Clima de velório

Após uma sexta-feira trágica, o mundo da motovelocidade só queria que o final de semana acabasse bem. Acidentes poderiam acontecer, como realmente aconteceram nas três categorias, mas felizmente sem maiores consequências. A mudança do lay-out da pista, principalmente no setor onde Luis Salom sofreu seu acidente levantou algumas polêmicas, principalmente porque os pilotos da MotoGP testaram essa configuração em 2014 e não gostaram. Jorge Lorenzo levou a mudança para o seu lado e comentou que o setor três mais travado não se adaptou bem à sua Yamaha, mas o espanhol não tinha muito a reclamar. O clima não permitia a isso.

Valentino Rossi venceu após uma incrível recuperação que viu o italiano sair da oitava posição após uma má largada para a ponta em sete voltas, indicando que a mudança de traçado não fez tão mal assim à Yamaha. Lorenzo largou bem e liderou as seis primeiras voltas, mas o espanhol da Yamaha foi perdendo rendimento até encontrar o trapalhão Andrea Iannone. Mais veloz do que seu xará Doviziozo, o principal motivo da Ducati ter preferido Dovi vem da falta de regularidade, além da falta de noção do italiano, que tem em seu macacão estampado a palavra MANIAC. Brigando pela quinta posição, até mesmo longe de Lorenzo, Iannone freou no limite, perdeu a frente da moto e ao invés de desviar de Lorenzo, ainda tentou a ultrapassagem, colocando por dentro. Iannone atingiu Lorenzo bem no meio de sua Yamaha, quando já estava contornando a curva 10. Lorenzo não quis muita conversa com o italiano. E não era para menos.

Rossi ainda sofreu um ataque feroz de Márquez nas últimas voltas, onde claramente nenhum dos dois estavam com pneus em bom estado. O piloto da Honda chegou a liderar uma volta, mas quando Rossi o ultrapassou no final da reta dos boxes, o gás de Márquez acabou e Rossi pôde comemorar sua décima vitória em Barcelona. Pedrosa completou o pódio em outra corrida burocrática, onde o piloto da Honda se esquivou da afobação de Maverick Viñales, que tentou ultrapassar Pedrosa em praticamente todas as curvas, para levar o troco na seguinte. Os erros de Viñales mostram que o espanhol, em 2017 na Yamaha, precisa de mais maturidade para brigar pelo título, pois velocidade ele tem muita.

Com a queda de Lorenzo, Márquez pôde reassumir a liderança do campeonato, com Rossi se aproximando. Quem pensava que 2015 havia sido a última oportunidade de título de Rossi, começa a morder a língua, com Rossi ainda melhor nesse ano em comparação à temporada passada. No paddock, finalmente Rossi e Márquez apertaram as mãos, mesmo que discretamente. O clima em Barcelona não era para brigas.