sexta-feira, 3 de julho de 2015

História: 10 anos do Grande Prêmio da França de 2005

A França recebia a F1 mais alegre do que o normal. Desde os tempos de Alain Prost que os gauleses não lotavam as arquibancadas do inóspito circuito de Magny-Cours para torcer de verdade, mas a causa agora era a equipe Renault, que liderava o campeonato com Fernando Alonso. O enigmático presidente da Renault Carlos Gosh estava acompanhando a equipe, enquanto funcionários da Renault ocupavam uma arquibancada exclusiva no circuito. Porém, a F1 estava longe de estar em festa. Os eventos em Indianápolis ainda ecoavam por todos os cantos e uma entrevista coletiva improvisada foi realizada antes dos treinos, tendo a frente Bernie Ecclestone e os chefes de equipe que abandonaram a corrida americana por causa dos problemáticos pneus da Michelin. Um dos que menos bateram nos franceses foi justamente Flavio Briatore, da Renault. Falava-se que a Briatore havia conseguido os melhores pneus da Michelin para a Renault, numa sociedade 'francesa' contra a Bridgestone e a Ferrari. Porém, o outro usuário da Michelin, a McLaren de Kimi Raikkonen, era o maior adversário para Alonso e a Renault.

Em clara desvantagem no campeonato, a McLaren estreou uma nova especificação do motor Mercedes no carro de Raikkonen. Os prateados dominaram os treinos livres, inclusive com dobradinha entre Kimi e Montoya, mas o pouco testado motor de Raikkonen acabou estourando e de acordo com as regras da época, o finlandês teria que perder dez posições no grid. Pensam que a bagunça é de agora? Pressionado por correr em 'casa', Alonso marcou a pole numa classificação apertada, onde 1s separavam os nove primeiros colocados. O expert em classificações Jarno Trulli completou a primeira fila, ajudando sobremaneira Alonso e a Renault, pois com Raikkonen conseguindo o terceiro tempo, ele na verdade largaria em décimo terceiro. Com isso, quem subiria para terceiro era Michael Schumacher, que já demonstrava que a Ferrari não teria chance contra os carros com pneus Michelin. Porém, a quebra de Raikkonen foi um balde água fria na McLaren, que viu Montoya apenas em nono, mas numa época em que os carros largavam com o mesmo combustível que se classificaram, era esperado surpresas no domingo.

Grid:
1) Alonso (Renault) - 1:14.412
2) Trulli (Toyota) - 1:14.521
3) M.Schumacher (Ferrari) - 1:14.572
4) Sato (BAR) - 1:14.655
5) Barrichello (Ferrari) - 1:14.832
6) Fisichella (Renault) - 1:14.887
7) Button (BAR) - 1:15.051
8) Montoya (McLaren) - 1:15.406
9) Massa (Sauber) - 1:15.566
10) Villeneuve (Sauber) - 1:15.699

O dia 3 de julho de 2005 estava quente e ensolarado na região de Nevers, local onde estava o distante e pouco popular circuito de Magny-Cours. Impopular entre os pilotos, devido ao circuito sinuoso e com raras chances de ultrapassagens, e também de público, pois o autódromo francês fica num lugar pouco populoso na França, mas com a Renault muito bem no campeonato, o tradicional circuito recebeu um ótimo público, que aproveitava para curtir o início do verão europeu. A largada se deu sem maiores sustos, apenas com Christian Klien abandonando praticamente no início da prova, com problemas mecânicos em seu Red Bull. Mesmo sofrendo ataques de Schumacher, Trulli manteve a segunda posição, Barrichello ultrapassa Sato e sobe para quarto e os dois carros da McLaren conseguem ganhar uma posição cada. 

Enquanto Trulli segurava com unhas e dentes a segunda posição, Alonso disparava na frente, abrindo 3s em três voltas, demonstrando a diferença de ritmo entre e o italiano da Toyota. Raikkonen sobe para 10º ao ultrapassar um desequilibrado Williams de Mark Webber, mas encontra um resistente Felipe Massa da Sauber lhe segurando insistentemente, arruindo, naquele momento, a corrida de recuperação de Kimi. A boa posição de Takuma Sato é explicada quando o japonês é o primeiro a ir aos boxes, demonstrando estar numa estratégia de três paradas, quando a maior parte do pelotão pararia duas vezes. Para sorte de Raikkonen, dos pilotos que fariam dois pit-stops, Massa foi um dos que primeiro foram aos boxes, abrindo caminho para o finlandês da McLaren. Trulli e Schumacher foram aos boxes juntos na primeira rodada de paradas e a maior experiência da Ferrari acabou pagando, fazendo com que o alemão saísse na frente do italiano para ganhar a posição dele no trabalho de pit. Fisichella faz sua parada, mas um problema na mangueira de combustível fez com que o italiano perdesse muito tempo. Alonso fez sua primeira parada na volta 20. Desta vez sem problemas para a equipe Renault e o espanhol voltou a pista ainda em primeiro.

Claramente numa estratégia de duas paradas, explicando a não tão boa classificação, os dois carros da McLaren postergaram ao máximo suas primeiras paradas, com Montoya andando em segundo, com Raikkonen logo atrás. Kimi fazia as voltas mais rápidas da corrida, com JP também num bom ritmo. O colombiano fez sua parada na volta 25 e suas voltas rápidas tinham valido à pena, com Montoya retornando à frente de Schumacher, em terceiro. Restava Raikkonen. O finlandês da McLaren voava no circuito de Magny-Cours e quando finalmente entrou nos boxes na volta 28, o trabalho perfeito da McLaren, somado ao ritmo avassalador do finlandês, permitiu Raikkonen retornar à corrida em segundo, um pouco à frente de Montoya. O ritmo de Raikkonen mostrava que ele tinha totais condições de brigar pela vitória com Alonso, mas o espanhol estava, nesse momento, muito na frente para uma briga mais direta entre os dois contendores pelo título. Mais atrás, Sato aprontava das suas e já tinha dois toques (Barrichello e Trulli) em seu histórico na corrida, em ultrapassagens agressivas e atabalhoadas no hairpin Adelaide e com isso, Sato, que precisava marcar pontos urgentemente, caía para décimo. Péssima temporada do japonês, mas pelo menos o entretenimento da corrida ainda estava lá!

Quem não se divertia em 2005 era Montoya. Controlando com facilidade Schumacher, o colombiano acaba tendo que abandonar a corrida na volta 46, com problemas hidráulicos. Mais uma amostra de que a McLaren tinha, sem sombra de dúvidas, o melhor carro do ano, mas ainda restava melhorar a confiabilidade. Com Raikkonen em segundo e claramente numa estratégia de duas paradas, a Renault age rapidamente e faz com Alonso pare somente duas vezes. Com 14s de vantagem, o espanhol faz sua parada tranquilamente, o mesmo fazendo Raikkonen e Schumacher. Na segunda rodada de paradas, de destaque apenas Button superar Trulli quando o inglês da BAR ficou uma volta a mais do que o rival da Toyota, assumindo o quarto lugar. Após Sato dar outra escapada na hairpin Adelaide e se despedir definitivamente de qualquer chance de marcar pontos, o destaque ficava pelo abandono de Nick Heidfeld, declarando que seu Williams-BMW estava inguiável. A intriga entre as duas parceiras causavam danos no desempenho da Williams e estava claro que uma separação estava a caminho. No início do último stint, Alonso tinha 17s de vantagem sobre Raikkonen e se manteve em primeiro até a bandeirada, se tornando o primeiro piloto da Renault a vencer na França desde Alain Prost em 1983. Raikkonen via a diferença do campeonato aumentar mais dois pontos, mas pela posição em que largou, Kimi podia comemorar o controle de danos do que poderia ser um resultado ainda pior. Schumacher ia para o pódio após sua vitória bizarra nos Estados Unidos com um gosto meio amargo, pois o alemão foi o último na mesma volta dos líderes, mais de um minuto atrás de Alonso e Raikkonen. Em 2005, a Ferrari não tinha ritmo para emparelhar com Renault e McLaren. E nem a Bridgestone poderia encarar a Michelin. Era a quinta vitória de Alonso na temporada e tudo levava a crer que o campeonato estava indo para as habilidosas mãos do espanhol.

Chegada:
1) Alonso
2) Trulli
3) M.Schumacher
4) Button
5) Trulli
6) Fisichella
7) R.Schumacher
8) Villeneuve

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