domingo, 20 de setembro de 2020

Pablito

 


Com sua agressividade dentro e fora das pistas, Juan Pablo Montoya deixou uma legião de fãs em todo mundo, tanto nos Estados Unidos, onde teve mais sucesso, como na Europa. Um dos pilotos mais rápidos e carismáticos do mundo na virada do milênio, Montoya parecia ter todas as ferramentas para conquistar um título na F1, mas a sua mentalidade acabou lhe afetando, tomando decisões drásticas e polêmicas, acabando por abreviar sua passagem na F1. No outro lado do Atlântico, Montoya teve duas passagens vitoriosas na Indy, além de uma passagem apagada na Nascar. Completando 45 anos de idade no dia de hoje, vamos conhecer um pouco mais do colombiano.


Juan Pablo Montoya Roldán nasceu no dia 20 de setembro de 1975 em Bogotá, capital de sua amada Colômbia. As corridas sempre estiveram na rotina do pequeno Juan, pois seu pai Pablo fora um exímio kartista, além de conceituado arquiteto. Pablo chegou a correr ao lado de um jovem Rubens Barrichello no kartismo sul-americano, nos anos 1980. Com apenas cinco anos de idade Juan Pablo deu suas primeiras voltas de kart para logo depois dominar o cenário colombiano vencendo títulos em profusão. Aos 17 anos Montoya teve sua primeira experiência em monopostos, quando participou do campeonato local de F-Renault, vencendo o campeonato. Seu pai entendia que Juan Pablo precisava de mais cancha e por isso o mandou aos Estados Unidos ainda em 1992 para a famosa escola de pilotagem de Skip Barber, com Montoya se tornando um destaque da instituição. Para 1993 Montoya participa do Swift GTI Championship, vencendo quase todas as corridas. Juan Pablo ainda participava de campeonatos de kart, sendo campeão sul-americano e em 1995 ele foi para a Inglaterra, tentar a sorte na ilha da velocidade. Montoya participou da F-Vauxwall e mesmo novato, venceu três corridas e foi terceiro no campeonato.


Bem que Montoya poderia ficar mais um ano na categoria de base, mas estava claro a todos o talento abundante do colombiano e em 1996 JP foi para a então prestigiada F3 Inglesa. Correndo na equipe Fortec, Montoya começou o ano com um capacete todo branco e assombrando a todos com sua velocidade. Desde o kart a velocidade de Montoya impressionava que o acompanhava e todo ano o colombiano era o piloto com mais poles por onde passou. Na F3 não foi diferente. Mesmo não estando na melhor equipe da categoria, Montoya dava verdadeiros shows, superando algumas vezes o favorito Ralph Firman, da poderosa equipe Stewart. Como ocorria na F1 naquele ano, via-se uma luta entre o melhor piloto (Schumacher) e a melhor equipe (Williams) e como na F1, a melhor equipe venceu, com Firman sendo campeão, mas ninguém tinha dúvidas que Montoya era o melhor piloto do ano na F3 Inglesa. Ainda nesse ano Juan Pablo foi convidado pela Mercedes para participar de um evento do ITCC (antigo DTM) e todos ficaram impressionados com o talento do jovem colombiano de 21 anos. Sua temporada assombrosa despertou vários convites para Montoya e enquanto Firman teve que ir ao Japão para continuar sua carreira, a escada rumo a F1 era percorrida por Montoya, que subia para a F3000 Internacional com a equipe RSM Marko. Isso mesmo, do sisudo Helmut Marko. E Montoya não fez feio! Logo em sua primeira corrida na categoria Montoya marcou a pole e venceu na segunda etapa, na difícil pista de Pau. Com mais duas vitórias (Zeltweg e Jerez), Montoya esteve na briga pelo título com Ricardo Zonta, mas foi superado pelo brasileiro por apenas 1,5 ponto.


Com tanto talento aparente, não demorou para a F1 notar Montoya. Em 1997 a Williams o convidou para um teste com outros jovens pilotos e Montoya os destruiu, conseguindo a vaga de pilotos de testes ao lado do brasileiro Max Wilson por duas temporadas. Após perder o título da F3000 em 1997, Montoya se juntou a equipe Super Nova, a melhor da categoria, e venceu o título de 1998, com quatro vitórias (Barcelona, Silverstone, Pau, Enna-Pergusa). Porém, não foi um título tão fácil, pois o novato Nick Heidfeld, apoiado pela Mercedes, deu mais trabalho do que o imaginado, mas Montoya conseguiu nove pódios em doze corridas. Em Pau, Montoya largava na pole e não viu uma confusão na primeira volta atrasar todo o pelotão. Eram outros tempos, onde o Safety-Car não era tão acionado, ainda mais em categorias de base, resultando numa situação bizarra. O líder Montoya se aproximou de todo o pelotão e logo nas primeiras voltas já estava colocando volta em carros praticamente iguais aos seus e na bandeirada, ninguém estava na mesmo volta do colombiano! No outro lado do Atlântico, Alessandro Zanardi dava shows na Indy/CART e despertava o interesse de Frank Williams. Porém, Chip Ganassi não queria liberar o italiano sem uma compensação e então a Williams cedeu seu piloto de testes para a Ganassi, enquanto Zanardi iria para a F1 em 1999. Contudo, o fantástico italiano teve um ano miserável na F1, não se adaptando aos carros bem mais tecnológicos e rápidos do qual estava acostumado. Porém, Montoya teve uma temporada bem diferente...


A CART vivia ainda seus bons anos, com um grid de alto nível técnico e muita competitividade entre as equipes. Montoya entraria na Ganassi, que vinha de um tricampeonato seguido de pilotos. Montoya já tinha morado nos Estados Unidos antes e adaptação não seria um problema para ele, porém os americanos não esperavam para o que estava para acontecer. Logo na terceira corrida do ano, Montoya dominou a sempre complicada pista de Long Beach, chegando a colocar 27s no segundo colocado antes de uma bandeira amarela. Com a confiança em alta, Montoya passou a empilhar pole positions, enquanto seu estilo agressivo impressionava a todos, principalmente os fãs, que nem deu tempo de ficarem 'viúvas' de Zanardi. O sucesso de Montoya também lhe trouxe alguns rivais amargos, que reclamavam do estilo impetuoso do colombiano. Porém, como todo novato, Montoya teve também alguns infortúnios, perdendo algumas corridas devido a sua afobação. Dario Franchitti, muito mais regular, era o principal adversário de Montoya, que nessa época era adorado pelos fãs latinos, que lotavam as pistas americanas. No meio da temporada Montoya teria a companhia do seu amigo Gonzalo Rodríguez, mas o uruguaio acabou falecendo em Laguna Seca. Na última corrida do ano, mesmo com sete vitórias acumuladas, Montoya ainda não tinha o título no boldo e Franchitti era um rival perigoso e forte nos ovais. No começo da corrida decisiva em Fontana, Greg Moore, piloto querido de todos, sofre um acidente pavoroso e que logo se provaria fatal. Nenhum piloto foi avisado. Montoya correu com a cabeça e mesmo com Franchitti a sua frente, administrou a corrida e com o quarto lugar garantiu o título, mesmo sendo novato, igualando o feito de Mansell de 1993. Empatado em pontos com Franchtti, Montoya não pôde comemorar seu triunfo quando soube da morte de Moore. Com Zanardi praticamente saído da F1, o caminho parecia aberto para Montoya, porém Ganassi tinha um contrato de dois anos com o colombiano e fez com que o acerto fosse respeitado.


Mesmo sonhando com a F1, Montoya era feliz nos Estados Unidos e ficou outro ano na Indy. Depois de muito sucesso com o pacote Reynard/Honda, a Ganassi resolveu trocar tudo para o ano 2000 e se tornou a principal equipe da Toyota, correndo naquele ano com o pacote Lola/Toyota. Não chegou a ser um fracasso, pois Montoya ainda venceu três corridas, mas o colombiano não esteve próximo de defender o seu título. O carro funcionava muito bem em ovais, mas sofria em circuitos mistos, na época, já a maioria na CART, algo que fez a IRL criar seu campeonato. Na época a diferença entre as duas categorias era abissal, porém, a IRL contava com o trunfo de ter as 500 Milhas de Indianápolis no seu calendário. Ganassi resolveu comprar dois carros da IRL e participar das 500 Milhas daquele ano. Contra equipe minúsculas comparada a sua, Ganassi dominou o mês de maio e Montoya liderou basicamente mais de três quartos da corrida, se tornando o primeiro novato a vencer em Indianápolis desde Graham Hill em 1966. Com tantos triunfos na América e com o contrato com a Ganassi acabando, a Williams foi atrás do seu antigo pupilo e durante o Grande Prêmio dos Estados Unidos, pela primeira vez sendo realizada em Indianápolis, anunciou que Juan Pablo Montoya seria seu piloto em 2001.


A F1 vivia sobre um domínio gigantesco de McLaren e Ferrari faziam três temporadas, enquanto a Williams desenvolvia o motor BMW, que retornava à F1 em 2000. Jenson Button tinha feito um bom papel em seu ano de estreia, mas a montadora alemã fez questão de manter Ralf Schumacher, que também se destacava na época. Montoya foi logo dizendo que não chegava à F1 para fazer amigos e a antipatia entre os dois foi praticamente instantânea e mútua. Os dois dividiram o boxe da Williams por quatro anos, mas se detestavam e isso não era segredo para ninguém. Montoya chegou a ser terceiro em sua estreia em Melbourne, antes do motor BMW quebrar. Na terceira corrida, em Interlagos, a Williams-BMW mostrou pela primeira vez que poderia ser um importante player daquela temporada. Após um ano de desenvolvimento, a reta dos boxes de Interlagos mostrava que o propulsor alemão era o melhor da F1 e seria isso que ajudaria a Montoya dar seu cartão de visitas na F1. Após Barrichello acertar a traseira de Ralf numa atuação atabalhoada do brasileiro, o SC foi mandado a pista com Michael Schumacher em primeiro e Montoya em segundo. Mais acostumado a relargadas em movimento, Montoya usou a potência do motor BMW e numa agressiva ultrapassagem na entrada do Esse do Senna, deu um chega pra lá em Schumacher e assumia a ponta da corrida. A F1 parecia que tinha visto o messias que acabaria com o reino de Schumacher. Naquele primeiro de abril, Interlagos vivia uma corrida típica, onde o clima era fundamental e por isso, Montoya só pararia uma vez, enquanto Schumacher pararia duas. Juan Pablo dominava a corrida até se aproximar de colocar uma volta na Arrows de Jos Verstappen. No mesmo local onde Ralf foi abarroado por Barrichello, Montoya viu seu sonho de vitória ser atropelado por Verstappen, mas o colombiano tinha dado seu recado a todos. Ele não tinha medo de cara feia, ainda mais a de Michael Schumacher, a grande estrela da época.


Montoya se tornou uma estrela instantânea da F1, mas os resultados teimavam em não vir, até que o colombiano se aproveitou de várias quebras em Barcelona para subir ao pódio pela primeira vez na F1. A primeira pole não tardaria a vir, utilizando a potência do motor BMW para ficar em primeiro no grid na última corrida do antigo Hockenheim, assim como os problemas com outros pilotos. Em Zeltweg, Montoya liderava a corrida, mas tinha problemas de freio, sendo fortemente pressionado por Schumacher, que era claramente mais rápido. Numa freada, acabou saindo de frente e levando Schumacher para fora da pista, que reclamou muito depois da corrida. Em Silverstone, Montoya criticou bastante seu companheiro de equipe Ralf por ele não ter respeitado uma ordem de equipe da Williams. Em Monza, na mesma semana dos ataques de 11 de setembro, Montoya finalmente conquistava sua primeira vitória na F1 e com a confiança em alta, conseguiu alguns pódios para terminar o campeonato em sexto. Porém, pelo o que tinha mostrado nas pistas em seu primeiro ano, Montoya merecia muito mais e todos esperavam que ele fosse o anti-Schumacher. Porém, isso não seria em 2002. Com um carro muito melhor que os demais, a Ferrari venceu 15 de 17 corridas e não deu chances a ninguém naquele ano. Montoya não venceu corridas, mas foi mais regular, conquistando vários pódios, principalmente em terceiro lugar, atrás das Ferraris. Em Indianápolis, Montoya tentou ultrapassar Ralf Schumacher e dois acabaram fora da pista. A TV mostrava um desesperado Patrick Head quase arrancando os cabelos, demonstrando mais uma vez que o clima interno dentro da Williams estava longe de ser bom. A Williams tinha uma configuração especial para a classificação e Montoya conseguiu sete poles em 2002, sendo que cinco consecutivas. O domínio da Ferrari foi tão brutal em 2002 que o presidente da FIA Max Mosley impôs uma série de medidas para tentar equilibrar a F1 na base da canetada. Eram os famoso 'Pacotões do Max'. Uma das afetadas era a própria Williams, que não mais poderia ter uma preparação especial para a classificação com a regra do parque fechado, mas Montoya teria sua melhor temporada na F1 em 2003.


A Williams construiu o seu carro com base no estilo agressivo de Montoya, enquanto a BMW apostava mais em Ralf, demonstrando o claro racha existente dentro da parceria. Na primeira corrida de 2003 e das novas regras, Montoya quase venceu a corrida em Melbourne, ao rodar enquanto liderava. Após uma série de corridas sem brilho, Montoya triunfou em Monte Carlo, acabando com um jejum de vinte anos da Williams e sendo primeiro sul-americano a vencer no principado desde Senna. Os desenvolvimentos da Williams, em conjunto a força do motor BMW e a melhor aderência dos pneus Michelin no forte verão europeu daquele ano transformou a Williams no melhor carro de 2003 e Montoya tentava se sobressair sobre Ralf. Em Magny-Cours a dupla da Williams brigava pela ponta e Ralf se saiu melhor, mas Montoya ficou irritadíssimo quando soube que foi passado a Ralf a volta em que pararia. O colombiano tinha contrato até 2004 com a Williams e de forma surpreendente, ainda mais por estar ainda na briga pelo título, anunciou que iria para a McLaren em 2005. Porém, Ralf Schumacher começou a ter problemas de confiabilidade e num teste em Monza, acabou tendo uma vértebra fraturada, ficando de fora de algumas provas. Essa parecia ser a chance de Montoya e ele venceu em Hockenheim com mais de um minuto de vantagem sobre o segundo colocado. Porém, foi descoberto uma artimanha da Michelin, que fazia com que seus pneus 'engordassem' no calor e a manobra foi proibida. Assim como acontecera em 2000, quando esteve mais ameaçada, a Ferrari preparou um pacote especial para Monza, pista que teoricamente favorecia a Williams de Montoya. Numa luta frenética que durou a corrida inteira, Schumacher bateu Montoya, no que era a melhor chance do colombiano na F1. Depois da corrida, Montoya criticou o retardatário Zolt Baumgartner, dizendo que nem sabia chamar o nome do colega direito. 


Na corrida seguinte, em Indianápolis, local onde Montoya tinha mais torcida no calendário da F1, o colombiano se viu no meio de uma forte polêmica. A corrida começou debaixo de ameaça de chuva, que não tardou em aparecer. Montoya e Barrichello se davam muito bem fora das pistas, mas naquela oportunidade os dois brigavam pela segunda posição quando começava a garoar e como resultados, os dois se tocaram, com Barrichello fora da corrida. Mais atrás, com uma bandeira amarela a mostra, Schumacher ultrapassava Panis. Logo depois apareceu o aviso de uma punição. Para Schumacher? Não, para Montoya, pelo toque em Barrichello, enquanto Schumacher ficou impune e venceu aquela prova. Depois acusou-se que Barrichello só forçou a barra para Montoya por ordem de equipe da Ferrari para beneficiar Schumacher. Para piorar as coisas, Montoya entrou nos pits para pagar sua punição bem no momento em que a chuva ficou muito forte, fazendo o colombiano dar uma volta lentíssima com pneus slicks, perdendo uma volta para Schumacher. Montoya ainda salvou um sexto lugar, mas estava matematicamente fora da luta pelo título e aquele terceiro lugar no Mundial de Pilotos foi o mais próximo que o colombiano esteve do título. Para 2004 havia a expectativa de que a Ferrari tinha perdido sua força e que 2004 seria decidido entre os pilotos de McLaren(Mercedes) e Williams(BMW). Os testes de pré-temporada viu um show de quebras de recordes das equipes, enquanto a Ferrari testava sozinha na Itália. A Williams apresentou um carro com uma frente horrorosa, que se dizia revolucionária, mas que acabaria num tiro d'água. Quando a temporada começou a Ferrari construiu um carro tão bom quanto o de 2002 e a dominação também foi igual, com Schumacher conquistando o hepta campeonato praticamente sem sustos. Montoya teve um ano ruim e irregular. A Williams tinha errado no seu conceito e Montoya mal conseguia brigar pelo pódio, com a Williams superada por Renault e BAR-Honda. Porém, na última corrida de Juan Pablo pela Williams, em Interlagos, o colombiano se aproveitou do clima instável em São Paulo para vencer a corrida e sair por cima da equipe que o colocou na F1.


Montoya havia se tornado o preferido de Frank Williams, mas ao chegar na McLaren, o chefe Ron Dennis já tinha escolhido seu darling: Kimi Raikkonen. De poucas palavras e pouco afeito a amizades, Raikkonen ignorou a presença de Montoya, enquanto o colombiano ainda tentava achar seu espaço dentro da equipe. Porém, um incidente fez do começo do relacionamento de JP com a McLaren o mais turbulento de todos. Logo após a segunda corrida de 2005 Montoya machucou seu ombro seriamente a ponto de ficar de fora de algumas corridas. A McLaren anunciou que Montoya havia se machucado jogando tênis, mas o que se dizia na época foi que Montoya se machucou num esporte bem mais radical: o motocross. Essa polêmica desnecessária transformou Kimi Raikkonen no primeiro piloto da McLaren, que tinha o melhor carro de 2005, mas com sérios problemas de confiabilidade, estragando e muito a temporada de Kimi. Montoya voltou em Barcelona, ainda com dores e correndo abaixo do seu potencial. Em Montreal o colombiano liderava a corrida, quando a McLaren o chamou aos boxes no momento errado e Juan Pablo acabou desclassificado. Montoya venceria pela primeira vez no ano em Silverstone, iniciando uma série de bons resultados. Contudo, quem lutava pelo título com Fernando Alonso era Raikkonen e a McLaren deixava isso claro para Montoya, que com sua marra, não aceitava isso muito bem. Em duas corridas Montoya se envolveu em incidentes desnecessários com retardatários (Pizzônia em Spa e Tiago Monteiro na Turquia), entregando preciosos pontos para Alonso, que garantiu seu título em Interlagos, numa corrida vencida por Montoya. O que o colombiano não sabia era que seu triunfo em São Paulo seria seu último na F1.



Montoya tinha contrato com a McLaren até 2006, mas Ron Dennis estava insatisfeito com a falta de espírito de equipe do colombiano e por isso, contratara Fernando Alonso para 2007. Raikkonen também não tinha contrato para 2007, mas sabia-se que o nórdico negociava com a Ferrari, que abertamente desejava Kimi. Montoya ficou com a sensação de que não teria espaço para ele na F1 e isso acabou com a confiança do colombiano, que foi presa fácil para Raikkonen. Em Melboune, Montoya conseguiu a proeza de rodar durante a volta de apresentação. Na largada para o Grande Prêmio dos Estados Unidos, Montoya forçou a barra em cima de Raikkonen na primeira curva e causou um sério acidente, que envolveu oito carros. Poucos dias depois, o mundo foi surpreendido quando Montoya solicitou uma entrevista coletiva para anunciar que estaria indo para a Nascar em 2008 se juntar ao velho amigo Chip Ganassi. Ron Dennis ficou muito irritado com Montoya, que por ele, já estrearia na Nascar ainda em 2007. Apenas por birra, Dennis segurou o contrato de Montoya, mas o tirou da equipe. Totalmente pelas portas dos fundos, a carreira de Juan Pablo Montoya acabava na F1 com 94 corridas, 7 vitórias, 13 poles, 12 melhores voltas, 30 pódios, 307 pontos e dois terceiros lugares no Mundial (2002 e 2003).


Ainda em 2007 Montoya fez suas primeiras corridas pela Nascar, uma categoria totalmente distinta da F1. A adaptação não seria fácil, mas Juan Pablo rapidamente se destacou nos poucos circuitos mistos da categoria, conseguindo suas únicas vitórias na Nascar nesse tipo de circuito. Em 2009 Montoya quase venceu em um oval, ao dominar em Indianápolis, mas acabou punido após seu último pit-stop. Ainda no rádio Montoya dizia que por seus filhos, não tinha excedido o limite dos boxes, mas o colombiano acabou perdendo aquela corrida. Nesse ano Montoya se tornou o primeiro estrangeiro a chegar no famigerado Play-Off da Nascar, mas ele esteve longe de brigar realmente pelo título. Usando o carro de número 42 da Ganassi, que depois se juntaria à Earnhardt Inc, Juan Pablo Montoya ficou bem abaixo das expectativas na Nascar, mas sua carreira estava longe de terminar. No final de 2013 Montoya anunciava sua volta à Indy, pela poderosa equipe Penske a partir de 2014. Nos tempos em que esteve na Nascar, Montoya engordou bastante, demonstrando que o preparo físico estava longe das suas prioridades, mas nessa volta aos monopostos, Montoya emagreceu bastante, mas ao contrário de quinze anos antes, Montoya demorou a se adaptar a uma nova Indy. Ele só venceria uma corrida, em Pocono, estabelecendo o recorde de corrida de 500 milhas mais rápidas da história, com uma média superior as 200 milhas horárias. Em 2015 Montoya estava mais preparado e dominou praticamente o campeonato inteiro. Para melhorar, Juan Pablo venceu pela segunda vez as 500 Milhas de Indianápolis, quebrando outro recorde, pois o espaço de quinze anos entre suas vitórias ainda é a maior da história da centenária corrida. Porém, Montoya acabaria derrotado por Scott Dixon na última corrida em Sonoma, por causa de uma bandeira amarela na hora errada e por aquela corrida valer o dobro de pontos.


Montoya saiu do carro cuspindo marimbondos por ter perdido um título que parecia ser seu. Porém, esse golpe mexeu com Montoya, já com 40 anos de idade. Juan Pablo não repetiu a regularidade do ano anterior e mesmo vencendo a corrida de abertura em St Petersburg, ele ficaria apenas em oitavo no campeonato. Roger Penske havia colocado na cabeça que queria a contratação do jovem Josef Newgarden e por isso ele teria que escolher um piloto do seu quarteto para sair. Até por ter feito um campeonato ruim em 2015, Montoya foi o escolhido, mas não saiu da asa da Penske até hoje. Em conjunto com a Acura, a Penske passava a investir pesado na IMSA e Montoya foi um dos pilotos escolhidos a representar a equipe nas corridas de longa duração. Enquanto esteve ligado à Ganassi nos tempos da Nascar, Montoya foi um habitué das 24 Horas de Daytona, vencendo a tradicional prova três vezes (2007, 2008 e 2013). Por sinal, Montoya também persegue as tríplice coroa, a exemplo de Fernando Alonso. Só que para Montoya, lhe resta as 24 Horas de Le Mans.


Juan Pablo Montoya continua correndo pela Penske na IMSA, onde foi campeão em 2019. Marrento ao extremo, Montoya casou-se com a bela Connie, uma das mulheres de pilotos mais bonitas de todos os tempos. Com três filhos, assim como fez seu pai, Juan Pablo já tem um filho correndo de kart e procura um lugar para ele numa das academias das equipes de F1. Extremamente veloz, Montoya ficou por muitos anos com o recorde de volta mais rápida da história da F1. Mas Montoya poderia ter outros recordes na F1? Tudo indicava que sim e talento não faltava à Montoya, mas um piloto para ser completo, tinha que ter algo mais do que velocidade e talento, que é a aptidão a preparação física e um bom psicológico, algo que faltou à JP. Porém, sua latinidade dentro e fora das pistas popularizou ainda mais as corridas na Colômbia e mesmo com números nem tão vistosos, Montoya ainda é lembrando como um dos grandes talentos sem título da F1.

Parabéns!

Juan Pablo Montoya

3 comentários:

  1. Na verdade a manobra de ultrapassagem do Montoya sobre o Schumacher ocorreu bem antes do Barrichello atropelar o Ralf no GP do Brasil de 2001. E a real razão da entrada do safety car nas primeiras voltas da corrida foi por causa da McLaren de Mika Hakkinen que ficou parado na largada(problema esse que seria recorrente na McLaren em praticamente toda a temporada 2001...)
    E no GP dos EUA de 2003, Schumacher havia iniciado a manobra de ultrapassagem sobre Panis bem antes de chegar no setor onde a bandeira amarela tinha sido mostrada e quando o alemão chegou nesse setor ele já estava com mais de meio carro na frente do francês o que eliminou qualquer margem possível pra uma punição.

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    1. Ah, esqueci de por o nome no comentário...
      Vinicius Vergueiro.

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    2. Até hoje acho aquela ultrapassagem do Schumacher em Panis um típico FIA (Ferrari Inconditional Aid)

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