terça-feira, 13 de setembro de 2016

História: 35 anos do Grande Prêmio da Itália de 1981

Após um ano em Ímola, o Grande Prêmio da Itália retornava ao seu lar habitual, no templo da velocidade de Monza. Como sempre, os tifosi lotavam as instalações (incluindo árvores e placas publicitárias...) para torcer para os pilotos da Ferrari, principalmente para Gilles Villeneuve, que com sua destreza atrás do volante de sua Ferrari número 27, se tornava um dos pilotos mais populares da Ferrari em todos os tempos. Alan Jones chegou à Itália com sua mão enfaixada, pois o australiano tinha dois dedos quebrados da mão esquerda, mas engana-se que o problema de Jones fosse um acidente em algum teste. Alan tinha arranjado uma briga na Inglaterra e o resultado da confusão era esse. Eram outros tempos... 

A Renault dominou a classificação, com Arnoux conseguindo a pole, mas Prost acabou tendo pequenos contratempos mecânicos, além de um entrevero com Andrea de Cesaris e o francês teve que se contentar com o terceiro lugar. Carlos Reutemann foi o autor da proeza de se meter entre os carros da Renault, sendo o primeiro a fazê-lo desde o Grande Prêmio da França. Prejudicado pelos dedos machucados, Jones conseguiu o quinto lugar, correndo com o carro reserva, enquanto Laffite ficava na segunda fila ao lado de Prost. Piquet era apenas o sexto após uma saída de pista na tarde de sábado. Pironi bateu violentamente numa das curvas de Lesmo na sexta-feira e machucou as costelas, mas o francês da Ferrari ainda era o oitavo, à frente de Villeneuve que quebrou vários motores. Na noite de sábado, deixando o circuito, Jean-Pierre Jarier sofreu um acidente de trânsito, onde ele ficou ileso, mas um ciclista foi morto. Apesar de afetado emocionalmente, o piloto francês decidiu participar da corrida.

Grid:
1) Arnoux (Renault) - 1:33.467
2) Reutemann (Williams) - 1:34.140
3) Prost (Renault) - 1:34.374
4) Laffite (Ligier) - 1:35.062
5) Jones (Williams) - 1:35.359
6) Piquet (Brabham) - 1:35.449
7) Watson (McLaren) - 1:35.557
8) Pironi (Ferrari) - 1:35.596
9) Villeneuve (Ferrari) - 1:35.627
10) Giacomelli (Alfa Romeo) - 1:35.946

O dia 13 de setembro de 1981 amanheceu nublado e com chuva em Monza, num clima atípico nessa época do ano na região. A pista estava seca na hora da largada, mas havia a previsão de mais chuva durante a corrida, numa situação bastante atípica do Grande Prêmio da Itália. Antes da largada, Balestre reuniu-se rapidamente com os pilotos, ameaçando-os com punições se houvessem acidentes na primeira curva, como aconteceu em Zandvoort. Prost larga muito bem da segunda fila e ultrapassa facilmente Reutemann e logo depois ultrapassa Arnoux por dentro da primeira chicane. Reutemann ultrapassa Arnoux na Curva Grande e na freada para a segunda chicane Pironi, que havia feito uma ótima largada, passa pelo compatriota. O piloto da Ferrari, em seguida, partiu para cima de Reutemann e tomou o segundo lugar do argentino na Variante Ascari.

Prost já abria dois segundos de frente em cima de Pironi, enquanto Reutemann, Laffite e Arnoux vinham logo atrás da Ferrari. Villeneuve ultrapassa Jones na primeira chicane da segunda volta, mas a corrida do canadense dura até a sexta volta, com o turbo quebrado. Por sinal, mais um. Após um início de corrida tímido, Arnoux começa a atacar seus adversários e em duas voltas, o piloto da Renault recupera a segunda posição com ultrapassagens em cima de Pironi e Reutemann, mas Arnoux já tinha 5s de déficit para Prost. Quando Laffite ultrapassa Reutemann na quinta volta na curva Parabolica, a França ocupava as quatro primeiras posições. Porém, Pironi perdia rendimento e era ultrapassado por Reutemann, que imediatamente ataca Laffite, na briga pela terceira posição. O piloto da Ligier tinha um furo lento e começava a perder rendimento, ultrapassado por Laffite e logo teria a companhia de Jones e Piquet, trazendo a boa surpresa da corrida, Bruno Giacomelli. Na volta 12, o pneu traseiro esquerdo de Laffite explodiu e o francês teve que abandonar. Quando deixaram Laffite e Pironi para trás, a dupla Jones e Piquet imediatamente partiu para cima de Reutemann, que vinha 11s atrás dos líderes. Porém, a dobradinha da Renault seria terminada de forma boba. Arnoux se preparava para colocar uma volta em Eddie Cheever, quando o americano rodou na primeira chicane. Tentando desviar da Tyrrell do americano, Arnoux saiu da pista e ficou preso na brita, deixando Prost com uma boa diferença para o trio que brigava pelo campeonato, que agora lutavam pelo segundo lugar.

Na volta 12, Jones consegue ultrapassar o desafeto Reutemann bem no momento em que a chuva dá as caras em Monza, porém, a precipitação não era forte e estava localizada principalmente na Parabolica. Os pilotos passaram a correr com cuidado no local, mas os líderes não foram aos boxes trocar de pneus. Nervoso desde o início do final de semana com o fim de sua vantagem no campeonato, Reutemann diminui muito o ritmo na chuva e perde várias posições, enquanto Giacomelli já ameaçava o terceiro lugar de Piquet. Correndo em casa, Giacomelli ultrapassa Piquet e ensaiava uma aproximação em cima de Jones, bem no momento em que a chuva parou. Na volta 20, Watson perdeu o controle de sua McLaren após as curvas de Lesmo e o irlandês bateu de traseira com tamanha violência, que a McLaren se partiu ao meio, fazendo com que o tanque estourasse e a pista ficasse com fogo no local. Por incrível que pareça, Watson saiu do que sobrou do seu carro ileso, enquanto os carros que vinham atrás desviavam dos detroços e Andretti aproveitava para ultrapassar um apático Reutemann. Para sorte de Watson, o McLaren MP4/1 era o primeiro feito em fibra de carbono e o irlandês devia ter saído sozinho do seu carro após tamanho susto! Patrick Tambay, na segunda Ligier, fazia uma excelente corrida e antes do acidente com Watson, o francês tinha acabado de ultrapassar Piquet e partia para cima de Giacomelli, na briga pela quarta posição. Infelizmente, Tambay acabou passando por cima de um detrito do carro de Watson e o piloto da Ligier teve o pneu traseira esquerdo furado, fazendo Tambay rodar e abandonar a corrida na volta 23. Três voltas mais tarde, outro destaque da corrida entra lentamente nos boxes com seu Alfa Romeo com o câmbio quebrado. Era o terceiro colocado Bruno Giacomelli, em outra corrida azarada do italiano. Fazendo uma corrida de chegada, Piquet se aproveitou desses incidentes para subir para terceiro, mesmo acossado por Pironi e Andretti, mas como Reutemann era apenas sexto, Piquet estava reassumindo a liderança do campeonato se a corrida terminasse naquele momento.

Porém, na volta 30 a chuva voltou, desta vez com mais força e as equipes preparam pit-stops para os seus pilotos. Lembrando que era algo bastante atípico um piloto fazer uma troca de pneus 35 anos atrás. Porém, quatro voltas mais tarde a chuva cessa definitivamente e nenhum piloto precisou trocar de pneus, enquanto Reutemann, que havia escolhido um acerto para pista molhada, aproveita a situação de pista escorregadia para ultrapassar Andretti e subir para quinto. O acidente na sexta começava a afetar Pironi, que para piorar, tinha um buraco em seu cockpit. O piloto da Ferrari abranda o seu ritmo e passa a ser atacado por Reutemann, que consegue a ultrapassagem na volta 38. Tendo agora Piquet pela frente, Reutemann aumenta ainda mais o ritmo, mas Piquet responde ao marcar a volta mais rápida da corrida. Pironi perdia ainda mais ritmo e era ultrapassado por Elio de Angelis, quando a corrida chegou em suas voltas finais, com todos os líderes bastante separados entre si. Quando tudo levava a crer que a corrida terminaria assim, o motor de Piquet explode na volta final. O brasileiro ainda tentou levar seu carro até o fim, mas Piquet acabou estacionando seu Brabham após a Variante Ascari. Um duro golpe para Piquet, que estava prestes a tomar a liderança de Reutemann, que assumia a terceira posição da corrida. Alain Prost venceu sua terceira corrida na temporada, à frente das Williams de Jones e Reutemann. De Angelis terminou em quarto lugar, Pironi era quinto e salvava a honra da Scuderia na Itália e apesar de seu abandono, Piquet conseguiu marcar um ponto valioso. Prost era o primeiro francês a vencer três corridas numa mesma temporada na história da F1. Reutemann não participou do pódio, irritado com a Williams por não ter executado uma ordem de equipe que daria mais dois pontos para Reutemann, que faria muita diferença no campeonato. Mesmo se a Williams tivesse solicitado Jones a ceder passagem, dificilmente o australiano atenderia o chamado. Naquela noite, Alan Jones anunciaria que estaria se aposentando da F1 no final da temporada, desgastado com a política da F1. Numa corrida onde Prost dominou de forma absoluta, os pontos perdidos, cada um ao seu modo, faria muita diferença no campeonato.

Chegada:
1) Prost
2) Jones
3) Reutemann
4) De Angelis
5) Pironi
6) Piquet

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