sábado, 7 de abril de 2018

O que queremos?

Após o fim de semana australiano, muita gente já definia o triunfo de Vettel como acidental (e não deixou de ser) e que 2018 seria um ano triste, com a Mercedes dominando e sem Nico Rosberg, nem teríamos uma disputa entre companheiros de equipe, com Hamilton monopolizando tudo. Quinze dias depois, num circuito mais apropriado, eis que a Ferrari ressurge como o carro mais rápido e fez a dobradinha hoje na classificação, com Vettel à frente. A Mercedes, com ou sem modo festa, ficou com a segunda fila, mas Hamilton largará apenas em nono, por causa da troca do câmbio. A única Red Bull do Q3 tinha Ricciardo menos de meio segundo atrás de Vettel. Foram quinze dias de prognósticos sombrios. Afinal, o que queremos na F1? 

A classificação em Sakhir mostrou logo no Q1 que a gloriosa Williams está mesmo ladeira abaixo e que nem todo o dinheiro do mundo compra o talento. Lance Stroll, campeão de tudo graças ao dinheiro do papai, ficou em último lugar hoje, levando tempo até mesmo do seu novato companheiro de equipe, o também pagante Sergey Sirotkin. Sem sombra de dúvidas, um bom trabalho do russo, mas ver a Williams ocupando as últimas duas filas do grid mostra bem o tamanho da encrenca em que entrou Claire Williams, que mesmo tendo o melhor motor da F1 atual preferiu o dinheiro fácil de pilotos de procedência duvidosa. Falando em motor, é muito fácil agora apontar o dedo para a cúpula da McLaren, mas ver a Toro Rosso-Honda na frente do duo da McLaren deve deixar muitas pulgas atrás as orelhas de Zak Brown, Eric Boullier e Fernando Alonso. Se o motor Honda ainda não é o melhor da F1, pelo menos evoluiu muito e Gasly fez um trabalho notável ao ir para o Q3 sem maiores problemas, enquanto Brendon Hartley ficou a milésimos de passar de fase. A Force India melhorou nesse final de semana e pelo menos Ocon foi ao Q3, enquanto a Haas continuava seu bom momento com Magnussen no Q3, enquanto Grosjean sofria com problemas e padecia no Q1. A Renault vai se prontificando como a quarta força da F1 com sua forte dupla de pilotos.

No pelotão da frente, destaque negativo para o acidente de Max Verstappen ainda no Q1, fazendo-o largar no pelotão intermediário numa pista onde a Red Bull se mostrou muito forte em ritmo de corrida. Promessa de show do holandês amanhã, mas também pontos perdidos para Max. Enquanto isso, Ricciardo fez o feijão com arroz para conseguir uma boa posição e se confirmar o potencial da Red Bull em corrida, o australiano ficará bem posicionado. E mais uma vez, na frente de Verstappen. Hamilton começou o final de semana sabendo que perderia cinco posições por uma troca de câmbio e o inglês imaginava largar em sexto, mas a Mercedes se manteve próxima da Ferrari, só que o ponto forte dos alemães (a classificação) não foi o suficiente para fazer os carros prateados superaram Vettel e Raikkonen. Como resultado, Hamilton largará amanhã apenas em nono, com Bottas tendo que enfrentar sozinho todo a força da Ferrari. Raikkonen liderou treinos livres e na classificação, mas no Q3 Vettel botou ordem na casa e ficou com a pole, indicando que a Ferrari voltou a carga.

Se a Mercedes dominou na Austrália, a Ferrari parece mais forte no Barein e a Red Bull está muito próxima dos italianos e também da Mercedes, que nunca podem ser descartados. Perder a pole irritou Toto Wolff, pois ele sabe que em ritmo de corrida, o equilíbrio de forças é mais apertado. Se a F1 continuar com alternância de forças e com as equipes principais bem próximas, é essa F1 que eu quero. 

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