Após toda a catarse do final das 24 Horas de Le Mans, o Grande Prêmio da Europa em Baku ficou abaixo de tudo: da crítica, da expectativa, da emoção. Nico Rosberg conseguiu largar bem e ponto final. O alemão venceu com extrema tranquilidade a primeira corrida na história no Azerbaijão e ainda abriu vantagem para um atrapalhado Lewis Hamilton. Não na pista, diga-se, mas com os complexos ajustes do seu carro, que o deixou apenas em quinto com um carro muito melhor do que o resto do pelotão. Vettel foi outro que fez uma corrida solitária rumo ao segundo lugar, enquanto Sergio Pérez foi o melhor homem em campo ao conseguir um excelente terceiro lugar com seu Force India, coroado com uma bela ultrapassagem sobre Raikkonen na abertura da volta final.
Após todos os incidentes nos treinos, com os pilotos tendo dificuldades com a velocidade atingida no final da reta dos boxes e em outros pontos, além da estreiteza em certos pontos do circuito, era esperado uma corrida caótica, como aconteceu nas duas provas da GP2, onde menos da metade do grid completou a corrida. Talvez vendo o que aconteceu ao longo do final de semana, os pilotos da F1 foram conservadores e proporcionaram uma corrida completamente aborrecida, onde as ultrapassagens ocorreram pela diferença de motor na enorme reta dos boxes, onde os carros chegaram a incríveis 364 km/h. E a F1 está lenta... Se a Mercedes tem o melhor carro da F1, as largadas da equipe alemã ainda preocupam, mas Nico Rosberg largou nem, abriu 1s por volta nas primeiras voltas e com 18s de vantagem para Vettel, passou a corrida administrando sua vantagem, pouco aparecendo na TV. Nico recebeu a ajuda preciosa de Hamilton quando o inglês errou bisonhamente na classificação e largando em décimo, Lewis voltou a mostrar sua falta de preparo psicológico, ao se estabanar com os botões do seu carro, pedindo ajuda (proibida) à sua equipe. Quando se tornou o piloto mais rápido da pista, já era tarde demais e Hamilton terminou num obscuro quinto lugar, bem abaixo do potencial do que podia fazer. Tentando dar um resposta com todas as letras possíveis, Rosberg marcou a volta mais rápida para conseguir seu segundo Grand-Chelem (pole, volta mais rápida, liderança em todas as voltas e vitória) na carreira e em 2016, aumentando sua vantagem sobre Hamilton para praticamente uma corrida.
Vettel não teve uma corrida mais emocionante. No momento em que ultrapassou Ricciardo para ficar em segundo, o alemão da Ferrari só teve problemas quando um grande saco de plástico azul ficou preso ao seu carro, com toda a Ferrari rezando para que o saco plástico não entrasse no radiador do carro. Como não entrou, Vettel partiu impávido para um tranquilo segundo lugar, incluindo peitando a equipe que pediu que o alemão parasse cedo para cobrir a parada mais cedo de Ricciardo, mas com um bom ritmo Sebastian ficou na pista, fez apenas uma parada e apenas completou a corrida para ser segundo, enquanto Raikkonen foi um dos destaques da prova por outros motivos. Piiiiii foi o que mais se ouviu do rádio de Kimi, irritado com o seu carro, os retardatários e até mesmo com Vettel, quando teve que ceder passagem ao companheiro de equipe quando estavam numa janela de paradas diferentes. Sendo um dos primeiros a parar, Raikkonen ficou sem pneus nas voltas finais e acabou ultrapassado pelo melhor homem em campo em Baku. Sergio Pérez só não largou na primeira fila por culpa sua, quando bateu seu Force India no terceiro treino livre e teve que trocar o câmbio. Saindo em sétimo, Pérez logo subiu para quinto na largada e seguiu de perto as Ferraris, quando o ritmo da Red Bull de Ricciardo caiu demais. O mexicano poderia ficar tranquilamente comboiando Raikkonen, pois o finlandês teve que pagar um pênalti de 5s por um erro besta, ao atravessar a linha branca na entrada dos boxes. Porém, Pérez queria o terceiro lugar na pista e numa bela ultrapassagem na volta final, subiu ao terceiro lugar, dando o segundo pódio à Force India. Voltando à Le Mans, um ano atrás Nico Hulkenberg vencia a mítica corrida francesa com a Porsche. Esse ano Hulk fez uma corrida muito abaixo do seu companheiro de equipe e terminou apenas em nono. Pérez chegou à F1 através dos dólares de Carlos Slim, seu mecenas, enquanto Hulkenberg sempre foi considerado um grande talento desde as categorias de base. Por isso, há uma certa má vontade com Pérez, aumentada pela péssima passagem na McLaren, e muita badalação com Hulkenberg. Contudo, nos anos em que correram juntos na Force India, pode-se afirmar que Pérez vem fazendo um melhor trabalho do que Hulkenberg e para quem acha o Endurance a oitava maravilha do mundo no automobilismo, um piloto de meio pelotão da F1 chegou em Le Mans ano passado e sem muito treino, venceu todos os pilotos de lá. Isso é um fato.
A Red Bull foi a grande desilusão da corrida. Mesmo com o motor Renault ainda debitando menos potência do que Ferrari e Mercedes, a Red Bull largou na primeira fila hoje, mas o problema dos carros austríacos não fora tanta a potência, mas os pneus. Um desgaste incomum fez com que Ricciardo perdesse as primeiras posições e fosse um dos primeiros a parar, fazendo a Ferrari pensar em trazer Vettel também nos boxes. Porém, a má performance da Red Bull fez com que Ricciardo acabasse a corrida em sétimo, com Verstappen, sofrendo dos mesmos males do companheiro de equipe, apenas em oitavo, numa corrida medonha da Red Bull. Ainda falta melhor desempenho em pistas com retas muito longas, como Baku. Largando em quinto, Massa saiu mal e foi perdendo ritmo ao longo da corrida, não conseguindo conservar seus pneus como Bottas, que fez uma ótima corrida para ser sexto, e o brasileiro ainda parou uma vez mais do que o companheiro de equipe para terminar apenas em décimo, ainda ultrapassado facilmente pelos dois carros da Red Bull na parte final da prova. Se um Felipe foi mal, outro foi muito bem. Nasr fez sua melhor corrida em 2016 para terminar em 12º, apenas duas posições de finalmente pontuar, enquanto Ericsson amargou as últimas posições. Numa reta daquele tamanho, era evidente que a McLaren iria sofrer, por isso, Jenson Button foi um dos melhores pilotos do dia ao largar em 19º e terminar na beira da zona de pontuação, incluindo uma ultrapassagem sobre Alonso, que teve problemas de câmbio e abandonou. Largando na última fila, a Renault ainda teve um ritmo de corrida melhor e saiu das últimas posições, enquanto Pascal Werhleim usou bem a potência do seu motor Mercedes para alcançar boas posições para a Manor antes de abandonar com problemas nos freios. A Toro Rosso foi a primeira a empacotar tudo e voltar para casa quando abandonou com seus dois pilotos por problemas mecânicos.
Foi a pior corrida de 2016, com Rosberg vencendo como nas quatro primeiras corridas do ano, enquanto Hamilton perdeu novamente a cabeça e muito terreno na briga pelo tetracampeonato. A Mercedes não teve adversários no final de semana em Baku, mas Hamilton pôs tudo a perder num acidente besta na classificação. A Red Bull foi uma desilusão, enquanto a Ferrari fez o seu papel. Somente Sergio Pérez fez um bonito e superou o antigo vencedor das 24 Horas de Le Mans. O que aconteceu hoje em Le Mans foi algo totalmente fora da curva, pois é mais comum um carro vencer com um ou mais voltas de diferença num verdadeiro desfile nas voltas finais. Haverá comparações com o emocionante final de corrida de hoje em Sarthe com o porre em Baku. Porém, nem toda vida Le Mans tem finais eletrizantes como o dessa manhã. E nem a F1 tem corridas tão medonhas como a de hoje.
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