domingo, 1 de março de 2015

História: 40 anos do Grande Prêmio da África do Sul de 1975

Após as duas corridas sul-americanas, a F1 teve um mês para se preparar para a terceira etapa do Mundial de 1975 e com isso, várias equipes mostraram várias novidades para o Grande Prêmio da África do Sul. A Ferrari estreava o seu novo 312T, cuja grande novidade era o até então inédito câmbio transversal, além do novo motor Flat de 12 cilindros. Outras equipes a terem novidades foram Tyrrell, Shadow e March, que apresentaria seu novo piloto, a italiana Lella Lombardi, que trazia o patrocínio da Lavazza. 

Durante os treinos em Kyalami, Graham Hill sofreu um sério acidente após o bicampeão não ver o óleo deixado do motor quebrado de Ronnie Peterson e mesmo ileso, Hill percebe que as cercas de segurança não resistem ao incidente e todos os pilotos ficam nos boxes, enquanto os consertos são realizados. Quando a pista foi aberta aos carros, Tyrrell e Brabham dominaram os treinos e José Carlos Pace conquista sua primeira pole de sua carreira na F1, derrotando seu companheiro de equipe Carlos Reutemann por apenas sete centésimos de segundo. O piloto da casa Jody Scheckter consegue um bom terceiro lugar, superando Lauda e Depailler, enquanto Mario Andretti consegue um soberbo sexto lugar com seu Parnelli. A atual campeã McLaren não consegue um bom resultado e Emerson Fittipaldi largaria em 11º, com Mass em 14º. A Shadow também decepciona, com Jarier em 13º e Tom Pryce em 19º.

Grid:
1) Pace (Brabham) - 1:16.41
2) Reutemann (Brabham) - 1:16.48
3) Scheckter (Tyrrell) - 1:16.64
4) Lauda (Ferrari) - 1:16.83
5) Depailler (Tyrrell) - 1:16.83
6) Andretti (Parnelli) - 1:16.89
7) Brambilla (March) - 1:17.05
8) Peterson (Lotus) - 1:17.14
9) Regazzoni (Ferrari) - 1:17.16
10) Watson (Surtees) - 1:17.17

O dia primeiro de março de 1975 estava nebuloso nos arredores de Johanesburgo, mas não havia risco de chuva para o Grande Prêmio da África do Sul, que novamente recebe um bom público. De brancos. Havia uma certa expectativa de como Pace se comportaria largando pela primeira vez na ponta na F1, mas mostrando que o brasileiro estava acostumado com a posição em outras categorias, o piloto da Brabham mantém facilmente sua posição, enquanto Scheckter se aproveita da indecisão de Reutemann para assumir a segunda posição, com o argentino ainda sendo surpreendido com a belíssima largada de Ronnie Peterson, que saiu da oitava posição, para ultrapassar Reutemann na curva Crowthorne por fora para assumir o terceiro lugar.

Correndo em casa e tendo total apoio da torcida, não demorou para Scheckter atacar Pace, enquanto Reutemann tentava ultrapassar Peterson na briga pelo terceiro lugar. No início da terceira volta, Scheckter pega o vácuo de José Carlos Pace na entrada da reta dos boxes e na frente das arquibancadas principais, assume a ponta de sua corrida caseira pela primeira vez na carreira, para delírio do público local, enquanto Reutemann também supera Peterson e passa a atacar seu companheiro de equipe, que não tinha um bom desempenho no começo da corrida. Com seu Lotus claramente abaixo da posição que ocupava, Peterson rapidamente era pressionado pela segunda Tyrrell de Depailler, cedendo a quarta posição para o francês na quinta volta e sendo logo alcançado pelo um trio de carros que andavam juntos, com Lauda, Regazzoni e Fittipaldi, que fazia uma boa corrida de recuperação. O sueco não é páreo para o trio e logo vai aos boxes trocar um pneu, enquanto que lá na frente, Scheckter começava a abrir distância frente aos dois carros da Brabham, com Pace claramente segurando Reutemann, fazendo com que Depailler se aproximasse da dupla sul-americana. Pace tinha sérios problemas na reta e em duas voltas, é ultrapassado por Reutemann e Depailler, caindo para a quarta posição. Numa das histórias folclóricas da F1, conta-se que o mal rendimento de Pace, que o faria não ter uma boa velocidade na longe reta de Kyalami o resto da tarde, seria por causa de um problema prosaico: um mecânico da Brabham havia esquecido um molho de chaves (ou seria uma chave de fenda?) dentro do cockpit de Pace e a peça estava justamente atrás do acelerador, fazendo com que Pace não conseguisse acelerar 100%...

Após se livrar do companheiro de equipe, Reutemann tentou uma aproximação à Scheckter, mas o argentino tinha sérios problemas de equilíbrio nas curvas, enquanto o piloto da casa conseguia controlar bem da pressão do argentino nas longas curvas de Kyalami. Depailler vinha isolado em terceiro, 8s atrás de Reutemann, enquanto Emerson vinha num bom quarto lugar, após ultrapassar o compatriota Pace. Ainda no embalo de problemas bizarros nesse Grande Prêmio, Jacques Laffite entra nos boxes na volta 30 com os pés queimados, pois sua equipe tinha se esquecido de colocar o isolamento térmico atrás do radiador do seu Williams... Quando a metade da corrida se aproximava, Emerson Fittipaldi perde rendimento e é ultrapassado por Pace e as duas Ferraris. O brasileiro vai aos boxes e percebe-se que um cabo de vela estava desconectado do seu motor e com isso Fittipaldi perde a chance de marcar bons pontos, além de ter sua bela corrida de recuperação irremediavelmente estragada. Mesmo com problemas de velocidade, Pace tenta uma aproximação em cima de Depailler, que não consegue andar no mesmo ritmo dos líderes. Scheckter tem uma vantagem que varia de um a três segundos sobre Reutemann, mas o argentino estava sob controle. A corrida era dominada amplamente por Tyrrell e Brabham, com a dupla da Ferrari, Lauda e Regazzoni, andando sempre juntas, mas cerca de 30s atrás dos líderes.

Na parte final da corrida, as duplas Scheckter-Reutemann e Depailler-Pace andavam juntas, com poucos segundos separando-os. Scheckter conseguia escapar de Reutemann na parte sinuosa da pista, enquanto Pace não encontrava velocidade suficiente para ultrapassar Depailler nas longas retas de Kyalami. Nas últimas voltas, Clay Regazzoni tem problemas no cabo de acelerador de sua Ferrari e abandona quando corria em quinto, fazendo com que Jochen Mass entrasse nos pontos. Jody Scheckter se torna o primeiro sul-africano a vencer um Grande Prêmio local, tendo um combativo Carlos Reutemann logo atrás. Com um molho de chave ou uma chave de fenda, José Carlos Pace tem que se conformar com uma quarta posição, enquanto Lauda pontuava logo na estreia da nova Ferrari. Mesmo com o abandono, Emerson Fittipaldi permanecia na ponta do campeonato, seguido pela dupla da Brabham, num campeonato dominado pelos sul-americanos. Lauda tinha marcado somente cinco pontos, mesmo tendo pontuado nas três corridas até então. O novo carro tinha se mostrado promissor e se mostraria ainda mais com o tempo.

Chegada:
1) Scheckter
2) Reutemann
3) Depailler
4) Pace
5) Lauda
6) Mass 

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