quinta-feira, 16 de julho de 2015

História: 20 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1995

A F1 chegava à Silverstone para a oitava etapa da temporada de 1995 com a silly season em pleno vapor. Com vários pilotos de ponta tendo seus contratos se encerrando no final daquele ano, haviam muitas negociações em andamento, com destaque da possível ida de Michael Schumacher, líder do campeonato e vencedor de três das últimas quatro corridas naquele momento, para a Ferrari. Seu companheiro de equipe na Benetton, Johnny Herbert também estava com seu nome em pauta, mas de forma bem negativa. A política da equipe Benetton e seu chefe Flavio Briatore era dar total apoio ao primeiro piloto, no caso Schumacher, com o segundo piloto (Herbert) ficando com as sobras. O inglês raramente tinha andado no mesmo ritmo do alemão e nas duas últimas corridas, completado apenas duas voltas antes de se envolver em acidentes. Para piorar, o piloto de testes da Benetton, Jos Verstappen, estava à disposição da equipe, após a Simtek ter fechado as portas após o GP de Mônaco. Herbert chegou para a sua corrida caseira pressionado.

Um teste havia sido realizado em Silverstone uma semana antes e o mais rápido havia sido Damon Hill, vencedor da corrida de 1994, com Schumacher logo atrás. Os dois eram as grandes estrelas da época, assim como rivais amargos. Na sexta-feira, com Silverstone tendo um clima com muito sol e vento, Hill e Schumacher disputaram palmo a palmo a primeira posição, com vantagem para o inglês da Williams. Schumacher tinha esperanças de melhorar seu tempo no sábado, mas a chuva estragou os planos do alemão, além de outros pilotos, e abriu uma discussão dentro da F1. A maioria das TVs transmitiam apenas o treino classificatório de sábado, o mesmo fazendo o público, que preferia ir no final de semana. Porém, com a chuva em Silverstone naquele sábado 15 de julho, poucos pilotos foram à pista e tanto o público nas arquibancadas, como os telespectadores ficaram frustrados, pois o grid já estava definido previamente e poucas pessoas viram. Por causa desse episódio, foi decidido em reuniões posteriores que a partir de 1996, o treino classificatório seria apenas no sábado.

Grid:
1) Hill (Williams) - 1:28.124
2) Schumacher (Benetton) - 1:28.397
3) Coulthard (Williams) - 1:28.947
4) Berger (Ferrari) - 1:29.657
5) Herbert (Benetton) - 1:29.867
6) Alesi (Ferrari) - 1:29.874
7) Irvine (Jordan) - 1:30.083
8) Hakkinen (McLaren) - 1:30.140
9) Barrichello (Jordan) - 1:30.354
10) Blundell (McLaren) - 1:30.453

O dia 16 de julho de 1995 amanheceu nublado e o antigo warm-up foi realizado com pista seca, com um surpreendente Mika Hakkinen fazendo o melhor tempo usando um novo motor Mercedes. Porém, faltando poucos minutos para a largada, a chuva deu as caras em Silverstone, causando uma enorme dor de cabeça para equipes e pilotos. Porém, a chuva foi rápida e quando foi dada a ordem para a volta de apresentação, a pista estava praticamente seca e todos os pilotos estavam usando pneus slicks. Na largada, Damon Hill mantém sua primeira posição, mas quem faz uma largada inacreditável foi Jean Alesi, que pulou de sexto para segundo, deixando Schumacher, que normalmente largava muito bem (o que sempre levantou muitas suspeitas) em terceiro, seguido por Coulthard, Herbert e Hakkinen.

Sem Schumacher no seu cangote, Damon Hill imprimiu um ritmo fortíssimo na frente, chegando a abrir 1s por volta em cima de Alesi, enquanto Schumacher apenas perseguia a Ferrari e não esboçava uma ultrapassagem sobre o francês. Assim como hoje, perseguir um carro de F1 muito de perto causava problemas de turbulência aerodinâmica para o carro de trás e o resultado era um pelotão estático, praticamente sem nenhuma ultrapassagem. Irvine tentou ultrapassar Panis e acabou rodando e quebrando o motor na sequência, se tornando o primeiro abandono do dia. Barrichello vinha na zona de pontos em sexto, quando foi avisado que tinha queimado a largada e por isso, teve que fazer stop-and-go de 10s nos boxes. E o que era pior, era a segunda vez consecutiva que o brasileiro cometia a mesma infração, mas ainda pior era Panis, pego pela terceira (!) vez queimando a largada e tendo que esperar 10s nos pits! Com Alesi segurando Schumacher, Coulthard encostou no pelotão e com o escocês também preso atrás da Ferrari e de Schummy, a Williams antecipa a parada do escocês, o trazendo aos pits na volta 15. Infelizmente para David, seu limitador de velocidade falha logo depois e isso lhe traria muitas dores de cabeça mais tarde.

Alesi faz seu primeiro pit-stop na volta 18 e retorna à pista ainda na frente de Coulthard, para desespero da Williams que para piorar, ainda vê Schumacher aumentar seu ritmo e diminuir a vantagem para Hill, que ainda corria solitário na frente. Porém, durante o warm-up, Schumacher fez uma longa série de voltas em claro teste para um long run, no que poderia indicar uma estratégia de uma parada, ao contrário da tática normal de dois pit-stops. Correndo em terceiro lugar, Herbert força o ritmo e quando faz sua primeira parada na volta 21, surpreende ao superar Alesi e Coulthard, se mantendo em terceiro, mas garantindo-se na frente dos dois na pista. Mas ainda restava os dois líderes. Quando parariam? Hill entra nos pits na volta 22 e volta à pista 9s atrás de Schumacher que, com pouco combustível, aumentava a vantagem para o inglês da Williams e com a corrida chegando a metade, ficava claro que o Michael pararia apenas uma vez. Estreando na F1, Max Papis faz seu primeiro pit-stop na vida, mas o italiano acaba se atrapalhando na saída do pit-lane e bate seu Arrows bisonhamente. Quando Schumacher faz sua única parada na volta 31, a missão para Hill era clara: andar em ritmo de classificação até fazer sua segunda parada. Damon marca a volta mais rápida da corrida, abre de 20 para 27s sua vantagem para Schumacher, mas quando saiu dos pits na volta 41, Michael o ultrapassa por pouco. Porém, as últimas voltas do Grande Prêmio da Inglaterra seriam dramáticas, com uma luta direta entre os dois homens que decidiram o campeonato de 1994 num acidente entre eles. Com pneus novos, Hill foi para cima de Schumacher de forma agressiva, saindo até mesmo um pouco da característica do inglês. Na volta 46, tentou a manobra na curva Stowe, mas acabou atrapalhado pelo retardatário Jean Christophe Bouillon, mas na volta seguinte, não havia retardatário pela frente e Hill tentou a manobra na curva Priory, à esquerda. Schumacher manteve-se na linha de corrida, mas Hill já tinha sacrificado a freada e acabou batendo em Schumacher, tirando ambos da corrida. Schumacher saiu do seu Benetton cuspindo abelha africana, enquanto Hill saía do seu carro de forma melancólica, meio que sabendo que tinha sido otimista demais numa tentativa de ultrapassagem sobre um piloto agressivo como Schumacher (e Hill sabia muito bem disso), além de ter que abandonar na frente de sua torcida.

Contudo, as arquibancadas ainda tinham para quem torcer na luta pela vitória. Com seus dois primeiros pilotos de fora, Benetton e Williams viram seus dois segundos pilotos na ponta, com Herbert se mantendo na ponta após a segunda rodada de paradas, seguido muito de perto por Coulthard. O escocês quase emulou seu companheiro de equipe na Priory, mas David acabou recebendo a péssima notícia que seu limitador de velocidade nos pits não tinha funcionado na segunda rodada de pits e que seria punido com um stop-and-go. Experiente, Herbert deixou Coulthard passar e duas voltas depois o inglês viu o piloto da Williams se dirigindo aos boxes para cumprir a punição. O público inglês, agora torcendo bastante pelo simpático Herbert, ainda perseguindo sua primeira vitória na F1, ainda tinha com quem se preocupar: a Ferrari de Alesi se aproximava perigosamente. Animado por ter conseguido também sua primeira vitória um mês antes em Montreal, Alesi aumentou seu ritmo e quando tinha Herbert na alça de mira, a pressão de óleo do motor Ferrari começou a cair, forçando o francês a diminuir o ritmo e deixar Herbert mais aliviado nas últimas voltas para que ele também pudesse curtir a sua primeira vitória na F1, em seu 74º Grande Prêmio. Foi uma vitória bastante popular para Herbert, piloto muito querido no paddock da F1 na época, que vibrou como nunca, assim como a torcida inglesa. Alesi e Coulthard completaram o pódio. Hakkinen vinha em quarto, mas teve o motor quebrado. Mesmo punido no começo da prova, Barrichello se recuperara e estava lutando com Mark Blundell pela quarta posição. Na penúltima volta, Rubens tentou a ultrapassagem e acabou fechado por Blundell. Ambos os carros ficaram danificados, mas apenas Barrichello ficou parado na pista. Blundell ainda recebeu a bandeirada, mas acabou ultrapassado pelo também punido previamente Panis na última volta. Mesmo com a primeira vitória de Herbert, a polêmica manobra de Hill em cima de Schumacher tinha dado muito o que falar. Segundo a lenda, Frank Williams teria ido aos boxes da Benetton pedir desculpas a Schumacher e Briatore pelo incidente e chamando Hill de idiota. Isso nunca foi confirmado, assim como Hill não fez questão de se desculpar com Schumacher. Tudo isso era prato cheio para a próxima corrida, na Alemanha. Casa de Schumacher!

Chegada:
1) Herbert
2) Alesi
3) Coulthard
4) Panis
5) Blundell
6) Frentzen

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