Nos últimos anos, a Indy veio se notabilizando por corridas lotéricas, onde quem vencia não era o melhor piloto, mas quem estava no momento certo quando bandeira amarela viesse. A tradicional Penske sempre dominava nas classificações, mas bandeiras amarelas na hora errada atrapalhavam seus pilotos, sendo que muitas vezes, eram bandeiras amarelas marotas, como aconteceu ano passado na decisão do campeonato em Sonoma, tirando um título praticamente certo de Montoya e indo para Scott Dixon. Simon Pagenaud foi o melhor piloto da temporada 2016, com sete poles e quatro vitórias ao longo do ano, mas o cartel do francês da Penske poderia ser muito melhor, se não fossem azares ao longo da temporada.
Mesmo assim, Pagenaud precisava apenas de um quinto lugar para se sagrar campeão, independentemente do que fizesse seu rival pelo título, o companheiro de equipe Will Power. O domínio da Penske ficou genuíno na classificação, com seus quatro carros ocupando as duas primeiras filas, com Pagenaud na pole e Power em quarto. Na bandeira verde, Montoya não ofereceu muita resistência à Power, mas o australiano não parecia ter força (desculpem o trocadilho...) para atacar Castroneves, enquanto Pagenaud disparava na frente, com o melhor carro da pista arenosa de Sonoma. Na primeira rodada de paradas, Power deu o bote e ficou à frente de Helio, mas Pagenaud dominava a prova.
Antes da corrida, Power disse que só teria chances de título se houvesse uma corrida movimentada, ou seja, com várias bandeiras amarelas que poderiam causar o alvoroço habitual nas corridas da Indy. Infelizmente para Power, que fez uma ótima temporada, onde não correu na primeira prova e ainda chegou à última corrida brigando pelo título, a única bandeira amarela da prova de Sonoma foi causada por ele, quando um problema eletrônico no câmbio deixou Power parado no meio da pista. Antes da metade da prova, Simon Pagenaud já era campeão!
A bandeira amarela atrapalhou a estratégia de Castroneves, que vinha numa tática diferente para dar o pulo do gato em cima de Pagenaud e ganhar pela primeira vez em 2016. A maioria dos pilotos, incluindo Pagenaud, diminuíram seus ritmos para fazer uma parada a menos, enquanto Helio era o piloto mais rápido da pista, pois teria que parar uma vez mais. Quando Helio parou, Pagenaud ainda teve que aguentar Graham Rahal fungando em seu cangote, mas o talentoso francês segurou bem a pressão e venceu pela quinta vez esse ano, garantindo o campeonato em grande estilo.
Com 32 anos de idade, Simon Pagenaud fez toda a carreira na Europa, até se mudar para os Estados Unidos em meados da década passada, incentivado por Sebastien Bourdais, que foi uma espécie de tutor para ele, mas com a Indy em baixa na época, Pagenaud correu em categorias de protótipos, sendo companheiro de equipe de Gil de Ferran, no final da carreira do brasileiro. Bem relacionado com a Penske, Gil indicou Pagenaud, que começou na Indy em 2008 na equipe Dragon, do filho de Roger Penske. Após se destacar em equipes médias, Pagenaud foi contratado ano passado pela Penske. A primeira temporada do francês na tradicional equipe Penske foi difícil, muitas vezes sendo superado pelos experientes Montoya, Power e Castroneves. Contudo, Pagenaud pareceu ter aprendido a lição e teve um 2016 exemplar, vencendo várias corridas consecutivas, além de muitas poles. As corridas lotéricas tiraram algumas vitórias de Pagenaud, que viu o crescimento de Power nas corridas finais.
Pagenaud chegou com boa vantagem em Sonoma e os deuses do automobilismo fez com que a decisão da Indy tivesse uma corrida fluída e com somente uma bandeira amarela, coroando Pagenaud, que foi o melhor piloto de 2016. A Penske mostrou seu domínio na Indy com três pilotos (Pagenaud, Power e Castroneves) nas três primeiras posições. Numa temporada horrorosa, Montoya parece estar de saída da equipe. A Ganassi não repetiu as performances espetaculares de Dixon e ficou para trás, o mesmo acontecendo com a equipe Andretti, mesmo Alexander Rossi tendo vencido as 500 Milhas de Indianapolis. A temporada que vem deverá ser marcada por uma paulatina renovação das equipes principais. O quarentão Montoya pode estar cedendo sua posição para o jovem e carismático americano Josef Newgarden na Penske, enquanto Kanaan, que decepcionou em seu segundo ano na Ganassi, pode estar saindo da equipe, que também está perdendo o tradicional patrocínio da Target. Helio Castroneves, fazendo hora extra na Penske, deverá ter mais uma chance da melhor equipe da América, onde viu quatro companheiros de equipe serem campeões e ele não. Só espero que a dinâmica das corridas da Indy mude, pois a categoria já é competitiva por natureza e não precisa de corridas lotéricas para que vários pilotos vençam corridas.
Mesmo com as várias injustiças ao longo da temporada, a Indy coroou o melhor piloto da temporada, Simon Pagenaud.
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