terça-feira, 24 de setembro de 2019

História: 25 anos do Grande Prêmio de Portugal de 1994

A F1 chegava à Portugal cheio de notícias e especulações vinte e cinco anos atrás. Michael Schumacher estaria negociando com a Williams, pois o alemão estaria descontente com as suas constantes idas à direção de prova corrida após corrida. Schumacher tinha contrato até o final de 1996 com a Benetton, mas após essas primeiras conversas com a Williams e outras grandes equipes, Michael percebe que havia se tornado uma superestrela e poderia cobrar caro pelos seus serviços. Enquanto isso a Williams anunciava a renovação por apenas um ano com Damon Hill, deixando o inglês apenas preocupado com a sua luta com Schumacher pelo título, com a vantagem do alemão ainda estar cumprindo sua suspensão de duas provas pelas presepadas da Benetton em Silverstone. David Coulthard negociava ficar outro ano com a Williams e dava mostras de merecer o cargo, mas o escocês já sabia que nas três últimas provas de 1994 seu carro seria guiado por Nigel Mansell. Ron Dennis não escondia de ninguém suas idas à Stuttgart para negociar uma parceria com a Mercedes, mesmo a McLaren ainda tendo contrato com a Peugeot. Os homens da montadora francesa ficam irritados com a postura de Dennis e negociavam abertamente com Eddie Jordan para ser parceiros a partir de 1995, com a Jordan tendo como piloto Rubens Barrichello, que havia renovado contrato com o time irlandês, mesmo tendo negociado seriamente com a McLaren. Por fim, Paul Tracy estava nos boxes da Benetton se aprontando para um teste que seria realizado em Estoril depois da corrida. Lehto e Verstappen não haviam mostrado competência para ser o fiel escudeiro de Schumacher e a Benetton corria atrás de um novo piloto e testaria Tracy com esse objetivo.

Na sexta-feira Gerhard Berger marcou o melhor tempo na frente de sua nova namorada portuguesa, chamada Ana. Para alegria do austríaco, fortes rajadas de vento no sábado atrapalham os pilotos de melhorarem seus tempos e Berger confirmava sua décima pole na F1. Muito menos confortável do que seu companheiro de equipe, Alesi era apenas quinto com 1s de déficit. Hill consegue o segundo tempo mesmo após um incidente com Irvine em que capotou seu Williams. Coulthard vinha em terceiro, apenas três décimos atrás. McLaren-Peugeot fez um bom papel na classificação, enquanto a Benetton percebia a falta de Schumacher fazia. Verstappen era apenas 10º e Lehto um obscuro 14º no grid. "Benetton sem Schumacher não é a mesma coisa", dizia Alain Prost, lacônico.

Grid:
1) Berger (Ferrari) - 1:20.608
2) Hill (Williams) - 1:20.766
3) Coulthard (Williams) - 1:21.033
4) Hakkinen (McLaren) - 1:21.251
5) Alesi (Ferrari) - 1:21.517
6) Katayama (Tyrrell) - 1:21.590
7) Brundle (McLaren) - 1:21.656
8) Barrichello (Jordan) - 1:21.796
9) Frentzen (Sauber) - 1:21.921
10) Verstappen (Benetton) - 1:22.000

O dia 25 de setembro de 1994 amanheceu nublado em Estoril, mas não choveu durante a prova, garantindo pista seca todas as 71 voltas da corrida. No warm-up a Williams mostrou toda a sua força, se tornando favorita à corrida, enquanto a Ferrari tinha problemas de estabilidade e era superada inclusive pela McLaren. Mesmo com não muito boas perspectivas, Berger confirmou sua pole e se manteve na ponta na largada, enquanto Hill era ultrapassado por Coulthard e Alesi pulava para quarto. Com Katayama tendo que largar dos pits por um problema de última hora em seu Tyrrell, Barrichello pulava para sexto na primeira volta.

Como era esperado pelo ritmo que a Williams mostrou no warm-up, Coulthard imediatamente foi para cima de Berger, trazendo Hill logo atrás. Alesi não teve chance de se aproximar e se isolava na quarta posição. Com pequenas mudanças no traçado para aumentar a segurança (durante 1994 várias pistas foram modificadas, por causa do trauma de Ímola), Estoril tinha um setor muito travado no miolo do circuito, fazendo que o autódromo luso se transformasse numa pista de baixa velocidade. Coulthard tinha mais equilíbrio do que Berger, mas o motor Ferrari V12 falava alto nas retas e o austríaco ia segurando a ponta até o câmbio da Ferrari quebrar na oitava volta, entregando a ponta para Coulthard, com Hill logo atrás. Ao contrário do esperado, a Williams não manda seus pilotos trocarem do posição e Coulthard chega a abrir 4s de vantagem para Hill quando começou a primeira rodada de paradas. As posição permaneceram basicamente as mesmas, porém Coulthard era um novato na F1 e não tinha muita experiência e colocar volta em retardatários. Na volta 28 Coulthard se atrapalha quando encontra Comas do hairpin e o escocês acaba saindo da linha ideal da pista. Hill não perdeu a chance e com Coulthard escorregando na parte suja da pista, Damon colocou por dentro e assumiu a liderança da corrida, com David não mostrando muita resistência. A Williams nem precisou mandar seus pilotos trocarem de lugar. O neófito Coulthard acabou por errar e evitar o constrangimento...

Hill imediatamente abre 5s para Coulthard, enquanto Alesi vinha 23s atrás do líder. Na volta 39 o francês se aproximava para colocar uma volta em David Brabham na curva 3, mas o australiano não percebeu a presença da Ferrari e o toque foi inevitável, causando o abandono de ambos naquele momento. Com Hakkinen mais de 30s atrás das Williams, Hill e Coulthard tomavam ainda mais cuidado com os retardatários. Quando todos os pilotos completaram a segunda rodada de paradas por volta da 55º passagem, a corrida estava praticamente definida. Hill consegue sua terceira vitória consecutiva e diminui decisivamente sua desvantagem para Schumacher no Mundial de Pilotos. Damon deixa Coulthard se aproximar no final e a Williams comemorava mais uma dobradinha com seus dois pilotos cruzando juntos. Era o primeiro pódio de David Coulthard na F1. Hakkinen ficou com o terceiro lugar, seguido por Barrichello, Verstappen e Brundle. Todos eles bem separados entre si e com as posições definidas após o segundo pit-stop. Justo ou não, Hill encostava de vez em Schumacher e haveria um campeonato a se decidir nas três provas finais de 1994.

Chegada:
1) Hill
2) Coulthard
3) Hakkinen
4) Barrichello
5) Verstappen
6) Brundle

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