sexta-feira, 31 de julho de 2015

História: 10 anos do Grande Prêmio da Hungria de 2005

Com o abandono de Raikkonen em Hockenheim, o campeonato se encaminhava a passos largos para Fernando Alonso, que chegou à Budapeste com 36 pontos de vantagem no campeonato e para piorar as coisas para o finlandês da McLaren, de acordo com as regras de dez anos atrás, Kimi seria o primeiro a se classificar, por ter ficado em último na corrida anterior, enquanto Alonso, vencedor na Alemanha, seria o último a entrar na pista e em melhores condições. McLaren e Renault já tinha demonstrado estar à frente de todo o pelotão, enquanto a Ferrari, que dominou em Hungaroring em 2004, tinha poucas chances de repetir a dose dez anos atrás. Nos bastidores da F1, uma bomba foi jogada por Nelson Piquet no sábado. O tricampeão estava visitando o paddock da nova GP2, onde no ano seguinte faria uma equipe para o seu filho Nelsinho, que estava conquistando a F3 Inglesa, e em entrevista para jornalistas brasileiros, disse que Barrichello estava de saída da Ferrari em direção à BAR, dirigida pelo seu amigo Gil de Ferran. Usando sua irreverência, Piquet chamou Rubens de 'Burrinho', no lugar de Rubinho, aumentando ainda mais a fúria de Barrichello, que estava escondendo o acerto à sete chaves para anunciar na hora certa. 

Porém, Michael Schumacher andou bem nos treinos livres (mesmo que abaixo da McLaren) e com um tempo espetacular, conquistou a primeira pole da Ferrari em 2005 com um tempo nove décimos mais rápido do que o segundo colocado Montoya. Como se treinava com o mesmo nível de combustível que se largava em 2005, suspeitava-se que esse tempo do alemão significava menos gasolina no tanque da Ferrari. Mesmo sendo o primeiro a fazer sua volta lançada, Raikkonen ainda conseguiu um quarto lugar, enquanto a Toyota fez um ótimo trabalho ao ficar em terceiro e quinto, enquanto a Renault decepcionava em Hungaroring.

Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:19.882
2) Montoya (McLaren) - 1:20.779
3) Trulli (Toyota) - 1:20.839
4) Raikkonen (McLaren) - 1:20.891
5) R.Schumacher (Toyota) - 1:20.964
6) Alonso (Renault) - 1:21.141
7) Barrichello (Ferrari) - 1:21.158
8) Button (BAR) - 1:21.302
9) Fisichella (Renault) - 1:21.333
10) Sato (BAR) - 1:21.787

O dia 31 de julho de 2005 amanheceu quente e ensolarado em Budapeste, como normalmente acontecia ao longo da história do Grande Prêmio da Hungria. Considerado sede das corridas mais chatas do calendário, Hungaroring permitia poucas ultrapassagens e quem largava bem, podia colher os frutos na bandeirada. Como o circuito húngaro é pouco utilizado, a linha não ideal normalmente fica muito suja e o resultado é que os pilotos que largam nas posições pares não saíam bem na largada. No apagar das cinco luzes vermelhas, Schumacher utiliza sua vasta experiência em largar em primeiro e sai na frente, enquanto ao seu lado Montoya patina e é ultrapassado por um surpreendente Raikkonen, que pulou de quarto para segundo. Mesmo largando no lado sujo da pista! Mais atrás, Villeneuve fecha Christian Klien na primeira curva da corrida e força o austríaco a uma espetacular capotagem. Mesmo assustado, Klien nada sofreu. Porém, mais à frente, o campeonato quase que deu um guinada decisiva. Tentando ganhar posições, Alonso leva uma fechada de Ralf Schumacher e para desviar de uma batida mais forte, o espanhol da Renault acaba batendo com força na zebra interna e tem sua asa dianteira quebrada. Alonso se arrasta por toda a primeira volta com a asa do seu carro quebrada, até ela cair, já no final da volta. Coulthard não consegue desviar da asa e bate com força na peça deixada por Alonso e o escocês tem que abandonar, enquanto Alonso vai aos boxes trocar a asa, juntamente com Barrichello, atingido por Trulli na primeira curva.

Após uma primeira volta confusa, a corrida entra num padrão de espera, onde há poucos ataques, principalmente devido a dificuldade de se ultrapassar em Hungaroring. Schumacher liderava com 1s de vantagem sobre Raikkonen, com Montoya logo atrás. Era esperado que Schumacher fosse o primeiro a parar, mas para surpresa geral, Kimi faz seu primeiro pit-stop na volta 12, indicando claramente que iria para uma estratégia de três paradas. Schumacher só pararia três voltas mais tarde, enquanto Montoya fica mais tempo na pista. Estava claro que as diferenças de estratégia (duas ou três paradas) dariam animação para uma corrida estática, onde Alonso, claramente mais rápido, levou dezesseis voltas para ultrapassar a Minardi de Robert Doornbos...

Montoya liderava a corrida, enquanto os dois pilotos da Toyota, ambos com uma estratégia de três paradas, trocam de posição, com Ralf emergindo na frente de Trulli. O colombiano da McLaren só fez sua parada na volta 22, indicando que sua estratégia continha apenas duas paradas, mas JP retornou à pista ainda em terceiro, com Schumacher liderando na frente de Raikkonen. O ritmo da Ferrari na Hungria era impressionante e surpreendia a todos. Porém, o segundo stint viu um Raikkonen muito mais rápido e decidido atrás de Schumacher, mas o alemão não teve muito trabalho para segurar o piloto da McLaren. A corrida seria decidida (oh novidade) nos boxes na calorenta corrida de dez anos trás. E quando Schumacher foi aos boxes primeiro, a tarefa à Raikkonen estava dada. Bastava ao finlandês marcar uma volta rápida e a McLaren não errar. Como um script perfeito, Raikkonen fez a volta mais rápida da corrida e a McLaren foi perfeita no pit-stop do seu piloto. Resultado? Raikkonen saiu da pista confortavelmente na frente de Schumacher. Uma bela ultrapassagem... nos boxes! Tudo isso com motor V10 e pneus aderentes como chiclete. Porém, ao contrário do que muitos pensam ultimamente, essa era a emoção de dez anos atrás na F1 em Hungaroring! Quem poderia ser um fator nessa briga era Montoya, que pararia duas vezes, mas logo após reassumir a ponta, o colombiano abandonou a prova com problema no semi-eixo. Era mais um triste abandono de Montoya em seu esperado ano de estreia na McLaren. 

Isso deixava a corrida ainda mais nas mãos de Raikkonen, que rapidamente estabeleceu uma diferença segura para Schumacher. Para melhorar, Alonso, seu rival no campeonato, sofria no meio do pelotão, com seu Renault longe de se adaptar à pista húngara. Para piorar as coisas para a montadora francesa, Fisichella sai da pista brevemente e entrega o oitavo lugar, último lugar pontuável de dez anos trás, para Webber. Com isso, a Renault saía da Hungria com as mãos abanando, perdendo valiosos pontos no Mundial de Construtores. O estrago só não foi maior pelo abandono de Montoya. Após a segunda parada, Kimi abriu mais de 20s sobre Schumacher e pôde fazer sua terceira parada com tempo de ficar ainda à frente do alemão, antes dele fazer sua última parada também. Esse tinha sido um dos poucos bons finais de semana de Michael Schumacher em 2005 e para melhorar, teria a presença do seu irmão no pódio, na última vez em que os irmãos Schumacher compartilharam um pódio. Raikkonen recebeu a bandeirada com 30s de vantagem sobre Michael e uma semana depois do péssimo resultado na Alemanha, Kimi dava a volta por cima, mas a diferença entre ele e Alonso ainda era de longínquos 26 pontos. 

Chegada:
1) Raikkonen
2) M.Schumacher
3) R.Schumacher
4) Trulli
5) Button
6) Heidfeld
7) Webber
8) Sato 

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