sábado, 10 de setembro de 2016

História: 10 anos do Grande Prêmio da Itália de 2006

Durante todo o ano de 2006, havia a expectativa se Michael Schumacher se aposentaria ou não da F1. Após um domínio absurdo no começo da década, Schumacher via a ascensão dos jovens pilotos que o viram crescer (Alonso e Raikkonen) e com eles o alemão brigava pela primazia em 2006. Monza sempre foi o local onde a Ferrari anuncia seus pilotos para o próximo ano ou faz seus grandes anúncios. Os rumores indicavam que Raikkonen já havia sido contratado para 2007, mas restava saber se um 'dream team' seria formado, ou se Schumacher se aposentaria. Todas as dez equipes participaram de testes em Monza na semana anterior à corrida e tanto a Ferrari, como a Renault ficaram com os melhores tempos, indicando que novamente as duas rivais pelo título de 2006 ficariam com a primazia em Monza. 

Porém, foi Raikkonen quem conseguiu a pole por apenas dois milésimos de segundo em cima de Schumacher, transformando os aplausos dos tifosi em gemidos de consternação. No entanto, o alemão da Ferrari tinha um bom espaço entre ele e Alonso, que teve um pneu furado durante a classificação. Massa era quarto e Alonso sabia que o brasileiro faria de tudo para ajudar o companheiro de equipe na corrida. Heidfeld fez um grande trabalho para ser terceiro e conseguir a melhor classificação da história da equipe BMW até aquele momento, com Kubica em sétimo. Button conseguiu um razoável sexto lugar e Barrichello ficou três posições atrás, mas a Honda não parecia ter a mesma velocidade dos líderes. De la Rosa era oitavo e Fisichella estava em um decepcionante 10º lugar. Porém, após a classificação, foi anunciada uma punição em cima de Alonso por o espanhol ter supostamente atrapalhado Massa na volta do brasileiro. As imagens mostraram Alonso metros à frente de Massa, mas o 'parciais' comissários italianos da FIA resolveram punir o espanhol mesmo assim, o jogando para décimo no grid, numa das punições mais vergonhosas da história da F1, onde a paixão ficou muito à frente da razão.

Grid:
1) Raikkonen (McLaren) - 1:21.484
2) M.Schumacher (Ferrari) - 1:21.486
3) Heidfeld (BMW) - 1:21.653
4) Massa (Ferrari) - 1:21.704
5) Button (Honda) - 1:22.011
6) Kubica (BMW) - 1:22.258
7) De la Rosa (McLaren) - 1:22.280
8) Barrichello (Honda) - 1:22.787
9) Fisichella (Renault) - 1:23.175
10) Alonso (Renault) - 1:25.688

O dia 10 de setembro de 2006 estava claro e ensolarado, como costuma ser o Grande Prêmio da Itália em toda a sua história. Havia um clima de expectativa no ar em Monza, misturado com o constrangimento da punição de Alonso, numa clara patriotada dos italianos. Até mesmo Max Mosley parecia envergonhado com a situação, enquanto passeava pelo grid. A largada da corrida foi tranquila e todos passaram sem problemas na traiçoeira primeira curva de Monza, com Raikkonen ficando à frente de Schumacher. Kubica obteve uma grande largada e subiu para terceiro, fazendo o contrário o companheiro de equipe do polaco, Nick Heidfeld, que perdeu algumas posições, enquanto Alonso ganhava duas posições e subia para oitavo.

Durante a primeira volta, Massa passou por Heidfeld e Alonso ultrapassou a McLaren de De la Rosa. Numa corrida agressiva, Alonso partiu para cima de Heidfeld no final da primeira volta e ultrapassou o alemão cortando a chicane, mas ninguém teve a coragem de punir o espanhol mais uma vez depois da pataquada de sábado. Alonso já aparecia em sexto! Raikkonen e Schumacher dispararam na frente e Rosberg foi o primeiro abandono do dia, com um problema de transmissão. Atrás de Raikkonen e Schumacher vinha Kubica, que era muito pressionado por Massa, e então vinha Button, Alonso, Heidfeld e De la Rosa. Raikkonen marcou várias vezes a volta mais rápida, mas Michael estava no mesmo ritmo do nórdico, numa corrida sem muitas emoções. De la Rosa começou a primeira rodada de paradas na volta 15 e Raikkonen parou na seguinte, em seguida, Michael fez sua parada e o alemão voltou à frente de Raikkonen, numa de suas famosas ultrapassagens nos boxes. O hoje chamado undercut. Kubica assumiu a liderança pela primeira vez em sua curtíssima carreira na F1, enquanto Alonso ainda estava preso atrás de Button, sem chances de ultrapassagens sobre o inglês. Assim como seu rival pelo campeonato, Alonso só deixou Button para trás quando ambos fizeram suas paradas, sendo que Button quase bateu em Albers dentro dos boxes. Porém, provando o ótimo ritmo da BMW, Heidfeld emergiu à frente de Alonso e Button, mas o alemão acabaria punido por excesso de velocidade nos pits. Largando em terceiro, Heidfeld teve uma corrida para esquecer em Monza!

Quando os pilotos que iriam parar uma vez fizeram seu pit, a corrida voltou ao seu ritmo normal, numa prova sem muitas emoções, onde Schumacher abria com relação à Raikkonen, enquanto Kubica ainda aguentava os ataques de Massa, mas o brasileiro já tinha Alonso nos seus retrovisores. De la Rosa abandonou após rodar com sua McLaren bem no momento em que começava a segunda rodada de paradas. Raikkonen foi o primeiro a fazê-lo, retornando à pista logo atrás do trio Kubica-Massa-Alonso. Michael fez sua parada na volta seguinte e manteve a liderança, seguido por Massa logo depois. O brasileiro perdeu tempo para não ultrapassar Schumacher e não atrapalhar a corrida do alemão, mas acabaria prejudicado na sua briga pelo terceiro lugar. Kubica e Alonso fizeram a parada no mesmo momento de Michael e saíram lado a lado dos pits, com Alonso ficando em vantagem e subindo para um impressionante terceiro lugar, enquanto Massa caía para quinto. Infelizmente, os esforços de Alonso não deram em nada quando seu motor explodiu em uma enorme nuvem de fumaça na primeira curva da volta 43. Kubica conseguiu passar incólume a nuvem de fumaça, mas Massa travou os pneus e derrapou pela grama, acabando por furar o pneu dianteiro direito. Felipe teve que ir aos boxes e voltou em nono. Isso colocou Kubica de volta em terceiro e o quarto lugar era de Fisichella, que só parou uma vez. Vindo de trás e andando constantemente atrás de outros carros pode ter sido demais para o motor Renault, mas para a alegria da torcida italiana, que vibrou muito com a quebra da Renault, Alonso estava fora da corrida e prestes a perder a liderança do campeonato pela primeira vez em 2006.

Foi uma corrida mais animada fora do que dentro da pista e quando Michael Schumacher recebeu a bandeirada, haviam lágrimas nos boxes da Ferrari. O próprio alemão estava claramente emocionado no alto do pódio. Percebendo o momento, a TV Globo mostrou a entrevista coletiva, onde Schumacher confirmou o que todos suspeitavam e anunciou que aquela seria a sua última corrida em Monza. No mesmo momento, a Ferrari emitia um comunicado anunciando a contratação de Kimi Raikkonen e que Felipe Massa ficaria na equipe em 2007. Apesar de toda a polêmica pela punição em cima de Alonso, a F1 esqueceu um pouco o campeonato e reverenciou Michael Schumacher por toda a sua gloriosa carreira. A vitória de número 90 de Michael Schumacher teria que ser mesmo em Monza, lar espiritual da Ferrari e, por que não?, segunda casa de Michael. Uma geração nova estava chegando e o primeiro pódio de Kubica na F1 era um claro indicativo disso. Schumacher também mencionou Massa para tomar a sua decisão e dez anos depois, o brasileiro repetiria o seu amigo e anunciaria sua aposentadoria em Monza. Ninguém poderia prever que Schumacher ainda retornaria à F1 para uma apagada passagem com a Mercedes. E nem que o alemão estaria lutando pela vida dez anos após o anúncio de sua primeira aposentadoria.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Raikkonen
3) Kubica
4) Fisichella
5) Button
6) Barrichello
7) Trulli
8) Heidfeld

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