quarta-feira, 21 de setembro de 2016

História: 30 anos do Grande Prêmio de Portugal de 1986

A Williams chegou à agradável cidade do Estoril em 1986 tentando ao máximo manter alguma igualdade entre seus dois pilotos. O campeonato de construtores estava praticamente ganho, mas a renhida disputa entre Piquet e Mansell fez com que a equipe levasse quatro carros para Portugal, sem contar que cada piloto tinha sua própria equipe que não se conversava, para que não houvesse intercâmbio de informações. Porém, a preferência da equipe era clara por Mansell. Ainda tentando se manter na disputa do campeonato, Prost teria que enfrentar a dor da perda do irmão mais velho de apenas 33 anos alguns dias antes de viajar para Portugal. Ron Dennis poupou Prost de todos os compromissos antes da corrida. A grande notícia do final de semana era a confirmação de Berger indo para a Ferrari em 1987, enquanto as negociações entre McLaren e Renault fracassaram. O time de Ron Dennis iria com um lay-out diferente no carro de Keke Rosberg, onde o finlandês correria com uma coloração Light da Marlboro.

Senna fez a sua décima quarta pole position da sua carreira com uma volta impressionante, colocando mais de oito décimos em cima de Mansell, o mais rápido da sexta-feira. O desempenho de Senna levantou suspeitas da Williams, principalmente por o Lotus do brasileiro estar soltando muitas faíscas. Patrick Head acusou a Lotus de estar burlando as regras com um efeito-solo camuflado, mas o talento de Senna deveria ser a razão de tamanho desempenho. Piquet era apenas sexto depois de danificar o fundo do seu carro ao bater numa zebra alta na sexta-feira. Apesar da tristeza, Prost fez o terceiro melhor tempo, quatro lugares à frente de Rosberg. 

Grid:
1) Senna (Lotus) - 1:16.673
2) Mansell (Williams) - 1:17.489
3) Prost (McLaren) - 1:17.710
4) Berger (Benetton) - 1:17.742
5) Fabi (Benetton) - 1:18.071
6) Piquet (Williams) - 1:18.180
7) Rosberg (McLaren) - 1:18.360
8) Johansson (Ferrari) - 1:19.332
9) Patrese (Brabham) - 1:19.637
10) Arnoux (Ligier) - 1:19.657

O dia 21 de setembro de 1986 amanheceu com tempo bom em Estoril, ao contrário do ano anterior, onde a chuva afugentou os torcedores, causando um grande prejuízo ao organizador da corrida, César Torres. Ecclestone permitiu que Torres baixasse o preços do ingresso e no afã de atrair ainda mais público, no domingo pela manhã, reuniu as quatro estrelas da F1 na época para uma foto que se tornaria histórica. Durante o warm-up, Prost teve problemas com seu motor e teve que largar com o carro reserva. Na largada, Mansell sai melhor e toma a ponta de Senna ainda na primeira curva, com Prost também largando mal e perdendo várias posições.

Mesmo com com os ataques de Senna durante a primeira volta, Mansell se manteve na ponta e aos poucos abriria vantagem. Berger havia largado muito bem e estava em terceiro, segurando Piquet e Prost, desesperados para melhorar seus desempenhos e ir atrás de Mansell. Apesar de Berger estar claramente mais lento, o motor BMW ajudava o austríaco na reta dos boxes e quando Piquet chegava para ultrapassar no final da reta dos boxes, melhor ponto de ultrapassagem do circuito, Berger tinha uma boa vantagem. Porém, o brasileiro da Williams se aproveitou do desgaste excessivo dos pneus Pirelli de Berger para subir para terceiro na oitava volta, com Prost efetuando a ultrapassagem sobre o piloto da Benetton na volta seguinte. O problema era que à essa altura, Mansell já tinha 5s de vantagem em cima de Senna. O brasileiro tinha uma vantagem de 7s em cima de Piquet e Prost, que andavam próximos, mas o francês da McLaren não ameaçava Piquet.

A corrida fica estática e sem grandes emoções, com os três primeiros bem espaçados entre si, enquanto o quarto colocado Prost apenas acompanhava Piquet. Quando a corrida se aproximou da metade, Piquet aumentou seu ritmo e diminuía a diferença para Senna, trazendo consigo Prost. Quando os quatro primeiros fizeram suas paradas entre as voltas 30 e 34, a corrida se torna mais emocionante, com Piquet e Prost colando em Senna, enquanto Mansell tinha 11s de vantagem na frente. Piquet mostrava seu carro nos espelhos de Senna, mas o piloto da Lotus não fazia muito esforço para segurar seu compatriota e desafeto, enquanto Prost assistia a tudo de camarote. Na volta 42, numa corrida solitária, Keke Rosberg abandona sua antepenúltima corrida na F1 com o motor estourado. Se hoje se reclama da falta de ultrapassagens, trinta anos atrás isso aconteceu em Estoril e mesmo com um carro melhor, Piquet ficava teimosamente atrás de Senna. Na briga pela quinta posição, Berger e Johansson se engalfinham na curva 2 e ambos saem da pista. Berger teve que abandonar no local, enquanto o sueco da Ferrari, que seria substituído justamente por Berger em 1987, continuava na corrida, mas perdendo o lugar para Alboreto.

Piquet já estava há mais de trinta voltas atrás de Senna e sem muito espaço para resfriar os freios, o brasileiro da Williams pagaria o tempo em que ficou colado na Lotus. Na volta 64, faltando apenas seis para o final, Piquet rodou no final da pequena reta oposta, claramente com problemas nos freios. O pilotos da Williams dá um cavalo de pau e retorna à pista, mas atrás de Prost, que assumia o terceiro lugar. Numa corrida dominante, Mansell marcou a volta mais rápida da corrida e já tinha quase 20s de vantagem para Senna, que tinha Prost próximo, mas o francês não parecia oferecer perigo. Quem poderia lhe atrapalhar Senna era o consumo de combustível. O computador de bordo da Lotus mostrava que Senna poderia ir até o final da corrida sem maiores problemas, mas na metade da volta final, o brasileiro perdeu totalmente suas chances no campeonato ao ficar sem gasolina e terminar em quarto. Com isso, Prost assumia o segundo lugar e ganhava dois pontinhos essenciais, o mesmo acontecendo com Piquet. A corrida dominante e a possibilidade de Mansell ser campeão já no México, na próxima etapa, desanimou ainda mais Prost, que no dia seguinte foi enterrar seu irmão. Com este sucesso, a Williams ganhou seu terceiro título de construtores e a Honda o seu primeiro. Felicidade para uma montadora, tristeza para outra. Na segunda-feira, com o fracasso das negociações com a McLaren, a Renault anunciou que estaria abandonando a F1 em 1987 como fornecedora de motores. Numa corrida sem muitas emoções, Mansell parecia ser o grande favorito à vencer o campeonato, mas ainda havia muito a acontecer naquele certame histórico, mas aquele dia ficou mais marcado por uma das fotos mais famosas e marcantes da história da F1.

Chegada:
1) Mansell
2) Prost
3) Piquet
4) Senna
5) Alboreto
6) Johansson

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