quarta-feira, 9 de setembro de 2015

História: 25 anos do Grande Prêmio da Itália de 1990

Com duas estrelas tão polarizadoras como Ayrton Senna e Alain Prost, a F1 em 1990 vivia na gangorra de quem estaria melhor equipado para a próxima corrida. A McLaren de Senna utilizava a potência do motor Honda V10 para se sobressair nas pistas rápidas, enquanto a Ferrari de Prost rezava para que a corrida seguinte tivesse um circuito travado, onde o acerto do chassi fizesse diferença. Quando a F1 chegou em Monza, a McLaren parecia franca favorita. Em Hockenheim e Spa, a McLaren venceu com facilidade, enquanto a Ferrari sofreu para acompanhar os carros comandados por Ron Dennis. Em Spa, somente a genialidade de Alain Prost para ainda se meter entre as duas McLarens, mesmo que tivesse ficado longe de incomodar o líder Senna, que venceu com certa facilidade. Porém, havia um fator novo para a próxima corrida da temporada de 1990: a prova seria em Monza, casa da Ferrari.

Como sempre, a Ferrari se preparou como nunca para tentar não fazer feio na frente dos tifosi. Prost liderou na sexta-feira, mas a potência da McLaren-Honda, mais a genialidade de Ayrton Senna fez da classificação de sábado épica, com os dois gênios trocando a melhor volta a cada passagem. Lógico que a cada volta de Prost, a galera italiana ia ao delírio. Porém, tirar uma pole de Senna com um carro numa pista favorável não era tarefa nada fácil e em sua última volta, o brasileiro conseguiu sua incrível 49º pole na F1. Por apenas um milésimo de segundo, Prost ainda se manteve na primeira fila, mas o francês sabia que a expectativas para domingo eram de corrida difícil.

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:22.533
2) Prost (Ferrari) - 1:22.935
3) Berger (McLaren) - 1:22.936
4) Mansell (Ferrari) - 1:23.141
5) Alesi (Tyrrell) - 1:23.526
6) Boutsen (Williams) - 1:23.984
7) Patrese (Williams) - 1:24.253
8) Nannini (Benetton) - 1:24.583
9) Piquet (Benetton) - 1:24.699
10) Gugelmin (Leyton House) - 1:25.566

O dia 9 de setembro de 1990 amanheceu ensolarado em Monza, num clima típico para o tradicional Grande Prêmio da Itália, onde não se fazia muito calor e com os tifosi lotando as arquibancadas. Na largada, as McLarens saem muito bem e Senna liderava à frente de Berger na freada da primeira chicane. Para piorar as coisas para Prost, Jean Alesi não apenas pulava para quarto na freada da primeira chicane, como fez o Curvão lado a lado com o compatriota e numa bela manobra na freada da segunda chicane, Alesi assumiu o terceiro lugar. Porém, quando os tifosi ainda suspiravam por ver as Ferraris apenas em quarto e quinto, aconteceu o susto. Pouco mais de vinte anos depois da tragédia com Jochen Rindt na curva Parabólica, Derek Warwick escapa com seu Lotus (mesma equipe de Rindt...) na mesma curva e bate forte no guard-rail. O carro do inglês capota e se arrasta por vários metros, no meio dos carros do meio do pelotão. Bandeira vermelha. Porém, ninguém teve muito tempo para se assustar quando Warwick saiu sozinho do seu carro, deu uma olhada para ver se não vinha ninguém, cruzou a pista correndo e foi atrás do carro reserva para a nova largada!

A F1 vivia a sensação de ter chegado ao carro quase perfeito, em termos de segurança. Em 1970, Rindt morreu naquela mesma curva e vinte anos depois, Warwick estava sentado no carro da mesma equipe Lotus em que faleceu Rindt, esperando pela largada. Infelizmente, isso era apenas uma falsa sensação. Para tristeza de Prost, a segunda largada foi bem parecida com a primeira. Senna saiu impávido rumo à primeira curva na companhia de Berger, enquanto Alesi, com seu nome praticamente confirmado para correr na Ferrari em 1991, larga de forma impressionante, chegando ao terceiro lugar ainda antes do final da primeira volta! Poucos poderiam acreditar que Alesi teria alguma chance de alcançar Berger, mas o francês corria no extremo limite e estava próximo do austríaco, mas quem corre nesse ritmo, a chance de erro é maior e Alesi acabou rodando sozinho, na freada da segunda chicane na quinta volta. A sensação que se tinha 25 anos atrás era de que Alesi se tornaria um digno sucessor de Alain Prost e se tornaria o próximo francês campeão do mundo. Porém, os anos seguintes diriam que isso também não passou de uma sensação...

Sem Alesi na sua frente, Prost aumenta o seu ritmo e tenta uma aproximação em cima de Berger, enquanto Senna era o piloto mais rápido da pista, fazendo volta mais rápida em cima de volta mais rápida. Assim como já havia acontecido em Spa, a corrida já parecia sob controle, nas mãos habilidosas de Senna. Mas havia um detalhe. Até 1990, Senna nunca havia vencido em Monza, mesmo tendo liderado as três corridas anteriores na pista italiana até o final da prova, perdendo-a por diferentes motivos. Falava-se que para Senna existia a 'Maldição de Monza'. Precisando exorcizar qualquer coisa do tipo, até mesmo para se manter confortável na ponta do campeonato, Senna fazia uma corrida categórica em Monza, enquanto Prost se aproximava mais e mais de Berger, utilizando a força dos tifosi, que parece empurrar mais e mais os carros da Ferrari em Monza. Mansell corria sozinho em quarto, enquanto Patrese e Nannini completavam os seis que marcavam pontos. Na volta 21, Berger erra uma marcha na saída da segunda chicane e sem muito esforço, Prost assume a segunda posição. Na vola 31 a equipe Benetton se atrapalha ao chamar Piquet e Nannini ao mesmo tempo, fazendo com que ambos percam muito tempo e a chance de pontuar.

Quem assume o sexto lugar é Nakajima, salvando um pouco a honra da Tyrrell após o início arrebatador de Jean Alesi. Senna controla o ritmo da corrida, mas ainda assim marca a volta mais rápida da corrida. Juntamente com a pole e pelo fato de ter liderado todas as voltas daquele Grande Prêmio, quando Ayrton Senna recebeu a bandeirada em primeiro, ele completou o que a F1 chama de 'Grand Chelem'. Algo muito raro de acontecer em Monza e a tal 'Maldição de Monza' tinha ido para o ralo. Era a sexta vitória de Senna em 1990 e somente algo muito extraordinário para tirar o bicampeonato do brasileiro. Se a corrida não foi das mais emocionantes, pelo menos viu-se toda a categoria e genialidade de Senna numa pista como Monza. E pensar que antes da corrida, vendo a forte preparação da Ferrari em casa, Ron Dennis estava desconfiado de que Senna pudesse vencer em Monza a ponto de apostar a McLaren-Honda MP4/5B com o brasileiro. Porém, nunca é bom subestimar a força de Ayrton Senna com uma McLaren...

Chegada:
1) Senna
2) Prost
3) Berger
4) Mansell
5) Patrese
6) Nakajima

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