quinta-feira, 22 de setembro de 2016

História: 20 anos do Grande Prêmio de Portugal de 1996

A F1 encerraria a temporada europeia em Portugal podendo conhecer o novo campeão de 1996 no Estoril. Mesmo com o dolorido abandono em Monza, Damon Hill estava com a faca e queijo na mão para finalmente se tornar campeão mundial. Mesmo chegando em segundo, atrás de Villeneuve, o inglês ainda iria com uma enorme vantagem para Suzuka, última etapa do ano. Contudo, os velhos fantasmas ainda assustavam Damon, com títulos perdidos quando o piloto da Williams tinha o melhor carro do pelotão. Mesmo Jacques Villeneuve sendo um novato, o canadense tinha se mostrado um adversário perigoso e se quisesse se tornar campeão, Hill não poderia vacilar, aumentando ainda mais a pressão em cima de um piloto que sempre sucumbiu nessas condições.

Vindo de vitória em Monza, Schumacher dominou o final de semana luso, mesmo estando claro que a Williams ainda não tinha mostrado sua força, porém, o tempo estava bastante nublado no sábado e havia perspectiva de chuva a qualquer momento. Com isso, os pilotos não perderam tempo em marcarem seus tempos e Hill liderava confortavelmente a classificação. Villeneuve não estava brilhando e estava apenas em quarto em sua segunda tentativa, quando marcou um excelente tempo, mas perdendo a pole para Hill por meros nove milésimos de segundo. Quando os pilotos se preparavam para suas últimas tentativas, a chuva deu as caras e o grid ficou definido com os dois postulantes ao título separados por o equivalente 60cm.

Grid:
1) Hill (Williams) - 1:20.330
2) Villeneuve (Williams) - 1:20.339
3) Alesi (Benetton) - 1:21.088
4) Schumacher (Ferrari) - 1:21.236
5) Berger (Benetton) - 1:21.293
6) Irvine (Ferrari) - 1:21.362
7) Hakkinen (McLaren) - 1:21.640
8) Coulthard (McLaren) - 1:22.066
9) Barrichello (Jordan) - 1:22.205
10) Brundle (Jordan) - 1:22.324

O dia 22 de setembro de 1996 amanheceu com tempo ensolarado e com praticamente nenhuma chance de chuva no Estoril, fazendo do Grande Prêmio de Portugal o palco perfeito para o poderia ser a decisão do campeonato de 1996. Hill vinha tendo problemas nas largadas ao longo do ano e Alesi tinha pulado de sexto para segundo em Monza. Agora saindo em terceiro, o francês poderia ser um fator na briga pelo título. Contudo, quando as luzes apagaram e o pelotão partiu para a curva um, as aspirações de título de Villeneuve pareciam ter acabado. Batido por Alesi na largada e ultrapassado por fora por Schumacher na curva um, o canadense era apenas quarto, enquanto Hill tomou a linha externa e se manteve na ponta.

Com Alesi em uma estratégia de duas paradas e Schumacher tendo um desgaste precoce dos pneus, Villeneuve perdia terreno rapidamente para Hill, que liderava soberano a corrida. Antes dos carros entrarem na pista, Villeneuve tinha achado a última curva do Estoril, a Parabolica, muito parecido com o que estava acostumado nos ovais americanos. O canadense falou para o seu engenheiro Jock Clear que era possível ultrapassar naquele local, com Clear dizendo que se Jacques fizesse aquilo, ele acabaria no guard-rail. Na volta 16, com Schumacher cada vez mais lento e ainda atrapalhado por uma Minardi retardatária na curva Parabolica, Villeneuve colocou seu Williams à esquerda e numa das ultrapassagens mais bonitas da década de 1990, colocou por fora de Schumacher na Parabolica e quando saiu da curva ligeiramente na frente do alemão, ainda pegou o vácuo da Minardi para assumir a terceira posição. Imediatamente Villeneuve abriu em relação à Schumacher e na volta 18, ambos foram para as suas primeiras paradas, com Villeneuve permanecendo na ponta. Hill, Villeneuve e Schumacher parariam três vezes, enquanto Alesi pararia duas. Quando o francês fez sua parada, Hill assumiu a ponta, mas se viu no meio da batalha tupiniquim entre Rosset e Diniz, perdendo nesse processo 5s para Villeneuve, que já vinha em segundo. Hill era claramente muito cauteloso, preferindo perder tempo do que enfrentar o risco de ter algum problema com algum retardatário. 

Porém, essa cautela fez com que Villeneuve encostasse em Hill após a segunda parada dos dois. Na briga pelo terceiro lugar, Alesi e Schumacher estavam separados por apenas 3s quando ambos pararam juntos. O trabalho da Ferrari foi melhor e Schumacher emergiu na frente, ficando com o último lugar do pódio. Em outra briga Ferrari x Benetton, Irvine foi pressionado boa parte da prova por Berger, mas o irlandês finalmente via a bandeira quadriculada após muito tempo, terminando em quinto, enquanto a dupla da McLaren passava pelo mico de baterem entre si na volta 48, fazendo com que Hakkinen abandonasse e Coulthard terminasse a corrida longe dos pontos. Essa era a corrida dos coadjuvantes, enquanto os dois protagonistas pela título e pela vitória imprimiam um ritmo forte rumo a terceira e última parada deles.

Líder, Hill parou primeiro na volta 49 e mesmo marcando a melhor volta da corrida, o inglês não foi páreo para o ótimo trabalho da Williams no pit-stop de Villeneuve, que fez o canadense assumir a ponta de forma surpreendente e impressionante. A corrida terminou ali. Hill teve um pequeno problema no câmbio que o fez perder muito tempo para Villeneuve, que vencia pela quarta vez na temporada. Hill ainda era o grande favorito para vencer o campeonato e só precisava de um sexto lugar para se tornar campeão em Suzuka, mas a forma como foi derrotado por Villeneuve, com o canadense ficando em quarto na primeira volta para lhe bater na pista no final, tinha sido um enorme golpe na confiança de Hill.

Chegada:
1) Villeneuve
2) Hill
3) Schumacher
4) Alesi
5) Irvine
6) Berger

Um comentário:

  1. E mal sabíamos que aquele seria o último GP de Portugal, já que a corrida de 97 nem acontecera.

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