sexta-feira, 4 de setembro de 2015

História: 10 anos do Grande Prêmio da Itália de 2005

A F1 chegava há dez anos em Monza, sua pista mais veloz, onde as velocidades, com os motores V10, podiam chegar até mesmo em insanos 370 km/h no final da reta dos boxes. Em 2005 as equipes dispunham de dois motores a cada final de semana e como em Monza os pilotos faziam 71% da pista em pé embaixo, as equipes estavam de orelha em pé durante o final de semana, pois punições por quebra de motor não eram impossíveis. Na semana anterior a corrida, uma sessão de testes, onde todas as dez equipes de então estiveram presentes em Monza, a McLaren foi a mais rápida, se tornando a favorita para o final de semana, com a Renault, e sua regularidade, logo atrás.

Após treinos livres dominados pela McLaren, o sábado foi animado e surpreendente, com a notícia da troca do motor Mercedes de Raikkonen devido a uma problema numa válvula, rebaixando o finlandês em dez posições no grid. Outra novidade era que o piloto da Williams Nick Heidfeld sentiu-se mal após o treino livre de sábado pela manhã e foi substituído pelo piloto reserva da Williams, Antonio Pizzônia. A realidade era que Heidfeld, imposto pela BMW na Williams, seguiria a montadora alemã, que tinha anunciado a compra da Sauber e entraria como equipe de fábrica a partir de 2006. Muito bem quisto dentro da Williams, Pizzônia provou o porquê ter sido preterido pela BMW no 'vestibular' no começo de 2005: logo de cara tomou sete décimos de Mark Webber, seu antigo 'coveiro', nos tempos da Jaguar. Voltando ao topo do grid, Raikkonen fez o melhor tempo do final de semana em sua volta voadora, mas teria que largar em 11º, devido à sua punição. Quem ganhou com isso foi seu companheiro de equipe Montoya, que herdou a pole, seguido por Alonso e Button. Correndo em casa, a Ferrari que se conformar com Schumacher em sexto e Barrichello logo atrás.

Grid:
1) Montoya (McLaren) - 1:20.878
2) Alonso (Renault) - 1:21.054
3) Button (BAR) - 1:21.319
4) Sato (BAR) - 1:21.477
5) Trulli (Toyota) - 1:21.640
6) M.Schumacher (Ferrari) - 1:21.721
7) Barrichello (Ferrari) - 1:21.962
8) Fisichella (Renault) - 1:22.068
9) R.Schumacher (Toyota) - 1:22.266
10) Coulthard (Red Bull) - 1:22.304

O dia 4 de setembro de 2005 estava ensolarado em Monza, como normalmente ocorre naquela região durante essa época do ano, quando a Europa começava se despedir do verão. Mesmo sendo uma pista velocíssima, Monza não era um circuito de muitas ultrapassagens ao longo das corridas, sendo que a apertada primeira chicane sempre foi palco de muitos toques e abandonos após a largada. Dez anos atrás não teve nenhum abandono, mas houve vários pequenos toques no pelotão de trás, enquanto o pelotão da frente escapou incólume, com Montoya à frente de Alonso e Button. Coulthard bateu na traseira de Fisichella, estragando a frente da Red Bull, enquanto Webber também era tocado. Coulthard, Webber, Narain Karthikeyan e Christijan Albers foram todos aos boxes para consertos no final da primeira volta. A única ultrapassagem de relevo na primeira volta se deu com Trulli, que ganhou o quarto lugar de Sato, mas o japonês recuperou a posição ainda na primeira volta.

Quando a poeira assentou, a expectativa era aonde estava Raikkonen. E a perspectiva do finlandês não era nada boa. Kimi não larga bem e perde uma posição, ficando preso atrás da Sauber de Jacques Villeneuve. Montoya e Alonso já disparavam na frente, trocando melhores voltas a cada passagem na reta dos boxes, enquanto Button segurava com facilidade o terceiro lugar, seguido por Sato e Rubens Barrichello, que já pensando na BAR-Honda em 2006, ultrapassara Michael Schumacher. Porém, as duas Ferraris foram os primeiros carros a visitarem os boxes, seguido por Villeneuve, para imenso alívio de Raikkonen, pois Kimi não havia conseguido ultrapassar o canadense. Sem a presença incômoda de Villeneuve, Raikkonen podia imprimir seu próprio ritmo e se aproveitando das paradas dos seus adversários, o piloto da McLaren ia ganhando várias posições. Estava claro que a McLaren, o melhor carro de 2005, iria parar apenas uma vez! Durante a primeira rodada de paradas, Sato teve um problema no seu reabastecimento, onde o japonês teve que visitar os boxes duas voltas consecutivas, estragando a prova de Sato, num péssimo ano para o simpático nipônico, que com a chegada de Barrichello, estava com um pé fora da BAR-Honda.

Alonso fez sua primeira parada de forma não perfeita, mas o espanhol ainda foi capaz de voltar à pista na frente de Raikkonen, atrapalhando o seu rival pelo título, que tentava desesperadamente ficar com pista livre e ganhar segundos preciosos e também posições. Com um carro mais leve, Raikkonen foi para cima de Alonso, que resistiu por alguns momentos, até ceder a sua posição para Raikkonen. O finlandês fez sua única parada e voltava à pista em quinto, logo atrás de Trulli. Montoya liderava soberano, seguido por Alonso e por Fisichella, que havia retardado ao máximo sua parada e ganhou várias posições. enquanto Button teve problemas em sua parada e fez a via contrária, perdendo várias posições. Péssimo dia para os mecânicos da BAR! Porém, quem amargou outro dia azarado foi Raikkonen. Quando se preparava para atacar Trulli, o finlandês da McLaren teve um pneu traseiro direito furado. Kimi controlou seu carro com dificuldade e se ele teve alguma sorte na ocasião, pelo menos o furo aconteceu próximo da entrada dos boxes, mas o estrago estava feito. Ao voltar a pista com o pneu trocado, Raikkonen estava atrás de... Villeneuve! A corrida do piloto da McLaren tinha voltado à estaca zero, mas Kimi ainda ganharia algumas posições, pois se ele não pararia mais, outros ainda o fariam. Porém, repetir outra corrida de recuperação milagrosa, como o pódio na França? No way!

Barrichello também tem problemas com os pneus e perde muitas posições. A segunda rodada de paradas aconteceu normalmente, com Montoya, Alonso e Fisichella mantendo suas posições. Com as paradas e seu ritmo alucinante, Raikkonen voltava ao quinto lugar, atrás de Trulli. Após uma luta empolgante com o italiano, sempre muito difícil de ser ultrapassado, Raikkonen subiu para o quarto lugar na entrada da curva Parabolica. Kimi se torna o piloto mais rápido da pista, algumas vezes 2s mais rápido do que Fisichella, em terceiro , mas o tempo estava se esgotando. E a emoção continuava no box da McLaren. Faltando apenas quatro voltas para o fim, percebe-se um pedaço de borracha voando do pneu traseiro direito de Montoya. O mesmo que fez Raikkonen ir aos boxes. Novamente o dilema de Nürburgring se fez presente no box prateado: parar ou não parar? Como aconteceu na Alemanha, a McLaren resolveu aposta no tudo ou nada, mas desta vez deu certo e mesmo com Montoya abrandando muito seu ritmo, ele recebeu a bandeirada com pouco mais de 2s na frente de Alonso, que não tinha do que reclamar. Mesmo não sendo bafejado pela sorte como ocorreu em Nürburgring, quando ganhou a corrida do colo, Alonso chegou novamente na frente do azarado Raikkonen, quarto colocado. Um fato interessante dessa corrida foi que nenhum carro abandonou a disputa, um fato marcante, numa pista tão desgastante para os carros. Enquanto a F1 se destacava pela engenharia, a disputa pelo título de pilotos ia, lenta e gradualmente, para as habilidosas mãos de Fernando Alonso.

Chegada:
1) Montoya
2) Alonso
3) Fisichella
4) Raikkonen
5) Trulli
6) R.Schumacher
7) Pizzônia
8) Button

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