quarta-feira, 29 de junho de 2016

Harry

Um dos pilotos mais regulares da primeira década da F1, o americano Harry Schell representava bem os pilotos da época. Vindo de uma família rica, playboy e mulherengo, Harry Schell era um 'Gentleman Driver' na essência. Porém, o americano tinha grande respeito dos seus pares na época e lutou por maior segurança nas pistas.

Harry O'Reilly Schell nasceu no dia 29 de junho de 1921 (teria 95 anos, se tivesse vivo) em Paris, filho do piloto americano Laury Schell e de Lucy, da rica família O'Reilly. Além de rica, a família O'Reilly também gostava muito de corridas e o casal se mudou para a França. Utilizando os seus recursos, logo Laury se tornou chefe da equipe Bleue, time francês que conseguiu importantes vitórias na década de 1930, com Delahaye e Talbot. Um pouco antes da Segunda Guerra Mundial, os pais de Harry sofreram um acidente rodoviário em que seu pai faleceu. Com a eclosão da guerra, a família se mudou novamente para os Estados Unidos, onde Harry chegou a servir durante o conflito mundial. 

Desde muito novo vivenciando as corridas por dentro, não foi surpresa que Harry Schell se interessar em correr e logo após a Segunda Guerra Mundial, Harry passou a competir em pequenos carros de F3 e F2. Quando a F1 surgiu, Schell esteve na segunda corrida da história da categoria em Mônaco, se envolvendo no famoso acidente da Chicane do Porto onde metade do grid se envolveu num engavetamento. Após dois anos numa equipe privada da Maserati, Schell teria a chance de correr numa equipe oficial, a Gordini, em 1953, mas isso não lhe garantiu resultados melhores, num ano em que a Ferrari e Ascari dominaram a F1 como poucas vezes na história. No ano seguinte, Schell usou sua fortuna para comprar um Maserati A6GFM (depois compraria o famoso modelo 250F) e faria uma temporada melhor, onde chegou a liderar a última corrida do ano, na Espanha, antes de abandonar. Mesmo sem completar a maioria das corridas do campeonato, Schell se daria muito bem em provas não-oficiais, terminando em quarto em Buenos Aires, segundo em Roma e terceiro em Pescara. Em 1955, Harry correria pelas equipes oficias de Maserati e Ferrari, antes de passar para a Vanwall, um projeto inglês para derrotar os italianos, onde ganhou duas corridas britânicas extra-campeonato, Redex Trophy e Trophy Avon. 

Somente em sua sétima temporada foi que Schell marcaria seus primeiros pontos no mundial, com um quarto lugar no Grande Prêmio da Bélgica de 1956. Após muito desenvolver o carro da Vanwall, Schell recebe o convite da Maserati, após vencer os 1000 km de Nürburgring com eles, para fazer parte da equipe oficial do time italiano, ao lado do já mitológico Juan Manuel Fangio. Pela primeira vez com um bom carro e numa equipe realmente competitiva, Schell tem seu melhor ano na F1,  terminando em 4º na Argentina, em quinto lugar na França, além de conseguir seu primeiro pódio no longo circuito de Pescara. Em 1958, Harry se juntou a BRM, terminando nos pontos em várias ocasiões, com destaque para o segundo lugar no GP da Holanda, permitindo-lhe terminar em quinto no campeonato no final da temporada.

Harry Schell não tem um bom ano em 1959 e já próximo de fazer 40 anos, o americano já pensava em parar de correr e tocar os seu negócios. Schell também criticava a falta de segurança da época, sugerindo que os carros usassem o que chamamos de 'Santo-Antônio', algo que os americanos já usavam na Indy. Com um Cooper-Climax particular, Schell se prepararia para a temporada de 1960 participando do International Trophy em Silverstone. Durante os treinos, Schell perdeu o controle do seu carro quando encostou no barro, ao lado da pista, fazendo-o capotar antes de bater numa parede de tijolos. Era o fim da carreira do primeiro americano a desbravar as pistas europeias. 

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