Na pista que recebeu a primeira corrida iluminada da história da F1, já em sua sétima edição, Cingapura viu Sebastian Vettel brilhar e entrar novamente para a história da F1, ao vencer na cidade-estado nesse domingo. Vettel venceu de ponta a ponta, não deu muitas chances à Daniel Ricciardo e com o 42º triunfo na carreira, se tornou o terceiro maior vencedor da história da F1, superando Ayrton Senna. Detalhe: com menos corridas! A prova não foi um primor de emoção, mas foi bem movimentada da quarta posição para baixo, pois os três primeiros que foram para a sala de entrevista ontem foram os mesmos, na mesma ordem, a subirem no pódio neste domingo.
Vettel foi o grande nome da corrida, dominando a prova como nos seus bons tempos de Red Bull. O alemão disparou no primeiro stint, segurou no meio da corrida, sugerindo uma possível briga com Ricciardo, mas depois abriu novamente do australiano, demonstrando que sua corrida estava friamente calculada, como diria Chapolin Colorado. No fim, Vettel trocou voltas mais rápidas com Ricciardo, mas a diferença entre os dois ex-companheiros de equipe de Red Bull nunca foi inferior a 2.5s nas voltas finais, demonstrando que estava tudo sob controle para Vettel, que vence pela terceira vez no ano e encosta em Nico Rosberg, vice-líder do campeonato. Um excelente ano de estreia na Ferrari pro alemão, que ao falar italiano no rádio, demonstra fazer sua parte para entrar nos corações italianos. Para coroar o final de semana ferrarista, Kimi Raikkonen dessa vez não se atrapalhou com os botões na hora da largada e manteve sua terceira posição até a bandeirada, numa prova burocrática do finlandês, onde este muito longe de emular o ótimo desempenho do seu companheiro de equipe.
Outro que teve um ótimo desempenho foi Daniel Ricciardo. O australiano da Red Bull largou em segundo, se manteve em segundo a corrida inteira e nessa posição recebeu a bandeirada, mas em alguns momentos Ricciardo parecia pronto para atacar Vettel se este lhe deixasse uma brecha. Algo que não aconteceu hoje. Porém, Daniel controlou muito bem Raikkonen, num carro bem melhor do que o seu e mereceu a ótima segunda posição que conquistou. Já Kvyat foi prejudicado pelas entradas do safety-car. Após manter sua quarta posição na largada, o russo foi ultrapassado pelos dois carros da Mercedes na primeira entrada do safety-car. Kvyat ainda atacou Rosberg, mas esteve longe de conseguir a ultrapassagem. Quando o maluco entrou na pista, Kvyat tinha acabado de entrar pela segunda vez nos pits e com o safety-car resultante, o russo acabou perdendo outra posição, desta vez para Bottas. O sexto lugar, após largar em quarto, não foi um resultado a comemorar de Kvyat, pois se tinha um bom carro, pareceu bastante conformado quando perdia as posições pelas circunstâncias e em nenhum momento mostrou uma atitude mais decidida em cima dos seus adversários. A dupla da Toro Rosso teve uma corrida de destaque, em especial Max Verstappen, que ficou parado no grid e largou nos boxes, uma volta atrasado. Após recuperar essa volta na primeira entrada do safety-car, o holandês ultrapassou vários carros, principalmente quando colocou os pneus supermacios nas voltas finais e chegou a marcar a volta mais rápida da corrida. Com ultrapassagens agressivas, mas sem mostrar impetuosidade em excesso, Verstappen chegou num bom oitavo lugar, colado em Sergio Pérez. Logo atrás chegou seu companheiro de equipe Carlos Sainz, que teve um problema de câmbio da segunda relargada, caiu praticamente para último, mas fazendo uma espetacular corrida de recuperação, numa tática parecida de Verstappen, chegou colado no companheiro de equipe. Porém, nem tudo deve ser flores no boxe da Toro Rosso ao fim da corrida. Quando os dois jovens pilotos encostaram em Pérez, bem mais rápidos do que o mexicano, a equipe mandou que houvesse uma inversão de posição entre Verstappen e Sainz. Algo que Verstappen se negou a fazer com veemência. Além de rápido, o garoto-prodígio também tem muita personalidade, mas como a Toro Rosso irá se comportar com a desobediência de Max, saberemos nos próximos dias e corridas.
No final de semana mais apagado dos últimos dois anos, a Mercedes teve uma corrida de redução de estragos. E nem isso conseguiu de fato. Com os pneus macios, Hamilton até estava próximo de Raikkonen, quando um problema no acelerador do inglês estragou a corrida de Lewis, que abandonou voltas mais tarde. Na hora me lembrei no célebre problema de José Carlos Pace, que teve uma corrida arruinada quando um mecânico da Brabham esqueceu um molho de chaves atrás do acelerador do brasileiro. E falando em antigos pilotos brasileiros, acho muito interessante Hamilton exaltar tanto Senna, numa demonstração de respeito do inglês, mas está começando a ficar chato essa de colocar Ayrton em tudo o que o inglês faz. Para mim, já está cheirando a forçação de barra. Com o abandono de Hamilton, Nico Rosberg assumiu a quarta posição e sem maiores sustos, Nico recebeu a bandeirada nessa posição, em outra corrida inodora do alemão. Para piorar, Sebastian Vettel encostrou de vez na briga pelo vice-campeonato, até porque com o carro que tem e mesmo abandonando hoje, é muito difícil alguém tirar o título de Hamilton em 2015. Contudo, se Nico perder o segundo lugar para Vettel no campeonato, sua situação dentro da Mercedes ficará bem complicada, vide o carro que tem. Até lá, a Mercedes terá que melhorar urgentemente seu desempenho em pistas travadas e quentes como Cingapura, pois pela primeira vez desde o advento dos motores V6 turbo, nenhum Mercedes, seja carro ou motor, esteve na briga pela vitória. A Williams teve uma corrida parecida com a Mercedes: de controle de danos. Bottas chegou quietinho, quietinho em quinto, superando Kvyat na estratégia, algo raro da Williams e que mereceu elogios do finlandês. Massa teve uma corrida para esquecer, onde foi atingido por Hulkenberg quando saía de sua primeira parada e depois abandonou com o câmbio quebrado. Se tivesse terminado, Massa teria chegado na mesma balada de Bottas.
Hulk acabou punido pelo incidente com Massa, numa manobra, a meu ver, de corrida. Pérez terminou outra corrida nos pontos, mesmo sendo bastante pressionado pela dupla da Toro Rosso no final. Mais pontos para o mexicano, enquanto Hulkenberg, bem mais badalado, fica cada vez mais para trás. Felipe Nasr, largando apenas em 16º, fez uma corrida inteligente e de espera para terminar em décimo, marcando pontos pela primeira vez em muito tempo. Mas poderia ser muito mais. Nasr deu o pulo do gato na primeira entrada do safety-car, quando subiu para oitavo numa ótima parada da Sauber e com os problemas de Hamilton, o brasiliense era sétimo, logo à frente de Pérez. Porém, Nasr entrou para a segunda parada duas voltas antes do maluco entrar na pista e provocar a entrada do safety-car. Dessa vez Felipe deu azar, caindo para fora da zona de pontos, mas Nasr se aproveitou dos problemas de pneus dos pilotos da Lotus e conseguiu entrar na zona de pontos, com Ericsson logo atrás. Ótima resposta de Nasr, que vinha sendo superado sistematicamente por Ericsson nas últimas corridas. Grosjean resolveu abandonar na última volta quando foi ultrapassado pelos dois carros da Sauber, enquanto Maldonado ficou fora dos pontos. Mais uma vez. E mais uma vez o venezuelano se envolveu num incidente com Button, mostrando que é mesmo um para-choque de acidentes, mesmo quando não tem culpa. A McLaren tinha ótimas chances de marcar pontos hoje, mas o abandono de Alonso, quando o espanhol vinha na zona de pontuação, e o incidente de Button com Maldonado, que resultou numa asa dianteira quebrada do inglês, deixou a McLaren zerada mais uma vez em 2015, na melhor corrida até o final da temporada para o time de Ron Dennis conseguir pontuar. A coisa está tão feia, que até nos pit-stops a McLaren está errando. E já fala-se em Alonso na Red Bull. O que acho difícil, vide o bom desempenho dos pilotos da Red Bull, tanto na matriz como na filial. A Manor fez o papel de sempre, mas o estreante Alexander Rossi já demarcou sua área ao superar Will Stevens em sua primeira corrida, algo que Mehri dificilmente fez nas primeiras onze provas do campeonato.
Numa pista distinta da maioria do calendário, a Mercedes teve uma dia para esquecer e a Ferrari não perdeu a oportunidade, dando um carro para Vettel dominar, como fazia nos áureos tempos da Red Bull. E o alemão brilhou sob as luzes de Cingapura, entrando na história como terceiro maior vencedor da história da F1. A Red Bull, querendo mostrar que tem um dos melhores chassis da F1 e estaria na briga se não fosse o motor Renault, fez valer sua vontade e numa pista onde a potência não conta, foi para o pódio novamente. A corrida teve de tudo, até mesmo um bebim entrando na pista e trazendo um safety-car, para alegria dos que fazem memes. Porém, a próxima corrida será em Suzuka. Na rápida e tradicional pista de Suzuka. Alguém duvida que a Mercedes voltará com força total semana que vem?
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