domingo, 28 de maio de 2017

Master Vettel

Após sua vitória hoje em Mônaco, Vettel foi chamado de 'Master Vettel' pela Ferrari, indicando claramente quem é piloto mais querido pela scuderia em 2017, para grande desgosto de Kimi Raikkonen, que demonstrou claramente não ter ficado muito feliz com a estratégia da Ferrari em deixar Vettel na pista por mais tempo do que ele, garantindo ao alemão tempo com pista livre para marcar ótimos tempos e garantir a primeira posição quando saiu dos boxes, estratégia parecida com a de Daniel Ricciardo, que retardou sua única parada para pular de quinto para terceiro, se recuperando um pouco da pataquada que a Red Bull fez com ele ano passado.

Como sempre Mônaco nos trouxe uma corrida longa, sem ultrapassagens e que somente com problemas fora da pista trazendo alguma emoção à prova, o que não deixou de acontecer, como no assustador acidente de Pascal Wehrlein, que capotou na Portier e apesar da cena não muito bonita, o alemão estava bem. Ao contrário do que aconteceu em Barcelona, os seis pilotos das três principais equipes chegaram ao fim da corrida, mas num fato histórico, pela primeira vez desde que o regulamento mudou em 2014, nenhum piloto da Mercedes subiu ao pódio, mesmo com ambos terminando a prova. Bottas foi quarto, com Hamilton fazendo o arroz com feijão para terminar em sétimo. Até o momento da parada, os seis primeiros do grid de largada eram exatamente os mesmos. Raikkonen liderava Vettel, que trazia Bottas, Verstappen e Ricciardo, com um ótimo Carlos Sainz já mais para trás. A Ferrari já indicava que dominaria a prova, mas quando a parada decisiva se aproximou, ficava também claro que Vettel tinha um ritmo melhor e que Kimi segurava o alemão, a ponto de Bottas, trazendo consigo as duas Red Bulls, se aproximaram, fazendo com que os cinco primeiros andassem próximos. Com a baixa degradação dos pneus em Mônaco, quem parasse mais tarde poderia ganhar posições com pista livre. A Ferrari percebeu isso e quinze anos depois da tristemente histórica ordem de equipe à Barrichello em Zeltweg, os italianos preferiram usar da estratégia e trazer Raikkonen primeiro, deixando Vettel com pista livre para marcar duas voltas voadoras e assumir a ponta da corrida, praticamente garantindo a vitória naquele momento. Apesar da dobradinha e garantir a primeira vitória em Mônaco desde 2001, a Ferrari agora terá que lidar com um piloto de temperamento difícil e que quando desmotivado, caí assustadoramente de desempenho. Quando Raikkonen perdeu a ponta da corrida, seus tempos de voltas desabaram a ponto de ser pressionado por Ricciardo antes do acidente de Wehrlein. A cara do finlandês no pódio dizia muito mais do que qualquer das poucas palavras do que ele poderia dizer no pós-corrida. Vendo o exemplo da Williams, que perde pontos com um piloto muito abaixo do nível, a Ferrari poderá perder um importante aliado na briga pelo título com Hamilton, mas Vettel conseguiu uma pequena disparada no campeonato, mesmo que num futuro próximo perderá posições no grid pela troca de um componente do seu motor.

Um ano depois de perder uma corrida ganha por um erro da Red Bull, Ricciardo conseguiu ter uma pequena compensação com uma estratégia certeira hoje. Chateado por ter largado em quinto, o australiano fez seu dever de casa ao perseguir de perto Verstappen e quando seu companheiro de equipe foi para a sua parada, Daniel apertou o ritmo e fez o undercut não apenas em cima de Verstappen, mas também de Bottas. Apesar do susto na relargada, quando bateu levemente na Saint Devote, Ricciardo segurou sua terceira posição e ainda encostou novamente em Raikkonen, o qual começava a pressionar quando apareceu o safety-car. Verstappen mostrou sua face de menino mimado quando xingou bastante ao saber que não apenas ficou atrás de Bottas, como fora ultrapassado por Ricciardo, perdendo qualquer chance de pódio. A Mercedes viveu hoje um momento em que foi a terceira força em Monte Carlo. Bottas fez o possível, perseguiu de perto Vettel quando este encostou em Raikkonen  no começo da prova e a Mercedes foi rápida em trazer Valtteri para os boxes quando Verstappen parou, impedindo que o holandês surgisse na frente, mas os carros prateados não tiveram ritmo hoje para bater a Ferrari e nas condições especiais de Mônaco, ficou sempre pressionada pela Red Bull. Para quem diz que Hamilton fez uma grande corrida, o que ele fez hoje não foi muito mais do que sua mera obrigação. Sem ter como ultrapassar, o inglês simplesmente retardou sua parada ao máximo e com as demais equipes fora as três grandes muito atrás em termos de desempenho, Lewis ganhou as seis posições na corrida nesse momento onde andou sozinho na pista. Sem ultrapassagens e ainda não foi o suficiente para ficar à frente de um ótimo Carlos Sainz, que fez uma corrida solitária na maior parte do tempo, mas conseguiu um sólido sexto lugar.

O pelotão intermediário sofreu várias percas durante a corrida, com Hulkenberg abandonando no início com o câmbio quebrado e vários incidentes, que fez a Force India perder sua invencibilidade na temporada 2017, onde vinha pontuando com seus dois pilotos, mas acabou fora dos pontos, mesmo com eles terminando a corrida. Pérez bateu duas vezes com Kvyat e foi o último a receber a bandeirada, mas ainda teve tempo de colocar seu nome em Monte Carlo ao bater o recorde da pista. Ocon, que já havia batido nos treinos livres, ainda sofreu com um pneu furado, que o colocou em penúltimo na pista. Grosjean sempre andou na zona de pontuação e mesmo superado por Hamilton, terminou em oitavo com Haas, enquanto Magnussen fechou a zona de pontuação, mesmo tendo feito uma parada a mais do o companheiro de equipe. Felipe Massa fez uma corrida dentro das possibilidades, onde não errou e com os problemas alheios, terminou na zona de pontuação. A McLaren perdeu a melhor chance de pontuar esse ano quando Stoffel Vandoorne, correndo em décimo, errou na Saint Devote, enquanto brigava com Pérez. Button foi ainda pior, ao bater em Pascal Wehrlein numa manobra para lá de otimista e capotando o alemão, que ficou numa situação perigosa, mas sem problemas para Pascal. Antes da corrida, Button falou para Alonso que mijaria no carro do espanhol. Acabou fazendo merda... O dia da Sauber terminou quando Marcus Ericsson conseguiu a proeza de bater durante o período de safety-car, só lembrando que foi para um piloto desse nível que Felipe Nasr ficou para trás ano passado. Porém, não seria surpresa se o brasileiro fizesse um retorno ainda em 2017. Palmer está bastante ameaçado na Renault e sua corrida medíocre de hoje não deve ter ajudado muito, o mesmo acontecendo com Stroll, que fez outra corrida abaixo do aceitável com a Williams.

A F1 mais rápida desse ano já mostrou suas contraindicações quando o asfalto na Saint Devote começou a se soltar, fazendo com que os pilotos tivessem que andar com cuidado no local. Foi uma corrida típica de Mônaco e se não fosse pelos incidentes, seria uma corrida extremamente sem graça, mas como houve problemas, acabou sendo um pouco divertida. Quem mais se divertiu foi Vettel, que começa a escapar na liderança do campeonato, mas fica a dúvida de como será o comportamento de Raikkonen daqui para frente e se a má atuação da Mercedes hoje foi apenas pontual ou o começo de uma tendência.

2 comentários:

  1. Nasr voltando ainda em 2017? Dificílimo,mesmo considerando os péssimos desempenhos de Palmer e Stroll.

    Stroll ainda vai se segurar graças ao aporte financeiro do pai. Já Palmer,seria surpresa se estiver no grid em Montreal,mas mesmo que caia até lá,seu lugar não seria preenchido por Nasr. Muito provavelmente,a Renault escolheria Sergei Sirotkin ou até mesmo Pierre Gasly pra vaga de Palmer.

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    1. Não duvido em Nasr... Sirotkin muito ruim e muito dinheiro, mas estamos falando de uma montadora como a Renault. Gasly estaria melhor colocado, se a Red Bull não criticasse tanto a Renault.

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