quinta-feira, 26 de abril de 2018

História: 25 anos do Grande Prêmio de San Marino de 1993

Após duas corridas fenomenais de Ayrton Senna, a temporada de 1993 da F1 tinha um certo ar de surpresa, pois o esperado era que Alain Prost estivesse dominando o campeonato nesse momento, pois se com Mansell a Williams dominou como poucas vezes vistas em 1992, com um piloto superior, no caso Prost, era esperado que o 'Professor' fizesse ainda melhor. Porém, Prost não contava com a genialidade do seu arqui-rival Senna, que ainda negociava rispidamente com Ron Dennis sua renovação de contrato com a McLaren. As duas vitórias seguidas de Senna mostravam quem era o grande piloto daquela época, mas a pedida do brasileiro (16 milhões de dólares) era demais até mesmo para uma equipe como a McLaren. O trunfo de Senna era que a pressão sobre Prost era muito grande, ainda mais com a medíocre corrida do francês em Donington Park.

Como esperado, Prost consegue sua quarta pole consecutiva, mantendo a invencibilidade em 1993, enquanto Damon Hill completava uma primeira fila inteiramente da Williams. Senna chegou em cima da hora para os treinos livres, rodou durante a classificação e ainda ficou em quarto no grid, quase 2s atrás de Prost e ainda tendo que aturar ser superado por Schumacher, que tinha por contrato um motor Ford mais evoluído do que o seu. Michael Andretti faz uma classificação decente e fica em sexto, mesmo que tomando quase 1s de Senna. Correndo em casa, a Ferrari decepcionou ao ficar no meio de um pelotão intermediário onde vários carros estavam separados por centésimos de segundo, mas muito longe das dominantes Williams.

Grid:
1) Prost (Williams) - 1:22.070
2) Hill (Williams) - 1:22.168
3) Schumacher (Benetton) - 1:23.919
4) Senna (McLaren) - 1:24.007
5) Wendlinger (Sauber) - 1:24.720
6) Andretti (McLaren) - 1:24.793
7) Blundell (Ligier) - 1:24.804
8) Berger (Ferrari) - 1:24.822
9) Alesi (Ferrari) - 1:24.829
10) Brundle (Ligier) - 1:24.893

O dia 25 de abril de 1993 amanheceu chuvoso em Ímola, trazendo boas memórias para Senna e nem tantas para Prost. Dois anos antes, num dos seus momentos mais vexatórios na F1, Prost rodou na volta de apresentação do encharcado Grande Prêmio de San Marino, para enorme tristeza da torcida da Ferrari que estava ali presente para torcer para Alain. Vindo de duas vitórias onde a chuva tinha sido uma peça fundamental na corrida, Senna estava confiante, mesmo com a chuva tendo indo embora e a pista estava claramente secando, mas todos os pilotos partiram para a largada com pneus de chuva. Na saída para a volta de apresentação, Prost tem problemas de embreagem, mas sem tempo a perder, o francês teria que largar daquele jeito. A embreagem da Williams seria o calcanhar-de-Aquiles de Prost em toda a temporada. Como era esperado pelo o seu problema, Prost larga muito mal e é imediatamente ultrapassado por Hill e Senna.

Com a pista úmida, houveram alguns incidentes na primeira volta, com Blundell batendo forte na Tamburello e Hill chegando a sair da pista na chicane da Acqua Minerale, mas permanecendo na ponta da corrida. Pressionado pelos resultados recentes e não estando em sua zona de conforto, Prost sai de suas características cautelosas na pista molhada e parte para cima de Senna, enquanto Hill abria uma ótima vantagem sobre os dois. Prost tentava de todos os modos efetuar a ultrapassagem, mas Senna usava seus truques para se manter na frente, mesmo com um carro nitidamente inferior. Na volta 7, após várias tentativas, Prost se aproveitou de um pequeno erro de Senna e ultrapassou o rival na saída da Tosa. Nesse momento, Hill estava 8s na frente e Senna nem tinha com o que se preocupar, pois Schumacher já vinha 12s atrasado. Mais importante para a corrida foi que naquela volta Wendlinger arriscou ao ir para os boxes e colocar pneus slicks, mesmo a pista não estando completamente seca e garoando de leve. Sem mais nada a perder, Senna tenta o diferente e na volta seguinte coloca pneus slicks, retornando à pista ainda na frente de Schumacher. Imediatamente todos os pilotos foram aos boxes atrás dos pneus slicks e no fim Hill ainda liderava, mas por ter passado tempo demais na pista com os pneus inapropriados no momento, ele tinha Senna e Prost em seus retrovisores. Foi então que Prost mostrou ao mundo que também é gênio. Em praticamente duas curvas, o francês da Williams assumiu a ponta da corrida com ultrapassagens seguras, enquanto Hill, assustado com a manobra do companheiro de equipe, também fora ultrapassado por Senna.

Com um trilho seco definido, Prost mostrou toda a superioridade da Williams e com voltas mais rápidas sucessivas, disparou na ponta. Hill perseguia Senna e os dois quase bateram nos retardatários Barrichello e Zanardi, que se tocaram bem na frente dos líderes, provocando o abandono do brasileiro. Na volta 21, Hill errou na entrada da Tosa e ao ficar preso na caixa de brita, deixava Senna sozinho em segundo e mostrando que o filho de Graham não estava no alto nível das estrelas da época. Na volta 33 Michael Andretti brigava pelo quarto lugar com Karl Wendlinger quando os dois se tocaram (pela terceira vez em quatro corridas...) e o americano abandonou no local, além de deixar Wendlinger uma arara! Na volta 40 Alesi estaciona a sua Ferrari quando vinha em quinto lugar e enquanto cumprimentava os tifosi, Senna abandonava a corrida com problemas hidráulicos. Nos boxes, a McLaren já arrumava suas malas...

Prost tinha uma vantagem absurda sobre os demais e faltando quinze voltas para o fim somente ele e Schumacher, segundo colocado, estavam na mesma volta. Wendlinger estava com problemas em seu motor e perdia rendimento até seu motor quebrar na volta 48, fazendo com que Brundle assumisse o terceiro lugar, com seu confiável Ligier-Renault. Zanardi fazia uma boa corrida de recuperação e após ultrapassar seu companheiro de equipe Herbert, ele começou os ataques em cima de Lehto pela quarta posição, mas após bater forte numa zebra, Zanardi tem a suspensão traseira quebrada na Tamburello e por muita sorte o italiano não teve um grande acidente. No fim, a única briga era entre Lehto e Herbert pela quarta posição, mas que terminou faltando duas voltas quando o motor de Herbert quebrou. Com tantos abandonos, quando o motor de Lehto quebrou na última volta, ele ainda se manteve em quarto, pois Alliot e Barbazza já estavam duas voltas atrasado. Prost vencia pela segunda vez na temporada, enquanto Schumacher aparecia num solitário segundo lugar, 32s atrás do piloto da Williams e Brundle completava o pódio, o segundo da Ligier na temporada. Mesmo com toda a genialidade de Senna, as duas derrotas em Interlagos e Donington Park tinham sido mais acasos do que uma linha a ser seguida em 1993 e Prost voltava ao rumo das vitórias e da normalidade.

Chegada:
1) Prost
2) Schumacher
3) Brundle
4) Lehto
5) Alliot
6) Barbazza

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