O texto abaixo foi escrito de forma brilhante por Elizabeth Werh e foi traduzido de forma livre por mim.
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Há boas chances de você, ao sintonizar uma corrida de F1 ou ler um artigo, se ouvirá alguém lamentando que a F1 não é tão boa como antes. Os bons tempos eram outros. As décadas de 1980 e 1990 foram o ápice da F1 e desde então a categoria entrou em uma espiral descendente. Quaisquer sugestões sobre como melhorar o esporte está em voltar ao passado.
Mas alguém pode realmente dizer com autoridade que a Fórmula 1 já foi realmente boa?
Eu perguntei isso no Twitter no domingo passado, em parte apenas para provocar, mas as respostas que eu recebi me fizeram pensar. O que realmente torna uma categoria boa, e a F1 já conheceu esse patamar?
Todos tinham respostas diferentes, algo que eu esperava. Mas isso me fez querer mergulhar no controle de qualidade, para ver se eu poderia analisar por que a F1 está sujeita a tantas críticas e se há alguma maneira de torná-la “boa”.
Bom é um termo incrivelmente relativo. Eu acho que Black metal uma boa música, mas eu imagino que a maioria das pessoas não consideram isso boa música. Seu "bom" e meu "bom" provavelmente são incrivelmente diferentes quando se trata de Fórmula 1 - e isso é legal. Há algo realmente interessante sobre como as pessoas se relacionam com esse esporte de maneiras diferentes. Mas isso torna o “bom” mais difícil de definir.
Eu acho que isso se resume a nostalgia. Há toneladas de pesquisas sobre a psicologia da nostalgia. Nostalgia: Neuropsychiatric Understanding é um estudo de Alan R. Hirsch que a nostalgia é “um anseio por uma impressão desinfetada do passado”, onde você tem um monte de impressões sensoriais e filtra todas as coisas negativas. Isso cria a ideia de que o passado era o ideal ao qual você nunca poderá voltar, o que o faz desejar ainda mais ter essa sensação.
Isso ajuda a entender porque a F1 não é tão boa quanto costumava ser. Não, a F1 não vai ser tão empolgante quanto era quando você era criança, porque seu cérebro se lembra daquele tempo antes de você ter responsabilidades, uma família e um emprego e diz: “foi a melhor época da minha vida e tudo foi bom, incluindo as corridas que eu assistia nas manhãs de domingo.”
É por isso que muitos dos antigos comentaristas F1 continuam pressionando por motores barulhentos, sem halos e menos regulamentações. Não foi "assim" quando eles viram a F1 pela primeira vez, mas eles estavam felizes quando estavam na F1 daquela vez. Claro que sim, eu gostaria de voltar a 1984 se essa fosse a minha primeira temporada dirigindo um carro de F1; meu cérebro iria construí-lo para lembrar que tudo foi incrível.
Há definitivamente algo a dizer sobre a qualidade da corrida nos últimos anos. Muitas pessoas marcam 2012 como a última vez que ficaram realmente felizes com a F1. Mas também acho falso dizer que o caminho a seguir é começar a voltar.
Estamos neste momento por um motivo. A F1 pode não ser o sonho de qualquer fã de corrida ultimamente, mas a F1 é um esporte projetado para impulsionar a evolução técnica. Eu cresci fascinada pela F1 de 1970, mas tenho certeza de muitos pilotos morreram em sua busca pela glória. Os anos 80 foram empolgantes, mas muitas corridas foram determinadas por abandonon por quebra mecânica que nos leva a especular sobre o que teria acontecido se um piloto não tivesse feito o DNF naquela corrida e depois ganhasse um campeonato.
Segurança e confiabilidade são progressos. Carros avançados e o ar de glamour e prestígio sempre acompanharam a F1. Por mais que continuemos ansiando pelos 'bons tempos', é quase impossível voltar para lá. Lamento dizer, mas a F1 não pode ser o que era quando James Hunt era um superstar. Devemos estar evoluindo, não involuindo.
Parte do motivo de nossas memórias são tão boas é porque ninguém estava nos dizendo ativamente o quão ruim era cada corrida. O século 21 é de niilismo pessimista, graças à prevalência de idéias a que somos expostos. Todas as decisões tomadas pelos dirigentes da F1 atingem as mídias sociais em segundos - e alguns segundos depois vem a reação negativa. Nós não esperamos ver como uma mudança acontecerá porque é uma mudança e por isso já é ruim. É legal que possamos ter uma opinião, mas em que ponto isso se torna prejudicial?
A F1 não vai progredir se qualquer tentativa de progresso for deixada de lado porque "assimcostumava ser melhor". Tem sido interessante observar as diferentes abordagens da F1 quando comparadas a categorias como, digamos, a Fórmula E. A F-E adota um tom esperançoso: pilotos, equipes, jornalistas e especialistas explicam o progresso e as melhorias. Não há precedentes, então somos capazes de criar narrativas de esperança, de ver o que acontece, de como isso vai ser...bom!
Na F1 é o oposto. Nada na categoria é bom. As corridas são ruins, os pilotos são chatos, as equipes reclamam e os jornalistas não têm nada de bom para dizer. É difícil manter a positividade ou ter esperanças para o futuro, quando todos dizem que é uma droga. Eu assisto uma corrida da IndyCar esperando estar satisfeita, mesmo que seja uma corrida ruim ou que meu piloto favorito perca miseravelmente, porque eu sei que vai ser um bom momento no geral. Entro numa corrida de Fórmula 1 pronta para ficar entediada, desapontada e irritada.
E se olharmos para o último fim de semana, as corridas nem sempre atendem a essas expectativas. A corrida em Phoenix foi terrivelmente chata. Era tarde, nada estava acontecendo e eu estava rezando para que eu acabasse e ir para a cama. O Grande Prêmio do Bahrain 2018 foi... emocionante! Foi divertido! Eu fiquei vidrada até o final esperando para ver se os pneus de Sebastian Vettel resistiriam, se nós veríamos uma Toro Rosso no pódio. Eu tinha planejado sair no meio da corrida e acabei ficando para assistir ao pódio.
A cobertura pós-corrida, no entanto, foi bem diferente. A F1 concentrou-se em várias histórias negativas, ou seja, Hamilton xingando Verstappen ou a atitude insolente de Kimi Raikkonen. A IndyCar falou como foi a corrida e começou a deixar todo mundo feliz porque, sim, não foi uma grande corrida, mas Long Beach é a próxima!
Eu estava animada para acordar para ver o Grande Prêmio da China assim que o Bahrein terminasse. Agora, eu estou esperando assistir a corrida como um trabalho, porque meu prazer pós-corrida foi anulado por várias pessoas que não estavam felizes com o que recebemos.
Então a F1 já foi boa? Talvez sim, talvez não. Nossas memórias do que a F1 costumava ser são tingidas com uma nostalgia que faz com que ela pareça intocável, mas eu não quero tirar de suas memórias de infância dizendo que você tem que ser completamente pessimista. Na verdade, acho que esse é o problema.
Nós não temos que dar crédito à F1 onde não é devido. Existem algumas corridas ruins e algumas decisões estúpidas e não há nada errado em apontar isso. Às vezes, as corridas antigas são melhores. Mas, em vez de decidir que não vamos gostar literalmente de nada da Fórmula 1, talvez seja hora de começarmos a nos divertir assistindo. Nem sempre temos que ser críticos; às vezes podemos ser apenas torcedores também.
O texto foi escrito antes do belíssimo Grande Prêmio da China e não sei se Elizabeth assistiu a corrida com prazer, mas deve ter gostado do que viu.
Um dos meus hobbies favoritos é ler revistas antigas e assistir corridas dos anos 1980 e 1990, tanto da F1 como da Indy. Devemos muito respeitar as corridas antigas, mas também ter a cabeça aberta que haviam também naquela época corridas chatas, ganhas mais pela eficiência do carro do que pelo talento do piloto e havia muita reclamação daqueles decantados 'bons tempos' também.
Um ano que sempre uso como referência é 1993. Me recordo muito bem que vinte e cinco anos atrás se reclamava que a F1 tinha corridas ruins, que o carro (Williams) estava superando o piloto (Senna) e a que a F1 estava... chata! Hoje, quando lembramos de 1993 as primeiras imagens que vem à mente é que foi uma temporada grandiosa, com belas disputas, corridas emocionantes e com shows de pilotagem em todas corridas do ano. Mas para quem acompanhou a F1 naquele ano, sabe que não é verdade.
Não era raro corridas sendo ganhas com apenas dois ou três pilotos na mesma volta, com apenas oito carros cruzando a linha de chegada ou com poucas disputas na liderança. Como o texto falou, não se pode involuir. Até porque nos anos 1980 e 1990, usava-se de mais avançado na indústria automobilística que havia a disposição na época, do mesmo modo de agora. E haviam reclamações também!
Começo a perceber que o torcedor de F1 é pior que o de futebol. Quando o Ceará venceu o Campeonato Cearense de forma épica, todos se emocionaram e criaram-se heróis. Uma semana depois, após perder um jogo de série A fora de casa contra um time grande (Santos), esses mesmos heróis eram execrados e contratações são exigidas. Se ganharmos domingo do São Paulo, tudo volta às boas para todo mundo no Ceará. Na F1 não. Se a corrida for ruim, a F1 está chata. Se a corrida for boa, a F1 não é como antigamente. Como se antigamente não houvessem corridas ruins...
A expressão 'bons tempos' na F1 está destruindo a categoria pelos próprios fãs. Bons tempos tem que ser os atuais, não os que não voltam mais. Devemos admirar e cultuar o passado, mas sem deixar de curtir o presente! A F1 está espetacular como sempre foi.
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