terça-feira, 8 de setembro de 2020

Super Aguri

 


Por muitos anos ele foi o único japonês a ter subido ao pódio na F1 e mesmo não sendo tão popular quanto o seu contemporâneo Satoru Nakajima, Aguri Suzuki também tinha seu espaço junto aos japoneses a ponto de ganhar, assim como Nakajima, um vídeo game com o seu nome. A carreira de Suzuki na F1 parecia somente se resumir ao seu pódio único em Suzuka, mas Aguri voltaria à categoria anos depois como dono de equipe, mas de forma efêmera. Completando 60 anos de idade hoje, vamos conhecer um pouco da carreira de Suzuki, que quase era sinônimo de sua pista favorita.

Aguri Suzuki nasceu no dia 8 de setembro de 1960 em Tóquio, Japão e o automobilismo sempre esteve presente em sua vida, pois seu pai fora um dirigente local e fundador da primeira federação de kart no Japão. Aguri deu suas primeiras voltas de kart em 1972, mas só começou a competir aos 17 anos, conquistando o título japonês de kart em 1978. Suzuki subiria para a F3 no ano seguinte, mas em paralelo correria de kart, sendo campeão outras vezes. Em 1982 Suzuki seria vice-campeão de F3 com duas vitórias, mas ao invés de subir para o conceituado campeonato de F2 Japonesa, ele foi contratado pela Nissan para correr em campeonatos locais de turismo, mas também lhe proporcionou sua estreia em Le Mans em 1986. 


Em 1987 Aguri se juntaria com um patrocinador que lhe ajudaria bastante no futuro: a Footwork. Ele estreou na então F3000 Japonesa no mesmo ano sendo logo vice-campeão, conquistando o título em 1988. A Footwork apostava bastante em Suzuki e o inscreveu algumas vezes no certame europeu, mas Suzuki pouco fez, mas não demoraria para ele estrear na F1, na porta aberta por Satoru Nakajima. A equipe Lola estava desfalcada de Yannick Dalmas, que estava doente, quando chegou ao Grande Prêmio do Japão de 1988 e teve que procurar às pressas um piloto local. Com apoio da Footwork Suzuki estreou em Suzuka levando o carro até o fim. Graças a contatos que tinha com a Yamaha, conseguiu um lugar na Zakspeed em 1989, mas a equipe alemã não projetou um bom carro e Aguri não conseguiu sequer sair da pré-classificação durante a temporada. Mesmo não mostrando muita coisa na Zakspeed, Suzuki ainda conseguiu um lugar na equipe Larrousse em 1990, que nada mais era do que a sucessora da Lola. Com mais treinos e um carro melhor, Aguri começava a mostrar bons resultados, com seu primeiro ponto com um sexto lugar em Silverstone e a mesma posição em Jerez.


Desde as categorias de base Aguri Suzuki sempre havia dando muito bem em Suzuka, cujo nome era bem parecido com o seu. Na corrida de 1990 Aguri largou numa boa nona posição e viu de perto o 'atropelo' de Senna em Prost na primeira curva da prova. Mansell e Berger abandonaram cedo, com a corrida indo para as mãos da dupla da Benetton, com Piquet à frente de Roberto Moreno. Suzuki fazia uma corrida sólida e quando Patrese fez sua parada nos boxes, Aguri assumiu a terceira posição e com isso, se tornou o primeiro japonês a subir no pódio na F1. Como esperado, Suzuki comemorou muito seu feito e se tornou herói no Japão. Porém, 1991 seria bem diferente. Com problemas financeiros a Larrousse não desenvolveu seu carro e foi perdendo rendimento ao longo da temporada. O sexto lugar na primeira corrida em Phoenix foi a única vez que Suzuki viu a bandeirada em 1991 e na metade final da temporada ele nem conseguia tempo para largar. A sua antiga parceira Footwork havia comprado a Arrows e Suzuki foi imediatamente contratado em 1992, mas o japonês teve duas temporadas decepcionantes, onde não marcou nenhum ponto, foi superado pelos seus experientes companheiros de equipe (Alboreto e Warwick) e seus erros fizeram crescer um certo tabu na F1, onde piloto japonês era sinônimo de piloto ruim.


Quando Jackie Oliver retomou a equipe Arrows, Suzuki foi dispensado e fez um ano no campeonato de GT no Japão em 1994, quando surgiu outra oportunidade na F1. Em 1995, ajudado pelo fabricante de motores Mugen Honda, Aguri ingressou na equipe francesa Ligier, em alternância com Martin Brundle. Suzuki teve uma temporada difícil, onde só marcou ponto em Hockenheim. Numa dessas ironias da vida, Aguri sofreu um sério acidente nos treinos para o Grande Prêmio do Japão em Suzuka e com dores no pescoço, desistiu da corrida e da carreira, aos 35 anos. Justamente na pista que o marcou para sempre. Foram 64 corridas, oito pontos e seu famoso pódio em 1990.


Aguri Suzuki retornou ao seu país e fez algumas provas, antes de pendurar o capacete para ser agente de jovens pilotos japoneses e chefe de equipe na F-Nippon. Em 2003, ele abriu uma equipe na IRL, chamada Super Aguri Racing, com Roger Yakusawa como piloto e depois seu protegido Kosuke Matsuura em 2004. A Honda mantinha uma equipe na F1, mas tinha um problema na mão. Takuma Sato era muito popular em seu país e havia conquistado bons resultados em 2004, mas o japonês havia perdido claramente desempenho depois disso e se a Honda quisesse dar um passo à frente, teria que se livrar de Sato. Quando a Honda divulgou a contratação de Rubens Barrichello, os japoneses entraram em polvorosa: e Sato? Para não perder sua base de fãs, a Honda entrou em contato com Aguri Suzuki e no final de 2005 anunciaram a criação de uma equipe de Fórmula 1, com motores Honda, tendo como pilotos Takuma Sato e Yuji Ide, esse um protegido de Suzuki. Surgia a Super Aguri Racing, que nas primeiras corridas utilizou um velho Arrows A23 atualizado. Ide foi tão mal que seria quase que expulso da F1. Em 2007 a equipe usou o carro da Honda do ano anterior com adaptações e Sato marcou os primeiros pontos da escuderia, porém, a saída de Sato praticamente selou o fim da Super Aguri no início de 2008. Aguri Suzuki continua procurando jovens talentos japoneses até hoje.

Parabéns!

Aguri Suzuki

3 comentários:

  1. Belíssimo texto, João!
    Só queria acrescentar duas coisas:
    1- A Larrousse não era uma sucessora da Lola que fazia desde 87 os chassis pra equipe francesa depois que a antiga cliente dela(o time de Carl Haas) saiu da F1 ao término da temporada 86.
    2- Suzuki fez uma corrida em 94 na F1: o GP do Pacífico em Aida pela Jordan substituindo Eddie Irvine que cumpria a primeira das três corridas de gancho que recebeu pelo Big One que causou no GP do Brasil.

    Vinicius Vergueiro Magnabosco

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  2. E quando Suzuki colocou seu time na IRL em 2003 o fez em parceria com Adrian Fernandez o que fez o time se chamar Super Aguri Fernandez. A parceria durou até 2006 quando Adrian decidiu deixar a IRL, Suzuki então se juntou a Panther pra temporada 2007 o que fez o time ser renomeado como Super Aguri Panther e ao término da temporada, Suzuki decidiu deixar a IRL quando o time perdeu o patrocínio da Panasonic.

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  3. Como não queria estender demais o texto, omiti esses detalhes, principalmente na Indy. Porém, a história da Lola é cheia de contatos complicados e a Lola-Beatrice é uma equipe, a Lola que surgiu em 1987 é outra. A Larrousse é sucessora da segunda

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