Após ser tirado da corrida anterior na Inglaterra por um tresloucado Damon Hill, Michael Schumacher chegou à Hockenheim louco para dar um show na frente dos seus fãs. Já uma estrela da F1, o alemão ainda não havia vencido em sua casa e por isso, fez de tudo para vencer em um circuito de Hockenheim completamente entupido de gente. E o público alemão ainda teve mais o que comemorar quando Hill, que havia largado na pole, rodou sozinho ainda na primeira volta. Com caminho livre, Schumacher venceu a corrida sem sustos, mas acabou sem combustível após a bandeirada. Levado à reboque para o pódio, Schummy viu a pista ser invadida por torcedores, lembrando cenas como Interlagos/93 ou Silverstone/92. Um grande dia para Michael Schumacher e o automobilismo alemão, vinte anos atrás.
sexta-feira, 31 de julho de 2015
História: 10 anos do Grande Prêmio da Hungria de 2005
Com o abandono de Raikkonen em Hockenheim, o campeonato se encaminhava a passos largos para Fernando Alonso, que chegou à Budapeste com 36 pontos de vantagem no campeonato e para piorar as coisas para o finlandês da McLaren, de acordo com as regras de dez anos atrás, Kimi seria o primeiro a se classificar, por ter ficado em último na corrida anterior, enquanto Alonso, vencedor na Alemanha, seria o último a entrar na pista e em melhores condições. McLaren e Renault já tinha demonstrado estar à frente de todo o pelotão, enquanto a Ferrari, que dominou em Hungaroring em 2004, tinha poucas chances de repetir a dose dez anos atrás. Nos bastidores da F1, uma bomba foi jogada por Nelson Piquet no sábado. O tricampeão estava visitando o paddock da nova GP2, onde no ano seguinte faria uma equipe para o seu filho Nelsinho, que estava conquistando a F3 Inglesa, e em entrevista para jornalistas brasileiros, disse que Barrichello estava de saída da Ferrari em direção à BAR, dirigida pelo seu amigo Gil de Ferran. Usando sua irreverência, Piquet chamou Rubens de 'Burrinho', no lugar de Rubinho, aumentando ainda mais a fúria de Barrichello, que estava escondendo o acerto à sete chaves para anunciar na hora certa.
Porém, Michael Schumacher andou bem nos treinos livres (mesmo que abaixo da McLaren) e com um tempo espetacular, conquistou a primeira pole da Ferrari em 2005 com um tempo nove décimos mais rápido do que o segundo colocado Montoya. Como se treinava com o mesmo nível de combustível que se largava em 2005, suspeitava-se que esse tempo do alemão significava menos gasolina no tanque da Ferrari. Mesmo sendo o primeiro a fazer sua volta lançada, Raikkonen ainda conseguiu um quarto lugar, enquanto a Toyota fez um ótimo trabalho ao ficar em terceiro e quinto, enquanto a Renault decepcionava em Hungaroring.
Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:19.882
2) Montoya (McLaren) - 1:20.779
3) Trulli (Toyota) - 1:20.839
4) Raikkonen (McLaren) - 1:20.891
5) R.Schumacher (Toyota) - 1:20.964
6) Alonso (Renault) - 1:21.141
7) Barrichello (Ferrari) - 1:21.158
8) Button (BAR) - 1:21.302
9) Fisichella (Renault) - 1:21.333
10) Sato (BAR) - 1:21.787
O dia 31 de julho de 2005 amanheceu quente e ensolarado em Budapeste, como normalmente acontecia ao longo da história do Grande Prêmio da Hungria. Considerado sede das corridas mais chatas do calendário, Hungaroring permitia poucas ultrapassagens e quem largava bem, podia colher os frutos na bandeirada. Como o circuito húngaro é pouco utilizado, a linha não ideal normalmente fica muito suja e o resultado é que os pilotos que largam nas posições pares não saíam bem na largada. No apagar das cinco luzes vermelhas, Schumacher utiliza sua vasta experiência em largar em primeiro e sai na frente, enquanto ao seu lado Montoya patina e é ultrapassado por um surpreendente Raikkonen, que pulou de quarto para segundo. Mesmo largando no lado sujo da pista! Mais atrás, Villeneuve fecha Christian Klien na primeira curva da corrida e força o austríaco a uma espetacular capotagem. Mesmo assustado, Klien nada sofreu. Porém, mais à frente, o campeonato quase que deu um guinada decisiva. Tentando ganhar posições, Alonso leva uma fechada de Ralf Schumacher e para desviar de uma batida mais forte, o espanhol da Renault acaba batendo com força na zebra interna e tem sua asa dianteira quebrada. Alonso se arrasta por toda a primeira volta com a asa do seu carro quebrada, até ela cair, já no final da volta. Coulthard não consegue desviar da asa e bate com força na peça deixada por Alonso e o escocês tem que abandonar, enquanto Alonso vai aos boxes trocar a asa, juntamente com Barrichello, atingido por Trulli na primeira curva.
Após uma primeira volta confusa, a corrida entra num padrão de espera, onde há poucos ataques, principalmente devido a dificuldade de se ultrapassar em Hungaroring. Schumacher liderava com 1s de vantagem sobre Raikkonen, com Montoya logo atrás. Era esperado que Schumacher fosse o primeiro a parar, mas para surpresa geral, Kimi faz seu primeiro pit-stop na volta 12, indicando claramente que iria para uma estratégia de três paradas. Schumacher só pararia três voltas mais tarde, enquanto Montoya fica mais tempo na pista. Estava claro que as diferenças de estratégia (duas ou três paradas) dariam animação para uma corrida estática, onde Alonso, claramente mais rápido, levou dezesseis voltas para ultrapassar a Minardi de Robert Doornbos...
Montoya liderava a corrida, enquanto os dois pilotos da Toyota, ambos com uma estratégia de três paradas, trocam de posição, com Ralf emergindo na frente de Trulli. O colombiano da McLaren só fez sua parada na volta 22, indicando que sua estratégia continha apenas duas paradas, mas JP retornou à pista ainda em terceiro, com Schumacher liderando na frente de Raikkonen. O ritmo da Ferrari na Hungria era impressionante e surpreendia a todos. Porém, o segundo stint viu um Raikkonen muito mais rápido e decidido atrás de Schumacher, mas o alemão não teve muito trabalho para segurar o piloto da McLaren. A corrida seria decidida (oh novidade) nos boxes na calorenta corrida de dez anos trás. E quando Schumacher foi aos boxes primeiro, a tarefa à Raikkonen estava dada. Bastava ao finlandês marcar uma volta rápida e a McLaren não errar. Como um script perfeito, Raikkonen fez a volta mais rápida da corrida e a McLaren foi perfeita no pit-stop do seu piloto. Resultado? Raikkonen saiu da pista confortavelmente na frente de Schumacher. Uma bela ultrapassagem... nos boxes! Tudo isso com motor V10 e pneus aderentes como chiclete. Porém, ao contrário do que muitos pensam ultimamente, essa era a emoção de dez anos atrás na F1 em Hungaroring! Quem poderia ser um fator nessa briga era Montoya, que pararia duas vezes, mas logo após reassumir a ponta, o colombiano abandonou a prova com problema no semi-eixo. Era mais um triste abandono de Montoya em seu esperado ano de estreia na McLaren.
Isso deixava a corrida ainda mais nas mãos de Raikkonen, que rapidamente estabeleceu uma diferença segura para Schumacher. Para melhorar, Alonso, seu rival no campeonato, sofria no meio do pelotão, com seu Renault longe de se adaptar à pista húngara. Para piorar as coisas para a montadora francesa, Fisichella sai da pista brevemente e entrega o oitavo lugar, último lugar pontuável de dez anos trás, para Webber. Com isso, a Renault saía da Hungria com as mãos abanando, perdendo valiosos pontos no Mundial de Construtores. O estrago só não foi maior pelo abandono de Montoya. Após a segunda parada, Kimi abriu mais de 20s sobre Schumacher e pôde fazer sua terceira parada com tempo de ficar ainda à frente do alemão, antes dele fazer sua última parada também. Esse tinha sido um dos poucos bons finais de semana de Michael Schumacher em 2005 e para melhorar, teria a presença do seu irmão no pódio, na última vez em que os irmãos Schumacher compartilharam um pódio. Raikkonen recebeu a bandeirada com 30s de vantagem sobre Michael e uma semana depois do péssimo resultado na Alemanha, Kimi dava a volta por cima, mas a diferença entre ele e Alonso ainda era de longínquos 26 pontos.
Chegada:
1) Raikkonen
2) M.Schumacher
3) R.Schumacher
4) Trulli
5) Button
6) Heidfeld
7) Webber
8) Sato
quinta-feira, 30 de julho de 2015
Sempre atrás do alemão
Hoje completa-se quinze anos da primeira vitória de Barrichello na F1, mas poucos lembram de uma musiquinha que apareceu justamente naquela semana e que deixou o então piloto da Ferrari irado! Quando chegou na Ferrari no começo de 2000, Rubens Barrichello chegou falando em vitórias e títulos, mas a realidade era bem diferente, com o brasileiro tomando pau do Schumacher ao longo do ano. Para piorar, a esperada primeira vitória de Barrichello na F1 não vinha e a impaciência já tomava conta de todos que acompanhavam F1. Na última semana de julho de 2000, o programa Pânico, ainda só na Jovem Pan, fez uma sátira da situação de Barrichello com a música Xibom Bombom, do grupo As Meninas, que tinha estourado no ano anterior. A nova versão ficou 'Sempre atrás do Alemão', incluindo também uma sátira com uma propaganda da TIM para os dias dos pais e tinha a família Barrichello. Rubens Barrichello ficou indignado com a música, até mesmo ameaçando processar o programa e a rádio. Porém, Barrichello teve sua vingança com sua histórica primeira vitória em Hockenheim. Na semana seguinte, O Pânico fez uma nova versão da musiquinha após o triunfo de Rubinho, agora exaltando o brasileiro. Mas a versão 'Sempre atrás do alemão' é simplesmente impagável!!!
quarta-feira, 29 de julho de 2015
História: 25 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1990
Devido aos acontecimentos iniciados em setembro de 1989, essa corrida em Hockenheim de vinte e cinco anos atrás representou um marco importante para a história do Grande Prêmio da Alemanha. Pela última vez desde o início da F1 em 1950, a corrida seria chamada de Grande Prêmio da Alemanha Ocidental, pois com a reunificação alemã, a partir de 1991 a corrida seria chamado apenas de Grande Prêmio da Alemanha. Nos bastidores da F1, o destino do extremamente promissor Jean Alesi era disputado quase que a tapa entre Williams e Ferrari, com vantagem para o time de Frank Williams, que tinha em mãos um pré-contrato assinado com Alesi, mas a Ferrari fazia pressão para ter o francês a partir de 1991. Outra novidade era a saída da Subaru como fornecedora de motores de F1, abandonando a Coloni após meia temporada e uma temporada terrível. A Subaru encontraria seu habitat natural no Mundial de Rally anos mais tarde.
Durante os treinos, Nannini teve um sério acidente com seu Benetton novo, mas o italiano correria normalmente com outro chassi novo. A McLaren aproveitou a enorme potência do motor Honda para uma dobradinha no grid, com Senna (oh novidade) superando Berger, enquanto a segunda fila era toda da Ferrari, mas os carros vermelhos a mais 1.5s atrás do duo da McLaren. Num circuito com tanta potência como era Hockenheim, as equipes apoiadas por montadoras tiveram vantagem e a terceira fila era ocupada pela Williams-Renault. Após as três equipes principais da F1 em 1990, veio o resto do pelotão, liderado por Nelson Piquet.
Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:40.198
2) Berger (McLaren) - 1:40.434
3) Prost (Ferrari) - 1:41.732
4) Mansell (Ferrari) - 1:42.057
5) Patrese (Williams) - 1:42.195
6) Boutsen (Williams) - 1:42.380
7) Piquet (Benetton) - 1:42.872
8) Alesi (Tyrrell) - 1:43.255
9) Nannini (Benetton) - 1:43.594
10) Capelli (Leyton House) - 1:44.349
O dia 29 de julho de 1990 amanheceu com muito calor e sol em Hockenheim, num dia perfeito para uma corrida de F1. Porém, esse clima de verão europeu poderia ser muito prejudicial aos motores, tão exigidos em Hockenheim. A largada se dá sem muitos problemas na frente, com Senna permanecendo na ponta, seguido de Berger, Mansell e Prost. Na parte de trás do grid, Stefano Modena fica parado no grid, com problemas na embreagem do seu Brabham e acabou acertado pela Dallara de Emanuele Pirro. A pancada nem foi tão forte assim, mas Pirro acabou desmaiando no seu carro e o resgaste durou algumas voltas, mas no fim o italiano teve apenas uma pequena concussão. Apesar do resgate de Pirro ocorrer no meio da reta dos boxes, várias bandeiras amarelas foram mostradas e a corrida não foi interrompida.
As primeiras voltas vê uma corrida estática e tirando um erro de Boutsen na terceira volta, onde o belga caiu de sexto para décimo, as primeiras dez voltas viram a McLaren na frente com alguma vantagem sobre a Ferrari, que por sua vez abria para a Williams de Patrese. Com um carro bem acertado, mesmo não tendo um motor tão potente quanto os demais na frente, Piquet vinha em sexto e próximo do italiano da Williams. Contudo, Piquet passa reto numa das chicanes e quem assume a última posição pontuável era seu companheiro de equipe Nannini. Na volta 15 Mansell sai ligeiramente da pista, mas à alta velocidade. Aparentemente o inglês controla bem o carro e até mantém a terceira posição, mas duas voltas mais tarde Mansell entra nos boxes com o carro nitidamente desequilibrado. A saída de pista não tinha sido em vão e o assoalho da Ferrari acabou bastante danificado, acabando com a corrida de Mansell. Porém, Prost não assume a terceira posição. Fazendo uma prova bem burocrática, o francês faz seu pit-stop uma volta antes do abandono de Mansell e retorna à pista em sétimo. Berger vai aos boxes na mesma volta e volta à pista em quinto.
O forte calor na Alemanha faz com que as paradas fossem antecipadas e Senna faz um ótimo pit-stop na volta 18, mas é ultrapassado por muito pouco por Nannini. Correndo com os pneus duros da Goodyear, Nannini resiste o máximo que pode na pista e planeja não parar. Senna ainda ataca o italiano da Benetton nas primeiras voltas após sua parada, mas Nannini se defende bem e mantém a sua surpreendente primeira posição. Na metade da prova, vários carros das equipes menores já tinham abandonado com problemas mecânicos, mas as equipes grandes resistiam bem ao calor em Hockenheim e fora o abandono de Mansell (que foi ocasionado por um erro do inglês), McLaren, Ferrari e Williams resistiam bem na corrida. Porém, Nannini era um penetra na festa dos grandes. O bom chassi projetado por John Barnard fazia com que o Benetton não consumisse tanto os pneus, mas nem a magia de Barnard poderia impedir a potência do motor Honda de Senna. Na volta 34, apenas onze para o fim, Senna aproveita de um pequeno erro de Nannini na primeira curva e com mais momentum, o brasileiro efetua a ultrapassagem facilmente numa das longas retas de Hockenheim.
Nannini não resiste e ele sabia que sua posição estava boa demais. Piquet havia estourado o motor mais cedo e o italiano da Benetton sabia que não podia abusar da sorte, fora que estava numa posição acima do potencial do seu carro. Com pneus mais novos, Berger esboça um ataque em cima de Nannini nas voltas finais, mas não há mais tempo. Para falar a verdade, a corrida em Hockenheim foi bem enfadonha, ao contrário do que muitos imaginam, de que só havia corrida boa no passado. As voltas finais foram tranquilas e Senna recebe a bandeira quadriculada para 24º vez, se igualando ao número de vitórias da lenda Juan Manuel Fangio. Para melhorar, Prost teve uma corrida irreconhecível e acabou apenas em quarto, mais de 50s atrás de Senna. Com esse resultado, Senna reassumia a ponta do campeonato com quatro pontos de vantagem. Numa pista que favorecia a McLaren, Ayrton Senna fez o seu dever de casa, se aproveitou de uma tarde opaca de Prost e ainda se igualou a uma lenda da F1 há vinte e cinco anos atrás. Senna, aos poucos, já se colocava no patamar, também, de lenda da F1.
Chegada:
1) Senna
2) Nannini
3) Berger
4) Prost
5) Patrese
6) Boutsen
terça-feira, 28 de julho de 2015
Panca da semana
Ainda com toda a F1 estarrecida pela morte de Jules Bianchi, após nove meses de agonia, a categoria levou um susto na sexta-feira, primeiro dia de atividades oficiais depois da divulgação da notícia, a F1 levou um baita susto com a capotagem de Sergio Pérez na Hungria. Felizmente, nada demais para o mexicano.
Mordaça
A organização da Stock cercear seus pilotos de fazer críticas à categoria não é exclusividade no automobilismo. Por sinal, regras desse tipo nem é exclusividade do automobilismo e do Brasil. Queiramos ou não, nesse nosso mundinho atual do politicamente correto de forma excessiva, falar algo de diferente, ainda mais se for uma crítica, reverbera mais à frente. Seja no automobilismo, no futebol ou na NBA, não é raro ver atletas ou treinadores sendo chamado atenção após declarações.
Porém, a punição de Cacá Bueno publicada hoje beira ao absurdo. O piloto da Stock criticou a CBA numa conversa via rádio com sua equipe por um erro de procedimento dos comissários de pista. Cacá havia vencido a primeira bateria em Ribeirão Preto, mas Bueno não viu a bandeirada e o resultado foi que o piloto da Red Bull fez toda a volta de desaceleração correndo à toda, com Marcos Gomes colado e quando os dois completaram a volta, encontraram a pista recheada de pessoas das demais equipes. Furioso com o vacilo da organização, Cacá Bueno chamou os comissários de imbecis... Ah amigo, isso foi demais para os paludos promotores do STJD da CBA.
Assim como outras pessoas do esporte, Cacá Bueno foi chamado a atenção, mas os nossos amigos do judiciário das quatro rodas não ficaram satisfeitos e puniram Cacá, que briga pelo título mais uma vez da Stock, em uma corrida, nesse domingo em Curitiba. Com o automobilismo brasileiro em séria crise política, administrativa e moral, punir um piloto por extravasar sua raiva após um erro dos comissários beira o ridículo, pois quem ficou com pecha de, literalmente, imbecis, foram os homens fortes da CBA, que transparece querer colocar uma mordaça nos pilotos da Stock. Isso sem contar que, sendo filho de uma estrela como Galvão Bueno, punir Cacá Bueno chamou muito mais atenção para a besteira e arbitrariedade do que se fosse com outro nome.
Cacá Bueno já tem 39 anos de idade, cinco títulos da Stock e muitos anos prestados ao combalido automobilismo brasileiro. Sem sombra de dúvida, Cacá é o melhor piloto de Turismo no Brasil e um dos melhores dos últimos tempos. Maior chamariz da Stock e sem mais nada para mostrar na pista, se fosse Cacá Bueno chamava novamente os homens da CBA de imbecis e iria correr numa categoria mais séria e dirigida de forma mais profissional. Talvez lá, aonde quer que seja, Cacá Bueno pudesse falar o que quisesse.
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Figura(HUN): Sebastian Vettel
Não é todo dia que um piloto derrota a Mercedes atualmente numa corrida sem problemas externos. E mais difícil ainda um piloto igualar um marco histórico na F1, que são as 41 vitórias de Ayrton Senna, o terceiro colocado no ranking da F1. Pois Vettel fez isso em Hungaroring. O final de semana não começou promissor para o alemão e a Ferrari, com a equipe sofrendo, mais uma vez, para acompanhar a Mercedes no travado e apertado circuito de Hungaroring, além de Vettel ter sofrido problemas mecânicos na sexta-feira. No sábado, Vettel ficou com o seu já habitual terceiro lugar no grid, mas o ferrarista sabia que somente uma novidade poderia tirar a vitória da Mercedes e de Lewis Hamilton, que vinha dominando até ali. Porém, o que deu a vitória para Vettel não foi exatamente uma novidade. Assim como aconteceu em Silverstone, a dupla da Mercedes não largou bem e bastou para Vettel tracionar bem para assumir a ponta, vinda da segunda fila, ainda na primeira curva. Porém, Vettel fez bem mais do que isso. Numa pilotagem irretocável, Sebastian não deu chances a ninguém e se tinha seu companheiro de equipe Kimi Raikkonen na primeira parte da corrida, também era verdade que o alemão da Ferrari chegou a abrir 12s de vantagem para a primeira Mercedes do pelotão, de Nico Rosberg. Nem o abandono de Raikkonen por problemas mecânicos e uma relargada no final da corrida afetou Vettel, que deixou Rosberg para trás com facilidade e venceu praticamente de ponta a ponta, se igualando a Senna como o terceiro maior vitorioso da F1. E com doze corridas à menos! Quando dominou a F1 com seu Red Bull, muitos diziam que Vettel só vencia porque tinha o melhor carro. Com um carro longe de ser o dominador do ano, estamos vendo do que o alemão é capaz!
Tô curioso para ver a desculpa do Eduardo 'Anta' de Mello, que diz por aí que Vettel não tem talento para ser campeão na F1, no Supermotor amanhã...
Figurão(HUN): Force India
Numa semana triste para o esporte a motor mundial, particularmente com a F1, pela morte de Jules Bianchi, o final de semana da Force India foi uma amostra da periculosidade do automobilismo e o que uma equipe não pode ou não deveria fazer. Na sexta-feira, Sérgio Pérez teve sua suspensão dianteira quebrada de forma estranha e sem nenhum toque ou dano aparente, mas o resultado disso foi uma capotagem que assustou a todos no autódromo de Hungaroring. O mexicano saiu do carro ileso, mas a quebra repentina da suspensão do seu carro alarmou a todos, sendo que numa investigação, digamos, recorde, a Force India anunciou que o problema foi que Pérez estava exagerando nas zebras. Se exagerou ou não, o fato que essa mesma desculpa foi dada no também feio acidente de Nico Hulkenberg na corrida, quando a asa dianteira do alemão entrou colapso em plena reta dos boxes, com o carro saindo do controle de Nico, que foi reto contra a barreira de pneus. Novamente o piloto saiu ileso, mas também novamente todos ficaram assustados como em menos de três dias duas peças essenciais de um carro da Force India se quebrou sem aviso. Todos sabemos dos problemas financeiros da Force India, o que até atrasou a entrega do novo carro da equipe hindu, mas é bastante preocupante se isso esteja influenciando a qualidade dos materiais da equipe, ficando um nível abaixo do aceitável e permitindo dois acidentes graves, que não teve feridos, mas que poderia ter consequências mais sérias.
domingo, 26 de julho de 2015
Magia magiar
Quando o calendário aponta o Grande Prêmio da Hungria como a próxima corrida da F1, a maioria das pessoas que acompanham a F1 fazem careta. Ao longo das trinta edições da prova magiar, a grande maioria são de corridas chatas, com direito a procissões intermináveis e o vencedor decidido no sábado. Porém, para comprovar essa regra, há as exceções. Hoje a corrida em Hungaroring foi tudo, menos chata, sem procissão e a dupla da primeira fila fazendo besteiras colossais ao longo da corrida. Para termos essa corrida tão cheia de alternativas, não foi preciso alguma quebra mecânica da Mercedes ou uma chuva. Apenas tivemos uma corrida de verdade, sem grandes intervenções, com algumas pessoas desejam. Quem se aproveitou disso foi Sebastian Vettel, que venceu praticamente de ponta a ponta, colocando seu nome na história da F1 ao se igualar à Ayrton Senna como o terceiro maior vencedor da F1, com 41 vitórias. Hoje também foi dia dos chorões, com a dupla da Red Bull ficando com no pódio e Alonso conseguindo um excepcional quinto lugar.
As mudanças começaram logo na largada. Assim como em Silverstone, a dupla da Mercedes saiu mal no apagar das luzes vermelhas e quem emergiu na frente foi a dupla da Ferrari, com Vettel ponteando Raikkonen. Assim como em Silverstone, Lewis Hamilton tentou acabar com o seu prejuízo o mais rápido possível, mas o inglês acabou tendo ainda mais problemas, com o inglês tentando ultrapassar Rosberg, mas acabou recebendo um chega-pra-lá do alemão e saiu da pista, com Lewis caindo para décimo. Porém, o padrão de Silverstone acaba por aqui. Se na Inglaterra a dupla da Mercedes perseguiu de perto o duo da Williams até ultrapassa-los através da estratégia e da chuva, na Hungria Vettel correu livre, leve e solto na frente, sem ser muito incomodado pelo seu companheiro de equipe Raikkonen e, surpresa maior, com o finlandês aumentando sua vantagem sobre a Mercedes de Nico Rosberg, que sempre teve problemas de equilíbrio em seu carro no final de semana. O final de semana ferrarista só não foi perfeito pelos problemas com o carro de Raikkonen na parte final da prova. O Kers de Kimi falhou e quando a corrida foi neutralizada pelo safety-car, o finlandês foi presa fácil aos adversários, até Raikkonen abandonar. Acusado de não andar no mesmo ritmo de Vettel, desta vez Raikkonen não teve culpa do mal resultado de hoje, exemplificado pelo enorme número de desculpas dadas pelo engenheiro da Ferrari no rádio. Quem não tinha do que se queixar era Vettel. A vitória do alemão só foi levemente contestada na relargada, pois não se sabia como a Ferrari se comportaria com os pneus médios, algo que Nico Rosberg já tinha demonstrado andar bem. Porém, Nico teve um final de semana apagado e depois seria vítima da boa agressividade de Ricciardo. Sebastian desfilou até o final em uma corrida perfeita, numa vitória ainda mais enfática do que na Malásia. Se em Sepang Vettel se valeu de algumas características peculiares daquele dia, hoje o alemão da Ferrari foi mais rápido na largada e imprimiu um ótimo ritmo para vencer sem ser ameaçado. Justo num fim de semana que não estava muito positivo para a Ferrari, Vettel venceu e a dobradinha não aconteceu devido ao azar de Raikkonen. Historicamente, Vettel já tem o mesmo número de vitórias de Senna. E para desespero de alguns, com menos corridas! Ele não pode ser carismático, mas quando olharmos a história da F1, não podemos desmerecer ou ignorar os feitos de Sebastian Vettel.
Como já está sendo usual, a Red Bull começou o final de semana reclamando do motor Renault, dizendo que faz o pode, mas que os franceses mais atrapalham do que ajudam. Em Monte Carlo, a Red Bull tinha tido o seu melhor final de semana e na Hungria, em condições similares, o time austríaco poderia fazer algo de bom novamente. O quarto lugar de Ricciardo no grid já tinha sido um indicador de que as coisas seriam boas para a trupe de Christian Horner. Porém, a corrida começou mal para a Red Bull com a má largada de Ricciardo, ficando até mesmo atrás de Kvyat, obrigando a equipe mandar o russo abrir passagem. Tendo que ultrapassar rapidamente para voltar a ocupar o seu lugar de origem, Ricciardo bolou uma estratégia arriscada, onde iria para a freada da curva um numa espécie de tudo ou nada. Foi assim que Daniel ultrapassou Hulkenberg e Bottas, ambos com motores Mercedes, bem mais fortes que o seu. Em quarto lugar, Ricciardo só foi ultrapassado por Hamilton quando errou na última curva, mas para a relargada, o australiano tinha um trunfo na manga. Dentre os primeiros colocados, era o único com pneus macios. Contrariando a lógica, Ricciardo foi para cima de Hamilton e após uma animada disputa, tomou a posição do inglês e foi para cima de Rosberg. Se quisesse ultrapassar, Ricciardo precisava arriscar. E nas últimas voltas, foi exatamente isso que o australiano fez! Numa audaciosa ultrapassagem por dentro, Ricciardo freou muito depois de Rosberg e a manobra só não foi completada por afobação de Nico, que acabou quebrando a asa dianteira de Ricciardo. O australiano foi aos boxes para trocar o aparato, mas a Red Bull não tinha muito do que reclamar, pois Kvyat, numa corrida de espera, assumiu o segundo lugar quietinho, quietinho, se tornando o segundo russo a subir no pódio após Vitaly Petrov. O russo ainda foi punido em 10s, mas não houve tempo para Ricciardo ameaçar o russo. Por sinal, a direção de prova cometeu um erro crasso na relargada. Após mandar os retardatários passarem os líderes e o safety-car, a organização da prova não esperou o pelotão se alinhar e o resultado foi que havia um buraco de 20s entre os líderes e o resto da turma, acabando por ajudar Ricciardo, Rosberg e Hamilton, quando estes tiveram problemas.
Foi emocionante a reação da dupla da Red Bull no pódio, com ambos apontando para cima com seus troféus, claramente dedicado-os a Jules Bianchi. Ricciardo estava com lágrimas nos olhos. Vettel mostrou ser um poliglota no rádio ao arranhar um francês e dedicar sua vitória à Bianchi. Num momento emocionante, os pilotos, junto com a família de Jules, fizeram um minuto de silêncio em memória do francês. E a Red Bull não teve mesmo do que reclamar (ou chorar...) nesse final de semana, com Max Verstappen fazendo uma prova sem sustos para ser quarto colocado, seu melhor resultado em sua jovem carreira. Carlos Sainz é que teve problemas em seu Toro Rosso, para dar um motivo para a Red Bull reclamar da Renault. Após dar uma declaração lamuriosa ontem, quase fazendo a todos chorar, Alonso fez uma corrida dentro de suas possibilidades, mas esperando os erros alheios e andando na mesma balada de Lotus e Toro Rosso, levou sua McLaren ao quinto lugar. Para um campeão do naipe de Alonso, quinto lugar não é o maior dos prêmios, mas se analisarmos a posição atual da McLaren-Honda, o resultado de hoje, somado ao nono lugar de Button, é como uma vitória para a McLaren.
Numa corrida em que largou como ampla favorita, a Mercedes saiu de Hungaroring lambendo suas feridas numa prova marcada por vários erros de seus pilotos. Se a partir da próxima corrida a largada será basicamente manual, a Mercedes estará mais aliviada, pois pela segunda corrida consecutiva os seus carros foram engolidos pelos ocupantes da segunda fila com até alguma facilidade. Porém, o que veio a seguir é que deve causar preocupação à cúpula da Mercedes nesse próximo mês de férias. Nico Rosberg, após erro de Hamilton, que o fez sair da pista, não foi capaz de andar no mesmo ritmo da Ferrari e o alemão chegou a ficar 12s atrás de Vettel e outros 9s atrás de Raikkonen. Com ar sujo, a Mercedes simplesmente não teve o mesmo rendimento. Porém, Nico fazia uma prova para tirar a desvantagem que tinha para Hamilton. Lewis teve uma corrida errática, talvez a pior desde a perda do título de 2007, onde o inglês errou tudo o que tinha para um novato na última corrida daquela temporada. Agora, como piloto experiente e bicampeão, Hamilton fez várias besteiras hoje, se metendo em confusões bestas que o fez pedir desculpas para a sua equipe. Lá na frente, Rosberg estava em segundo, se aproveitando dos problemas de Raikkonen, mas tinha Daniel Ricciardo colado e com pneus melhores. Se pensasse sistêmicamente, bastava Nico não se meter em nenhuma encrenca com o australiano, que estava forçando muito na freada da curva um. Ricciardo se jogou na freada, Rosberg poderia pressentir 'caca' vindo por aí, mas ao invés de recuar, tentou manter a posição. Resultado: um pneu furado no começo da volta. E o alemão jogou fora pontos importantes no campeonato, já que Nico voltou justamente atrás de Hamilton e e viu a vantagem de Lewis aumentar de 17 para 21 pontos no campeonato. Um erro que pode ser crucial no campeonato e mostrou a diferença entre um grande campeão e um bom piloto. A Lotus teve um final de semana duro, mas ainda pontuou com Grosjean, enquanto Galvão foi perfeito na descrição de Pastor Maldonado: é doidinho dentro da pista. E ainda parodiando Galvão, Maldonado poderia pedir música pelas três (!) punições recebidas hoje! Já era sabido que a Williams não teria ritmo em Hungaroring, mas Felipe Massa fez uma prova muito ruim, longe de Bottas, saindo de suas características ao largar mal e ficando fora dos pontos com um carro nitidamente desequilibrado. Bottas estava numa posição melhor, podendo pontuar bem, mas um toque com Verstappen furou o pneu do finlandês (num toque de corrida, diga-se) e Bottas acabou também fora dos pontos. A Force India teve um final de semana preocupante. Sergio Pérez capotou seu carro na sexta-feira após a suspensão do seu carro quebrar sozinha, enquanto Nico Hulkenberg causou a entrada do safety-car quando a asa dianteira do alemão se quebrar sozinha no meio da reta dos boxes. Foi um acidente perigoso por vários aspectos. Primeiro, por que Nico batu de frente a alta velocidade. Segundo porque foi a segunda quebra da Force India por causa de fadiga de material em três dias. Tão perigoso que Pérez, que vinha nos pontos como Hulkenberg, abandonou por motivos de segurança. A Sauber continuou com um final de semana em que a falta de recursos para desenvolver o carro ficou evidente numa equipe decadente, mas que ainda somou um pontinho devido aos erros dos demais, mas desta vez com Ericsson, já que Nasr não andou na frente do sueco em nenhum momento da prova. A Manor fez o número de sempre.
Foi a segunda grande corrida de F1 consecutiva nesse ano, mostrando que mesmo a F1 precisando se reinventar, ainda é capaz de nos entreter com uma grande prova, mesmo num circuito onde as expectativas eram muito baixas. Ao invés de ver reclamações nas redes sociais, como eu previa ontem, veremos grandes elogios para a prova de hoje. Essa é a magia da F1.
sábado, 25 de julho de 2015
Analisando Fernando
Minha formação não é na psicologia, apesar de estado perto dessa ciência nos últimos tempos. E pelo fato de estar perto, não significa que eu queira ser um psicólogo, nem agora, nem no futuro. Porém, usar o bom senso e o cenário como um todo, é possível interpretar o que se passa com Fernando Alonso. Hoje, o espanhol falou sobre muitas coisas sobre o seu momento atual e sua relação com a F1. Vamos a algumas frases que Fernando disse hoje e o que elas PODEM significar.
"Eu amo automobilismo, todas as categorias, e é verdade que a F1 não é mais exatamente a mesma ou animadora como era no passado - ao menos para mim, por guiar carros 2s ou 3s mais rápidos que um carro da GP2. Neste momento, há uma grande motivação com a McLaren-Honda. Meu primeiro kart foi uma réplica da McLaren-Honda, agora estou aproveitando esse processo de nos tornarmos competitivos começando do zero".
A F1 está num momento de transição e os tempos estão baixando do ano passado para cá. A pole de Hungaroring em 2014 foi 1:22.715. Esse ano, 1:22.020. Sete décimos de diferença. Agora, o fato de não estar no melhor carro desanima Alonso, que se acha o melhor piloto dessa geração. Dá um Mercedes para o espanhol, que rapidinho ele se anima de novo.
"Sem testes, com esses pneus, com essas limitações, com o calendário do ano passado, por exemplo, há uma tentação para ir a outras categorias, isso é verdade"
A F1 está sem testes há vários anos e não me recordo de Alonso reclamando disso, seja na Ferrari ou McLaren, na primeira passagem. Ele tem razão no quesito pneus. Sem referência externa, leia-se uma segunda fornecedora de pneus, e com as equipes solicitando pneus que não durem muito para forçar pit-stops, a Pirelli apenas faz o que lhe pede. Simples assim. Não tenho dúvida que a Pirelli tem totais condições de fazer pneus que durem 305 km com alta performance. Basta a F1 querer. Acho que até Alonso gostaria disso...
"Era mais divertido antes, mas não acho que é por causa de mais sensores ou mais informações. Antes, tínhamos mais liberdade em termos de melhorar o carro. Você vê que o carro não é competitivo no primeiro quarto da temporada, então encontra algumas soluções e talvez fique competitivo. Agora, a Mercedes vai ganhar todas, a Manor vai ser a última em todas com mais ou menos sensores e feedback dos pilotos. O problema não é a quantidade de informação. Nossas mãos estão atadas pela temporada, então quando colocamos o carro em Barcelona ou Jerez para o primeiro teste é uma moeda no ar, se você será competitiva e terá uma boa temporada ou se não será e vai ter um ano ruim"
Essa foi a melhor de hoje! Provavelmente Alonso não conhece a história da F1 para falar uma coisa dessa. Alguém lembra de uma equipe começar um campeonato mal e melhorar a ponto de ficar competitivo? Desde que F1 é F1, quando um carro é mal concebido, a temporada acaba para uma equipe. Podiam testar à vontade, que o resultado seria o mesmo! Em 1988, a McLaren venceu 15 em 16 corridas na mesma época em Alonso ainda corria de kart e tinha uma réplica em casa. Não teve testes e melhorias que dessem jeito nisso. Era começar o final de semana 27 anos atrás e ter McLaren na ponta em todas as sessões do final de semana, com uma ou outra exceção. Exatamente como hoje com a Mercedes. Quando havia essa 'liberdade' que Alonso clama, a Minardi foi sempre a última em seus tempos. Resumindo. Domínio de uma certa equipe sempre aconteceu na F1 e de certa forma esses domínios são até cíclicos. Um tempo foi McLaren, depois Williams, depois McLaren, depois Ferrari, depois Red Bull, agora Mercedes... Novamente. Se Alonso estivesse de Mercedes, ele não estaria reclamando de domínio algum. Como ele está mais próximo da Manor...
A F1 passa por uma crise de identidade, mas outras já aconteceram e a F1 sobreviveu. Diga-se de passagem, desde sempre ouço que a F1 está em crise e que bom mesmo era nos 'bons tempos'. Mas quando você vai pesquisar os 'bons tempos', reclamava-se praticamente da mesma forma de hoje. E assim caminha a humanidade. A F1 precisa mudar algumas coisas? Sim e para ontem! Mas ter gente como Alonso choramingando pelo paddock não ajuda nessas mudanças...
Domínio enlutado
Com a F1 recheada de homenagens, merecidas por sinal, à Jules Bianchi, Lewis Hamilton continuou seu domínio que fatalmente lhe dará o terceiro título mundial no final do ano. Numa pista em que já venceu quatro vezes, Hamilton deu um banho em cima de Nico Rosberg, aumentando a sensação de que somente um cataclisma lhe tirar a vitória amanhã, em Hungaroring.
A classificação começou de forma surpreendente, pois se normalmente quem inaugura as ações no Q1 são as equipes pequenas e médias, hoje quem abriu os trabalhos foi justamente a dupla da Mercedes, ainda com os pneus médios. Porém, os compostos moles são 2s mais rápidos e não demorou para todo mundo usar esse pneu. No primeiro corte, além do pessoal da Manor, com um carro mais lento do que GP2 na sexta-feira, ficou pelo caminho a McLaren de Button e a dupla da Sauber. Primeira equipe média a anunciar seus pilotos para 2016, a mesma de 2015, a Sauber está em péssima fase após não conseguir mais desenvolver seu carro por falta de investimento e para Felipe Nasr, ficar novamente atrás do seu limitado companheiro de equipe não é nada bom. Numa pista que demanda pouca potência, era esperado uma corrida menos ruim da McLaren-Honda, mas o sábado mostrou que a fase não melhorou em nada. Além de Button ter ficado pelo caminho, Alonso teve um problema mecânico no Q2 e ainda teve que empurrar seu carro na entrada dos boxes...
No treino que vale a pole, Hamilton não deu a mínima chance para Rosberg, colocando mais de meio segundo no companheiro de equipe. deixando a sensação de que apenas um problema mecânico ou mudança climática lhe tirará a vitória. Daniel Ricciardo mudou um pouco a status quo da F1 ao ficar em quarto, separando as duas Ferraris, com Vettel em seu usual terceiro lugar. Após a ótima prova em Silverstone, a Williams está apanhando bastante no travado Hungaroring e com Bottas em 6º e Massa em 8º, um desempenho parecido com o da Inglaterra por parte da Williams beira o impossível.
Após a corrida, se não acontecer algo de extraordinário, as redes sociais se encheram de reclamações, de que a F1 está chata e coisa e tal. Sendo que há uns quinze anos eu ouço isso após uma corrida na Hungria...
sexta-feira, 24 de julho de 2015
História: 10 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 2005
Mesmo com Juan Pablo Montoya e Michael Schumacher ainda tendo chances matemáticas de estarem na briga pelo título, a realidade mostrava que o campeonato de 2005 estava sendo verdadeiramente disputado entre os jovens Fernando Alonso e Kimi Raikkonen, com vantagem para o espanhol devido à consistência da equipe Renault, mesmo a McLaren sendo ligeiramente mais rápida que o time francês. Na corrida de 2004 dominada pela Ferrari de Michael Schumacher, Raikkonen foi o único que ameaçou o alemão em casa, mas Kimi abandonou no começo da corrida. O finlandês costuma andar bem Hockenheim, mas Raikkonen ainda sofria com sua falta de sorte...
A McLaren mostrou sua superioridade em todos os treinos a na classificação, Raikkonen conseguiu mais uma pole com ampla vantagem sobre o segundo colocado. A sessão de classificação foi de sentimentos misturados para a McLaren. Alonso errou em sua volta rápida e acabou em terceiro, superado por Button. Último a ir à pista, Montoya vinha andando no mesmo ritmo de Raikkonen, mas o colombiano perdeu o controle do seu carro na última curva, acabando por bater de traseira na proteção de pneus. Com isso, ao invés de uma dobradinha no grid, a McLaren teria seus dois carros nas duas pontas do grid, para desgosto de Ron Dennis.
Grid:
1) Raikkonen (McLaren) - 1:14.320
2) Button (BAR) - 1:14.759
3) Alonso (Renault) - 1:14.904
4) Fisichella (Renault) - 1:14.927
5) M.Schumacher (Ferrari) - 1:15.006
6) Webber (Williams) - 1:15.070
7) Heidfeld (Williams) - 1:15.403
8) Sato (BAR) - 1:15.501
9) Trulli (Toyota) - 1:15.532
10) Klien (Red Bull) - 1:15.635
O dia 24 de julho de 2005 amanheceu nublado e até mesmo um pouco frio em Heidelberg, cidade próxima do mítico circuito de Hockenheim, mesmo que as longas retas do circuito terem ficado apenas na memória dos pilotos e torcedores. Era um clima estranho para o começo do verão europeu, mas isso ajudaria aos pilotos, pois com um clima mais ameno, a preocupação com a degradação dos pneus seria menor do que numa pista quente, como normalmente acontece em Hockenheim. Na largada, Raikkonen sai sem muitos problemas, mas se o finlandês esperava que Button fosse uma espécie de escudo, ele estava bem enganado. Com gana de ficar próximo do seu rival pelo título, Alonso novamente larga muito bem e assume o segundo lugar, deixando o inglês da BAR em terceiro. Mais atrás, no pelotão intermediário, alguns toques resultaram numa asa quebrada de Sato e um pneu furado no carro de Trulli. Durante a primeira volta, os veteranos Rubens Barrichello e Jacques Villeneuve trocam tintas, abrindo caminho para que pilotos do meio do pelotão ganhassem posições.
Com tantas confusões, Montoya já pulava de último (20º) para décimo primeiro, enquanto Raikkonen liderava à frente de Alonso, Schumacher e Button. Raikkonen abria diferença sobre Alonso e na oitava volta já tinha 4s de vantagem, enquanto mais atrás, Montoya continuava sua corrida de recuperação a após ultrapassar com facilidade Klien e Ralf Schumacher, o colombiano ficou empacado atrás de Fisichella, em nono lugar, com o italiano tendo dificuldades de dirigibilidade no seu Renault devido à um toque na primeira volta. A primeira rodada de paradas começou na volta 15, mas provando a qualidade e velocidade do carros da McLaren, Raikkonen e Montoya só efetuaram suas paradas nas voltas 25 e 26, respectivamente. Kimi fez várias voltas rápidas antes de fazer seu pit-stop, mantendo sua posição confortavelmente, enquanto Montoya já aparecia em quinto após a primeira rodada de paradas. A diferença entre Raikkonen e Alonso estava na casa dos 11s, com Montoya se aproximando de Schumacher e Button, com o alemão da Ferrari tendo dificuldades com os seus pneus Bridgestone. A corrida estava quieta e muito provavelmente a terceira posição fosse decidida na segunda e última rodada de paradas. Lá na frente, tudo levava a crer no mais tranquilos dos desfechos. Quando Raikkonen sofreu outro grande baque em 2005.
Na volta 35, Raikkonen diminui o seu ritmo e pára sua McLaren na reta oposta. O carro de Kimi simplesmente travou! Era o velho problema hidráulico! Em sua luta com Alonso pelo título, o abandono, na casa da Mercedes, de Raikkonen foi um tremendo balde de água fria! Correndo resignado em segundo, Alonso deve ter levado um susto quando sua equipe lhe mostrou 'P1'. Sozinho, sem ser atacado por ninguém, Alonso só tinha uma coisa a fazer nas 32 voltas seguintes: levar a 'criança' para casa. Ao contrário do espanhol, Schumacher era pressionado fortemente por Button e acabou ultrapassado pelo inglês no Hairpin. Na volta seguinte, Button e Schumacher foram aos boxes pela segunda vez, mas a posição de ambos foi a mesma. Festa para Button e um segundo lugar garantido? Negativo!
Montoya fazia uma excelente corrida de recuperação e após retardar ao máximo sua segunda parada, o colombiano emergiu na frente de Button por muito pouco, assumindo a segunda posição. Após largar em último! Os problemas de pneus de Schumacher só pioram após a segunda parada (só para lembrar: em 2005 os pit-stops não continham troca de pneus...) e o alemão vai perdendo rendimento e vê seu quarto lugar ser ameaçado por Fisichella, que mesmo parando duas vezes nos boxes, não conseguiu resolver seu problema de dirigibilidade. O italiano da Renault ficou empacado atrás de Schumacher e com isso, uma longa fila atrás do alemão da Ferrari se formou. Fisichella tinha um carro nitidamente mais rápido, mas não se decidia. Contudo, já na penúltima volta, o italiano mergulhou por dentro no Hairpin e tomou o quarto lugar de Michael. Seu irmão Ralf, ainda mais indeciso e inseguro do que Fisichella, ainda mais com relação ao irmão mais velho, pouco atacou Michael, mesmo tendo meios para isso. Do quarto ao oitavo, havia apenas 6s de diferença. Lá na frente, Alonso recebeu a quadriculada para a sua sexta vitória no ano com 22s de vantagem sobre Montoya, um dos destaques da corrida, após a caca nos treinos. Com esse triunfo e o abandono de Kimi, Alonso colocava uma mão e meia na taça!
Chegada:
1) Alonso
2) Montoya
3) Buttton
4) Fisichella
5) M.Schumacher
6) R.Schumacher
7) Coulthard
8) Massa
terça-feira, 21 de julho de 2015
Humanos
Poucos dias atrás, os pilotos atuais de F1 foram acusados de 'robôs' por Emerson Fittipaldi e o bicampeão mundial tinha uma certa razão em sua afirmação. Reservados, pouco dispostos à polêmicas e com discursos previamente programados pelos seus assessores, os pilotos atuais de F1 já não tem a mesmo aura de outros tempos. Dos famosos 'bons' tempos. Porém, a morte de Jules Bianchi mostrou que esses homens, mesmo enclausurados em seus mundinhos, também são gente como a gente e quando percebem o que podem acontecer com eles, ainda mais com um amigo, se comportam como... humanos. As demonstrações de quase todos os pilotos do grid da F1 hoje no velório do francês foram emocionantes, em particular Jean-Eric Vergne, amigo de infância de Bianchi. Uma imagem inédita e marcante, mas ao mesmo tempo muito triste. Tomara que não se repita tão cedo!
segunda-feira, 20 de julho de 2015
Que pena...
Continuando o trágico final de semana para o esporte a motor, em Laguna Seca uma corrida de apoio ao Mundial de Superbike acabou em dupla fatalidade, em um acidente múltiplo e a morte de dois espanhóis, David Fernandez e Bernat Martínez. Essa foto expõe bem a carnificina que foi o trágico acidente...
domingo, 19 de julho de 2015
Tradição mantida
Mesmo sofrendo com a inferioridade do motor Honda frente a potente usina de força da Chevrolet neste ano, a equipe Andretti tem como característica ao longo dos últimos anos andar sempre muito bem na curtíssima pista de Iowa. Em 2015, não foi diferente. A classificação indicava outro banho das equipes Penske e Ganassi, inclusive com uma dobradinha brasileira na primeira fila, com Helio Castroneves superando Tony Kanaan, mas no desenrolar das trezentas voltas no pequeno circuito de Iowa, muitos acidentes e quebras foram se sucedendo e os pilotos da Andretti foram crescendo.
Ryan Hunter-Reay fazia uma prova discreta, mas andando no mesmo embalo dos seus companheiros de equipe, Marco Andretti, Carlos Muñoz e Justin Wilson. O americano, que já foi campeão da Indy, é considerado um piloto pouco carismático e que não ajuda a promover a categoria. Ao contrário de Josef Newgarden. Jovem, rápido e bem parecido, Newgarden dominou boa parte da prova, se metendo na briga de Penske e Ganassi, sendo que os pilotos dessas equipes foram caindo um a um. O primeiro, logo na quarta volta, foi o líder do campeonato Juan Pablo Montoya, vítima de uma falha mecânica que o fez bater forte. Depois, foi a vez dos carros de Kanaan e Dixon a deixar seus pilotos na mão. Helio Castroneves reassumiu a ponta antes da primeira parada e parecia o grande favorito a vitória, mas o pole não soube negociar muito bem com o tráfego e quando foi ultrapassado por Newgarden, perdeu-se no meio do trânsito. Power e Pagenaud nunca andaram bem na corrida. Com isso, a trupe da Andretti foi se aproximando do primeiro pelotão e logo estavam brigando com Newgarden pela ponta. Mesmo em crise devido ao motor Honda, a Andretti ainda é uma grande equipe, principalmente comparada a equipe de Newgarden. Na última parada, a Andretti superou a CFH de Newgarden e Ryan Hunter-Reay venceu pela primeira vez em 2015.
Com Sege Karam em terceiro e Graham Rahal em quarto, uma rara situação de domínio americano na Indy aconteceu. Para ser sincero, não me lembro do último 1-2-3-4 de pilotos ianques na Indy. Ryan Hunter-Reay vinha de uma temporada 2015 medonha, apenas em 14º no campeonato, mas o americano usou sua boa experiência em Iowa, onde já triunfou outras vezes, para vencer esse ano e sair do seu jejum de vitórias. Montoya teve muita sorte pensando em campeonato. Seus principais rivais pelo título ficaram pelo caminho, mas Graham Rahal continua sua ótima forma e numa prova de recuperação após ter problemas numa das suas paradas, conseguiu outro top-5 e é o vice-líder do campeonato. Levando-se em conta que Ganassi e Penske tem os melhores carros de 2015, ver Dixon, Castroneves e Power com problemas durante a prova em Iowa, deixou Montoya ainda com algum conforto para as três provas finais da Indy.
sábado, 18 de julho de 2015
Que pena!
Quando estamos encarando a morte de um ente querido de perto, somos todos egoístas. Por mais que saibamos que ela esteja sofrendo, não queremos que ela simplesmente morra ali, na cama de um hospital. No próximo sábado se completará dois meses que minha avó faleceu após longa enfermidade. Sabíamos que ela estava mal, sofrendo e sentindo dor, mas ninguém em sã consciência queria que ela simplesmente morresse. Sou uma pessoa muito lógica e sofria muito com esses pensamentos. Não seria melhor que ela fosse logo? Não acabaria com esse sofrimento? Então me lembrava dos bons momentos vividos no passado com ela e todos que me deixaram recentemente.
Piloto extremamente promissor, Bianchi foi vítima de uma série de erros de procedimentos cometidos pela F1 e pela FIA em Suzuka, culminando com seu bizarro acidente. Mesmo com nove meses de diferença, foi a primeira morte de um piloto de F1 em um evento oficial desde Ayrton Senna em 1994, mas a Manor já tinha encarado a morte de Maria de Villota, em um teste em 2012, sendo que a espanhol faleceria um ano depois do ocorrido.
O que passou a família de Jules Bianchi nos últimos nove meses eu sofri na pele (e três vezes nos últimos quatro anos) e o sentimento, expressado pelo patriarca da família nessa segunda feira é esse mesmo. Dor e sofrimento. A qualquer momento se podia receber uma ligação do hospital, chamando a família para comparecer na presença de um médico e ser comunicado do pior. Infelizmente, o telefone tocou na casa da família Bianchi nessa sexta-feria à noite e Jules finalmente irá descansar em paz.
quinta-feira, 16 de julho de 2015
História: 15 anos do Grande Prêmio da Áustria de 2000
O abandono de Michael Schumacher na França abriu novamente o campeonato de 2000, mas aparentemente, desta vez o maior adversário do alemão seria David Coulthard, que mostrou toda a sua agressividade (e outras coisas também...) em Magny-Cours, vencendo a prova, tomando as rédeas da equipe McLaren, que parece ter superado a Ferrari no verão de 2000. Para comprovar isso, o piloto de testes da equipe McLaren Olivier Panis foi à Mugello para uma sessão de testes e fez o melhor tempo do ano. Dentro da casa da Ferrari! Para Mika Hakkinen, a corrida na Áustria era essencial. Se ainda quisesse seu terceiro título consecutivo, Mika precisava vencer para baixar a bola do seu companheiro de equipe e trazer de volta a confiança da McLaren nele. Para Schumacher, que nunca havia vencido no A1 Ring, a corrida era decisiva em sua incessante corrida para tirar a Ferrari do seu já longo jejum.
A sessão de treinos livres mostrou uma McLaren bem superior à Ferrari, com Schumacher tendo que lhe dar com um carro nitidamente desequilibrado, mas o clima austríaco pregou uma peça nas equipes após um tempo bem quente na sexta. Minutos antes dos boxes serem abertos para a classificação, uma pequena garoa começou a cair em Zeltweg e todos os pilotos foram para o pit-lane, excluindo os dois carros da Jordan. Mas incluindo Luciano Burti. Eddie Irvine passou mal na sexta-feira e a Jaguar foi forçada a usar seu piloto de testes, que estreava na F1 de maneira bastante conturbada. Sem conhecer a pista, Burti foi ajudado por Barrichello, que lhe guiou no terceiro treino livre. Uma camaradagem rara de se ver. Na classificação, com pista seca, a McLaren logo se sobrepõe a todos, mas a surpresa foi Hakkinen dominar de forma absoluta seu motivado companheiro de equipe Coulthard. Surpresa maior foi na Ferrari, onde Barrichello derrota Schumacher pela segunda vez na temporada, algo que nunca havia acontecido na carreira do alemão. As duas Ferraris compartilharam a segunda fila. Atrás das duas equipes top, havia uma grande batalha pelo quinto lugar, mesmo que estando seis décimos atrás de Michael Schumacher. Havia um enorme equilíbrio no grid, com os próximos quatro carros separados por apenas alguns milésimos de segundo e do quinto ao décimo nono lugar, havia somente sete décimos de diferença, com destaque negativo para a Williams, ficando em 18º e 19º, pior posição de grid da equipe na década.
Grid:
1) Hakkinen (McLaren) - 1:10.410
2) Coulthard (McLaren) - 1:10.795
3) Barrichello (Ferrari) - 1:10.844
4) M.Schumacher (Ferrari) - 1:11.046
5) Trulli (Jordan) - 1:11.640
6) Zonta (BAR) - 1:11.647
7) Villeneuve (BAR) - 1:11.649
8) Fisichella (Benetton) - 1:11.658
9) Salo (Sauber) - 1:11.761
10) Verstappen (Arrows) - 1;11.905
O dia 16 de julho de 2000 estava nublado em Zeltweg, com perigo de chuva, mas o imprevisível clima austríaco não poderia garantir nada. O primeiro final de semana de Luciano Burti na F1 continuava atribulado, com o brasileiro tendo um vazamento de água em seu carro e tendo que largar dos boxes. Quando as cinco luzes vermelhas se apagaram, os dois carros da McLaren largam muito bem, o mesmo não acontecendo com as duas Ferraris. Chegando na primeira curva, Pedro Paulo Diniz desvia de Verstappen e perde o controle do seu Sauber, batendo em Fisichella, que foi pego de surpresa. Diniz ainda continuou na corrida, mas Fisichella abandonaria sua primeira corrida na temporada 2000. Zonta, na sua melhor posição de largada na F1, chega na primeira curva colado em Schumacher e acaba batendo na traseira da Ferrari do alemão, que roda e bate na Jordan de Trulli. Com um problema dessa magnitude nas primeiras filas da corrida logo na largada, quem escolheu o caminho correto se deu bem, enquanto o safety-car entrava na pista para retirar a Ferrari de Schumacher, que ainda tentou atravessar seu carro na pista e provocar uma bandeira vermelha. Trulli também abandonou no local.
Quando o safety-car voltou aos pits, o pelotão estava mudado de forma dramática. Salo pulara de 9º para 3º. Pedro de la Rosa de 12º para 4º e Button subia incrivelmente de 18º para sexto. Rubens Barrichello também fora atingido na traseira por Trulli, mas conseguiu controlar sua Ferrari, porém com o assoalho do carro danificado, Rubens teve que lhe dar com um carro bem desequilibrado no resto da tarde. Com Barrichello relargando apenas em oitavo, as duas McLarens imediatamente sumiram na frente, com Hakkinen claramente à frente de Coulthard. Mostrando sua ótima fase, De la Rosa ultrapassa a Sauber de Salo para ficar num distante terceiro lugar. Barrichello recuperava posições rapidamente, seguido por Frentzen, mas o motor Mugen Honda do Jordan do alemão acabaria explodindo ainda no começo da prova. Quando Barrichello ultrapassa Salo e assume o quarto lugar, a corrida já estava praticamente nas mãos da McLaren. O brasileiro estava 7s atrás da Arrows de De la Rosa e 14s atrás das McLarens. Porém, haveria troca de posições na McLaren, favorecendo o melhor colocado no campeonato David Coulthard? Para desespero do escocês, isso não fazia parte da política da McLaren, que na temporada anterior, não inverteu a ordem na corrida belga, com o próprio Coulthard vencendo uma corrida na frente de Hakkinen. Na Áustria, Mika liderava com autoridade, chegando a abrir 1s por volta em cima de David, como se quisesse mostrar a todos, principalmente a Coulthard, quem realmente mandava no reino da McLaren.
Os brasileiros Diniz e Zonta são punidos pelos acidentes provocados na primeira curva, enquanto o terceiro brasuca, Barrichello, tem dificuldades de se aproximar da Arrows do espanhol De la Rosa, graças ao problema do assoalho danificado do brasileiro, mas a péssima confiabilidade da Arrows foi demonstrada novamente quando De la Rosa tem que abandonar com o câmbio quebrado. A primeira e única rodada de paradas começou na volta 35, com Hakkinen sendo o primeiro dos líderes a entrar, mas não antes de ter colocado uma volta em todos os pilotos até o quarto colocado. Coulthard faz sua parada na volta 42 e Barrichello na 46. Todos sem problemas e com os três primeiros colocados bem destacados e separados entre si. Na volta 43 a dupla da Prost faz outra presepada quando Alesi bate em Heidfeld e ambos estavam fora da corrida, enquanto Alain Prost desejava saber o que tinha feito para merecer um ano tão ruim como aquele. Villeneuve tinha perdido muitas posições na confusão da primeira volta, mas após retardar sua parada, subia para quarto, enquanto Button fazia uma ótima corrida, lembrando da posição que largou, e corria num sólido quinto lugar. O último momento marcante da corrida foi quando Zonta tem o motor quebrado no final da corrida e quase é atingido pelo guincho. Frustrado pela oportunidade desperdiçada, o brasileiro mostrou o dedo médio para o comissário. No final da prova, Hakkinen abranda o seu ritmo e permitiu a Couthard cruzar a linha de chegada bem próximo, mas essa 16º vitória do finlandês mostrava que ele estava de volta à disputa pelo título. Porém, depois da corrida, a dobradinha da McLaren foi posta em dúvida quando a FIA não achou os selos obrigatórios na caixa preta nos carros de Hakkinen e Coulthard. Havia um perigo de desclassificação no ar, mas o resultado foi mantido, porém, pelo erro, a McLaren teve seus pontos no Mundial de Construtores cassados. Essa dobradinha da McLaren definitivamente ligou o sinal de alerta da Ferrari e para Schumacher!
Chegada:
1) Hakkinen
2) Coulthard
3) Barrichello
4) Villeneuve
5) Button
6) Salo
História: 20 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1995
A F1 chegava à Silverstone para a oitava etapa da temporada de 1995 com a silly season em pleno vapor. Com vários pilotos de ponta tendo seus contratos se encerrando no final daquele ano, haviam muitas negociações em andamento, com destaque da possível ida de Michael Schumacher, líder do campeonato e vencedor de três das últimas quatro corridas naquele momento, para a Ferrari. Seu companheiro de equipe na Benetton, Johnny Herbert também estava com seu nome em pauta, mas de forma bem negativa. A política da equipe Benetton e seu chefe Flavio Briatore era dar total apoio ao primeiro piloto, no caso Schumacher, com o segundo piloto (Herbert) ficando com as sobras. O inglês raramente tinha andado no mesmo ritmo do alemão e nas duas últimas corridas, completado apenas duas voltas antes de se envolver em acidentes. Para piorar, o piloto de testes da Benetton, Jos Verstappen, estava à disposição da equipe, após a Simtek ter fechado as portas após o GP de Mônaco. Herbert chegou para a sua corrida caseira pressionado.
Um teste havia sido realizado em Silverstone uma semana antes e o mais rápido havia sido Damon Hill, vencedor da corrida de 1994, com Schumacher logo atrás. Os dois eram as grandes estrelas da época, assim como rivais amargos. Na sexta-feira, com Silverstone tendo um clima com muito sol e vento, Hill e Schumacher disputaram palmo a palmo a primeira posição, com vantagem para o inglês da Williams. Schumacher tinha esperanças de melhorar seu tempo no sábado, mas a chuva estragou os planos do alemão, além de outros pilotos, e abriu uma discussão dentro da F1. A maioria das TVs transmitiam apenas o treino classificatório de sábado, o mesmo fazendo o público, que preferia ir no final de semana. Porém, com a chuva em Silverstone naquele sábado 15 de julho, poucos pilotos foram à pista e tanto o público nas arquibancadas, como os telespectadores ficaram frustrados, pois o grid já estava definido previamente e poucas pessoas viram. Por causa desse episódio, foi decidido em reuniões posteriores que a partir de 1996, o treino classificatório seria apenas no sábado.
Grid:
1) Hill (Williams) - 1:28.124
2) Schumacher (Benetton) - 1:28.397
3) Coulthard (Williams) - 1:28.947
4) Berger (Ferrari) - 1:29.657
5) Herbert (Benetton) - 1:29.867
6) Alesi (Ferrari) - 1:29.874
7) Irvine (Jordan) - 1:30.083
8) Hakkinen (McLaren) - 1:30.140
9) Barrichello (Jordan) - 1:30.354
10) Blundell (McLaren) - 1:30.453
O dia 16 de julho de 1995 amanheceu nublado e o antigo warm-up foi realizado com pista seca, com um surpreendente Mika Hakkinen fazendo o melhor tempo usando um novo motor Mercedes. Porém, faltando poucos minutos para a largada, a chuva deu as caras em Silverstone, causando uma enorme dor de cabeça para equipes e pilotos. Porém, a chuva foi rápida e quando foi dada a ordem para a volta de apresentação, a pista estava praticamente seca e todos os pilotos estavam usando pneus slicks. Na largada, Damon Hill mantém sua primeira posição, mas quem faz uma largada inacreditável foi Jean Alesi, que pulou de sexto para segundo, deixando Schumacher, que normalmente largava muito bem (o que sempre levantou muitas suspeitas) em terceiro, seguido por Coulthard, Herbert e Hakkinen.
Sem Schumacher no seu cangote, Damon Hill imprimiu um ritmo fortíssimo na frente, chegando a abrir 1s por volta em cima de Alesi, enquanto Schumacher apenas perseguia a Ferrari e não esboçava uma ultrapassagem sobre o francês. Assim como hoje, perseguir um carro de F1 muito de perto causava problemas de turbulência aerodinâmica para o carro de trás e o resultado era um pelotão estático, praticamente sem nenhuma ultrapassagem. Irvine tentou ultrapassar Panis e acabou rodando e quebrando o motor na sequência, se tornando o primeiro abandono do dia. Barrichello vinha na zona de pontos em sexto, quando foi avisado que tinha queimado a largada e por isso, teve que fazer stop-and-go de 10s nos boxes. E o que era pior, era a segunda vez consecutiva que o brasileiro cometia a mesma infração, mas ainda pior era Panis, pego pela terceira (!) vez queimando a largada e tendo que esperar 10s nos pits! Com Alesi segurando Schumacher, Coulthard encostou no pelotão e com o escocês também preso atrás da Ferrari e de Schummy, a Williams antecipa a parada do escocês, o trazendo aos pits na volta 15. Infelizmente para David, seu limitador de velocidade falha logo depois e isso lhe traria muitas dores de cabeça mais tarde.
Alesi faz seu primeiro pit-stop na volta 18 e retorna à pista ainda na frente de Coulthard, para desespero da Williams que para piorar, ainda vê Schumacher aumentar seu ritmo e diminuir a vantagem para Hill, que ainda corria solitário na frente. Porém, durante o warm-up, Schumacher fez uma longa série de voltas em claro teste para um long run, no que poderia indicar uma estratégia de uma parada, ao contrário da tática normal de dois pit-stops. Correndo em terceiro lugar, Herbert força o ritmo e quando faz sua primeira parada na volta 21, surpreende ao superar Alesi e Coulthard, se mantendo em terceiro, mas garantindo-se na frente dos dois na pista. Mas ainda restava os dois líderes. Quando parariam? Hill entra nos pits na volta 22 e volta à pista 9s atrás de Schumacher que, com pouco combustível, aumentava a vantagem para o inglês da Williams e com a corrida chegando a metade, ficava claro que o Michael pararia apenas uma vez. Estreando na F1, Max Papis faz seu primeiro pit-stop na vida, mas o italiano acaba se atrapalhando na saída do pit-lane e bate seu Arrows bisonhamente. Quando Schumacher faz sua única parada na volta 31, a missão para Hill era clara: andar em ritmo de classificação até fazer sua segunda parada. Damon marca a volta mais rápida da corrida, abre de 20 para 27s sua vantagem para Schumacher, mas quando saiu dos pits na volta 41, Michael o ultrapassa por pouco. Porém, as últimas voltas do Grande Prêmio da Inglaterra seriam dramáticas, com uma luta direta entre os dois homens que decidiram o campeonato de 1994 num acidente entre eles. Com pneus novos, Hill foi para cima de Schumacher de forma agressiva, saindo até mesmo um pouco da característica do inglês. Na volta 46, tentou a manobra na curva Stowe, mas acabou atrapalhado pelo retardatário Jean Christophe Bouillon, mas na volta seguinte, não havia retardatário pela frente e Hill tentou a manobra na curva Priory, à esquerda. Schumacher manteve-se na linha de corrida, mas Hill já tinha sacrificado a freada e acabou batendo em Schumacher, tirando ambos da corrida. Schumacher saiu do seu Benetton cuspindo abelha africana, enquanto Hill saía do seu carro de forma melancólica, meio que sabendo que tinha sido otimista demais numa tentativa de ultrapassagem sobre um piloto agressivo como Schumacher (e Hill sabia muito bem disso), além de ter que abandonar na frente de sua torcida.
Contudo, as arquibancadas ainda tinham para quem torcer na luta pela vitória. Com seus dois primeiros pilotos de fora, Benetton e Williams viram seus dois segundos pilotos na ponta, com Herbert se mantendo na ponta após a segunda rodada de paradas, seguido muito de perto por Coulthard. O escocês quase emulou seu companheiro de equipe na Priory, mas David acabou recebendo a péssima notícia que seu limitador de velocidade nos pits não tinha funcionado na segunda rodada de pits e que seria punido com um stop-and-go. Experiente, Herbert deixou Coulthard passar e duas voltas depois o inglês viu o piloto da Williams se dirigindo aos boxes para cumprir a punição. O público inglês, agora torcendo bastante pelo simpático Herbert, ainda perseguindo sua primeira vitória na F1, ainda tinha com quem se preocupar: a Ferrari de Alesi se aproximava perigosamente. Animado por ter conseguido também sua primeira vitória um mês antes em Montreal, Alesi aumentou seu ritmo e quando tinha Herbert na alça de mira, a pressão de óleo do motor Ferrari começou a cair, forçando o francês a diminuir o ritmo e deixar Herbert mais aliviado nas últimas voltas para que ele também pudesse curtir a sua primeira vitória na F1, em seu 74º Grande Prêmio. Foi uma vitória bastante popular para Herbert, piloto muito querido no paddock da F1 na época, que vibrou como nunca, assim como a torcida inglesa. Alesi e Coulthard completaram o pódio. Hakkinen vinha em quarto, mas teve o motor quebrado. Mesmo punido no começo da prova, Barrichello se recuperara e estava lutando com Mark Blundell pela quarta posição. Na penúltima volta, Rubens tentou a ultrapassagem e acabou fechado por Blundell. Ambos os carros ficaram danificados, mas apenas Barrichello ficou parado na pista. Blundell ainda recebeu a bandeirada, mas acabou ultrapassado pelo também punido previamente Panis na última volta. Mesmo com a primeira vitória de Herbert, a polêmica manobra de Hill em cima de Schumacher tinha dado muito o que falar. Segundo a lenda, Frank Williams teria ido aos boxes da Benetton pedir desculpas a Schumacher e Briatore pelo incidente e chamando Hill de idiota. Isso nunca foi confirmado, assim como Hill não fez questão de se desculpar com Schumacher. Tudo isso era prato cheio para a próxima corrida, na Alemanha. Casa de Schumacher!
Chegada:
1) Herbert
2) Alesi
3) Coulthard
4) Panis
5) Blundell
6) Frentzen
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