Após os acontecimentos em Ímola/1994, a F1 viveu um momento de calmaria e poucos graves acidente ocorreram. Contudo, a primeira tragédia pós-Senna na F1 ocorreu quinze anos atrás, durante o Grande Prêmio da Itália de 2000.
Tudo era festa em Monza. Após um meio de temporada difícil, a Ferrari conseguiu uma miraculosa recuperação em casa e pôs seus dois carros na primeira fila e com certa folga. Porém, a alegria acabou ainda na primeira volta. Frentzen tentou uma manobra pra lá de otimista em cima de Rubens Barrichello, que largada mal, na freada da segunda chicane e acertou o brasileiro. Com os dois carros descontrolados, ambos coletaram David Coulthard e Jarno Trulli na confusão. Com muita poeira e peças voando, Pedro de la Rosa e Johnny Herbert, que vinham mais atrás, bateram muito forte. Com seis carros destruídos e fora de combate, o safety-car foi à pista, porém, todas as atenções estavam focadas no outro lado do guard-rail. Um pneu acabou atingindo o bombeiro Paolo Ghislimberti. O italiano recebeu massagens cardíacas e foi levado em estado gravíssimo ao hospital de Monza, mas o bombeiro acabou falecendo mais tarde, se tornando a primeira morte relacionada à F1 desde o final de semana negro de Ímola.
Enquanto a pista era limpa, Salo abandonava com problemas mecânicos e Button errava na hora da relargada e batia. Apenas 14 carros correram naquele dia em Monza e Michael Schumacher venceu com facilidade, dando uma virada na situação do campeonato de quinze anos atrás. Hakkinen terminou em segundo, com Ralf Schumacher completando o pódio. Quando a morte de Ghislimberti foi anunciada, o pódio foi realizado de modo sombrio pelos pilotos, enquanto os tifosi, alheio à tragédia, vibraram muito com o triunfo de Schumacher, pois a fila de 21 anos da Ferrari poderia chegar ao fim.
Na entrevista pós-corrida, com os três pilotos estavam muito tristes, Schumacher foi lembrado de que tinha se igualado à Ayrton Senna, com 41 vitórias. O alemão disse que aquilo era muito importante e desabou a chorar, para surpresa de Hakkinen, seu irmão Ralf e de todo mundo que viu a cena. Considerado um piloto sem emoções e até mesmo gelado, aquela demonstração de emoção era uma grande novidade na carreira de Schumacher. Michael explicou mais tarde que o seu choro repentino foi uma espécie de desabafo de que tudo o que vinha acontecendo (a pressão do título que não vinha com a Ferrari, a força de Hakkinen naquele ano, a virada da Ferrari em Monza, a morte do bombeiro...) e ter lembrado de Senna, com quem sempre foi comparado, fez com que o inquebrantável Michael Schumacher desabasse.
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