domingo, 29 de março de 2015

Promete!

Se na F1 o resultado lógico de hoje, pensando em como foi 2014 e a primeira corrida de 2015, era uma vitória da Mercedes, na MotoGP o resultado lógico nessa primeira etapa do ano era uma vitória de Marc Márquez com sua Repsol Honda. Porém, um erro na primeira curva e a última posição para o jovem espanhol fez com que os coadjuvantes dos últimos dois anos viessem à tona. Só que Valentino Rossi algum dia foi coadjuvante? O italiano de 36 anos já podia estar em sua Tavulia natal, desfrutando uma merecida aposentadoria, mas Rossi não é desses que relaxam tão facilmente e o piloto da Yamaha brilhou novamente numa bela disputa contra as surpreendentes Ducatis.

Quando o resultado da classificação saiu com as duas Yamahas de fábrica apenas em sexto (Lorenzo) e oitavo (Rossi), o caminho parecia aberto para a Honda, mesmo Andrea Doviziozo largando na pole. Não era a primeira vez que Dovi largaria em primeiro e sua Ducati lhe deixaria na mão. Porém, a pré-temporada mostrava uma Ducati diferente, mantendo a enorme potência com uma ciclística melhor, permitindo que Doviziozo brigasse com as imbatíveis Hondas. Então veio a largada e tudo mudou. Jorge Lorenzo fez uma largada espantosa, brigando pela ponta ainda na primeira curva, enquanto as duas Hondas oficiais, de Pedrosa e Márquez, perdiam várias posições. Para Márquez a situação piorou bastante quando, desviando da Yamaha de Bradley Smith, saiu da pista e caiu para último. Vigésimo quinto lugar. O prodígio da Honda teria muito o que remar.

Lá na frente, Lorenzo parecia impávido rumo a uma vitória que lhe escapou ano passado ainda na primeira volta, mas as Ducatis realmente estavam diferentes. Doviziozo e Andrea Iannone pressionavam Lorenzo com uma velocidade de reta absurda. Enquanto isso, Valentino Rossi, que caía para décimo na largada, ia galgando posições, incluindo uma ultrapassagem sobre Pedrosa, mostrando a diferença entre um ótimo piloto e um grande campeão. Quando subiu para quarto, rapidamente Rossi entrou na festa pela briga pela ponta. Perdendo cinco quilos em sua preparação para 2015, Jorge Lorenzo resistiu o que pôde, mas acabou sucumbindo nas voltas finais, caindo para quarto. A briga ficou totalmente italiana, entre Rossi e Doviziozo. Entre Yamaha e Ducati. Foi um duelo tenso, mas leal. Provavelmente Doviziozo viu em seu início de carreira Rossi dominar o Mundial de Motovelocidade. Apesar do respeito, Andrea Doviziozo vendeu caro a vitória, mas teve que se conformar com o segundo lugar, mas mostrou, junto com o terceiro lugar de Iannone, que a Ducati, após um longo e tenebroso inverno, está de volta à briga pela vitória. Bem como seu irmão de quatro rodas, a Ferrari.

Rossi emocionou a todos com a sua vibração. Desde 2010 ele não abria o campeonato vencendo e o italiano mostrou que mesmo já considerado um veterano, ainda tem muito o que mostrar. Márquez chegou em quinto (à frente de Pedrosa...), mas não teve fôlego para chegar na briga pela ponta. Porém, se o espanhol não tivesse errado, a briga pela vitória no Catar poderia ser ainda mais bonita como foi. Diga-se de passagem, nos últimos anos o Mundial de Motovelocidade se caracterizou pelas chamadas 'Armadas Espanholas', com vários pilotos ibéricos liderando ou brigando pela vitória. Hoje no Catar, simplesmente nenhum espanhol subiu ao pódio nas três categorias do Mundial de Motovelocidade. Seria a crise da economia espanhola? Pode ser, mas não há crise nenhuma na MotoGP. Agora com a Ducati forte e um Valentino Rossi ainda fazendo muita diferença, Marc Márquez terá que remar, remar muito, se quiser conquistar o tricampeonato.

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