quarta-feira, 25 de março de 2015

Velha dinastia

Mesmo amargando um longo jejum, a Penske nunca perdeu a majestade como a principal equipe dos Estados Unidos, principalmente na Indy. Em 2014, o time do Capitão Roger Penske barbarizou e colocou seus três pilotos entre os cinco melhores do campeonato, sendo que Will Power e Helio Castroneves brigaram pelo campeonato até a última corrida, com vantagem (ufa!) para o australiano. Sempre pensando alto, Penske não apenas manteve seu triunvirato, que tinha também o polêmico e rápido Juan Pablo Montoya, como trouxe a grande promessa dos últimos anos da Indy, o francês Simon Pagenaud. 

Para o Brasil, a Indy começou de mal a pior, mesmo antes dos carros entrarem nas pistas. A etapa de Brasília, que abriria a temporada da Indy no começo de março, foi cancelada em cima da hora e envolta em vários escândalos de contratos mal feitos e promessa de farra com dinheiro público. Com apenas dois brasileiros na categoria, os eternos Castroneves e Kanaan, o futuro da Indy no Brasil vai se tornando cada vez mais sombrio. Sem a corrida no Planalto Central, um teste foi realizado em New Orleans e os 'novos' carros foram apresentados. Entre aspas, pois o carro é o mesmo desde 2012, mas a Indy trouxe como novidade os kits aerodinâmicos, onde Chevrolet e Honda montavam kits em suas equipes clientes nos carros da Dallara, trazendo um aspecto com aparência bem discutível. 

E esses treinos trouxeram uma supremacia dos carros da Chevrolet, cuja principal equipe foi a Penske, mas em todos os dias, que liderou os treinos foi Scott Dixon, da Ganassi. Principal equipe da Honda, a Andretti ficou para trás.

Finalmente conquistando o seu primeiro título da Indy, será interessante ver o comportamento de Will Power. Cada vez mais completo, o australiano poderá correr menos pressionado e isso, normalmente, tem um efeito positivo para um piloto e Power poderá ser um piloto ainda mais forte em 2015. Já Helio Castroneves deverá ficar bem atento com seus outros dois companheiros de equipe. Montoya começou devagar em sua volta à Indy em 2014, mas quando o colombiano se assentou ao carro e à Penske, JP fez uma forte segunda metade de ano, garantindo uma vitória e ascendeu no campeonato. Já Pagenaud conseguiu a proeza de levar a pequena Schmidt-Peterson à brigar por vitórias nos últimos anos, mostrando todo o talento do francês. Logo nos primeiros treinos, Pagenaud andou no mesmo nível dos seus experientes companheiros de equipe. Nunca fui muito fã de Castroneves e o fato de já contar com quatro (!) vice-campeonatos, além de completar 40 anos em 2015, pode ser um fator a atrapalhar o brasileiro, que irá para a 16º temporada na Penske.

A Ganassi teve um 2014 abaixo das altas expectativas do time multi-campeão da Indy nos últimos vinte anos. A troca da Honda pela Chevrolet pode ser boa nesse momento, mas essa transição em 2014 fez com que a equipe tivesse problemas no começo da temporada, mas a força da equipe e de seus pilotos (Dixon e Kanaan) fez com que as vitórias aparecessem na segunda metade de 2014 e a tendência é que 2015 comece nesse embalo. Piloto pouco carismático, mas extremamente competente, Dixon foi o único que enfrentou o poderio da Penske nos treinos em New Orleans e promete ser o principal adversário da equipe e quebrar o domínio do time do Capitão. Tony Kanaan teve um começo de 2014 terrível, mas o baiano acabou a temporada com uma vitória marcante na última corrida em sua primeira temporada na Ganassi, onde teve como missão substituir o mito Dario Franchitti. Já contando com 41 anos de idade, Kanaan já está na reta final de sua carreira na Indy e não será impossível ver o brasileiro sendo batido facilmente por Dixon. O terceiro piloto Charlie Kimball não será um fator, mas o quarto piloto, que não estará em toda a temporada e substituiu o atrapalhado Ryan Briscoe, merece destaque. É a nova esperança americana Serge Karam.

A Andretti tentará quebrar o domínio da Chevrolet, sendo a principal equipe da Honda e deverá contar, mais do que nunca, com o talento e a experiência de Ryan Hunter-Reay, outro piloto sem muito carisma, mas muito bom. Melhor piloto da equipe há muitos anos, Hunter-Reay terá o desafio de ser o melhor piloto de uma equipe que mantém um piloto por ser o filho do chefe (o estabanado Marco Andretti) e uma promessa para o futuro (Carlos Múñoz). Simona de Silvestro retornará à Indy com a Andretti nessa primeira corrida em St. Petersburg, mas nada indica que a suíça continuará na categoria toda a temporada. As demais equipes tentarão se aproveitar de algum vacilo dessas três equipes grandes na Indy, com destaque para a KV, que tem o excelente Sebastien Bourdais, a Foyt, com o agressivo e experiente Takuma Sato e a Schmidt-Peterson, que perdeu Pagenaud e trouxe para o seu lugar o canadense James Hinchcliffe, demitido da Andretti. Os jovens e promissores Jake Hawksworth e Josef Newgarden permanecem na Indy e ganharam a companhia do atual campeão da Indy Lights Gabby Chaves e do monegasco Stefano Coletti, de boas exibições na GP2, mas sem espaço na F1. Em compensação, o competente Justin Wilson cedeu lugar ao desconhecido italiano Francesco Dracone. Quem?

Outro fator que chamou atenção nos treinos em New Orleans foi que todos os pilotos (com exceção de Dracone...) ficaram separados por apenas 1s. É a promessa de um enorme equilíbrio em 2015, cuja a maratona de corridas começará nesse final de semana em St Petersburg, abertura do campeonato após o vergonhoso cancelamento de Brasília. Contudo, mesmo nessa proximidade, a Indy poderá ver a Penske, a mais tradicional equipe da categoria, iniciar outra dinastia. 

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