domingo, 21 de maio de 2017

A velha magia de Rossi

Valentino Rossi caiu na última volta do Grande Prêmio da França, no segundo erro do italiano da Yamaha nesse mesma volta. Quando perdeu a liderança ao errar no meio da volta, Rossi trincou os dentes e tentou um bote final em cima de Maverick Viñales, mas acabou encontrando o chão sagrado de Le Mans e acabou no zero em sua luta pelo título. Dois erros incaracterísticos, mas nem por isso tira o mérito da grande corrida que Valentino Rossi fez nesse domingo, lembrando os velhos tempos onde cozinhava Sete Gibernau a corrida inteira para dar o bote fatal nas últimas voltas, deixando o espanhol com a cara no chão. Mais de dez anos após esses tempos, Rossi repetiu a tática e quase venceu, mas Maverick Viñales é outro tipo de piloto, além de muito mais jovem, não cedendo aos jogos mentais de Rossi e garantindo a liderança do campeonato.

Até o ataque final de Rossi, a corrida pertencia ao anfitrião Johan Zarco. O francês da Yamaha Tech 3 fazia uma corrida formidável em Le Mans, como se fosse um veterano da MotoGP, mas apenas em sua quinta corrida na categoria, Zarco andou de igual para igual com pilotos bem mais experientes do que ele e melhor equipados, pois Johan usa uma Yamaha 2016, enquanto Viñales e Rossi montam Yamaha triscando de novas. Zarco fez uma ótima largada, assumiu a liderança, foi ultrapassado por Viñales e permaneceu a corrida inteira no pelotão da frente, separando os pilotos de fábrica da Yamaha. Foi então que começou o show de Rossi. O italiano vinha numa tocada tranquila, onde não era atacado e parecia até mesmo conformado com a terceira posição. Os tempos onde Rossi dava botes nos finais de corrida haviam ficado para trás, mas Vale fez uma corrida como nos seus tempos doutrinadores e após ultrapassar Zarco já no final da corrida, partiu com tudo para cima de Viñales, que chegou a errar, mas não cedia uma milímetro sequer para o companheiro de equipe. Se a corrida tinha sido até mesmo próxima, mas bastante morna, esquentou no final e como nos tempos das brigas com Gibernau, Rossi efetuou a ultrapassagem nas últimas voltas. Porém, se Gibernau abaixava a cabeça e era derrotado, principalmente mentalmente, Viñales não se fez de rogado e se manteve colado em Rossi. Foi então que Valentino errou duas vezes, a segunda o levando ao chão, entregando de bandeja a liderança do campeonato à Maverick, enquanto Zarco garantia o seu primeiro pódio na MotoGP.

Daniel Pedrosa fez uma boa corrida de recuperação, após uma classificação bisonha, onde largou em 13º. Pedrosa foi subindo o pelotão e quando já se aproximava de Márquez, o espanhol caiu na sua frente e com a queda de Rossi no final, Pedrosa assumiu o terceiro posto e a segunda posição no mundial, mesmo que um pouco distante de Viñales. Marc Márquez já começava a ficar distante da briga entre as Yamahas, mas ficar zerado na pontuação era tudo o que o espanhol não precisava. Mais pontos perdidos e a defesa do título ficando cada vez mais difícil para Márquez, principalmente com a Yamaha tão forte. A Ducati ficou mesmo como terceira força, com Doviziozo terminando em quarto e Lorenzo em sexto, após o espanhol decepcionar na classificação e largar em 18º.

Como aconteceu semana passada na F1, a queda de Rossi proporcionou choro de crianças na arquibancada. Valentino Rossi é uma lenda e talvez nem precisasse mais estar correndo para provar alguma coisa. Rossi já provou tudo o que tinha que provar e com o tempo chegando, há pilotos mais velozes do que ele. Porém, Vale permanece na MotoGP para nos contemplar com sua magia. Viñales venceu, Zarco brilhou, mas o nome da corrida foi, mais uma vez nos últimos 21 anos, Valentino Rossi.

Um comentário:

  1. Incrível como as coisas são.

    Rossi não merecia isso depois da corridaça que fez. Foi duro demais isso.

    E esses pontos podem sim fazer bastante diferença no final do campeonato.

    Rossi mostrou que ainda pode ser muito competitivo,vai vencer ainda nesse ano,mas o sonho do décimo título hoje sofreu um golpe extremamente doloroso.

    De resto,concordo com você,Rossi mesmo aos 38 anos e sem mais nada a provar a ninguém,continua sendo muito competitivo.

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