sexta-feira, 25 de setembro de 2015

História: 10 anos do Grande Prêmio do Brasil de 2005

A última corrida europeia de 2005 mostrava bem o que tinha sido a temporada. Mesmo se correndo em condições traiçoeiras na Bélgica, a McLaren dominou a corrida a estava a ponto de conseguir sua primeira dobradinha de 2005, quando Montoya se envolveu num estranho incidente com o retardatário Antonio Pizzônia. A McLaren tinha claramente o carro mais rápido dez anos atrás, mas sempre acontecia algum problema com um dos carros (ou os dois...) do time de Ron Dennis e pontos preciosos iam para o ralo. Kimi venceu em Spa, mas o abandono de Montoya nas voltas finais proporcionou pontos cruciais para que Alonso chegasse à Interlagos precisando apenas de um terceiro lugar para se tornar o mais jovem campeão de então da F1, batendo um recorde de um paulistano, Emerson Fittipaldi.

E o espanhol demonstrou que queria definir o título o mais rápido possível, conseguindo a pole em Interlagos, onde Alonso teve muito sangue frio para conseguir um ótimo tempo sendo o penúltimo a entrar na pista, colocando 0.15s de vantagem sobre Montoya. Raikkonen era o último a entrar na pista, mas Alonso já comemorava a pole quando o finlandês da McLaren errou logo no Esse do Senna em sua volta lançada, só conseguindo o quinto melhor tempo. Para melhorar as coisas para a Renault, mesmo sendo um dos primeiros a fazer sua volta mais rápida, Fisichella garantiu um bom terceiro lugar, com Button completando a segunda fila. Correndo pela última vez de Ferrari em sua casa, Barrichello também errou logo na curva um de Interlagos e largaria apenas em nono dez anos atrás. Seu substituto na Ferrari na temporada seguinte, Felipe Massa, largaria logo à frente de Rubens, quase que demonstrando uma troca de bastão entre os pilotos brasileiros dez anos atrás, com Massa passando a ser o principal brasileiro na F1. Até agora!

Grid:
1) Alonso (Renault) - 1:11.988
2) Montoya (McLaren) - 1:12.145
3) Fisichella (Renault) - 1:12.558
4) Button (BAR) - 1:12.696
5) Raikkonen (McLaren) - 1:12.781
6) Klien (Red Bull) - 1:12.889
7) M.Schumacher (Ferrari) - 1:12.976
8) Massa (Sauber) - 1:13.151
9) Barrichello (Ferrari) - 1:13.183
10) R.Schumacher (Toyota) - 1:13.285

O dia 25 de setembro de 2005 amanheceu chuvoso em São Paulo, como já havia acontecido algumas vezes durante o final de semana de dez anos atrás, mas quando a hora da largada se aproximava, a pista foi secando e mesmo com alguns pontos de umidade, a corrida aconteceria com pista seca. Ainda antes da largada, Villeneuve foi punido por modificações em seu Sauber no parque fechado e largaria no pit-lane, enquanto Tiago Monteiro tem problemas de embreagem e vai aos boxes ao final da volta de apresentação. O português estava conseguindo o feito de levar sua Jordan ao final de todas as corridas em 2005, mas bem na corrida caseira de sua mãe, Monteiro abandonaria mais tarde, com problemas hidráulicos. Com Renault e McLaren tendo deixado bem claro quem eram seus principais pilotos, haviam dúvidas de como se comportariam seus segundos pilotos, respectivamente Fisichella e Montoya, que largavam ao lado dos rivais de seus companheiros de equipe. Porém, os problemas aconteceram no meio do pelotão, quando Coulthard e Pizzônia se tocaram e resultou num terceiro carro envolvido: a Williams de Mark Webber. Um ano após a vitória em Interlagos com Montoya, a Williams se despedia do Brasil apenas 300 metros após a largada, demonstrando como 2005 havia sido péssimo para o time de Frank Williams. O primeiro de muitos que viriam pela frente...

O safety-car entrou em ação e houve bastante respeito entre os pilotos de Renault e McLaren na largada, com Raikkonen subindo para terceiro sem maiores arroubos de Fisichella, enquanto Alonso permanecia na ponta, logo à frente de Montoya. Na relargada, Alonso deu uma vacilada na primeira curva e acabou ultrapassado por Montoya. Kimi tentou pegar uma carona na manobra do seu companheiro de equipe, mas Alonso conseguiu manter a segunda posição, enquanto mais atrás, Fisichella tomava a quarta posição de Schumacher, que tinha feito uma ótima largada, ao contrário de Button, que caía de quarto para sexto. Após um início eletrizante, a corrida fica estática, com os três primeiros (Montoya, Alonso e Raikkonen) se distanciando dos demais. Montoya e Alonso trocavam voltas mais rápidas até o espanhol fazer sua primeira parada na volta 22, retornando à pista em sexto, mas ganharia uma posição com a parada de Fisichella na passagem seguinte. Schumacher toma a posição de Fisichella novamente e de forma definitiva durante a primeira rodada de paradas, enquanto as McLaren esticavam as paradas novamente, com Montoya parando na volta 28 e Kimi na 31. Pensava-se até numa estratégia diferente para Raikkonen, de uma única parada, mas o reabastecimento rápido da McLaren indicava uma outra parada para o finlandês e o pior era que Alonso ainda continuava em segundo, garantindo o título até mesmo com alguma folga.

O meio da corrida foi calmo e sem maiores agitações. Na segunda rodada de paradas, novamente a McLaren retardou o pit-stop dos seus pilotos, com Raikkonen quase dando o pulo do gato, saindo dos pits logo atrás de Montoya. Havia expectativas de uma ordem de equipe inverter as posições dos dois pilotos da McLaren e Montoya já havia concordado em ajudar Raikkonen, se fosse necessário. Mas não era o caso. Alonso corria sozinho em terceiro, posições que lhe garantia o título. Correndo na única corrida sul-americana do calendário, Montoya seguia na ponta, com Raikkonen logo atrás, em caso de alguma eventualidade. Que nunca aconteceu. Montoya recebeu a bandeirada com Raikkonen logo atrás, no que era, finalmente, a primeira dobradinha da McLaren em 2005, deixando a equipe em primeiro no Mundial de Cosntrutores. Vinte e quatro segundos após a dupla da McLaren, Fernando Alonso recebeu a quadriculada e conquistava de forma indiscutível o seu primeiro título mundial de F1. Quando saiu do carro, Fernando Alonso parecia sereno, mas quando tirou a balaclava, o espanhol de 24 anos soltou um grito de 'Toma!', como se fosse um desabafo de uma infância humilde, onde Alonso corria precisando vencer para poder participar da próxima corrida e foi assim, de vitória em vitória, que o espanhol chegava ao olimpo, dez anos atrás. Muito se falou que Raikkonen só não foi campeão pela falta de confiabilidade da McLaren, que tinha o melhor carro, mas quebrava muito e que Alonso teve mais sorte do que mérito em 2005. Pura maldade! Fernando tinha conquistado seis vitória até então. Ganhar um ou duas vezes por sorte pode acontecer, mas vencer e conquistar o título, requer muito talento e competência. E Fernando Alonso, dez anos atrás, mostrava ao mundo que tinha isso e com sobras!

Chegada:
1) Montoya
2) Raikkonen
3) Alonso
4) M.Schumacher
5) Fisichella
6) Barrichello
7) Button
8) R.Schumacher

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