domingo, 25 de setembro de 2016

Voltando ao normal

Apesar de histórico, o que aconteceu nas oito últimas corridas na MotoGP foi atípico, apesar de muito bom para a categoria. Oito pilotos diferentes vencendo de forma consecutiva, sendo que quatro triunfaram pela primeira vez na categoria, numa situação onde várias provas aconteceram debaixo de chuva. Em Aragão (ou Aragón), havia a expectativa de um nono vencedor diferente, que poderia ser Andrea Doviziozo. Porém, a pista mais próxima da casa de Marc Márquez viu um show completo do piloto da Honda, que deu um passo importantíssimo para o tricampeonato em quatro temporadas da MotoGP do fenomenal espanhol.

Após conseguir uma pole dominante, assustando a concorrência, Márquez era favorito destacado na corrida. Para tentar deter o compatriota, Lorenzo relembrou seus tempos de 2014, onde arriscava tudo na largada para tentar ficar na frente de Márquez. E o piloto da Yamaha conseguiu, mas Lorenzo esqueceu de combinar com Maverick Viñales, que pulou para primeiro em sua surpreendente Suzuki. Quando tentava se recuperar da má largada, Márquez teve um momento estranho, onde perdeu várias posições, caindo para quinto. Após a corrida passada, Rossi e Lorenzo tiveram uma discussão na entrevista coletiva sobre a agressividade do italiano e os dois novamente se encontraram na pista, com Rossi levando vantagem inicialmente.

Mesmo fazendo um excelente trabalho em sua Suzuki, que não tem a potência de Yamaha e Honda, Viñalez não durou muito na frente e foi ultrapassado por Rossi, enquanto Márquez já ultrapassava Lorenzo, partindo impávido para a vitória. O piloto da Honda ultrapassou Viñalez e partiu para cima de Rossi, ultrapassando o veterano com alguma facilidade. A garra de Rossi fez com que ele perseguisse Márquez por algumas voltas, mas o espanhol da Honda marcou a volta mais rápida e a perseguição de Rossi lhe custaria caro, com o desgaste de pneus fazendo com que ele perdesse terreno não apenas para Márquez, mas também para o seu desafeto Lorenzo. A dupla da Yamaha teria um novo encontro nas voltas finais. Lorenzo deu o bote e ficou em segundo, mas Rossi precisava dos pontos do segundo lugar para não ter um prejuízo tão grande no campeonato. Mesmo com os pneus desgastados, Rossi tentou um ataque final na penúltima volta, mas Vale foi otimista demais e acabou perdendo a tomada da curva 12, saindo reto, tendo que se conformar com um terceiro lugar que lhe foi péssimo no campeonato.

Enquanto os dois companheiros (?) da Yamaha se pegavam, Márquez dominava a prova lá na frente e recebia a bandeirada com tranquilidade, acabando com a espetacular sequência de vitórias divididas na MotoGP. Agora com 52 pontos de vantagem sobre Rossi no campeonato faltando quatro corridas, Márquez tem uma grande chance de conquistar o tricampeonato com duas provas de antecedência. Como as ordens de equipe na Yamaha são inimagináveis, Lorenzo vai se despedindo da Yamaha tendo o prazer de atrapalhar Rossi em conseguir seu décimo título, mas Lorenzo deve se preocupar com o desempenho da Ducati, que hoje ficou fora do top-10, atrás até mesmo da claudicante Aprilia. Após a vitória na quinzena passada, Pedrosa viveu mais um dia de múmia e foi superado por Cal Cruthlow, com uma Honda satélite, terminando num obscuro sexto lugar. Como o personagem dos Thundercats, Pedrosa viu sua própria imagem e voltou para a tumba. Numa prova onde andou claramente mais do que sua moto, Viñales ainda foi quarto, mas o talentoso espanhol tem um belo futuro pela frente quando estiver melhor montado na Yamaha em 2017.

Provavelmente Viñales será o grande rival de Márquez num futuro a médio prazo. Se não ocorrer uma hecatombe nuclear, o espanhol da Honda será o campeão de 2016, garantindo três títulos em quatro temporadas da MotoGP, uma marca impressionante para alguém de apenas 23 anos e com todo um futuro glorioso pela frente.

sábado, 24 de setembro de 2016

Marc

Se fosse comparar nosso personagem de hoje com um piloto da F1 atual, este seria Nico Hulkenberg. Assim como o atual piloto da Force India, Marc Surer sempre foi considerado um dos melhores pilotos de sua geração e ninguém poderia jamais duvidar do talento dele, mas o suíço nunca teve em mãos carros à altura do seu talento na F1, pois Surer só poderia oferecer isso, ao invés de dinheiro e algumas vezes Marc ficou à pé por causa de um piloto endinheirado, mas sem o mesmo talento do suíço. Completando 65 anos nessa semana, vamos ver um pouco da carreira de Marc Surer.

Marc Surer nasceu no dia 18 de setembro de 1951 em Arisdorf, na Suíça e por ter nascido num país onde o automobilismo era proibido, Surer começou tarde sua carreira. Somente aos 20 anos de idade Marc Surer começou a correr no kart, sendo campeão suíço logo de cara, sendo terceiro colocado no campeonato europeu em sua segunda temporada nos micro-bólidos. Como as corridas eram proibidas em seu país natal por causa da tragédia em Le Mans/1955, Surer se mudou para a Alemanha em 1974 para começar sua carreira nos monopostos, na F-Vê. Surer conquistou um bom terceiro lugar no certame alemão em sua estreia e em sua segunda temporada, Surer conquista o terceiro lugar no campeonato europeu. Aos 25 anos, idade em que muitos pilotos atuais de F1 já contam com várias temporadas, Surer estreou na F3, disputando os campeonatos alemão e europeu com sucesso, chamando a atenção de Jochen Neerpasch, chefe de competições da BMW. A marca bávara estava investindo muito dinheiro na F2 Europeia, para posteriormente alcançar a F1. Vendo o talento de Surer, Neerpasch o contrata para ser piloto oficial da BMW na F2, ao lado dos jovens e talentosos Eddie Cheever e Manfred Winkelhock.

Com um chassi March, a equipe BMW dominou a F2 no final da década de 1970 e Surer aproveitou para fazer seu nome na categoria. Em 1977 o suíço teve um ano de aprendizado, mas ainda marcou muitos pontos. Para 1978, Surer conseguiu uma regularidade impressionante, chegando várias vezes no pódio para ser vice-campeão, superado pelo companheiro de equipe Bruno Giacomelli. Com o italiano chegando à F1 no ano seguinte, Surer se torna o favorito ao título em 1979 e Marc não decepciona, conquistando o título após disputa emocionante com Eddie Cheever e o experiente Brian Henton. Ainda em 1979, Surer faz sua primeira corrida na F1 pela equipe Ensign em Watkins Glen, após não se classificar em Monza e Montreal. A estreia de Surer numa equipe pequena mostraria como seria boa parte da carreira do suíço, na época, considerado um dos principais pilotos de sua geração, mesmo não sendo um garoto (28 anos). Para 1980, Surer assina com a ATS do instável chefe de equipe Günther Schmidt. O carro era um dos piores do pelotão e para complicar, Surer sofre um sério acidente em Kyalami, onde quebrou os dois tornozelos, com o suíço ficando um bom tempo preso no seu carro. Surer retornou ao seu cockpit ainda em 1980, mas não marcou nenhum ponto. Com a ATS preferindo os Pesos de Eliseo Salazar, Surer estava a pé em 1981, quando recebeu um convite de Morris Nunn para correr as primeiras etapas da temporada, mas se não conseguisse dinheiro, o suíço poderia se substituído por algum piloto com aporte financeiro a qualquer momento. Surer sabia que teria poucas chances para se destacar e isso aconteceu no Grande Prêmio do Brasil, no extinto circuito de Jacarepaguá, que recebia a F1 com muita chuva naquele ano. Em condições assim, o talento do piloto se sobressai e mesmo largando em 18º, Surer conseguiu uma corrida estupenda para ser quarto colocado. Surer foi o piloto daquele dia no Rio de Janeiro, mas ele acabou ofuscado pela polêmica na Williams. Em Mônaco, outra pista onde o talento se sobressai, Surer marcou um pontinho, mas novamente Eliseo Salazar chegou com uma mala de dinheiro para tirar o lugar do suíço e ele acabou dispensado da Ensign logo após a corrida monegasca. Menos mal que Jabouille tinha decidido se aposentar e a Ligier contratou Patrick Tambay, deixando uma vaga aberta na Theodore, que contratou Surer para o resto da temporada, mas com um carro ainda pior, o suíço não marcou mais pontos.

Para 1982, Surer consegue um bom contrato com a Arrows, que tinha feito um bom papel em 1981, até o dinheiro acabar. Porém, nos testes de pré-temporada, Surer sofre outro sério acidente e o suíço só fica pronto para correr já próximo da metade da temporada. A Arrows não tinha o mesmo carro que fez Patrese ser pole em Long Beach, mas Surer tinha nas mãos um carro melhor do que os anteriores e o suíço marca pontos com um quinto lugar em Montreal e um sexto em Hockenheim. Alçado a primeiro piloto da Arrows, Surer começa 1983 com bons resultados, marcando pontos, mas a Arrows não contava com motores turbo, um fator diferencial naquele ano. Após marcar pontos em três das quatro primeiras corridas, Surer teve uma grande apresentação em Mônaco. Poucos minutos antes da largada, uma chuva assolou o principado, mas logo parou. A pista estava úmida e a maioria dos pilotos de ponta colocaram pneus para chuva. Surer pensou diferente e largou com pneus slicks, mesma escolha da dupla da Williams e de Derek Warwick. A pista logo secou e os quatro primeiros da corrida eram Rosberg, Laffite, Surer e Warwick, com Marc sendo bastante pressionado pelo inglês da Toleman. Quando viu a aproximação de Piquet e Prost, Warwick ficou ainda mais alvoroçado para tomar o terceiro lugar de Surer e na volta 49, Warwick tentou uma ultrapassagem otimista em cima de Surer na Saint-Devote e os dois acabaram batendo, terminando com as chances de pódio de Surer. Apesar do seu talento, Marc Surer nunca subiria ao pódio na F1.

A partir de 1984, Surer passa a dividir seu tempo entre a F1 e as corridas de turismo e no Mundial de Marcas, algo comum na época. Em seu terceiro ano na Arrows, Surer aproveita seu longo relacionamento com a BMW para conseguir o potente motor para o time, mas os motores bávaros tinham sérios problemas de confiabilidade que afetou até mesmo a equipe principal na F1, a Brabham. Surer marcou apenas um ponto na F1 (6º lugar em Zeltweg), mas venceu os 1000 km de Monza no Mundial de Marcas com um Porsche 962 e as tradicionais 24 Horas de Spa, com uma BMW. Substituído por Gerhard Berger na Arrows em 1985, Surer passou a disputar mais corridas de turismo, além de passar a correr em ralis. Contudo, não demorou muito para Surer voltar a F1, quando o segundo piloto da Brabham François Hesnault sofrer um acidente num teste em Paul Ricard e encerrou sua carreira. Graças aos contatos com a BMW, Surer foi contratado pelo resto da temporada, tendo pela primeira vez na carreira um carro verdadeiramente bom, mesmo a Brabham já iniciando seu longo declínio na F1. Surer marcaria pontos com alguma constância e quando Nelson Piquet anunciou que estava de saída da equipe, Surer chegou a superar o brasileiro nas etapas finais do ano, incluindo um abandono quando estava sem segundo lugar em Brands Hatch. As boas apresentações de Surer mostravam que o suíço ainda tinha vaga na F1 e em 1986 o suíço retornou à Arrows, porém o carro era muito ruim e Marc não teve como mostrar seu talento, assim como Thierry Boutsen. Enquanto corria de F1, Marc Surer participava de ralis e no dia 25 de maio de 1986, Surer e seu navegador Michel Wyder participaram do Rally Hessen, com um Ford RS200. Na época, os carros de rali conseguiam grandes velocidades e numa das especiais, Surer bateu seu carro violentamente contra uma árvore, destruindo o carro, que pegou fogo. Infelizmente, o impacto foi todo em cima de Wyder, que morreu na hora. Surer teve sorte em ter saído vivo, mas ainda estava seriamente ferido, com algumas queimaduras. Esse acidente fora da F1 decretou o fim de sua carreira na categoria, com 81 Grandes Prêmios, uma melhor volta e 17 pontos marcados.

Esse acidente que matou seu amigo Wyder marcou profundamente Marc Surer, que se manteve muitos anos ligado a BMW, participando dos excelentes campeonato de Superturismo alemão no início dos anos 1990, além de ter sido por alguns anos diretor da marca bávara em competições de turismo na Alemanha. Há vinte anos Marc Surer é comentarista de F1 da TV suíça. Mesmo talentoso, Marc Surer nunca teve em mãos um carro para comprovar o que todos esperavam dele e que sabiam que ele podia entregar.

Parabéns!
Marc Surer 

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

História: 20 anos do Grande Prêmio de Portugal de 1996

A F1 encerraria a temporada europeia em Portugal podendo conhecer o novo campeão de 1996 no Estoril. Mesmo com o dolorido abandono em Monza, Damon Hill estava com a faca e queijo na mão para finalmente se tornar campeão mundial. Mesmo chegando em segundo, atrás de Villeneuve, o inglês ainda iria com uma enorme vantagem para Suzuka, última etapa do ano. Contudo, os velhos fantasmas ainda assustavam Damon, com títulos perdidos quando o piloto da Williams tinha o melhor carro do pelotão. Mesmo Jacques Villeneuve sendo um novato, o canadense tinha se mostrado um adversário perigoso e se quisesse se tornar campeão, Hill não poderia vacilar, aumentando ainda mais a pressão em cima de um piloto que sempre sucumbiu nessas condições.

Vindo de vitória em Monza, Schumacher dominou o final de semana luso, mesmo estando claro que a Williams ainda não tinha mostrado sua força, porém, o tempo estava bastante nublado no sábado e havia perspectiva de chuva a qualquer momento. Com isso, os pilotos não perderam tempo em marcarem seus tempos e Hill liderava confortavelmente a classificação. Villeneuve não estava brilhando e estava apenas em quarto em sua segunda tentativa, quando marcou um excelente tempo, mas perdendo a pole para Hill por meros nove milésimos de segundo. Quando os pilotos se preparavam para suas últimas tentativas, a chuva deu as caras e o grid ficou definido com os dois postulantes ao título separados por o equivalente 60cm.

Grid:
1) Hill (Williams) - 1:20.330
2) Villeneuve (Williams) - 1:20.339
3) Alesi (Benetton) - 1:21.088
4) Schumacher (Ferrari) - 1:21.236
5) Berger (Benetton) - 1:21.293
6) Irvine (Ferrari) - 1:21.362
7) Hakkinen (McLaren) - 1:21.640
8) Coulthard (McLaren) - 1:22.066
9) Barrichello (Jordan) - 1:22.205
10) Brundle (Jordan) - 1:22.324

O dia 22 de setembro de 1996 amanheceu com tempo ensolarado e com praticamente nenhuma chance de chuva no Estoril, fazendo do Grande Prêmio de Portugal o palco perfeito para o poderia ser a decisão do campeonato de 1996. Hill vinha tendo problemas nas largadas ao longo do ano e Alesi tinha pulado de sexto para segundo em Monza. Agora saindo em terceiro, o francês poderia ser um fator na briga pelo título. Contudo, quando as luzes apagaram e o pelotão partiu para a curva um, as aspirações de título de Villeneuve pareciam ter acabado. Batido por Alesi na largada e ultrapassado por fora por Schumacher na curva um, o canadense era apenas quarto, enquanto Hill tomou a linha externa e se manteve na ponta.

Com Alesi em uma estratégia de duas paradas e Schumacher tendo um desgaste precoce dos pneus, Villeneuve perdia terreno rapidamente para Hill, que liderava soberano a corrida. Antes dos carros entrarem na pista, Villeneuve tinha achado a última curva do Estoril, a Parabolica, muito parecido com o que estava acostumado nos ovais americanos. O canadense falou para o seu engenheiro Jock Clear que era possível ultrapassar naquele local, com Clear dizendo que se Jacques fizesse aquilo, ele acabaria no guard-rail. Na volta 16, com Schumacher cada vez mais lento e ainda atrapalhado por uma Minardi retardatária na curva Parabolica, Villeneuve colocou seu Williams à esquerda e numa das ultrapassagens mais bonitas da década de 1990, colocou por fora de Schumacher na Parabolica e quando saiu da curva ligeiramente na frente do alemão, ainda pegou o vácuo da Minardi para assumir a terceira posição. Imediatamente Villeneuve abriu em relação à Schumacher e na volta 18, ambos foram para as suas primeiras paradas, com Villeneuve permanecendo na ponta. Hill, Villeneuve e Schumacher parariam três vezes, enquanto Alesi pararia duas. Quando o francês fez sua parada, Hill assumiu a ponta, mas se viu no meio da batalha tupiniquim entre Rosset e Diniz, perdendo nesse processo 5s para Villeneuve, que já vinha em segundo. Hill era claramente muito cauteloso, preferindo perder tempo do que enfrentar o risco de ter algum problema com algum retardatário. 

Porém, essa cautela fez com que Villeneuve encostasse em Hill após a segunda parada dos dois. Na briga pelo terceiro lugar, Alesi e Schumacher estavam separados por apenas 3s quando ambos pararam juntos. O trabalho da Ferrari foi melhor e Schumacher emergiu na frente, ficando com o último lugar do pódio. Em outra briga Ferrari x Benetton, Irvine foi pressionado boa parte da prova por Berger, mas o irlandês finalmente via a bandeira quadriculada após muito tempo, terminando em quinto, enquanto a dupla da McLaren passava pelo mico de baterem entre si na volta 48, fazendo com que Hakkinen abandonasse e Coulthard terminasse a corrida longe dos pontos. Essa era a corrida dos coadjuvantes, enquanto os dois protagonistas pela título e pela vitória imprimiam um ritmo forte rumo a terceira e última parada deles.

Líder, Hill parou primeiro na volta 49 e mesmo marcando a melhor volta da corrida, o inglês não foi páreo para o ótimo trabalho da Williams no pit-stop de Villeneuve, que fez o canadense assumir a ponta de forma surpreendente e impressionante. A corrida terminou ali. Hill teve um pequeno problema no câmbio que o fez perder muito tempo para Villeneuve, que vencia pela quarta vez na temporada. Hill ainda era o grande favorito para vencer o campeonato e só precisava de um sexto lugar para se tornar campeão em Suzuka, mas a forma como foi derrotado por Villeneuve, com o canadense ficando em quarto na primeira volta para lhe bater na pista no final, tinha sido um enorme golpe na confiança de Hill.

Chegada:
1) Villeneuve
2) Hill
3) Schumacher
4) Alesi
5) Irvine
6) Berger

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

História: 30 anos do Grande Prêmio de Portugal de 1986

A Williams chegou à agradável cidade do Estoril em 1986 tentando ao máximo manter alguma igualdade entre seus dois pilotos. O campeonato de construtores estava praticamente ganho, mas a renhida disputa entre Piquet e Mansell fez com que a equipe levasse quatro carros para Portugal, sem contar que cada piloto tinha sua própria equipe que não se conversava, para que não houvesse intercâmbio de informações. Porém, a preferência da equipe era clara por Mansell. Ainda tentando se manter na disputa do campeonato, Prost teria que enfrentar a dor da perda do irmão mais velho de apenas 33 anos alguns dias antes de viajar para Portugal. Ron Dennis poupou Prost de todos os compromissos antes da corrida. A grande notícia do final de semana era a confirmação de Berger indo para a Ferrari em 1987, enquanto as negociações entre McLaren e Renault fracassaram. O time de Ron Dennis iria com um lay-out diferente no carro de Keke Rosberg, onde o finlandês correria com uma coloração Light da Marlboro.

Senna fez a sua décima quarta pole position da sua carreira com uma volta impressionante, colocando mais de oito décimos em cima de Mansell, o mais rápido da sexta-feira. O desempenho de Senna levantou suspeitas da Williams, principalmente por o Lotus do brasileiro estar soltando muitas faíscas. Patrick Head acusou a Lotus de estar burlando as regras com um efeito-solo camuflado, mas o talento de Senna deveria ser a razão de tamanho desempenho. Piquet era apenas sexto depois de danificar o fundo do seu carro ao bater numa zebra alta na sexta-feira. Apesar da tristeza, Prost fez o terceiro melhor tempo, quatro lugares à frente de Rosberg. 

Grid:
1) Senna (Lotus) - 1:16.673
2) Mansell (Williams) - 1:17.489
3) Prost (McLaren) - 1:17.710
4) Berger (Benetton) - 1:17.742
5) Fabi (Benetton) - 1:18.071
6) Piquet (Williams) - 1:18.180
7) Rosberg (McLaren) - 1:18.360
8) Johansson (Ferrari) - 1:19.332
9) Patrese (Brabham) - 1:19.637
10) Arnoux (Ligier) - 1:19.657

O dia 21 de setembro de 1986 amanheceu com tempo bom em Estoril, ao contrário do ano anterior, onde a chuva afugentou os torcedores, causando um grande prejuízo ao organizador da corrida, César Torres. Ecclestone permitiu que Torres baixasse o preços do ingresso e no afã de atrair ainda mais público, no domingo pela manhã, reuniu as quatro estrelas da F1 na época para uma foto que se tornaria histórica. Durante o warm-up, Prost teve problemas com seu motor e teve que largar com o carro reserva. Na largada, Mansell sai melhor e toma a ponta de Senna ainda na primeira curva, com Prost também largando mal e perdendo várias posições.

Mesmo com com os ataques de Senna durante a primeira volta, Mansell se manteve na ponta e aos poucos abriria vantagem. Berger havia largado muito bem e estava em terceiro, segurando Piquet e Prost, desesperados para melhorar seus desempenhos e ir atrás de Mansell. Apesar de Berger estar claramente mais lento, o motor BMW ajudava o austríaco na reta dos boxes e quando Piquet chegava para ultrapassar no final da reta dos boxes, melhor ponto de ultrapassagem do circuito, Berger tinha uma boa vantagem. Porém, o brasileiro da Williams se aproveitou do desgaste excessivo dos pneus Pirelli de Berger para subir para terceiro na oitava volta, com Prost efetuando a ultrapassagem sobre o piloto da Benetton na volta seguinte. O problema era que à essa altura, Mansell já tinha 5s de vantagem em cima de Senna. O brasileiro tinha uma vantagem de 7s em cima de Piquet e Prost, que andavam próximos, mas o francês da McLaren não ameaçava Piquet.

A corrida fica estática e sem grandes emoções, com os três primeiros bem espaçados entre si, enquanto o quarto colocado Prost apenas acompanhava Piquet. Quando a corrida se aproximou da metade, Piquet aumentou seu ritmo e diminuía a diferença para Senna, trazendo consigo Prost. Quando os quatro primeiros fizeram suas paradas entre as voltas 30 e 34, a corrida se torna mais emocionante, com Piquet e Prost colando em Senna, enquanto Mansell tinha 11s de vantagem na frente. Piquet mostrava seu carro nos espelhos de Senna, mas o piloto da Lotus não fazia muito esforço para segurar seu compatriota e desafeto, enquanto Prost assistia a tudo de camarote. Na volta 42, numa corrida solitária, Keke Rosberg abandona sua antepenúltima corrida na F1 com o motor estourado. Se hoje se reclama da falta de ultrapassagens, trinta anos atrás isso aconteceu em Estoril e mesmo com um carro melhor, Piquet ficava teimosamente atrás de Senna. Na briga pela quinta posição, Berger e Johansson se engalfinham na curva 2 e ambos saem da pista. Berger teve que abandonar no local, enquanto o sueco da Ferrari, que seria substituído justamente por Berger em 1987, continuava na corrida, mas perdendo o lugar para Alboreto.

Piquet já estava há mais de trinta voltas atrás de Senna e sem muito espaço para resfriar os freios, o brasileiro da Williams pagaria o tempo em que ficou colado na Lotus. Na volta 64, faltando apenas seis para o final, Piquet rodou no final da pequena reta oposta, claramente com problemas nos freios. O pilotos da Williams dá um cavalo de pau e retorna à pista, mas atrás de Prost, que assumia o terceiro lugar. Numa corrida dominante, Mansell marcou a volta mais rápida da corrida e já tinha quase 20s de vantagem para Senna, que tinha Prost próximo, mas o francês não parecia oferecer perigo. Quem poderia lhe atrapalhar Senna era o consumo de combustível. O computador de bordo da Lotus mostrava que Senna poderia ir até o final da corrida sem maiores problemas, mas na metade da volta final, o brasileiro perdeu totalmente suas chances no campeonato ao ficar sem gasolina e terminar em quarto. Com isso, Prost assumia o segundo lugar e ganhava dois pontinhos essenciais, o mesmo acontecendo com Piquet. A corrida dominante e a possibilidade de Mansell ser campeão já no México, na próxima etapa, desanimou ainda mais Prost, que no dia seguinte foi enterrar seu irmão. Com este sucesso, a Williams ganhou seu terceiro título de construtores e a Honda o seu primeiro. Felicidade para uma montadora, tristeza para outra. Na segunda-feira, com o fracasso das negociações com a McLaren, a Renault anunciou que estaria abandonando a F1 em 1987 como fornecedora de motores. Numa corrida sem muitas emoções, Mansell parecia ser o grande favorito à vencer o campeonato, mas ainda havia muito a acontecer naquele certame histórico, mas aquele dia ficou mais marcado por uma das fotos mais famosas e marcantes da história da F1.

Chegada:
1) Mansell
2) Prost
3) Piquet
4) Senna
5) Alboreto
6) Johansson

terça-feira, 20 de setembro de 2016

História: 45 anos do Grande Prêmio do Canadá de 1971

Com a temporada de 1971 definida, a F1 cruzou o Atlântico para as corridas finais da temporada, onde se retornava à Mosport Park, no lugar do apreciado e perigoso circuito de Mont-Tremblant. Num campeonato amplamente dominado por Stewart, a briga pelo vice-campeonato estava muito apertada e envolvendo vários pilotos, mas naquele momento, Peterson estava em segundo lugar, mesmo sem conquistar uma única vitória em sua primeira temporada completa na F1. Chegando na America, Colin Chapman descobre que seu braço-direito Maurice Philippe tinha abandonado a Lotus para se juntar à equipe de Parnelli Jones, levando consigo três mecânicos. Num ano ruim para a Lotus, pelo menos Chapman segurou Emerson Fittipaldi, que estava sendo assediado pela Ferrari. A McLaren tinha a volta de Denny Hulme e entregaria um segundo carro, aos cuidados de Roger Penske, ao novato Mark Donohue, já contando com 34 anos, mas com um belo cartel nas corridas americanas.

O final de semana em Mosport Mark foi marcado pela instabilidade climática, onde choveu na sexta pela manhã e os pilotos não puderam marcar bons tempos também na sexta-feira à tarde e no sábado. Os tempos eram bem apertados, mas Stewart finalmente conseguiu sua quinta pole na temporada, com dois décimos à frente de Siffert. Cevert completava a primeira fila, tomando quatro décimos do seu companheiro de equipe. Fittipaldi era quarto, à frente de um descontente Amon, reclamando bastante do seu Matra, seguido pelos dois suecos Peterson e Wisell. O grande desempenho vinha de Donohue, que em sua primeira corrida conseguia um bom oitavo lugar, batendo seu experiente companheiro de equipe, Hulme, enquanto a Ferrari sofria em terras canadenses e não colocava nenhum dos seus três carros no top-10.

Grid:
1) Stewart (Tyrrell) - 1:15.3
2) Siffert (BRM) - 1:15.5
3) Cevert (Tyrrell) - 1:15.7
4) Fittipaldi (Lotus) - 1:16.1
5) Amon (Matra) - 1:16.1
6) Peterson (March) - 1:16.2
7) Wisell (Lotus) - 1:16.3
8) Donohue (McLaren) - 1:16.3
9) Ganley (BRM) - 1:16.3
10) Hulme (McLaren) - 1:16.4

O dia 19 de setembro de 1971 amanheceu com um verdadeiro dilúvio em Ontario, cidade que abrigava o autódromo de Mosport Park e a pista estava extremamente molhada. No warm-up, Henri Pescarolo sofreu um sério acidente e se machucou levemente, o tirando da corrida. Na largada, sem safety-car, Stewart saiu muito bem na pista encharcada e se manteve em primeiro, seguido por Siffert, Peterson, Beltoise e Donohue que fez uma excelente largada, ao contrário Cevert. Para ajudar a vida de Stewart, Siffert sai da pista e cai para último, deixando um buraco para Peterson, outro que havia largado muito bem e já aparecia em segundo ao final da primeira volta.

Enquanto Stewart liderava, um trio de carros acompanhava o ritmo do escocês, enquanto o quinto colocado Fittipaldi ficava um pouco para trás. Donohue fazia uma corrida de estreia entusiasmante e acompanhava os líderes em quarto. Na volta 4, Peterson comete um pequeno erro e é ultrapassado por Beltoise, um ás em pista molhada, mas já 3s atrás de Stewart, outro grande piloto na chuva. Após quase sair da pista, Peterson volta a atacar e na sétima volta retoma a segunda posição de Beltoise, enquanto Donohue ficava isolado na quarta posição e Ickx, um dos primeiros 'Reis da Chuva' da história da F1, superava as deficiências de sua Ferrari em Mosport Park e ultrapassa Emerson para subir para quinto. A chuva continuava a cair forte e Stewart tinha dez segundos de vantagem em cima de Peterson, seguido de perto por Beltoise. Donohue vinha quarto, quinze segundos depois, com o pelotão bem espaçado. Peterson aumentou o ritmo e chega a diminuir seu déficit para 3s, mas o sueco erra novamente e de novo fica atrás de Beltoise. Na volta 15, Donohue vai aos boxes trocar sua viseira, mas com 30s de vantagem em cima de Ickx, o americano permanece em quarto. Na volta seguinte, os líderes se aproximam para colocar uma volta em Amon e Hulme, dois neozelandeses que detestavam correr na chuva. Amon deu passagem sem problemas, mas Hulme acabou fechando a porta de Beltoise, fazendo o francês sair da pista, bater e abandonar sua melhor corrida em 1971.

Com a chuva ainda muito forte, Peterson tentava um novo ataque em cima de Stewart, com os dois liderando a prova sozinhos. Na volta 20, o sueco finalmente consegue a ultrapassagem e imediatamente Peterson começa a abrir frente em cima de Stewart. O ritmo dos dois era tão forte, que somente até o quinto colocado Emerson Fittipaldi estava na mesma volta do líder Peterson. Quando a chuva começa a diminuir, a Stewart se aproxima de Peterson, reiniciando a bela batalha pela primeira posição, onde apenas eles e o estreante sensação Donohue estavam na mesma volta. Mesmo em condições difíceis, Peterson e Stewart imprimiam um ritmo muito forte e na volta 31, Stewart se aproveita do retardatário George Eaton e assume a primeira posição na freada da curva um. Peterson tenta resistir, mas acaba tocando em Eaton e sai da pista. Para sorte do sueco, ele não bate em nada e pode retornar à corrida confortavelmente em segundo, mesmo que 12s atrás de Jackie. Com a pista um pouco menos molhada, Ickx começa a sofrer com problemas de equilíbrio de sua Ferrari e era alcançado por Hulme, que tinha ultrapassado Emerson algumas voltas antes. Quando a chuva já tinha parado, Hulme assumia o quarto lugar na volta 36, enquanto Donohue dá uma pequena rodada, mas permanece em terceiro.

Com seus pneus em frangalhos, Ickx é facilmente ultrapassado pelas duas Lotus, com Wisell na frente de Fittipaldi. O sueco da Lotus sabia que estava dispensado da equipe e procurava um lugar para 1972, por isso, Wisell se esforçava mais do que o normal para mostrar seu talento para algum chefe de equipe. Os pneus Firestone de Peterson começavam a sofrer com o desgaste e Stewart, calçado com pneus Goodyear, aumentava sua vantagem para 25s. Porém, se a chuva tinha parado e até havia um trilho seco, uma névoa baixou sobre Mosport Park, reduzindo bastante a visibilidade dos pilotos, que passaram a andar até mais lento do que no início da corrida, com a pista encharcada. Com praticamente nenhuma preocupação com segurança, a corrida continuou normalmente. Alguns acham isso romântico, sendo que acho uma temeridade. Numa boa corrida de recuperação, mesmo em condições atrozes, Cevert consegue ultrapassar Ickx e Fittipaldi para assumir a sexta posição, enquanto a visibilidade piorava na medida em que a bandeirada se aproximava. Numa decisão inédita na história da F1, a corrida foi interrompida na volta 64 com bandeira vermelha, juntamente com a bandeira quadriculada. Porém, a corrida deveria ter sido parada há bem mais tempo. Jackie Stewart ganhou sua sexta corrida da temporada, mais uma vez demonstrando seu talento na chuva. Autor de uma corrida cheia de percalços, Peterson terminou em segundo lugar e garantiu o vice-campeonato. Em sua primeira corrida na Fórmula 1, Donohue obteve o terceiro lugar e, assim, dava a McLaren seu primeiro pódio na temporada. Hulme terminou em quarto lugar, já uma volta atrás de Stewart, marcando seus primeiros pontos desde o Grande Prêmio de Mônaco. Wisell e Cevert marcaram os últimos pontos. A vitória de Stewart na pista molhada marca a grande vingança da Goodyear sobre a Firestone após o desastre do GP da Holanda. A marca de Akron dominado seu concorrente, colocando quatro pilotos entre os seis primeiros. Em sua primeira temporada completa na F1, Peterson conseguia um incrível vice-campeonato, mostrando que ele era a maior revelação de 1971, num ano amplamente dominado por Stewart, com a ajuda providencial da Goodyear no Canadá.

Chegada:
1) Stewart
2) Peterson
3) Donohue
4) Hulme
5) Wisell
6) Cevert

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Figura(CIN): Nico Rosberg

Um ano atrás, a Mercedes sofreu sua derrota mais enfática desde que passou a dominar a F1, em 2014. Os alemães sabiam que a pisa de Cingapura seria difícil e que o domínio mostrado em outras pistas não seria repetido. O final de semana começou e o que se viu foi o trio de ferro (Mercedes, Red Bull e Ferrari) separados por menos de 1s. A Mercedes teria trabalho, mas a marca da estrela de três pontas contou com a inspiração de Nico Rosberg para novamente vencer em 2016. Mesmo no inesquecível começo de temporada, Nico não tinha um final de semana tão forte como nas ruas cingapurianas. Rosberg dominou tendo ainda o melhor carro, mesmo que não de forma disparada como em outras glebas, com o alemão colocando incríveis sete décimos em cima do companheiro de equipe na classificação, algo que em condições normais, não é visto muitas vezes. Na corrida, Nico exorcizou fantasmas com uma boa largada e dominava a corrida, quando a estratégia se fez presente. De piloto dominante em toda a corrida, Nico Rosberg se tornou a caça, com Daniel Ricciardo chegando a tirar 3s por volta nas voltas finais. Com sua confiança em alta, Nico teve a frieza de não errar e segurar com categoria a pressão do australiano, completando sua terceira vitória consecutiva e reassumindo a ponta do campeonato. Nico Rosberg voltou a exalar a confiança dos seus melhores tempos e mesmo não tenho o mesmo talento de Hamilton, pode dar bastante trabalho ao seu companheiro de equipe. Principalmente se tiver outros finais de semana como em Cingapura.

Figurão(CIN): Lewis Hamilton

O inglês da Mercedes esteve simplesmente irreconhecível nas ruas de Cingapura. Hamilton teve um final de semana raro, onde foi inteiramente dominado por Nico Rosberg e em nenhum momento brigou pela vitória, tendo que mudar a sua estratégia para ficar com o pódio. Hamilton começou com o pé esquerdo em Cingapura quando teve problemas mecânicos em seu carro na sexta-feira, tirando precioso tempo de pista no difícil e seletivo circuito de rua cingapuriano. Porém, Lewis já superou momentos assim com seu inegável talento, mas o inglês nunca esteve no nível do seu companheiro de equipe, tomando quase sete décimos de Nico na classificação, tendo que se conformar com a segunda fila. Nunca tendo posição para atacar o segundo colocado Daniel Ricciardo, Hamilton sempre teve o quarto colocado Kimi Raikkonen mais próximo e o piloto da Ferrari aproveitou um erro de Hamilton para deixar o piloto da Mercedes fora do pódio. Foi preciso a Mercedes mudar de estratégia para que Hamilton (combinado pela hesitação da Ferrari) para que o inglês assegurasse o terceiro lugar e diminuísse um pouco seu prejuízo no campeonato, já que Nico Rosberg venceu pela terceira vez consecutiva e reassumiu a liderança, voltando a mostrar a confiança que parecia perdida. Mesmo tendo totais condições de novamente virar o campeonato nas seis corridas restantes, Lewis Hamilton foi o grande perdedor do final de semana.

domingo, 18 de setembro de 2016

E o melhor venceu

Nos últimos anos, a Indy veio se notabilizando por corridas lotéricas, onde quem vencia não era o melhor piloto, mas quem estava no momento certo quando bandeira amarela viesse. A tradicional Penske sempre dominava nas classificações, mas bandeiras amarelas na hora errada atrapalhavam seus pilotos, sendo que muitas vezes, eram bandeiras amarelas marotas, como aconteceu ano passado na decisão do campeonato em Sonoma, tirando um título praticamente certo de Montoya e indo para Scott Dixon. Simon Pagenaud foi o melhor piloto da temporada 2016, com sete poles e quatro vitórias ao longo do ano, mas o cartel do francês da Penske poderia ser muito melhor, se não fossem azares ao longo da temporada.

Mesmo assim, Pagenaud precisava apenas de um quinto lugar para se sagrar campeão, independentemente do que fizesse seu rival pelo título, o companheiro de equipe Will Power. O domínio da Penske ficou genuíno na classificação, com seus quatro carros ocupando as duas primeiras filas, com Pagenaud na pole e Power em quarto. Na bandeira verde, Montoya não ofereceu muita resistência à Power, mas o australiano não parecia ter força (desculpem o trocadilho...) para atacar Castroneves, enquanto Pagenaud disparava na frente, com o melhor carro da pista arenosa de Sonoma. Na primeira rodada de paradas, Power deu o bote e ficou à frente de Helio, mas Pagenaud dominava a prova.

Antes da corrida, Power disse que só teria chances de título se houvesse uma corrida movimentada, ou seja, com várias bandeiras amarelas que poderiam causar o alvoroço habitual nas corridas da Indy. Infelizmente para Power, que fez uma ótima temporada, onde não correu na primeira prova e ainda chegou à última corrida brigando pelo título, a única bandeira amarela da prova de Sonoma foi causada por ele, quando um problema eletrônico no câmbio deixou Power parado no meio da pista. Antes da metade da prova, Simon Pagenaud já era campeão!

A bandeira amarela atrapalhou a estratégia de Castroneves, que vinha numa tática diferente para dar o pulo do gato em cima de Pagenaud e ganhar pela primeira vez em 2016. A maioria dos pilotos, incluindo Pagenaud, diminuíram seus ritmos para fazer uma parada a menos, enquanto Helio era o piloto mais rápido da pista, pois teria que parar uma vez mais. Quando Helio parou, Pagenaud ainda teve que aguentar Graham Rahal fungando em seu cangote, mas o talentoso francês segurou bem a pressão e venceu pela quinta vez esse ano, garantindo o campeonato em grande estilo.

Com 32 anos de idade, Simon Pagenaud fez toda a carreira na Europa, até se mudar para os Estados Unidos em meados da década passada, incentivado por Sebastien Bourdais, que foi uma espécie de tutor para ele, mas com a Indy em baixa na época, Pagenaud correu em categorias de protótipos, sendo companheiro de equipe de Gil de Ferran, no final da carreira do brasileiro. Bem relacionado com a Penske, Gil indicou Pagenaud, que começou na Indy em 2008 na equipe Dragon, do filho de Roger Penske. Após se destacar em equipes médias, Pagenaud foi contratado ano passado pela Penske. A primeira temporada do francês na tradicional equipe Penske foi difícil, muitas vezes sendo superado pelos experientes Montoya, Power e Castroneves. Contudo, Pagenaud pareceu ter aprendido a lição e teve um 2016 exemplar, vencendo várias corridas consecutivas, além de muitas poles. As corridas lotéricas tiraram algumas vitórias de Pagenaud, que viu o crescimento de Power nas corridas finais. 

Pagenaud chegou com boa vantagem em Sonoma e os deuses do automobilismo fez com que a decisão da Indy tivesse uma corrida fluída e com somente uma bandeira amarela, coroando Pagenaud, que foi o melhor piloto de 2016. A Penske mostrou seu domínio na Indy com três pilotos (Pagenaud, Power e Castroneves) nas três primeiras posições. Numa temporada horrorosa, Montoya parece estar de saída da equipe. A Ganassi não repetiu as performances espetaculares de Dixon e ficou para trás, o mesmo acontecendo com a equipe Andretti, mesmo Alexander Rossi tendo vencido as 500 Milhas de Indianapolis. A temporada que vem deverá ser marcada por uma paulatina renovação das equipes principais. O quarentão Montoya pode estar cedendo sua posição para o jovem e carismático americano Josef Newgarden na Penske, enquanto Kanaan, que decepcionou em seu segundo ano na Ganassi, pode estar saindo da equipe, que também está perdendo o tradicional patrocínio da Target. Helio Castroneves, fazendo hora extra na Penske, deverá ter mais uma chance da melhor equipe da América, onde viu quatro companheiros de equipe serem campeões e ele não. Só espero que a dinâmica das corridas da Indy mude, pois a categoria já é competitiva por natureza e não precisa de corridas lotéricas para que vários pilotos vençam corridas.

Mesmo com as várias injustiças ao longo da temporada, a Indy coroou o melhor piloto da temporada, Simon Pagenaud.   

Tabuleiro quente

Na tórrida Cingapura, não tivemos uma corrida empolgante, mas não deu para sair da frente da TV com a quantidade de estratégias que aconteciam na longa corrida cingapuriana. Os quatro primeiros que completaram a primeira volta receberam a bandeirada na mesma ordem, mas em nenhum momento, tirando os momentos de parada, os quatro primeiros ficaram separados mais do que 20s. No tabuleiro de xadrez que se transformou a corrida de hoje, Nico Rosberg deu o xeque-mate e venceu numa estratégia diferente e arriscada, pois muito provavelmente, seria ultrapassado por Ricciardo se a prova tivesse uma ou duas voltas a mais, com o australiano seguindo o 'plano B' de Hamilton para empreender uma empolgante perseguição nas ruas de Cingapura, ficando menos de 1s de Rosberg na bandeirada. Numa noite apagada, Hamilton ainda salvou um terceiro lugar ante o apagão de Ferrari, que não soube reagir quando a Mercedes mudou a estratégia de Hamilton, mas se perdeu o pódio para Lewis, a Ferrari compensou com a bela corrida de Vettel, em quinto após largar em último.

A largada começou compatível com a alta temperatura em Cingapura, com Verstappen largando muito mal e provocando um perigoso acidente, onde a única vítima foi, por sorte, Nico Hulkenberg, mantendo a tradição do safety-car entrar pelo menos uma vez em toda a corrida em Cingapura. Rosberg, Ricciardo, Hamilton e Raikkonen relargaram muito bem e fizeram uma corrida a parte onde, se não estiveram colados o tempo todo, a estratégia foi essencial para que mantivessem (ou não) suas posições. Nico Rosberg liderou de ponta a ponta, numa corrida que não foi soberana, por uma tática arriscada, onde preferiu ficar na pista com pneus macios nas doze voltas finais, enquanto Ricciardo andava 2s mais rápido com pneus supermacios. A Red Bull chegou a calcular que Ricciardo estaria na traseira de Nico quando estivessem faltando quatro voltas, mas os estrategistas da Red Bull esqueceram de combinar com os retardatários e erraram por três voltas, pois Ricciardo só colou em Rosberg na última volta, quando pouco ou quase nada podia ser feito. Foi um final de semana brilhante de Nico Rosberg, provavelmente o seu melhor em 2016, mesmo na época em venceu as quatro primeiras corridas do ano. Numa rara oportunidade onde Red Bull e Ferrari estavam no mesmo ritmo da Mercedes, Nico soube manter a soberania da equipe prateada numa pista em que no ano passado, não se mostrou favorável à Mercedes. Nico liderou dois treinos livres, colocou sete décimos em cima de Hamilton na classificação, liderou praticamente de ponta a ponta e reassumiu a liderança do campeonato, deixando a disputa particular dentro da equipe Mercedes ainda mais quente. Hamilton manteve a regularidade do final de semana, onde em nenhum momento foi o piloto empolgante das outras corridas e só conseguiu o pódio quando a Mercedes resolveu mudar sua estratégia. Ultrapassado por Raikkonen após errar, Lewis empreendeu o plano B da Mercedes e com uma terceira parada, superou Kimi nos boxes, mudando a cara da corrida logo em seguida, por muito pouco não atrapalhando seu rival pelo título. Porém, Hamilton foi o grande derrotado do final de semana e terá que obter uma vitória enfática na Malásia, se quiser virar o jogo psicologicamente em cima de Rosberg.

Daniel Ricciardo foi outro grande destaque da corrida, onde só foi ameaçado brevemente por Hamilton na relargada, mas depois disso, só viu o inglês de longe dos retrovisores. Mesmo a Mercedes tendo problemas nos freios, Ricciardo parecia não ter força para superar um inspirado Nico Rosberg, mas foi para se defender de um pretenso ataque de Hamilton, quando este mudou de estratégia, que Ricciardo começou sua emocionante caça em cima de Rosberg. Nas primeiras voltas com pneus supermacios, o australiano chegou a andar 3s mais rápido do que Rosberg. A Red Bull mandou o recado: Daniel ainda teria quatro voltas para ultrapassar Rosberg. Porém, os retardatários fizeram com que Ricciardo perdesse mais de 1s em uma volta, exatamente a diferença que tinha para Rosberg quando cruzou a bandeirada em segundo. Uma bela corrida de Ricciardo, ao contrário de Verstappen, que se complicou novamente na largada, causando involuntariamente o acidente de Hulkenberg, mas poderia ser pior, pois o alemão da Force India cruzou bem na frente do carro do holandês. Usando sua agressividade usual, Verstappen partiu para cima dos adversários, mas não teria muitos 'amigos' pela frente. Primeiro, Carlos Sainz antigo companheiro de equipe na Toro Rosso, onde não tinha bom relacionamento. O espanhol precisou ir aos boxes para conserto e Max deu de cara com Kvyat, piloto sacado da Red Bull para que ele assumisse o lugar do russo. Como esperado, meio que para mostrar para a Red Bull e o mundo o que poderia fazer, Kvyat não aliviou e a briga entre os dois foi um dos pontos altos da corrida, com vantagem para Kvyat. Verstappen teve que usar a estratégia e do seu talento para ainda salvar um sexto lugar, só ultrapassando Kvyat quando o russo precisou ceder sua posição à Perez, por ter feito a manobra fora da pista, só que Verstappen já tinha passado o mexicano. Se antes Ricciardo parecia incomodado com Verstappen, agora parece ser o jovem holandês que se vê superado por um Ricciardo renascido nessa metade de temporada.

Raikkonen poderia ter colocado ainda mais sabor ao campeonato se tivesse permanecido na frente de Hamilton, conseguindo um pódio após um bom tempo. Kimi esteve próximo de Hamilton quando o inglês errou e assumiu o terceiro lugar. Com problemas nos freios e sem força para ultrapassar, Lewis mudou de estratégia e com pneus supermacios voava na pista, enquanto a Ferrari ainda decidia o que fazer. Essa indecisão, que pegou até mesmo Raikkonen de surpresa, fez com que Kimi perdesse nos boxes a posição ganha na pista e mesmo tendo os pneus ultramacios, não foi capaz de ameaçar Hamilton nas voltas finais. Lembram da equipe comandada por Ross Brawn, que vencia corridas na estratégia? Ficou só na lembrança. Se erraram com Raikkonen, acertaram com Vettel, que subiu de último para quinto lugar pela estratégia, onde o alemão nem precisou fazer muitas ultrapassagens para superar seus rivais rumo a melhor posição possível para a posição de grid de Vettel. Alonso se aproveitou da confusão da largada e chegou a andar em quinto lugar, mas o espanhol não pôde segurar Vettel e Verstappen, tendo que se conformar com um forte sétimo lugar, colocando a McLaren como a melhor do resto, após o atual trio de ferro da F1. Pérez se recuperou de sua punição na classificação por não ter respeitado bandeiras amarelas no Q2 e foi oitavo, superando Kvyat no final, na melhor corrida do russo desde que foi rebaixado para a Toro Rosso. Numa pista onde a potência e a aerodinâmica não é tão importante, Kevin Magnussen levou o horroroso carro da Renault de volta aos pontos, sendo décimo. Como a montadora francesa está louquinha para se livrar dos seus pilotos, Magnussen pode ter dado um importante passo para manter seu assento em 2017, vide outra corrida ruim de Palmer. Gutierrez mais uma vez ficou na bica de marcar seu primeiro ponto do ano, numa corrida onde a Haas viu Grosjean sequer largar, com problemas em seu carro. Na briga interna da Sauber, Nasr deu um verdadeiro banho em cima de Ericsson, enquanto Wehrlein superou por muito Ocon. A Williams teve outra corrida para esquecer. Bottas teve o pneu furado, pegando o rescaldo do acidente da largada e até problema de cinto solto o finlandês teve, antes de abandonar. Massa fez uma corrida discreta, condizendo com o ritmo do carro e mesmo largando em décimo, não marcou pontos. Mesmo com um carro da Force India abandonando na largada, a Williams foi ultrapassada pela equipe hindu no Mundial de Construtores, enquanto Massa já vê Fernando Alonso, com sua anêmica McLaren-Honda, bem próxima do Mundial de Pilotos.

Em quinze corridas, a Mercedes já venceu quatorze e talvez na melhor chance de Red Bull ou Ferrari baterem os alemães, Nico Rosberg esteve simplesmente brilhante para acabar com os sonhos de Ricciardo, Vettel e companhia. Podemos estar vendo uma temporada histórica, onde a Mercedes poderá repetir a recorde da McLaren em 1988, onde só perdeu uma corrida no ano inteiro, sendo que 28 anos atrás, haviam apenas 16 provas e em 2016, são 21. Um feito e tanto, ainda mais com seus dois pilotos brigando verdadeiramente pelo título.

sábado, 17 de setembro de 2016

Nico em dia de Lewis

As duas vitórias consecutivas parecem ter feito muito bem à Nico Rosberg. O alemão de Mercedes teve uma classificação bem parecida com o do seu companheiro de equipe normalmente faz e amassou a concorrência, até porque Hamilton esteve bastante apagado, sendo superado no final por Ricciardo, não estando na primeira fila do grid numa classificação normal após muito tempo.

Além da classificação ruim de Hamilton, que errou duas vezes em sua volta final do Q3, outro destaque foi o problema mecânico de Sebastian Vettel anda no Q1, que fará o piloto da Ferrari largar em último amanhã, após largar na pole em Cingapura um ano antes. Vettel está longe de repetir o bom ano que teve em 2015 e a própria Ferrari não acompanhou o desempenho do ano passado, quando Vettel venceu com uma surpreendente autoridade. Era esperado uma Red Bull mais próxima da Mercedes e apesar de Ricciardo ter superado Hamilton, o australiano ainda tomou meio segundo de Rosberg, enquanto Verstappen ficou em quarto, mas separado por centésimos de Hamilton. Atualmente terceira força do grid, Raikkonen pôs a Ferrari em quinto, com a Toro Rosso, com os motores italianos de 2015 bem na fita. A McLaren chegou falando grosso em Cingapura, dizendo que poderia até mesmo brigar com a Ferrari para ser a terceira força, mas o máximo que conseguiram foi colocar Alonso no Q3, com o espanhol separando os dois carros da Force India para ser nono. Diga-se de passagem, o final do Q2 foi bem polêmico, até mesmo atrasando o Q3, com a dupla da Force India superando a dupla da Williams, numa situação clara de bandeira amarela, após Romain Grosjean bater na barreira de pneus. Numa disputa tão acirrada entre as duas equipes, largar na frente em um circuito de difícil ultrapassagem pode ser um diferencial e a Force India saiu na frente.

A corrida de amanhã será a mais longa da temporada, num circuito seletivo e com um clima, mesmo de noite, inclemente. Dos novos circuitos, Cingapura entrou no gosto da F1 por causa de sua identidade própria, como o fato de sempre um safety-car (fake ou não) entrar na pista em algum momento, além do fator cansaço dos pilotos entrarem na baila. A Red Bull largará com seus dois pilotos com pneus supermacios, enquanto a Mercedes sairá com os ultramacios. Porém, do jeito que Nico Rosberg está andando nesse final de semana, será difícil o alemão não ir para a vizinha Malásia semana que vem líder do campeonato.  

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Início de um mito

Quinze anos atrás, tinha matado aula na faculdade para assistir os treinos da F1 em Monza e logo depois, a Indy na Alemanha. Vivíamos dias históricos pelos piores motivos, pois na terça-feira tinha acontecido o 11 de Setembro e de um dia comum, aquela terça se tornou histórica. O mesmo acontecendo nos dias seguintes.

A Indy retornaria à Europa após vários anos, mas a corrida quase não aconteceu não pelo medo de algum ato terrorista, mas principalmente porque o espaço aéreo americano ficou fechado alguns dias e as equipes chegaram na Alemanha em cima da hora. Não faltaram homenagens e tudo que ninguém queria ver era algo de ruim acontecer. Mas infelizmente aconteceu...

Zanardi vinha fazendo uma temporada apagada em seu retorno à CART e era especulado que o italiano iria se aposentar no final do ano, se juntando à Mika Hakkinen, que tinha anunciado sua aposentadoria da F1 no final de 2001 naquele sábado. Porém, o italiano que corria pela equipe de Morris Nunn estava liderando a prova em Lausitzring, mas precisou fazer um splash-and-go quando faltavam poucas voltas. Zanardi saiu dos boxes quase uma volta atrás do líder de Kenny Brack, mas com um bom carro, Alex poderia voltar e tentar ganhar mais algumas posições. Talvez na ânsia disso, Zanardi não economizou no acelerador na saída dos boxes e com os pneus frios, Alex rodou e, pior, foi para o meio da pista. Patrick Carpentier passou perto, mas Tagliani acertou bem no meio do carro de Zanardi. Me lembro que dei um pulo do chão, pois tinha (e ainda tenho) a mania de assistir TV deitado.

A câmera logo distanciou seu foco, mas quando mostraram a retirada de Zanardi do carro, era perceptível o sangue na pista. Emerson Fittipaldi e André Ribeiro estavam nos comentários da corrida e estavam claramente emocionados. A corrida foi encerrada, assim como a transmissão da TV Record. Como não haviam smartphones, corri para o PC e me conectei à Internet discada, já que era começo de tarde e os pulsos não seriam um incômodo. O Globoesporte deu a informação em tom fúnebre. 'O piloto Alessandro Zanardi sofreu um acidente muito grave na Indy', noticiou Mylena Ciribelli. As notícias caíam à conta gotas. Passei a tarde na frente do PC, mas as notícias não vinham. Lá pelas cinco da tarde, veio a notícia de que Zanardi tinha perdido as pernas e seu estado era muito grave.

Me lembrei do jeito alegre de Zanardi, de como ele corria com coração e de como não tinha entendido como ele havia fracassado na F1 em 1999. A F1 teve sua corrida no dia seguinte em tom ainda mais triste, porém, os dias foram passando e as notícias sobre Zanardi eram, na medida do possível, boas. Ele estava alegre e se sentia desafiado. Zanardi voltou às pistas e venceu no WTCC. O italiano poderia ser uma pessoa amargurada, mas sua alegria contagiante o transformou em mais do que um campeão. Mais do que um piloto. Mas num super-homem. Que acaba de ganhar sua segunda medalha paralímpica no Rio. Mito.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Mito

O que dizer desse cara? No local onde conquistou sua primeira pole na Indy, iniciando sua trajetória rumo a história da categoria, Alessandro Zanardi conquistou mais uma medalha de ouro paralímpica. Um feito, sem dúvida. Mais um!

terça-feira, 13 de setembro de 2016

História: 35 anos do Grande Prêmio da Itália de 1981

Após um ano em Ímola, o Grande Prêmio da Itália retornava ao seu lar habitual, no templo da velocidade de Monza. Como sempre, os tifosi lotavam as instalações (incluindo árvores e placas publicitárias...) para torcer para os pilotos da Ferrari, principalmente para Gilles Villeneuve, que com sua destreza atrás do volante de sua Ferrari número 27, se tornava um dos pilotos mais populares da Ferrari em todos os tempos. Alan Jones chegou à Itália com sua mão enfaixada, pois o australiano tinha dois dedos quebrados da mão esquerda, mas engana-se que o problema de Jones fosse um acidente em algum teste. Alan tinha arranjado uma briga na Inglaterra e o resultado da confusão era esse. Eram outros tempos... 

A Renault dominou a classificação, com Arnoux conseguindo a pole, mas Prost acabou tendo pequenos contratempos mecânicos, além de um entrevero com Andrea de Cesaris e o francês teve que se contentar com o terceiro lugar. Carlos Reutemann foi o autor da proeza de se meter entre os carros da Renault, sendo o primeiro a fazê-lo desde o Grande Prêmio da França. Prejudicado pelos dedos machucados, Jones conseguiu o quinto lugar, correndo com o carro reserva, enquanto Laffite ficava na segunda fila ao lado de Prost. Piquet era apenas o sexto após uma saída de pista na tarde de sábado. Pironi bateu violentamente numa das curvas de Lesmo na sexta-feira e machucou as costelas, mas o francês da Ferrari ainda era o oitavo, à frente de Villeneuve que quebrou vários motores. Na noite de sábado, deixando o circuito, Jean-Pierre Jarier sofreu um acidente de trânsito, onde ele ficou ileso, mas um ciclista foi morto. Apesar de afetado emocionalmente, o piloto francês decidiu participar da corrida.

Grid:
1) Arnoux (Renault) - 1:33.467
2) Reutemann (Williams) - 1:34.140
3) Prost (Renault) - 1:34.374
4) Laffite (Ligier) - 1:35.062
5) Jones (Williams) - 1:35.359
6) Piquet (Brabham) - 1:35.449
7) Watson (McLaren) - 1:35.557
8) Pironi (Ferrari) - 1:35.596
9) Villeneuve (Ferrari) - 1:35.627
10) Giacomelli (Alfa Romeo) - 1:35.946

O dia 13 de setembro de 1981 amanheceu nublado e com chuva em Monza, num clima atípico nessa época do ano na região. A pista estava seca na hora da largada, mas havia a previsão de mais chuva durante a corrida, numa situação bastante atípica do Grande Prêmio da Itália. Antes da largada, Balestre reuniu-se rapidamente com os pilotos, ameaçando-os com punições se houvessem acidentes na primeira curva, como aconteceu em Zandvoort. Prost larga muito bem da segunda fila e ultrapassa facilmente Reutemann e logo depois ultrapassa Arnoux por dentro da primeira chicane. Reutemann ultrapassa Arnoux na Curva Grande e na freada para a segunda chicane Pironi, que havia feito uma ótima largada, passa pelo compatriota. O piloto da Ferrari, em seguida, partiu para cima de Reutemann e tomou o segundo lugar do argentino na Variante Ascari.

Prost já abria dois segundos de frente em cima de Pironi, enquanto Reutemann, Laffite e Arnoux vinham logo atrás da Ferrari. Villeneuve ultrapassa Jones na primeira chicane da segunda volta, mas a corrida do canadense dura até a sexta volta, com o turbo quebrado. Por sinal, mais um. Após um início de corrida tímido, Arnoux começa a atacar seus adversários e em duas voltas, o piloto da Renault recupera a segunda posição com ultrapassagens em cima de Pironi e Reutemann, mas Arnoux já tinha 5s de déficit para Prost. Quando Laffite ultrapassa Reutemann na quinta volta na curva Parabolica, a França ocupava as quatro primeiras posições. Porém, Pironi perdia rendimento e era ultrapassado por Reutemann, que imediatamente ataca Laffite, na briga pela terceira posição. O piloto da Ligier tinha um furo lento e começava a perder rendimento, ultrapassado por Laffite e logo teria a companhia de Jones e Piquet, trazendo a boa surpresa da corrida, Bruno Giacomelli. Na volta 12, o pneu traseiro esquerdo de Laffite explodiu e o francês teve que abandonar. Quando deixaram Laffite e Pironi para trás, a dupla Jones e Piquet imediatamente partiu para cima de Reutemann, que vinha 11s atrás dos líderes. Porém, a dobradinha da Renault seria terminada de forma boba. Arnoux se preparava para colocar uma volta em Eddie Cheever, quando o americano rodou na primeira chicane. Tentando desviar da Tyrrell do americano, Arnoux saiu da pista e ficou preso na brita, deixando Prost com uma boa diferença para o trio que brigava pelo campeonato, que agora lutavam pelo segundo lugar.

Na volta 12, Jones consegue ultrapassar o desafeto Reutemann bem no momento em que a chuva dá as caras em Monza, porém, a precipitação não era forte e estava localizada principalmente na Parabolica. Os pilotos passaram a correr com cuidado no local, mas os líderes não foram aos boxes trocar de pneus. Nervoso desde o início do final de semana com o fim de sua vantagem no campeonato, Reutemann diminui muito o ritmo na chuva e perde várias posições, enquanto Giacomelli já ameaçava o terceiro lugar de Piquet. Correndo em casa, Giacomelli ultrapassa Piquet e ensaiava uma aproximação em cima de Jones, bem no momento em que a chuva parou. Na volta 20, Watson perdeu o controle de sua McLaren após as curvas de Lesmo e o irlandês bateu de traseira com tamanha violência, que a McLaren se partiu ao meio, fazendo com que o tanque estourasse e a pista ficasse com fogo no local. Por incrível que pareça, Watson saiu do que sobrou do seu carro ileso, enquanto os carros que vinham atrás desviavam dos detroços e Andretti aproveitava para ultrapassar um apático Reutemann. Para sorte de Watson, o McLaren MP4/1 era o primeiro feito em fibra de carbono e o irlandês devia ter saído sozinho do seu carro após tamanho susto! Patrick Tambay, na segunda Ligier, fazia uma excelente corrida e antes do acidente com Watson, o francês tinha acabado de ultrapassar Piquet e partia para cima de Giacomelli, na briga pela quarta posição. Infelizmente, Tambay acabou passando por cima de um detrito do carro de Watson e o piloto da Ligier teve o pneu traseira esquerdo furado, fazendo Tambay rodar e abandonar a corrida na volta 23. Três voltas mais tarde, outro destaque da corrida entra lentamente nos boxes com seu Alfa Romeo com o câmbio quebrado. Era o terceiro colocado Bruno Giacomelli, em outra corrida azarada do italiano. Fazendo uma corrida de chegada, Piquet se aproveitou desses incidentes para subir para terceiro, mesmo acossado por Pironi e Andretti, mas como Reutemann era apenas sexto, Piquet estava reassumindo a liderança do campeonato se a corrida terminasse naquele momento.

Porém, na volta 30 a chuva voltou, desta vez com mais força e as equipes preparam pit-stops para os seus pilotos. Lembrando que era algo bastante atípico um piloto fazer uma troca de pneus 35 anos atrás. Porém, quatro voltas mais tarde a chuva cessa definitivamente e nenhum piloto precisou trocar de pneus, enquanto Reutemann, que havia escolhido um acerto para pista molhada, aproveita a situação de pista escorregadia para ultrapassar Andretti e subir para quinto. O acidente na sexta começava a afetar Pironi, que para piorar, tinha um buraco em seu cockpit. O piloto da Ferrari abranda o seu ritmo e passa a ser atacado por Reutemann, que consegue a ultrapassagem na volta 38. Tendo agora Piquet pela frente, Reutemann aumenta ainda mais o ritmo, mas Piquet responde ao marcar a volta mais rápida da corrida. Pironi perdia ainda mais ritmo e era ultrapassado por Elio de Angelis, quando a corrida chegou em suas voltas finais, com todos os líderes bastante separados entre si. Quando tudo levava a crer que a corrida terminaria assim, o motor de Piquet explode na volta final. O brasileiro ainda tentou levar seu carro até o fim, mas Piquet acabou estacionando seu Brabham após a Variante Ascari. Um duro golpe para Piquet, que estava prestes a tomar a liderança de Reutemann, que assumia a terceira posição da corrida. Alain Prost venceu sua terceira corrida na temporada, à frente das Williams de Jones e Reutemann. De Angelis terminou em quarto lugar, Pironi era quinto e salvava a honra da Scuderia na Itália e apesar de seu abandono, Piquet conseguiu marcar um ponto valioso. Prost era o primeiro francês a vencer três corridas numa mesma temporada na história da F1. Reutemann não participou do pódio, irritado com a Williams por não ter executado uma ordem de equipe que daria mais dois pontos para Reutemann, que faria muita diferença no campeonato. Mesmo se a Williams tivesse solicitado Jones a ceder passagem, dificilmente o australiano atenderia o chamado. Naquela noite, Alan Jones anunciaria que estaria se aposentando da F1 no final da temporada, desgastado com a política da F1. Numa corrida onde Prost dominou de forma absoluta, os pontos perdidos, cada um ao seu modo, faria muita diferença no campeonato.

Chegada:
1) Prost
2) Jones
3) Reutemann
4) De Angelis
5) Pironi
6) Piquet

domingo, 11 de setembro de 2016

Munrá, a volta de Pedrosa

As atuações anteriores de Daniel Pedrosa eram tão ruins, que a renovação do espanhol com a Repsol Honda surpreendeu a todos. O espanhol está na décima primeira temporada consecutiva com uma das equipes mais fortes da história da MotoGP, num lugar privilegiado e sempre correu com uma ótima moto. Porém, Pedrosa viu três companheiros de equipe serem campeões (Hayden, Stoner e Márquez) e já é, disparadamente, o piloto com mais vitórias na categoria principal sem um título. Em 2016 em particular, Pedrosa vem fazendo uma temporada horrorosa, onde até Misano, só tinha conquistado dois pódios e estava a quase cem pontos de distância de Márquez, líder do campeonato. Com a subida de desempenho de Cal Cruthlow, com uma Honda satélite, até mesmo aventou-se uma troca entre os dois pilotos, mesmo Pedrosa ter um contrato de dois (!) anos com a HRC.

Porém, Pedrosa esteve impressionante na pista italiana. Continuando sua temporada medíocre, Pedrosa foi apenas oitavo no grid, mas o espanhol da Honda tinha um ótimo ritmo e veio passando todo mundo. Num final de semana considerado normal, a MotoGP voltou a ver uma briga particular entre os pilotos oficiais de Yamaha e Honda, com Rossi liderando a maior parte da prova, após uma manobra agressiva em cima de Lorenzo, o poleman, ainda na segunda volta. Correndo em casa, Rossi queria muito a vitória, ainda pensando no campeonato, já que Márquez teve uma corrida bastante apagada hoje. Porém, Rossi e todo mundo não esperava por uma corrida brilhante de Pedrosa. Os pneus novamente foram fundamentais e o espanhol escolheu o composto mais mole a disposição, enquanto a dupla da Yamaha escolheu os duros e Márques ficou com os médios. Pedrosa assumiu a quarta posição após ultrapassar Viñales e sendo o piloto mais rápido na pista, foi ultrapassando quem via pela frente. Márquez e Lorenzo foram alvos fáceis. Com o apoio da torcida, Rossi esperava-se dar mais trabalho, mas Pedrosa atropelou o italiano já nas voltas finais e se tornou o oitavo vencedor diferente em oito corridas consecutivas, algo inédito na história do Mundial de Motovelocidade, na categoria principal.

Surpreendidos por Pedrosa, todos que vinham atrás do espanhol da Honda pareciam lamentar-se. Rossi abriu os braços após a bandeirada, meio que decepcionado com o segundo lugar. Lorenzo nem deu desculpa, enquanto Márquez, num distante quarto lugar e fora do pódio pela segunda corrida consecutiva, parecia não acreditar com o que fez Pedrosa. Desde Toni Elias na mítica corrida em Estoril no ano de 2006, um piloto não dava uma volta por cima tão grande como Daniel Pedrosa deu em Misano. Chamado por este blogueiro de múmia algumas vezes, Pedrosa deu uma de Munrá, o personagem dos Thundercats, e saiu de sua tumba forte como nos bons tempos e conseguiu uma vitória categórica. Se vai manter isso nas corridas seguintes, é difícil prever numa temporada tão cheia de reviravoltas e surpresas. E por isso mesmo, inesquecível.

sábado, 10 de setembro de 2016

História: 10 anos do Grande Prêmio da Itália de 2006

Durante todo o ano de 2006, havia a expectativa se Michael Schumacher se aposentaria ou não da F1. Após um domínio absurdo no começo da década, Schumacher via a ascensão dos jovens pilotos que o viram crescer (Alonso e Raikkonen) e com eles o alemão brigava pela primazia em 2006. Monza sempre foi o local onde a Ferrari anuncia seus pilotos para o próximo ano ou faz seus grandes anúncios. Os rumores indicavam que Raikkonen já havia sido contratado para 2007, mas restava saber se um 'dream team' seria formado, ou se Schumacher se aposentaria. Todas as dez equipes participaram de testes em Monza na semana anterior à corrida e tanto a Ferrari, como a Renault ficaram com os melhores tempos, indicando que novamente as duas rivais pelo título de 2006 ficariam com a primazia em Monza. 

Porém, foi Raikkonen quem conseguiu a pole por apenas dois milésimos de segundo em cima de Schumacher, transformando os aplausos dos tifosi em gemidos de consternação. No entanto, o alemão da Ferrari tinha um bom espaço entre ele e Alonso, que teve um pneu furado durante a classificação. Massa era quarto e Alonso sabia que o brasileiro faria de tudo para ajudar o companheiro de equipe na corrida. Heidfeld fez um grande trabalho para ser terceiro e conseguir a melhor classificação da história da equipe BMW até aquele momento, com Kubica em sétimo. Button conseguiu um razoável sexto lugar e Barrichello ficou três posições atrás, mas a Honda não parecia ter a mesma velocidade dos líderes. De la Rosa era oitavo e Fisichella estava em um decepcionante 10º lugar. Porém, após a classificação, foi anunciada uma punição em cima de Alonso por o espanhol ter supostamente atrapalhado Massa na volta do brasileiro. As imagens mostraram Alonso metros à frente de Massa, mas o 'parciais' comissários italianos da FIA resolveram punir o espanhol mesmo assim, o jogando para décimo no grid, numa das punições mais vergonhosas da história da F1, onde a paixão ficou muito à frente da razão.

Grid:
1) Raikkonen (McLaren) - 1:21.484
2) M.Schumacher (Ferrari) - 1:21.486
3) Heidfeld (BMW) - 1:21.653
4) Massa (Ferrari) - 1:21.704
5) Button (Honda) - 1:22.011
6) Kubica (BMW) - 1:22.258
7) De la Rosa (McLaren) - 1:22.280
8) Barrichello (Honda) - 1:22.787
9) Fisichella (Renault) - 1:23.175
10) Alonso (Renault) - 1:25.688

O dia 10 de setembro de 2006 estava claro e ensolarado, como costuma ser o Grande Prêmio da Itália em toda a sua história. Havia um clima de expectativa no ar em Monza, misturado com o constrangimento da punição de Alonso, numa clara patriotada dos italianos. Até mesmo Max Mosley parecia envergonhado com a situação, enquanto passeava pelo grid. A largada da corrida foi tranquila e todos passaram sem problemas na traiçoeira primeira curva de Monza, com Raikkonen ficando à frente de Schumacher. Kubica obteve uma grande largada e subiu para terceiro, fazendo o contrário o companheiro de equipe do polaco, Nick Heidfeld, que perdeu algumas posições, enquanto Alonso ganhava duas posições e subia para oitavo.

Durante a primeira volta, Massa passou por Heidfeld e Alonso ultrapassou a McLaren de De la Rosa. Numa corrida agressiva, Alonso partiu para cima de Heidfeld no final da primeira volta e ultrapassou o alemão cortando a chicane, mas ninguém teve a coragem de punir o espanhol mais uma vez depois da pataquada de sábado. Alonso já aparecia em sexto! Raikkonen e Schumacher dispararam na frente e Rosberg foi o primeiro abandono do dia, com um problema de transmissão. Atrás de Raikkonen e Schumacher vinha Kubica, que era muito pressionado por Massa, e então vinha Button, Alonso, Heidfeld e De la Rosa. Raikkonen marcou várias vezes a volta mais rápida, mas Michael estava no mesmo ritmo do nórdico, numa corrida sem muitas emoções. De la Rosa começou a primeira rodada de paradas na volta 15 e Raikkonen parou na seguinte, em seguida, Michael fez sua parada e o alemão voltou à frente de Raikkonen, numa de suas famosas ultrapassagens nos boxes. O hoje chamado undercut. Kubica assumiu a liderança pela primeira vez em sua curtíssima carreira na F1, enquanto Alonso ainda estava preso atrás de Button, sem chances de ultrapassagens sobre o inglês. Assim como seu rival pelo campeonato, Alonso só deixou Button para trás quando ambos fizeram suas paradas, sendo que Button quase bateu em Albers dentro dos boxes. Porém, provando o ótimo ritmo da BMW, Heidfeld emergiu à frente de Alonso e Button, mas o alemão acabaria punido por excesso de velocidade nos pits. Largando em terceiro, Heidfeld teve uma corrida para esquecer em Monza!

Quando os pilotos que iriam parar uma vez fizeram seu pit, a corrida voltou ao seu ritmo normal, numa prova sem muitas emoções, onde Schumacher abria com relação à Raikkonen, enquanto Kubica ainda aguentava os ataques de Massa, mas o brasileiro já tinha Alonso nos seus retrovisores. De la Rosa abandonou após rodar com sua McLaren bem no momento em que começava a segunda rodada de paradas. Raikkonen foi o primeiro a fazê-lo, retornando à pista logo atrás do trio Kubica-Massa-Alonso. Michael fez sua parada na volta seguinte e manteve a liderança, seguido por Massa logo depois. O brasileiro perdeu tempo para não ultrapassar Schumacher e não atrapalhar a corrida do alemão, mas acabaria prejudicado na sua briga pelo terceiro lugar. Kubica e Alonso fizeram a parada no mesmo momento de Michael e saíram lado a lado dos pits, com Alonso ficando em vantagem e subindo para um impressionante terceiro lugar, enquanto Massa caía para quinto. Infelizmente, os esforços de Alonso não deram em nada quando seu motor explodiu em uma enorme nuvem de fumaça na primeira curva da volta 43. Kubica conseguiu passar incólume a nuvem de fumaça, mas Massa travou os pneus e derrapou pela grama, acabando por furar o pneu dianteiro direito. Felipe teve que ir aos boxes e voltou em nono. Isso colocou Kubica de volta em terceiro e o quarto lugar era de Fisichella, que só parou uma vez. Vindo de trás e andando constantemente atrás de outros carros pode ter sido demais para o motor Renault, mas para a alegria da torcida italiana, que vibrou muito com a quebra da Renault, Alonso estava fora da corrida e prestes a perder a liderança do campeonato pela primeira vez em 2006.

Foi uma corrida mais animada fora do que dentro da pista e quando Michael Schumacher recebeu a bandeirada, haviam lágrimas nos boxes da Ferrari. O próprio alemão estava claramente emocionado no alto do pódio. Percebendo o momento, a TV Globo mostrou a entrevista coletiva, onde Schumacher confirmou o que todos suspeitavam e anunciou que aquela seria a sua última corrida em Monza. No mesmo momento, a Ferrari emitia um comunicado anunciando a contratação de Kimi Raikkonen e que Felipe Massa ficaria na equipe em 2007. Apesar de toda a polêmica pela punição em cima de Alonso, a F1 esqueceu um pouco o campeonato e reverenciou Michael Schumacher por toda a sua gloriosa carreira. A vitória de número 90 de Michael Schumacher teria que ser mesmo em Monza, lar espiritual da Ferrari e, por que não?, segunda casa de Michael. Uma geração nova estava chegando e o primeiro pódio de Kubica na F1 era um claro indicativo disso. Schumacher também mencionou Massa para tomar a sua decisão e dez anos depois, o brasileiro repetiria o seu amigo e anunciaria sua aposentadoria em Monza. Ninguém poderia prever que Schumacher ainda retornaria à F1 para uma apagada passagem com a Mercedes. E nem que o alemão estaria lutando pela vida dez anos após o anúncio de sua primeira aposentadoria.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Raikkonen
3) Kubica
4) Fisichella
5) Button
6) Barrichello
7) Trulli
8) Heidfeld