terça-feira, 7 de julho de 2015

História: 40 anos do Grande Prêmio da França de 1975

Após o Grande Prêmio da França em Charade ser cancelado devido ao circuito francês ser muito longo, a tradicional corrida francesa seria realizada em Paul Ricard mesmo. O público gaulês teria alguns pilotos para torcer, mesmo que o ídolo Jean Pierre Beltoise estivesse ausente da F1 em 1975, mas o seu xará Jarier carregaria as maiores esperanças de bons resultados na França, juntamente com Patrick Depailler, na competitiva Tyrrell. Jacques Laffite era uma das promessas francesas da época pela campanha do pequeno francês na F2, mas correndo com a Williams, sabia-se que Laffite teria pouco o que mostrar. Querendo fazer uma boa publicidade com o público local, Frank Williams vendeu o lugar do seu segundo carro para François Migault, enquanto Jean Pierre Jabouille estrearia na F1, com apoio da Elf, num terceiro carro da Tyrrell. Líder do campeonato com folga, Niki Lauda era o favorito para vencer em Paul Ricard, mesmo o austríaco chegando na França muito gripado. Brabham, McLaren e Tyrrell, correndo com uma nova versão do modelo 007, corriam por fora.

Jarier levantou o público local ao marcar o melhor tempo da sexta-feira, mas no sábado a ordem na F1 em 1975 voltou ao normal e Lauda marcou uma tranquila pole, com Jody Scheckter marcando 305 km/h no final da reta Mistral para completar a primeira fila. Por sinal, do sul-africano para trás, houve muito equilíbrio no grid. Jarier não melhorou o seu tempo da sexta e caiu para quarto, com o motivado James Hunt ficando em terceiro. Reutemann e Emerson Fittipaldi, os mais próximos de Lauda no campeonato, ficaram no meio do pelotão, enquanto a Lotus decepcionava com o velho modelo 72 deixando Peterson apenas em 17º e Ickx em 19º. O belga, que tinha acabado de vencer as 24 Horas de Le Mans, estava em litígio com a Lotus por causa da utilização de um carro com cinco anos de idade e aquela seria a última corrida de Ickx pela equipe de Colin Chapman.

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 1:47.82
2) Scheckter (Tyrrell) - 1:48.22
3) Hunt (Hesketh) - 1:48.25
4) Jarier (Shadow) - 1:48.44
5) Pace (Brabham) - 1:48.48
6) Pryce (Shadow) - 1:48.48
7) Mass (McLaren) - 1:48.54
8) Brambilla (March) - 1:48.56
9) Regazzoni (Ferrari) - 1:48.68
10) E.Fittipaldi (McLaren) - 1:48.75

O dia 6 de julho de 1975 estava quente e ensolarado, na véspera do verão europeu, em Paul Ricard e o dia estava perfeito para uma corrida de F1 e para o público francês, o dia começou muito bem com o novo ás francês Didier Pironi vencendo a prova preliminar da F-Renault Europeia, porém, na corrida principal, os tricolores largariam com um piloto a menos, com Migault vendo o motor do seu carro quebrar antes mesmo de alinhar no grid. Na bandeirada francesa, Lauda e Scheckter largam muito, com o austríaco mantendo a ponta. Para desespero do público francês, seu principal piloto, Jarier, tem problemas na largada e cai para o pelotão intermediário, mas pior sorte teve o seu companheiro de equipe Tom Pryce, que teve a embreagem quebrada na largada e o galês acabou abandonando ainda na segunda volta.

Lauda imediatamente consegue abrir uma pequena vantagem para Scheckter, enquanto que Jochen Mass faz um belo início de corrida, passando José Carlos Pace na reta Mistral e já pressionava o terceiro colocado Hunt. Tentando uma corrida de recuperação, andando com o mesmo equipamento do líder da corrida, Regazzoni também subiu o pelotão e após largar em nono, o suíço já aparecia em quinto na quarta volta. Em três ultrapassagens decididas, Regazzoni sobe para segundo em três voltas e ainda na sexta volta, a dobradinha da Ferrari estava feita, mas o esforço brutal que Rega fez com sua Ferrari para subir rapidamente pelo pelotão provou-se demais e na volta seguinte, o motor Ferrari explodiu espetacularmente, devolvendo o segundo lugar para Scheckter, com Hunt e Mass logo atrás. Quem ria de tudo isso era Lauda, que já tinha mais de 3s de vantagem para o segundo pelotão e corria sozinho, mesmo não estando 100% das suas condições físicas. Scheckter começa a ter problemas com os pneus e perde rendimento, sendo ultrapassado por Hunt na 10º volta e logo o sul-africano fica a mercê das duas McLarens, com Emerson também se recuperando após sua largada ruim.

Quando Hunt ultrapassou Scheckter, Lauda já tinha aberto 10s de vantagem e pela técnica de Niki, a corrida estava praticamente no bolso do piloto da Ferrari. Após Hunt vinha a dupla da McLaren, com o segundo piloto Mass na frente. Com problemas nos pneus, Scheckter já era acossado pelo ascendente Jarier, tentando dar um bom espetáculo para o seu público. Jarier sempre foi conhecido pela agressividade, enquanto Scheckter chegou a ser chamado de 'Troglodita' em seu início de carreira. O encontro de dois pilotos tão agressivos não poderia acabar muito bem e Jarier tentou uma ultrapassagem ousada, onde o toque entre os dois carros foi inevitável, mas a manobra de Jarier foi completada, com o francês subindo para quinto, enquanto os problemas de Scheckter foram maximizados e o piloto da Tyrrell já era atacado pelo pelotão que tinha o promissor inglês Tony Brise, da equipe de Graham Hill, Mario Andretti e o piloto da casa Patrick Depailler. Emerson passa a ter problemas com seu motor e Mass descola do seu companheiro de equipe, passando a correr próximo de Hunt, mas sem ameaça-lo. E quem corria solto, com 8s de vantagem, era Lauda. Era um passeio do austríaco.

Porém, esse passeio fica ameaçado quando os pneus da Ferrari começam a mostrar sinais de desgaste nas quinze voltas finais, permitindo a aproximação de Hunt, trazendo consigo Jochen Mass, que na perseguição à Hunt, marcou a volta mais rápida da corrida. Jarier tinha imprimido um ritmo muito forte em sua corrida de recuperação, mas o francês acabaria tendo problemas com isso, pois o consumo do seu Shadow foi alto demais e Jarier tira o pé para evitar uma pane seca no final. Com isso, Andretti consegue ultrapassar o francês e subir para o quinto posto. Com Jarier se preocupando mais em chegar ao final do que correr, Patrick Depailler se anima e para salvar a honra da França, aumenta o seu ritmo, ultrapassando Tony Brise e Jarier em voltas consecutivas, assumindo o sexto lugar, último lugar pontuável de quarenta anos atrás. O final da corrida se torna emocionante com Lauda claramente lutando com seus pneus e Hunt chegando a tirar meio segundo por volta na segunda posição, em sua tentativa de vencer pela segunda vez consecutiva. Faltando cinco voltas para o fim, Lauda tinha apenas 5s de vantagem para Hunt, que corria feito um louco e trazia em sua esteira Mass, também fazendo grande prova. Quando Lauda abriu a última volta, já tinha Hunt enchendo o seu retrovisor, mas o austríaco usou a potência do motor Ferrari na reta Mistral para rechaçar qualquer ataque. Na última curva, para dar um pouco mais de emoção, Lauda comete um pequeno erro e 'alarga' um pouco a curva. Hunt chega a colocar por dentro, mas Lauda tinha mais aceleração e cruzou a linha de chegada 1,5s na frente de Hunt, que em troca cruzou a linha de chegada apenas 0,8s à frente de Mass. Emerson fez uma corrida solitária em quarto, enquanto Andretti e Depailler fecharam a zona de pontos mais de um minuto atrás do líder. Sentindo os efeitos da gripe, somado ao calor da pista e de Hunt no final da prova, Lauda saiu de sua Ferrari bastante cansado, mas com sua quarta vitória nas últimas cinco corridas, o primeiro título de Niki Lauda já eram favas contadas. 

Chegada:
1) Lauda
2) Hunt
3) Mass
4) E.Fittipaldi
5) Andretti
6) Depailler

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