1:47.534
10) Boutsen (Arrows) - 1:47.586
O dia 5 de junho de 1983 amanheceu com calor em Detroit, enquanto alguns pilotos assistiam a final de Roland Garros antes do warm-up pela TV, em especial Patrick Tambay, que torcia fervorosamente pelo compatriota Yannick Noah. Durante o treino de aquecimento, diferentes estratégias foram testadas antes de serem colocadas em prática na corrida. Parecia vantajoso para algumas equipes usuárias do motor Ford-Cosworth não fazer reabastecimento e este era o plano de Tyrrell e McLaren, enquanto a Williams optava em reabastecer seus dois carros. Na turma com motor turbo, Brabham optou por Piquet fazer a corrida toda sem parar. O brasileiro dependeria da resistência dos pneus Michelin para combater a Ferrari, cujo o pneu Goodyear parecia mais forte, mas menos resistente. A primeira largada foi abortada por problemas com Andrea de Cesaris, mas o italiano voltou normalmente para a segunda largada e a corrida teria uma volta a menos. Na segunda largada Tambay fica parado, mas felizmente ninguém atinge o piloto da Ferrari, que abandona imediatamente. Muitos acusaram Tambay de falta de profissionalismo por ter abandonado a corrida tão docilmente e pela atenção dada à final de Roland Garros durante o warmu-up, rendendo ao francês críticas severas na Itália. Piquet largou bem e toma a primeira posição de Arnoux, seguido por Alboreto e De Angelis, que queimou a largada descaradamente. Atrapalhado por Tambay, Surer perde cinco posições, enquanto Rosberg mergulha por fora para ganhar três posições.
Imediatamente Piquet e Arnoux começavam a se distanciar dos demais, que era liderados por De Angelis, De Cesaris, Alboreto, Warwick, Rosberg, Cheever, Boutsen e Surer. Prost tentou ultrapassar Surer e acabou quebrando parte de sua asa dianteira, deixando o seu Renault ainda mais desequilibrado. Antes que fosse punido por queima de largada, De Angelis abandonou a corrida na sexta volta com o câmbio quebrado, na mesma volta em que Cheever deixou seu carro parado para abandonar num local perigoso. Com um carro mais leve, Arnoux atacava Piquet por todos os lados até finalmente efetuar a ultrapassagem na décima volta. Rosberg vinha fazendo uma corrida de recuperação e tomava o quarto lugar de Alboreto e logo atacou Andrea de Cesaris, ficando com a terceira posição. Arnoux dispara na frente, abrindo 8s de Piquet em menos de cinco voltas. O ritmo de Rosberg era tão forte que ele logo encosta em Piquet, efetuando a ultrapassagem na volta 20. Piquet fazia uma corrida tranquila e claramente abaixo do seu potencial, pois precisava resguardar os seus pneus, preocupação que Arnoux e Rosberg não tinham.
Na volta 30 Arnoux e Rosberg fizeram seus pit-stops, com o francês da Ferrari permanecendo na ponta, enquanto Rosberg perdeu muito tempo com uma roda presa, voltando à pista apenas em quinto. Arnoux ainda tinha 4s de vantagem sobre Piquet, mas o sonho de vitória do francês terminou na volta 32, quando um problema elétrico fez sua Ferrari apagar por completo, entregando praticamente a vitória para Piquet, que já deixava bem claro que não pararia, para surpresa dos seus rivais, pois foi exatamente Piquet e a Brabham que reinventaram os pit-stops modernos. Porém, Piquet via crescer um piloto logo atrás dele. Michele Alboreto fazia uma corrida no mesmo nível de Piquet, cuidando do seu carro e dos seus pneus para completar a corrida sem reabastecimentos. O italiano da Tyrrell vinha apenas 4s atrás de Piquet, enquanto Rosberg era terceiro 29s atrás, com John Watson 8s depois em quarto. Watson tentou um ataque em cima de Rosberg, mas seus pneus Michelin se desgastaram muito no final e o irlandês se conformou em permanecer atrás da Williams de Keke. Piquet administrava a prova a seu bel prazer. Quando Alboreto diminuiu sua desvantagem para 1.5s, Piquet marcou a melhor volta da corrida. Porém, a tática da Brabham falharia na volta 51, quando Piquet sentiu o pneu traseiro esquerdo baixar. Ele tinha um pneu furado, mas por sorte, os boxes não estava longe e Piquet só perdeu a posição para Alboreto na pista enquanto chegava aos boxes lentamente. Piquet voltou à corrida em quarto e dando tudo do seu carro, mas ele vinha muito longe de Watson. Ken Tyrrell era só alegria nos boxes e na volta 60 Alboreto recebia a bandeirada em primeiro, no que seria a última vitória da Tyrrell na F1. Rosberg conseguiu um excelente segundo lugar. Largando em vigésimo primeiro, Watson completava o pódio depois de uma grande corrida, mostrando que era um especialista em corridas de recuperação. Nelson Piquet completava a corrida num decepcionante quarto lugar, seguido de Laffite e Mansell, que marcava o primeiro ponto da Lotus em 1983. A Ford vibrava com um pódio inteiro com seus motores em Detroit e Michele Alboreto aproveitou muito bem essa chance num circuito de rua, conseguindo sua segunda vitória na F1.
Chegada:
1) Alboreto
2) Rosberg
3) Watson
4) Piquet
5) Laffite
6) Mansell