terça-feira, 31 de maio de 2016

História: 40 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1976

Niki Lauda era o grande favorito a vencer em Monte Carlo, uma prova onde havia ganho em 1975, o que aumentaria a vantagem do austríaco no campeonato de 1976, mas Lauda vivia um drama em sua vida particular, pois sua esposa Marlene havia acabado de perder o primeiro filho do casal. Havia uma grande curiosidade para observar o comportamento do Tyrrell P34 nas apertadas curvas de Mônaco, mas Depailler chegou ao principado anunciando que iria tentar a vitória, enquanto James Hunt aproveitava as benesses de Mônaco e festejou como nunca no iate do seu amigo Johnny Servoz-Gavin. A McLaren não gostou nada da 'preparação' do seu principal piloto para uma das principais corridas do campeonato, enquanto a Lotus só teria um carro em Monte Carlo, pois Mario Andretti participaria das 500 Milhas de Indianápolis no mesmo dia.

Lauda confirmou o favoritismo e nos treinos, conseguiu a pole com dois décimos de vantagem sobre seu companheiro de equipe, Clay Regazzoni. Sempre andando bem na apertada pista de Mônaco, Peterson conseguiu colocar seu March azul e amarelo em terceiro, à frente dos dois carros da Tyrrell, que mesmo desengonçado num primeiro momento, se adaptaram muito bem à Mônaco. Após não conseguir se classificar em Zolder, Emerson Fittipaldi levava seu Copersucar ao sétimo lugar, enquanto sua antiga equipe McLaren tinha problemas de câmbio com seus dois pilotos, com Mass em 11º e Hunt apenas em 14º, enquanto Carlos Reutemann fechava o grid de vinte carros, provando que o pesado Brabham-Alfa Romeo estava mais desconfortável do que o Tyrrell de seis rodas em Mônaco.

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 1:29.65
2) Regazzoni (Ferrari) - 1:29.91
3) Peterson (March) - 1:30.08
4) Depailler (Tyrrell) - 1:30.33
5) Scheckter (Tyrrell) - 1:30.55
6) Stuck (March) - 1:30.60
7) Fittipaldi (Copersucar) - 1:31.39
8) Laffite (Ligier) - 1:31.46
9) Brambilla (March) - 1:31.47
10) Jarier (Shadow) - 1:31.65

O dia 30 de maio de 1976 estava com um clima primaveril em Mônaco, permitindo uma corrida sem maiores sobressaltos e com os pilotos não sofrendo com o clima, seja pelo calor forte, seja pela chuva. Antes da prova, as duas principais estrelas da temporada 1976 tinham problemas com suas equipes. A McLaren reclamava que Hunt havia exagerado nos festejos pré-corrida, resultando na péssima classificação do inglês. Lauda discutiu asperamente com o chefe da equipe Daniele Audetto, que teria pedido que o austríaco deixasse Regazzoni vencer em Mônaco, para dar uma moralzinha ao suíço. "No final do ano, um de nós dois deixará a equipe", falou Lauda antes da largada. Mesmo se Lauda quisesse colaborar, Rega não ajudou muito ao largar mal e ser ultrapassado por Ronnie Peterson na apertada St. Devote, enquanto Lauda saiu perfeitamente e se manteve na ponta. Na parte de trás do grid, Reutemann fechava seu péssimo final de semana batendo em Alan Jones na curva St. Devote, abandonando no local, o mesmo fazendo o australiano uma volta mais tarde. Cinco anos mais tarde, os dois teriam encontros ainda mais tensos, mas isso é outra história.

Voltando à 1976, Lauda se aproveita que Peterson não tinha um ritmo parelho com o da Ferrari e rapidamente abriu 3s para o sueco, que era atacado por Regazzoni e os dois Tyrrell, com Depailler à frente de Scheckter. Atrás desse animado grupo, Emerson Fittipaldi segurava a sexta posição, mas era atacado por Stuck, Laffite e Mass. Hunt roda na Tabac, mas por incrível que pareça, o inglês da McLaren não bate em nada, porém, volta à corrida em último. Após sofrer ataque cerrado de Regazzoni, Peterson consegue abrir um pouco do suíço, porém a diferença para Lauda já era de 8s, com o austríaco já administrando a prova, enquanto Emerson já aparecia 12s atrás de Scheckter, segurando um pelotão atrás de si. Pensam que ultrapassar em Mônaco só ficou difícil agora? Sabe nada inocente! A única manobra de ultrapassagem ocorreu na volta 15, quando Scheckter ultrapassou seu companheiro de equipe na Mirabeau, numa situação onde Depailler também não foi muito agressivo com o seu vizinho de box na Tyrrell. Na volta 25 o complicado final de semana de Hunt vem ao fim com um motor quebrado, mas isso acabaria influenciando as primeiras posições, pois o óleo deixado pelo inglês na curva Tabac faz Regazzoni escorregar. Com os dois carros da Tyrrell logo atrás, o piloto da Ferrari caiu para quinto. E Audetto ainda pediu para Lauda dar uma forcinha ao suíço...

Pior seria na volta seguinte, com o segundo colocado Peterson escorregando no óleo e batendo guard-rail, acabando com a ótima corrida do sueco. Com isso, a vantagem de Lauda subia para 12s em cima de Scheckter, que tinha 7s de vantagem sobre Depailler. O francês tinha problemas na suspensão traseira. Laffite já tinha ultrapassado Stuck e atacava Emerson. Na volta 28, numa manobra ousada, Laffite ganhou a sexta posição de Fittipaldi numa ultrapassagem por fora na St Devote. Emerson perde rendimento e é ultrapassado também pelos alemães Stuck e Mass. A corrida fica estática na frente, com os líderes perdendo e ganhando tempo de acordo em que se aproximavam de colocar voltas em retardatários, mas não há trocas de posições. Faltando vinte voltas para o fim, Regazzoni aumenta o ritmo, faz a volta mais rápida e encosta em Depailler. Na descida da Mirabeau, Regazzoni põe por dentro, Depailler ainda tenta se defender, mas para evitar uma colisão, deixa Rega ganhar a posição. Agora o suíço partia para cima de Scheckter, porém, ninguém poderia esperar muita delicadeza do 'Troglodita' Scheckter na disputa por posição. Faltando oito voltas, com o tempo muito fechado, mas sem chuva, Regazzoni encosta em Scheckter e imediatamente começa o ataque para garantir pelo menos a dobradinha da Ferrari. Contudo, Regazzoni se empolga e tenta uma ultrapassagem para lá de otimista na Rascasse, resultando na batida do suíço e o fim do sonho da dobradinha ferrarista quando faltavam cinco voltas. Ainda haveria ação quando Laffite bate na entrada do segundo Esse da Piscina e abandona na penúltima volta, permitindo à Emerson Fittipaldi garantir pelo menos um ponto com o sexto lugar. Niki Lauda vencia pelo segundo consecutivo em Mônaco, seguido pelos dois carros da Tyrrell, no primeiro pódio do P34. Enquanto a Ferrari comemorava a oitava vitória consecutiva, Lauda já administrava o campeonato, com cinco vitórias em seis corridas. O bicampeonato parecida no papo. Parecia.

Chegada:
1) Lauda
2) Scheckter
3) Depailler
4) Mass
5) Stuck
6) Fittipaldi

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Figura (MON): Daniel Ricciardo

O australiano fez tudo certo do começo ao fim neste final de semana em Mônaco. A Red Bull vinha embalada pela vitória de Max Verstappen em Barcelona, mas ninguém duvida que o triunfo do holandês veio muito mais pelo acaso e o sórdido incidente entre os dois carros da Mercedes. Porém, Daniel Ricciardo havia liderado a maior parte da corrida espanhola e foi atrapalhado pela tática da Red Bull, que marcou Vettel quinze dias atrás, mas se sairia ainda pior no domingo. Com uma volta impressionante, Ricciardo conquistou a pole e nem mesmo a chuva parecia estragar o final de semana do sorridente piloto. Com piso molhado, úmido, secando e seco, Daniel Ricciardo era o mais rápido do dia. O australiano vem tendo uma pilotagem incrível em 2016 e tudo levava a crer que ele venceria em Monte Carlo. Então...

Figurão(MON): Red Bull

... então veio a Red Bull para estragar tudo. Não adiantou nada ter dado à Daniel Ricciardo o melhor carro do final de semana para estragar a corrida do australiano de forma tão bizarra e ao mesmo tempo primária como a Red Bull fez neste domingo. Me veio à mente a corrida de Nüburgring em 1999, quando a Ferrari foi fazer um pit-stop de Eddie Irvine e esqueceram um pneu. Neste domingo, a Red Bull foi ainda pior: esqueceu os quatro! E como bem falou Helmut Marko, entregou a vitória de presente para a Mercedes e Lewis Hamilton. Menos polido, Ricciardo colocou o dedo na ferida: me ferraram pela segunda corrida consecutiva. E ferraram mesmo!

domingo, 29 de maio de 2016

Fazendo jus ao sobrenome

Alexander Rossi. Com certeza ele não tem nada a ver com Valentino Rossi, lenda viva do Mundial de Motovelocidade, mas o norte-americano de 25 anos usou bem o sobrenome que carrega e venceu uma emocionante 500 Milhas de Indianapolis, onde Rossi veio por fora e comendo pelas beiradas, além de economizar o máximo possível de combustível, o piloto da equipe de Bryan Herta, com apoio da Andretti, entrou para a história ao se tornar o primeiro a novato a vencer em Indiana desde Helio Castroneves em 2001.

As antigas imagens, vistas até a década de 1990, onde pilotos conseguiam fazer sua corrida e se tivesse o melhor carro disparava, com direito a voltas no segundo colocado, não são mais vistas faz tempo. Hoje se vê um bloco compacto, onde liderar a corrida pode ser bastante punitivo para quem quiser arriscar ficar na frente. Afinal, liderar com o vento na cara significa mais combustível consumido e a estratégia se complicar. As 500 Milhas de Indianapolis se tornou um grande jogo de xadrez, onde a posição na pista importa bastante, principalmente nas voltas finais. Até chegar à Indianapolis, a Honda vinha tendo sérios problemas com seu motor, mas mudanças autorizadas pela Indy fez com que os japoneses virassem o jogo e Ryan Hunter-Reay, o melhor piloto da equipe, liderou boa parte do início da prova, seguido pelo pole James Hinchcliffe, além do veterano Townsend Bell, também da Andretti. Vindo mais de trás, duas raposas felpudas já apareciam na briga pela ponta. Helio Castroneves e Tony Kanaan foram escalando o pelotão e brigavam pela ponta, trocando de posições com os líderes.

A Penske teve uma corrida complicada, com dois incidentes nos pits com Will Power e o líder do campeonato Simon Pagenaud, que resultaram em punições à ambos, que os deixaram nas últimas posições, além de um acidente com Juan Pablo Montoya, que rodou aparentemente sozinho. A esperança de que Roger Penske comemorasse sua 50º temporada como dono de equipe vencendo em Indianapolis recaía nos ombros de Castroneves. E tudo parecia conspirar à favor do brasileiro, quando outra confusão nos pits fez com que Hunter-Reay e Bell se tocassem e saíssem da briga pela vitória. Castroneves foi o terceiro fator desse incidente, mas saiu praticamente ileso. Kanaan era o único adversário mais sério à Helio em termos de velocidade, mas os deuses de Indiana agiram. Desculpa aos torcedores de Castroneves, mas o piloto de Ribeirão Preto vencer pela quarta vez em Indianapolis, se igualando às lendas A.J. Foyt, Al Unser Sr e Rick Mears chega a ser bizarro, pois Castroneves não engraxa as sapatilhas de nenhuma dessas lendas. Num acidente aparentemente besta, Helio foi tocado por J.R. Hildebrand e teve seu carro danificado. Helio ainda teve sorte que uma bandeira amarela apareceu logo depois e ele não perdeu uma volta.

Essa bandeira amarela, restando 36 voltas para o final, definiu a prova. Em ritmo de bandeira verde, o tanque dos carros duravam em média 32 voltas. Parecia insuficiente e as 500 Milhas de Indianapolis caía na velha situação onde a economia de combustível entrava decisivamente no tabuleiro do jogo. Economizar ou não economizar, eis a questão? Carlos Muñoz, colombiano da Andretti que sempre anda bem em Indianapolis, cresceu no fim e entrou na briga pela vitória com Kanaan e Josef Newgarden. Porém, eles foram parando um a um. Castroneves parecia que venceria, pois ele tinha parado mais tarde, mas o brasileiro da Penske viu sepultado mais uma vez a chance de vencer pela quarta vez. Talvez os deuses de Indiana não queiram isso, por respeito à Mears, Unser e Foyt...

Então, andando lentamente, economizando combustível, tímido como é fora das pistas, Alexander Rossi foi subindo posição à posição até aparecer na ponta na penúltima volta. O americano estava tão lento, que parecia que sofreria uma pane seca a qualquer momento, porém Rossi levou seu Dallara-Honda até a bandeirada e se tornou o mais novo vencedor da Indy e logo na centésima edição das 500 Milhas de Indianápolis. Após várias tentativas de conseguir a glória na Europa, Alexander Rossi conseguiu no outro lado do Atlântico, na sua terra natal. Se Valentino Rossi talvez nunca corra em Indianápolis, a pista de Indiana permitiu que um Rossi vencesse sua lendária corrida.  

Pulo do gato

Um ano atrás, Lewis Hamilton chegou ao pódio real de Mônaco com cara de poucos amigos e quase atropelando a placa de segundo colocado, tamanha era a sua frustração por ter perdido uma corrida que estava nas suas mãos. Hoje, Hamilton aproveitou uma estratégia certeira e um cochilo absurdo da Red Bull para voltar a ganhar no principado depois de oito anos, por coincidência, largando em terceiro numa corrida que começou com chuva e terminou com todos os carros usando pneus slicks. Em 2016 foi a vez de Daniel Ricciardo subir ao pódio, como se diz por aqui, fumando numa quenga. O australiano tinha claramente o melhor conjunto hoje e terminou em segundo lugar, fruto de um erro grotesco da Red Bull na segunda parada do australiano. Recuperando-se de uma temporada até agora mediana da Force India, Sergio Pérez voltou ao pódio com um ótimo terceiro lugar, segurando um também frustrado Vettel no fim.

As altas expectativas de uma corrida chuvosa em Mônaco não foram plenamente atendidas, mas ninguém em sã consciência poderá dizer que a corrida de hoje no principado não foi animada e cheia de histórias para contar. Com a pista encharcada, as primeiras voltas em safety-car fizeram com que os pilotos pegassem a mão de uma situação em que ainda não tinham enfrentado, além de ter dado tempo para a chuva cessar. E formar um trilho. Tão logo o safety-car foi para os boxes, pilotos começaram a colocar pneus intermediários, enquanto Ricciardo disparava na frente, seguido pelos dois carros da Mercedes. O desempenho de Nico Rosberg em Monte Carlo foi simplesmente bisonho do início ao fim, com seu ritmo chegando a ser 2.5s inferior ao de Ricciardo, fazendo que uma enorme fila se formasse atrás do alemão. Precisou a Mercedes mandar Rosberg deixar Hamilton passar e o inglês começar uma corrida histórica. Ricciardo, mesmo com pneus de chuva extrema, era o mais rápido na pista e já tinha 13s de vantagem para Hamilton. Enquanto a pista melhorava e os pilotos trocavam para os intermediários, Hamilton e a Mercedes pensaram fora da caixa. Com Monte Carlo já apresentando um sol forte, porque não retardar ao máximo a parada e colocar pneus slicks de uma vez? Ricciardo colocou pneus intermediários, colou em Hamilton, muito mais lento com pneus para chuva extrema, mas o inglês se manteu na ponta. Quando Marcus Ericsson colocou pneus slicks, a Mercedes recebeu o sinal de sua estratégia havia sido certeira e Hamilton foi aos boxes. Contudo, o desempenho de Ricciardo era tão bom, que o australiano, mesmo com pneus intermediários, inapropriados naquele momento, ainda era mais rápido do que Hamilton com pneus slicks. Contudo, Daniel não contou com o erro bisonho da Red Bull de não estar pronta nos pits para a chegada do australiano, enquanto Verstappen tinha acabado de parar nos pits. Foi um erro determinante para o resultado da corrida. Perdendo muito tempo, Ricciardo estava atrás de Hamilton, mesmo muito mais rápido, mas incapaz de realizar a ultrapassagem vencedora. Apesar de estar com os pneus ultramacios, Hamilton completou mais 40 voltas com esses pneus, revertendo a lógica, ganhando sua primeira corrida de 2016 e com o péssimo resultado de Rosberg, entrando de vez na briga pelo título. Nico teve uma corrida simplesmente para esquecer. Lento com piso seco ou molhado, o alemão teve a pior corrida desde que a Mercedes passou a dominar a F1, com direito a ultrapassagem sofrida na última volta por Nico Hulkenberg, quando uma garoa chegou a assustar os pilotos nas voltas derradeiras. Hamilton parecia nitidamente emocionando, pois ele saiu de uma situação muito complicada tanto na corrida, como no campeonato, pois o inglês descontou bons pontos de Rosberg.

Se em Barcelona a Red Bull venceu muito pelo acidente entre os carros da Mercedes, em Monte Carlo a equipe austríaca tinha o melhor carro da pista, algo que não se via desde 2013, quando era a equipe rubro taurina que dominava a F1. A frustração de Daniel Ricciardo com o segundo lugar é um claro sintoma de que a equipe dos energéticos está voltando a boa forma, deixando ainda mais claro que o mimimi e o chororô de Horner e Marko nos últimos anos era mesmo injustificável. Trabalho forte vale muito mais à pena do que chorar na imprensa. O novo motor Renault rendeu bons dividendos para a parceria, que rendeu uma renovação até 2018. Mais uma vez Ricciardo não foi bafejado pela sorte, mas o australiano é um dos destaques da temporada com uma ótima pilotagem e se não fosse o erro de sua equipe, teria vencido com sobras esse Grande Prêmio de Mônaco. Estrela quinze dias atrás, Max Verstappen fazia uma boa corrida de recuperação após largar em penúltimo, com ultrapassagens seguras (quando se esperava o contrário...) e um bom ritmo, mas o jovem holandês acabou batendo na curva do Cassino, trazendo um dos vários Safety-car virtuais que marcaram a corrida de hoje. A Force India vinha numa temporada abaixo da expectativa após o time hindu fechar muito bem 2015 e numa pista onde não muito favorável, a FI conseguiu seu melhor resultado, colocando Sérgio Pérez no pódio. O mexicano foi ajudado por Felipe Massa, que segurou Sebastian Vettel por várias voltas e quando colocou os pneus intermediários, Pérez saiu à frente do alemão da Ferrari, garantindo uma ótima posição de pista. Quando colocou os pneus macios, enquanto Hamilton e Ricciardo colocaram pneus ainda mais moles, parecia até que Pérez garantiria uma surpreendente vitória, mas os dois pilotos da frente conseguiram finalizar a corrida sem mais paradas, mas ainda assim Pérez não tem do que reclamar. Largando na frente do companheiro de equipe, Hulkenberg mais vez se vê atrás do mexicano no final da corrida, quando Nico usou a mesma tática de Vettel e acabou preso atrás de Massa. Se serve de consolo, Hulkenberg ultrapassou seu xará na última volta, garantindo um bom sexto lugar, na melhor corrida da Force India em 2016.

Assim como aconteceu na quinzena passada, a Ferrari teve outra corrida abaixo das expectativas. Numa prova com chuva e onde a Mercedes não dominou, o time italiano sequer subiu ao pódio, com Vettel ficando em quarto. Pode-se argumentar que Vettel foi atrapalhado por Massa, quando o brasileiro retardou sua troca de pneus de chuva extrema para intermediários, mas Vettel não conseguiu ultrapassar um carro nitidamente mais lento do que o seu e pouco ameaçou Pérez, que tinha os mesmos pneus do que ele. Raikkonen foi ainda pior, batendo na Lowes no começo da prova e sendo um dos primeiros abandonos do dia. A McLaren ainda está longe dos seus tempos de glória, mas há uma nítida evolução dos carros negros. Alguém poderia supor Alonso segurando Rosberg por mais da metade da corrida? Pois foi exatamente isso que Alonso fez, usando, claro, seu talento, mas mostrando que há muito potencial no chassi e o motor Honda, verdadeiro calcanhar-de-Aquiles da parceria, também vai evoluindo, garantindo outro bom resultado à Alonso, sendo que Button também pontuou, com um sólido nono lugar. Mesmo com Verstappen batendo, a troca que Marko fez entre o holandês e Daniil Kvyat vai se mostrando cada vez mais válida. O russo teve problemas logo no início da prova, perdendo uma volta, mas com um bom carro nas mãos, Kvyat se meteu em brigas que não valiam posições e acabou batendo em Magnussen. Mesmo rápido, falta preparo mental para o russo, que vire e mexe, está batendo em alguém. Enquanto isso, Carlos Sainz fechava a fila iniciada por Alonso, que tinha também Rosberg e Hulkenberg, com Sainz terminando em oitavo. Para quem chegou em Monte Carlo falando que podia brigar com a Red Bull, a Williams teve um final de semana horroroso, onde somou dois fatores em que o time de Grove tem verdadeiro pânico: pista travada e chuva. Massa ainda salvou um pontinho, enquanto Bottas ficou a corrida inteira fora da zona de pontos. Uma corrida muito abaixo do esperado.

A Renault não tem muito o que comemorar, com seus dois carros batidos e seus dois pilotos abandonando, enquanto a Manor ficou muito para trás, numa pista em que Jules Bianchi foi nono dois anos atrás, com muito menos recursos. Porém, ainda pior esteve a Sauber. Alguém ainda lembra da musiquinha do Ratinho quando haviam os testes de DNA? Pois ela deve ter tocado no motorhome da equipe enquanto seus dois pilotos chegaram aos boxes após baterem na Rascasse. Ericsson assumiu o erro numa ultrapassagem, no mínimo, imprudente do sueco, mas já havia polêmica no ar quando a Sauber mandou Nasr ceder a posição para Ericsson e o brasiliense simplesmente se negou. Algumas curvas mais tarde, Ericsson fez a cagada e a corrida da Sauber estava terminada. A falta de moral da Sauber é tamanha, que mesmo a mensagem tendo vindo do topo, Nasr simplesmente ignorou e o piloto brasileiro pareceu ter recebido apoio veemente do seu tio Amir Nasr, após seu abandono. Antes que alguém me chame de machista, Claire Williams fez um bom trabalho na equipe do seu pai, tirando o time da nona posição do Mundial de Construtores para uma posição em que sempre pontua, mesmo a Williams estando, hoje, abaixo de suas altas pretensões. Mas desde que Monisha Katelborn assumiu a liderança da Sauber, o que vemos é a equipe do velho Peter Sauber perdendo patrocínios, se metendo em enrascadas (como não esquecer o rumoroso caso Giedo van der Garde ano passado) e sem a liderança que Peter tinha na equipe. A Sauber está mal e talvez esteja na hora, assim como no futebol, de mudar de técnico. Melhor dizendo, de diretora...

A corrida em Mônaco teve de tudo e mesmo sem muita emoção nas voltas finais, houve muita história para ser contada. Hamilton se recuperou de sua frustrante derrota um ano depois, cedendo o cetro da frustração para Ricciardo, mesmo isso sendo um bom sinal, pois significa que a Red Bull está crescendo, o mesmo não acontecendo com a Ferrari. Se não teve problemas técnicos, foi inaceitável o desempenho de Nico Rosberg no dia de hoje, abrindo a porta para que Hamilton comece a voltar a ter o sonho do tetracampeonato nas mãos.

sábado, 28 de maio de 2016

A última traquinagem de Michael

Apesar de muitos puritanos poderem se chocar com essa afirmação, mas a realidade é que, muitas vezes, um piloto tem que ser muito filho da puta para chegar ao estrelato. A competitividade ao extremo faz com que eles não pensem muito antes de passar muito dos outros para conseguirem seus objetivos. Vetar pilotos na sua equipe. Colocar no contrato que é primeiro piloto. Jogar o carro no adversário. Tudo isso e outras cositas más fazem parte do repertório dos grandes pilotos da F1 nos últimos trinta anos, mesmo que apareçam mais ou menos na mídia o lado 'sombrio' deles.

Dez anos atrás, havia a dúvida se Michael Schumacher se aposentaria ou não no final da temporada, apesar da tendência era que o alemão pendurasse o capacete no final de 2006. Com cinco títulos consecutivos, as traquinagens de Schumacher haviam diminuído bastante nos seus últimos anos de F1, mas tendo que enfrentar um piloto forte como Fernando Alonso, Schumacher teve uma recaída em Monte Carlo. O alemão tinha o tempo mais rápido no final da classificação e estava na pista para uma tentativa final. Mais atrás Alonso vinha com parciais melhores e tinha tudo para dinamitar o tempo de Schumacher. Então... Michael praticamente estacionou sua Ferrari na Rascasse, num teórico erro que acabou com sua volta, assim como a de Alonso, que ficou furioso quando soube da manobra de Schumacher. Nos boxes, Flavio Briatore parecia um siri numa lata. Tanta pressão resultou na desclassificação de Schumacher, que largou em último, mas ainda garantiu uma excelente quinta posição.

Sem a presença de Schumacher, Alonso ainda se aproveitou da quebra do motor de Raikkonen durante a entrada do safety-car para vencer tranquilamente, seguido por Montoya e Coulthard. O detalhe é que a Red Bull estava promovendo o filme do Super-Homem e o escocês subiu ao pódio com uma capa vermelha. O Grande Prêmio de Mônaco de 2006 viu uma corrida sem maiores emoções, como normalmente acontece em Monte Carlo, mas com muita história para contar. 

Nas duas pontas

Até 2013 ninguém aguentava mais a Red Bull empilhar triunfos na F1. Foram quatro anos de domínio absoluto da equipe austríaca, tendo como ponta de lança Sebastian Vettel, mas o alemão tinha na retaguarda Adryan Newey e Christian Horner. O regulamento mudou, Vettel foi embora e a Red Bull passou a chorar de forma até chata pelo domínio perdido, mas com certeza seus habilidosos engenheiros trabalhavam enquanto seus dirigentes esperneavam. E a recompensa começa a aparecer. Após a vitória de Max Verstappen em Barcelona, Daniel Ricciardo conseguiu uma espetacular pole position em Mônaco, com direito a uma volta sensacional que lhe garantiu a vitória em cima dos dois carros da Mercedes. O dia só não será perfeito para a Red Bull, porque Verstappen bateu no Q1 e largará no final do grid.

A classificação começou mostrando que o dia não era dos brasileiros. Logo nos primeiros momentos, Felipe Nasr estourou o motor na saída do túnel e enquanto Joseph Leberer brincava com a câmera, a situação da Sauber não está para brincadeira e Nasr está sendo tragado junto para o buraco onde a equipe helvética está se metendo. E num buraco sem volta. Contudo, Nasr teve a companhia de Max Verstappen, que errou no setor das Piscinas e estampou com força seu Red Bull. Era um a menos na briga pela pole, mas será interessante ver o que Max poderá fazer com o melhor carro do grid no final do pelotão. No Q2, ficou claro que o discurso da Williams que irá brigar com Red Bull pelo terceiro posto na F1 atual é uma cascata, pois em Mônaco, pista onde a equipe não vem se dando bem, a Williams ficou atrás até da McLaren-Honda, além de Toro Rosso e Force India. Quando a Mercedes tinha um motor muito melhor do que os demais rivais, a Williams conseguia maximizar a grande potência e brigar por pódio, mas hoje, com a diferença entre os motores não sendo tão grande, a Williams demonstra deficiências em seu chassi e o resultado foi que seus dois pilotos ficaram de fora do Q3, algo que não acontecia, em condições normais, há muito tempo.

Ainda no Q2, Daniel Ricciardo mostrou a que veio quando marcou o terceiro melhor tempo da sessão com pneus supermacios, enquanto os pilotos ao seu redor utilizavam a novidade dos ultramacios. A confiança do australiano era tamanha, que preferiu arriscar e largar com pneus mais duros amanhã. No Q3, Ricciardo conseguiu uma volta espetacular, talvez a mais emocionante dos últimos tempos e colocou os dois carros da Mercedes no bolso, sem ser até mesmo muito importunado. Se a vitória de Verstappen aconteceu muito pelo incidente entre os carros da Mercedes em Barcelona, a vitória de Ricciardo hoje foi com todos os Mercedes na pista, apesar de que Lewis Hmailton levou um baita susto quando um problema no motor o atrasou no Q3, mas pela primeira vez no ano o inglês foi superado por Nico Rosberg em condições 'normais' e largará na segunda fila, enquanto Nico tomou dois décimos de Ricciardo, que nem precisou forçar em sua última tentativa, Porém, a Mercedes deverá estar com o sinal de alerta ligado, principalmente com o motor de Hamilton. E lembrar que na pré-temporada, a Mercedes parecia ter um carro inquebrável... A Ferrari ainda liderou o terceiro treino livre com Vettel, mas o palavrão dito pelo alemão no rádio mostrava a frustração de uma equipe que pintava como a anti-Mercedes em 2016, mas tomou 1s da Red Bull de Ricciardo, com o requinte de Raikkonen ter ficado atrás ainda de Hulkenberg.

Há previsão de chuva para amanhã, o que sempre dá um toque a mais de dramaticidade numa corrida especial que é Mônaco. A Red Bull será o destaque nas duas pontas do grid. Lá atrás, Max Verstappen irá para cima com o melhor carro do pelotão largando na última fila. Lá na frente, Ricciardo pode estar dando a resposta à vitória do seu companheiro de equipe, mas terá que segurar o rojão das Mercedes, louca para deixar o vexame de Barcelona para trás. Será uma corrida imperdível! 

sexta-feira, 27 de maio de 2016

História: 15 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 2001

A F1 chegava ao principado de Mônaco com o campeonato de 2001 ainda aberto, mesmo que Schumacher liderasse o certame, a sempre forte McLaren e a surpreendente Williams estavam próximas da Ferrari. Com Mika Hakkinen não tendo um bom ano, David Coulthard liderava a McLaren na tentativa de enfrentar de igual para igual a Ferrari e o escocês finalmente tinha uma chance de ser piloto número um na McLaren e desafiar seu desafeto Schumacher. Na corrida anterior na Áustria, quatro pilotos ficaram parados no grid devido ao novo sistema de largada dos carros, que faziam com que os pilotos praticamente só acionassem botões para saírem bem na largada. Como Monte Carlo tem uma 'reta' dos boxes muito estreita, havia muito receio de como seria a largada se alguns carros ficassem parados e havia até a expectativa de que alguns pilotos largassem 'manualmente'.

Na classificação, Coulthard mostrou seu novo status dentro da McLaren ao conseguir sua segunda pole de 2001 numa emocionante batalha contra Michael Schumacher e Mika Hakkinen. Hakkinen tinha o tempo mais rápido na metade da sessão, mas foi superado por Schumacher, enquanto Coulthard era terceiro. Os três foram para suas últimas voltas na sessão, mas apenas Coulthard melhorou, tomando a pole de Schumacher, enquanto Hakkinen errou em seu tentativa final, tendo que se conformar com o terceiro lugar, seguido de perto por Barrichello, mas o brasileiro esteve longe da briga pela pole. Ralf Schumacher era quinto, enquanto Montoya era sétimo, mas tomando sete décimos de segundo do companheiro de equipe na Williams. Entre eles, estava a surpresa do dia Eddie Irvine, em seu melhor treino na Jaguar no ano. Outra surpresa era Fisichella levar o sofrível Benetton ao décimo lugar, enquanto Alesi mostrava sua magia em Mônaco ao levar o frágil Prost ao 11º lugar, enquanto o jovem Fernando Alonso assombrava ao colocar a Minardi em 18º, na frente de carros bem melhores do que o dele.

Grid:
1) Coulthard (McLaren) - 1:17.430
2) M.Schumacher (Ferrari) - 1:17.631
3) Hakkinen (McLaren) - 1:17.749
4) Barrichello (Ferrari) - 1:17.856
5) R.Schumacher (Williams) - 1:18.029
6) Irvine (Jaguar) - 1:18.432
7) Montoya (Williams) - 1:18.751
8) Trulli (Jordan) - 1:18.921
9) Villeneuve (BAR) - 1:19.086
10) Fisichella (Benetton) - 1:19.220

O dia 27 de maio de 2001 estava ensolarado e quente em Monte Carlo, num dia perfeito para uma corrida de F1 na beira do Mediterrâneo. No ano anterior, a corrida em Mônaco foi cheia de surpresas pelos inúmeros acidentes que ocorreram em 2000, além das falhas mecânicas, que por exemplo tirou uma vitória certa de Schumacher. Era esperado algo parecido quinze anos atrás, enquanto pilotos e equipes discutiam se utilizariam os novos sistemas de largada. Contudo, o Grande Prêmio de Mônaco de 2001 começava com uma surpresa quando o pole David Coulthard ficou parado com seu McLaren ainda na volta de apresentação. A McLaren era o carro que mais sofria com o novo sistema, com Hakkinen já tendo ficado parado várias vezes, mas desta vez Coulthard tinha 'escolhido' a pior pista possível para ter esse problema e agora teria que largar em último e tentar uma improvável corrida de recuperação. Alçado a pole, Schumacher larga bem e mantém a ponta, seguido por Hakkinen e Barrichello.

Logo na primeira volta, um dos protagonistas da corrida aparece, quando Enrique Bernoldi se enrosca com Nick Heidfeld e o alemão se torna o primeiro abandono do dia, mas rapidamente ganharia a companhia de Montoya, que abandonaria ao bater apenas na segunda volta. Não deixava de ser decepcionante o desempenho do colombiano, já que nos Estados Unidos o que não faltam são corridas de rua, parecidas com Mônaco, e Montoya sempre esteve bem atrás do seu companheiro de equipe. A corrida se mantém estável, mas a corrida da Ferrari se tornaria ainda melhor por dois fatores. Na volta 13, Hakkinen entra nos boxes com problemas na direção da sua McLaren. O finlandês ainda tentou voltar à pista, mas achou por bem abandonar a corrida, numa temporada bastante azarada de Mika. No final do pelotão, Coulthard tentava recuperar o enorme prejuízo que teve ao ficar parado na volta de apresentação e fazia o que é quase impossível em Monte Carlo: ultrapassar. O escocês ainda passou pelos brasileiros Luciano Burti e Tarso Marques, que vinham nas últimas posições. À frente de Coulthard vinha Jos Verstappen, da Arrows, e quando o holandês ultrapassou o companheiro de equipe Enrique Bernoldi, Coulthard pensou que faria o mesmo. Ledo engano. Pensando que pudesse fazer a trinca em brasileiros, David ficou preso atrás da Arrows de Bernoldi, que não fazia nada demais para segurar a sua 17º posição. Sem muito o que mostrar na frente, já que Schumacher passeava na ponta, a TV passou a mostrar o martírio de Coulthard, que simplesmente não conseguia ultrapassar Bernoldi. Foram 31 voltas em que Coulthard apenas viu 'ORANGE' na sua frente. A corrida de Coulthard estava definitivamente arruinada...

Após Bernoldi ir aos boxes na volta 44, Coulthard finalmente teve pista livre à frente, mas já tinha até levado uma volta de Schumacher. Na briga pela quinta posição, Trulli segurava Villeneuve e Fisichella, mas o italiano da Jordan abandonaria na volta 30 com um problema hidráulico, que causou um grande incêndio em seu carro. Vinte voltas mais tarde a Jordan já arrumava suas coisas quando Frentzen bateu forte na chicane do Porto. Aparentemente uma batida inocente, mas que causou uma pequena concussão no alemão, fazendo Frentzen não participar da próxima corrida. Saberia-se depois que havia muito mais do que esse acidente em Monte Carlo na ausência de Frentzen... Na volta 55 Schumacher fez sua única parada, enquanto seu irmão mais jovem abandonaria duas voltas mais tarde com problemas elétricos, fazendo com que Irvine subisse para terceiro, trazendo consigo Villeneuve e Alesi. Fisichella, que fazia uma bela corrida em sexto, bateu pela segunda vez no guard-rail e abandonou. Retardando ao máximo sua parada, Coulthard ganhou muito terreno, fazendo a melhor volta da prova e se aproveitando dos vários abandonos, entrava na zona de pontuação, em sexto.

Que viraria quinto quando Jean Alesi teve que fazer um pit-stop não programado nas voltas finais da corrida. Havia uma torcida enorme para o veterano francês e Alesi conseguiu sair dos boxes um pouco à frente de Button, garantindo o sexto lugar e um pontinho, que seria extremamente comemorado pela equipe Prost e por Jean Alesi, que parecia um menino comemorando seu primeiro ponto na F1. A corrida fica estática e Schumacher abranda tanto o ritmo, que permite que Barrichello encoste nele na última volta e a Ferrari teria uma bela foto da sua dobradinha na bandeirada. Irvine tinha muito o que comemorar, pois o seu terceiro lugar, tendo Villeneuve bem próximo, era o primeiro da Jaguar desde que a Ford comprou a equipe Stewart no final de 1999. Coulthard terminou em quinto, mas os oito pontos perdidos para Schumacher aumentaram sua desvantagem para o alemão para doze pontos. No final da corrida, uma cena lamentável. Após levar seu Arrows ao nono lugar, Enrique Bernoldi foi interpelado por Ron Dennis, chefe da McLaren, que ameaçou arruinar a carreira do jovem brasileiro, que estreava na F1 quinze anos atrás. Conta a lenda que Dennis trabalhou bastante para isso e obteve êxito. Se teve sucesso em acabar com a carreira de Bernoldi, Dennis perdeu feio dentro da pista quinze anos atrás.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Barrichello
3) Irvine
4) Villeneuve
5) Coulthard
6) Alesi 

quinta-feira, 26 de maio de 2016

quarta-feira, 25 de maio de 2016

História: 30 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1986

Dez dias antes do final de semana do Grande Prêmio da Bélgica de 1986, a F1 realizou testes em Paul Ricard contando com as equipes McLaren, Ferrari, Brabham, Ligier, Tyrrell e Lola-Haas. Ao volante do Brabham estava Elio de Angelis, que vinha tendo um início de temporada difícil na sua nova equipe. Às 11:30 do dia 14 de maio, o italiano perdeu a asa traseira a mais de 270 km/h e saiu capotando, com o Brabham caindo além do guard-rail, de cabeça para baixo. Prost, Laffite, Mansell e Jones (o primeiro a chegar na cena) pararam seus carros para ajudar De Angelis, mas eles não conseguiram resgatar o piloto, que não estava muito ferido, mas inalou uma grande quantidade de monóxido de carbono, o que viria a matar Elio no dia seguinte. A F1 perdeu um dos seus pilotos mais populares e não faltaram homenagens ao italiano, enquanto Balestre tentava impor novas normas de segurança à F1, ele que ainda enfrentava as mortes de Henri Toivonen e Sergio Cresto no Mundial de Rally e seus potentes carros do Grupo B. Balestre tentaria impor um limite de 600 cavalos aos motores a partir de 1987 e por incrível que pareça, os pilotos apoiaram a ideia. Porém, Ron Dennis foi contra e outras medidas seriam tomadas.

A Brabham teria apenas um carro em Spa e ainda assim, foi preciso convencer Patrese a correr, pois o italiano, muito amigo de Elio de Angelis, pensou seriamente em se aposentar precocemente. Derek Warwick foi o escolhido por Bernie Ecclestone para substituir De Angelis, mas o inglês, que tinha um contrato com a Jaguar no Mundial de Marcas, só estrearia em Montreal. Conta a lenda que Ecclestone escolheu Warwick porque o inglês foi o único a não ligar para a Brabham atrás do lugar de Elio... 

O rápido circuito de Spa Francorchamps favorecia os motores potentes, como Honda e BMW. Berger marcou o tempo mais rápido na sexta-feira e somente quando faltavam dez minutos para o fim da sessão de sábado, Piquet superou por pouco mais de um décimo o austríaco, que largaria na primeira fila pela primeira vez na F1. Senna sofria com o equilíbrio do seu chassi, mas ainda conseguia um bom quarto lugar. A Ferrari também sofreu com problemas em seu carro, mas tinha um motor novo e compensava um pouco as deficiências do carro.

Grid:
1) Piquet (Williams) - 1:54.331
2) Berger (Benetton) - 1:54.468
3) Prost (McLaren) - 1:54.501
4) Senna (Lotus) - 1:54.576
5) Mansell (Williams) - 1:54.582
6) Fabi (Benetton) - 1:54.765
7) Arnoux (Ligier) - 1:55.576
8) Rosberg (McLaren) - 1:55.662
9) Alboreto (Ferrari) - 1:56.242
10) Tambay (Lola) - 1:56.309

O dia 25 de maio de 1986 amanheceu num atípico dia de sol em Spa. Ao contrário do clima volátil daquela região do globo, haveria uma corrida com muito sol na Bélgica, com pilotos e equipes não se preocupando com que pneu escolher. Após o fiasco da corrida em 1985, quando o asfalto belga se desfez, a corrida em 1986 não teria muitos problemas. Na luz verde, Piquet larga muito bem, saindo até mesmo de suas características, entrando na apertada primeira curva tranquilamente em primeiro. Mais atrás, Berger, Prost e Senna chegavam embolados na La Source. Não tinha como dar certo. Senna vinha por fora e quando faz a curva, força o austríaco a ir por dentro e bate em Prost. Ambos ficam enroscados, fazendo com que o resto do grid tentasse ao máximo desviar dos dois carros parados. Prost e Berger vão aos boxes ao final da primeira volta trocar seus bicos, enquanto o pelotão mudava dramaticamente.

Piquet, Senna e Mansell lideravam com certa folga sobre o segundo pelotão, que era liderado por Johansson, Dumfries e Laffite. Os três haviam largado fora do top-10 e estavam, na primeira volta, já na zona de pontuação! Com isso, a briga pela vitória fica claramente entre os três primeiros colocados, com a Williams usando muito bem a potência do motor Honda, fazendo Mansell ultrapassar Senna logo na terceira volta. Porém, duas voltas depois Mansell comete um erro na chicane Bus Stop, roda e é ultrapassado por Senna e Johansson, enquanto Piquet já abria 10s sobre Senna em apenas seis voltas. Keke Rosberg, que caiu várias posições na confusão da primeira curva, tem o motor quebrado na sétima volta, enquanto Alboreto assumia a quinta posição ao ultrapassar Dumfries, que sai da pista logo em seguida, furando o seu radiador e causando o abandono do escocês. Johansson fazia uma corrida surpreendente e se mantinha entre Senna e Mansell, enquanto Piquet tinha uma boa diferença na frente. O brasileiro estava usando a pressão máxima do turbo involuntariamente, fazendo com que tivesse uma performance muito forte, mas que poderia estourar o motor Honda a qualquer momento. Mesmo sendo macaco velho, Piquet não percebeu o erro e na volta 16 o motor Honda começava a falhar. Na volta seguinte o brasileiro foi aos boxes e descobriu que o motor Honda havia entrado num modo de segurança, cortando a ignição para não quebrar. Com o motor avariado, Piquet abandonou uma corrida que estava na sua mão e entregava a liderança  no colo de Senna, mas a vida do brasileiro da Lotus estava longe de estar fácil.

Mansell havia ultrapassado Johansson algumas voltas antes e se aproximava de Senna rapidamente, enquanto a metade da corrida se aproximava e com ela, as trocas de pneus. Mansell para na volta 21, com a Williams realizando um pit-stop razoável. Percebendo que poderia levar, o que hoje é chamado de undecut, Senna faz sua parada uma volta depois. A Lotus é um pouco mais lenta, mas Senna ainda volta à pista embolado com Mansell, porém o inglês tinha pneus mais aquecidos e assumia a ponta no que mais tarde chamariam ultrapassagem nos boxes. Com a parada de Johansson, a corrida fica estática na frente. Quando Senna tentava uma aproximação, Mansell aumentava a pressão do turbo, garantindo uma liderança tranquila. Alboreto, que largou com pneus duros, resolve não parar e estava na frente de Johansson. A Ferrari resolve usar a velha tática de manter as posições e levar as crianças para casa e mostra a placa 'SLOW', significando que seus pilotos deveriam manter as posições. Porém, Johansson estava melhor calçado e por isso, desobedeceu a ordem da Ferrari e reassumiu o terceiro lugar na volta 38, já próximo do fim da prova.

Após abandonos de René Arnoux, que abusou da pressão do turbo, Prost se aproximava de Jones e ultrapassou o australiano nas últimas voltas, com direito a melhor volta da corrida, com o francês assumindo a sexta e última posição pontuável, porém, quase levando uma volta, Prost estava quase um minuto atrás do seu compatriota Laffite, num solitário quinto lugar. Precisando economizar combustível, Senna alivia o ritmo no fim e Mansell vence pela primeira vez em 1986. 'Eu estava esperando essa vitória pacientemente,' falou Mansell demonstrando uma confiança muito grande. Enquanto Piquet abandonava a segunda corrida em cinco com o motor quebrado, Mansell começava a marcha para se tornar uma das estrelas da F1 nos próximos anos.

Chegada:
1) Mansell
2) Senna
3) Johansson
4) Alboreto
5) Laffite
6) Prost

terça-feira, 24 de maio de 2016

História: 45 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1971

Mesmo quase no meio do ano, Monte Carlo receberia apenas a terceira etapa da temporada 1971, com Tyrrell e Ferrari brigando pela ponta do campeonato. Jackie Stewart tinha dado à Ken Tyrrell sua primeira vitória como construtor na Espanha, enquanto a Ferrari estreava o novo modelo 312 B2 na Corrida dos Campeões, prova vencida por Graham Hill, com um Brabham. A Lotus estava focada no novo modelo 56, conhecido por Turbina, e por isso negligenciou um pouco o desenvolvimento do modelo 72, mas Emerson Fittipaldi teria uma nova especificação em Mônaco, com a suspensão traseira retrabalhada. 

Os treinos foram atrapalhados pela chuva, principalmente na quinta e no sábado. Quando houve o mínimo de pista seca, Stewart foi bem mais rápido do que os demais, colocando 1.2s em cima do segundo colocado no grid, seu eterno rival Jacky Ickx, da Ferrari. Siffert surpreendia ao colocar o pesado BRM em terceiro, seguido por Amon e Pedro Rodríguez. Ronnie Peterson consegue o melhor resultado do March 711 na mesma pista onde estreou um ano antes, com o sueco conseguindo um bom oitavo lugar. A Lotus não teve um bom desempenho, com seus dois pilotos fora do Top-10, mas pior destino teve Mario Andretti, que teve problemas em sua Ferrari quando a pista estava seca e não conseguiu tempo para se classificar no domingo.

Grid:
1) Stewart (Tyrrell) - 1:23.2
2) Ickx (Ferrari) - 1:24.4
3) Siffert (BRM) - 1:24.8
4) Amon (Matra) - 1:24.8
5) Rodríguez (BRM) - 1:25.1
6) Hulme (McLaren) - 1:25.3
7) Beltoise (Matra) - 1:25.6
8) Peterson (March) - 1:25.8
9) Hill (Brabham) - 1:26.0
10) Surtees (Surtees) - 1:26.0

O dia 23 de maio de 1971 amanheceu nublado no principado de Mônaco, mas ao contrário dos dias anteriores, não houve chuva e os pilotos largaram com pneus de piso seco. Na largada, ainda no antigo sistema de bandeirada, Ickx saiu ligeiramente melhor, mas Stewart manteve a ponta. Perdendo a batalha inicial, Ickx ainda foi ultrapassado por Siffert na Saint-Devote, numa audaciosa manobra do suíço por dentro da apertada curva. Na primeira volta, quem se dá mal é Chris Amon, que, em mais um golpe de azar que sempre caracterizou sua carreira, o neozelandês desconectou por acidente a bomba elétrica do seu carro e por isso caiu várias posições.

Stewart imprime um ritmo alucinante nas primeiras voltas, abrindo 1s por volta em média, com Siffert e Ickx correndo sozinhos na briga pela segunda posição, enquanto Rodríguez e Peterson brigavam pela quarta posição 2s depois. Bandeiras amarelas eram mostradas na Tabacaria, quando o Mister Mônaco Graham Hill bateu seu Brabham ainda na segunda volta e abandonou sua corrida favorita. Rodríguez parecia segurar Peterson, trazendo outros pilotos para a briga. Dennis Hulme chega a ultrapassar o sueco, mas Peterson retomaria sua quinta posição algumas voltas depois. Para alegria desses pilotos retardados pelo mexicano, Rodríguez tem um pneu furado na volta 14 e tem que ir aos boxes, rebaixando-o para 14º. Nessa altura, Peterson já estava 10s atrás de Ickx, que andava colado em Siffert, que por sua vez tinha mais de 10s de desvantagem para Stewart, que passeava no principado. Peterson impressionava a todos com seu estilo espetacular de pilotagem nas apertadas curvas de Mônaco e logo após se livrar de Rodríguez, Ronnie não apenas se distanciou de Hulme, como se aproximava à uma taxa alarmante de Ickx. Não demorou muito e Siffert, Ickx e Peterson estavam colados, na briga pela segunda posição. Na trigésima volta, Peterson ultrapassa Ickx na curva do Gasômetro, com o belga oferecendo pouca resistência, já que sua Ferrari apresentava uma estranha vibração. Uma volta depois, o sueco da March ultrapassa Siffert, deixando todos impressionados com a performance de Peterson. 

Seria possível Peterson alcançar Stewart? O escocês estava 17s na frente e controlava o ritmo de Peterson, enquanto Siffert e Ickx não conseguiam andar no ritmo do sueco da March e ficavam para trás. Para sorte deles, Hulme já vinha mais de 30s atrás da Ferrari, correndo sozinho, enquanto Beltoise segurava heroicamente o sexto lugar, pois o francês chegou a sair da pista na Chicane do Porto por causa de um problema nos freios. Não demorou muito e o francês da Matra viu seu problema piorar e após sair novamente da pista na Chicane do Porto, ele seria ultrapassado por Emerson Fittipaldi e Rolf Stommelen. Beltoise abandonaria voltas mais tarde, mas com problemas de transmissão. Faltando pouco mais de um terço para o fim da corrida, a prova de Siffert chega à um final prematuro por causa de um vazamento de óleo no motor, entregando o lugar mais baixo do pódio para Ickx, enquanto Stommelen chegava à zona de pontos. As vinte voltas finais viram os pilotos cuidarem dos seus carros e uma pequena garoa aparecer já no finalzinho da corrida. Porém, os carros dos líderes estavam todos espaçados e Jackie Stewart venceu de ponta a ponta em Monte Carlo, sua segunda vitória no principado, além do significado todo especial de ter sido o vencedor da corrida de número 200 da história da F1. Mesmo com a vitória tranquila de Stewart, o nome da corrida fora Ronnie Peterson, que conduziu magnificamente bem seu March rumo a um excelente segundo lugar, fazendo com que Peterson conquistasse seus primeiros pontos na F1 logo com um pódio. Ickx se decepcionava com sua nova Ferrari, enquanto Hulme marcava pontos em todas as corridas até então. Com 24 pontos em 27 possíveis, Jackie Stewart dava todos os sinais de era o maior favorito ao título de 1971.

Chegada:
1) Stewart
2) Peterson
3) Ickx
4) Hulme
5) Fittipaldi
6) Stommelen

domingo, 22 de maio de 2016

Corrida histórica, protagonista errado

Cem mil pessoas lotaram o circuito de Mugello para ver uma vitória de Valentino Rossi após oito anos de jejum do ídolo italiano em casa. Conseguindo uma rara pole, Rossi era favorito à vitória e mesmo estando atrás de Lorenzo no começo da prova, o ataque do Doutor era questão de minutos, mas um motor quebrado estragou a tarde dos italianos, que puderam apenas vaiar à vontade a dupla espanhola Lorenzo e Márquez, que protagonizaram uma última volta frenética, com vantagem para o piloto da Yamaha.

No warm-up, Lorenzo sofreu uma rara quebra de motor em sua Yamaha, ligando o sinal vermelho da equipe. Porém, na largada, Jorge saiu muito bem, pulando da segunda fila para a ponta ainda na freada da primeira curva, deixando Rossi, que até saiu bem, em segundo. Os dois pilotos da Yamaha passaram a disputar ferrenhamente a ponta, com Rossi tendo claramente um ritmo melhor, enquanto Lorenzo se defendia com freadas no limite para deter Rossi. Isso fez com que Marc Márquez, em sua desequilibrada Honda, se aproximasse, trazendo consigo Andrea Doviziozo. A corrida prometia uma bela briga pela ponta, quando o segundo motor da Yamaha explodiu no dia, desta vez com Rossi, para desespero do público italiano. que viu seu ídolo abandonar tristemente. Se pudessem escolher, que os motores da Yamaha quebrassem na ordem invertida, mas não foi assim e Rossi perdeu uma ótima chance de vencer em casa.

Contudo, a corrida ainda não estava decidida. Dois fronts se armavam para o final da prova. Enquanto Márquez gradualmente se aproximava de Lorenzo, Doviziozo perdia rendimento e era alcançado por Dani Pedrosa e Andrea Iannone, que largou na primeira fila e teve problemas na embreagem, caindo várias posições. De saída da Ducati em direção à Suzuki, para substituir Maverick Viñales, esse em direção à Yamaha, Iannone queria mostrar serviço e nada melhor do que ultrapassar o piloto que o tirou da Ducati. O retrospecto dos dois Andreas não era dos melhores em brigas recentes, mas os dois se comportaram bem, com Iannone se sobressaindo, ainda mais com Doviziozo errando na forte e difícil freada da curva um. Pedrosa assumiu a quarta posição e passou a brigar com Iannone, mas o italiano acabou superando o já veterano espanhol e ficou com o lugar mais baixo do pódio. Quarto colocado, Pedrosa já pensa onde colocará a estátua do seu empresário na sua casa, pois mesmo cada vez mais opaco nessa altura da carreira, Pedrosa renovou por mais dois anos com a Honda, podendo completar doze anos na melhor equipe da MotoGP... sem títulos!

Lá na frente, Márquez se ouriçava para cima de Lorenzo, que não fazia suas conhecidas corridas onde assumia a ponta e disparava. O espanhol da Yamaha parecia não ter um bom ritmo, mas Jorge contava com o nítido desequilíbrio da Honda, além da conhecida agressividade de Márquez, nunca contente com a segunda posição. Inicialmente Marc teve os mesmo problemas de Rossi no começo da corrida, não conseguindo ultrapassar no principal ponto de ultrapassagem da pista de Mugello, na primeira curva. Então Márquez tentou ataques no miolo. Na última volta, Márquez foi pro 'tudo ou nada', com Lorenzo se defendendo do ímpeto do compatriota. Os dois campeões trocaram de posições três vezes e após distribuir uma bela fechada na última curva, Márquez parecia ter a vitória nas mãos, mas eis que Lorenzo se lembrou de uma vitória, ainda nas 250cc, em cima de Alex de Angelis em Mugello e repetindo o feito, saiu muito forte da última curva e com mais embalo, efetuou a ultrapassagem consagradora na bandeirada, garantindo a segunda vitória consecutiva em 2016 e a terceira do ano, abrindo dez pontos para Márquez no campeonato.

Nem essa disputa espetacular diminuiu a bronca dos tifosi, que vaiaram com gosto Lorenzo e Márquez no pódio. Com dois abandonos no ano, a situação de Rossi vai se complicando no campeonato, que vai se desenhando numa disputa particular entre Lorenzo e Márquez. E se houver mais corridas como essa, tanto melhor!  

sábado, 21 de maio de 2016

Panca da semana

Quiça, panca do ano. Impressionante que os envolvidos, inclusive Pedro Piquet, estejam bem.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Panca da semana

Normalmente os 'Big One' na Nascar ocorrem em superovais, como Talladega ou Daytona. Bastou uma má relargada de Jimme Johnson na milha monstro de Denver para desmentir essa verdade.

terça-feira, 17 de maio de 2016

História: 40 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1976

Após a saída de Spa-Francorchamps do calendário da F1, o Grande Prêmio da Bélgica se mudou para Nivelles em 1972, mas equipes e pilotos não gostaram da pista e Bernie Ecclestone resolveu promover uma alternância entre Nivelles e Zolder, com os piloto claramente preferindo a segunda, mesmo com alguns problemas de segurança anos antes. A corrida belga de 1976 seria em Zolder, sede do Grande Prêmio da Bélgica nos próximos seis anos. Niki Lauda havia se recuperado de suas fraturas em decorrência de um acidente com um trator e estava pronto para perseguir seu segundo título. Com a desclassificação de Hunt na Espanha, Niki tinha três vitórias e um segundo lugar nas quatro primeiras provas de 1976, garantindo ao austríaco o título de favorito destacado, ainda mais com Hunt, seu adversário mais forte, tendo apenas seis pontos no campeonato. Ainda adaptando o carro após a desclassificação em Jarama, a McLaren tentou deixar o carro novamente nos conformes, fazendo várias modificações na traseira do carro. 

Na sexta-feira Clay Regazzoni foi o mais rápido, mas finalmente Niki Lauda conquistou sua primeira pole em 1976 no sábado, superando em cinco centésimos seu companheiro de equipe, numa clara dominância da Ferrari quarenta anos atrás. As modificações da McLaren fizeram com que o carro piorasse muito e Hunt, extremamente descontente com o carro, ainda conseguiu a terceira posição, com Mass apenas em 18º. Depailler completava a segunda fila com o Tyrrell P34, que recebeu pequenas janelas laterais no cockpit, para os pilotos poderem enxergar as pequenas rodas dianteira. No final da classificação, dois nomes históricos da F1 estavam fora do grid. Emerson Fittipaldi não conseguiu encontrar aderência alguma em seu Copersucar e estava fora de sua primeira corrida na carreira devido à performance, enquanto Jacky Ickx sofreu dois acidentes nos treinos e estava fora de sua corrida em casa.

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 1:26.55
2) Regazzoni (Ferrari) - 1:26.60
3) Hunt (McLaren) - 1:26.74
4) Depailler (Tyrrell) - 1:26.91
5) Brambilla (March) - 1:26.93
6) Laffite (Ligier) - 1:27.14
7) Scheckter (Tyrrell) - 1:27.19
8) Amon (Ensign) - 1:27.54
9) Pace (Brabham) - 1:27.66
10) Peterson (March) - 1:27.72

O dia 16 de maio de 1976 amanheceu com sol, num belo dia de primavera na Bélgica, em Zolder e os pilotos não teriam que se preocupar com o tradicional clima volátil naquela região do globo. O final de semana de Hunt, mesmo largando na segunda fila, continuava ruim com o inglês tendo que largar com o carro reserva, após um problema de transmissão na McLaren de Hunt, depois do britânico sair da pista no warm-up. Porém, Hunt se recuperaria na largada, com o inglês ganhando a posição de Regazzoni na freada da primeira curva, enquanto Lauda permanecia impávido na frente, se aproveitando da pole. Outro que larga mal é Depailler, caindo para sexto após ser ultrapassado por Brambilla e Laffite.

Hunt sabia que não tinha a vantagem das costelas quebradas de Lauda na Espanha e por isso, sabia que dificilmente teria condições de ameaçar Niki, que aumentava aos poucos seu ritmo, enquanto James passava a sofrer com o desequilíbrio do seu McLaren e era atacado por Regazzoni na briga pela segunda posição. Hunt segurou enquanto pôde Rega, mas o suíço completou a ultrapassagem na oitava volta e para piorar as coisas para o  piloto da McLaren, seu ritmo lento tinha trazido para briga Laffite e Depailler, após Brambilla abandonar com problemas na transmissão ainda na sexta volta. Imediatamente Hunt se viu sob ataque cerrado dos dois franceses. Laffite tenta a ultrapassagem na chicane, mas Hunt joga duro e Depailler se aproveita do vacilo do compatriota para subir ao quarto lugar. Voltas mais tarde Laffite recupera a posição de Depailler e finalmente ultrapassa Hunt, mas com o carro desequilibrado, Hunt tinha perdido muito terreno para as Ferraris e quando deixou James para trás, Laffite já estava 5s atrás de Regazzoni. Rivais e desafetos, era esperado uma briga acirrada entre Hunt e Depailler, mas o inglês havia aprendido a lição de não perder tanto tempo numa briga por posição com um carro tão ruim e deixa Depailler passar, com Scheckter 2s atrás. Mais atrás, Reutemann vinha na oitava posição após uma boa largada, mas o argentino tem o motor quebrado, abandonando na volta 17. O óleo na pista resultante da quebra do motor de Reutemann fez com que Ronnie Peterson saísse da pista de forma violenta, mas o sueco, fora o susto, estava pronto para outra.

Não demorou muito para Hunt ser atacado por Scheckter e por um surpreendente Chris Amon, num ótimo final de semana em seu Ensign. O sul-africano ultrapassa o piloto da McLaren na volta 27, mas logo o boxe da Tyrrell lamentaria o motor quebrado de Depailler, que estava próximo de Laffite na briga pelo pódio. Lauda tinha 5s de vantagem sobre Regazzoni, que corria sozinho, pois tinha 15s de vantagem para Laffite. O francês teve um grande susto na volta 31, quando encontrou Mario Andretti como retardatário na última curva e acabou rodando após não negociar bem a ultrapassagem com o veterano da Lotus. Andretti tinha saído da pista antes devido à problemas no seu acelerador e abandonaria mais tarde, enquanto Laffite nem havia perdido tanto tempo assim e voltou à pista ainda em terceiro, seguido por Scheckter, Hunt e Amon. Após sofrer o final de semana inteiro com um carro instável e passar a corrida inteira se defendendo de carros mais acertados do que o seu, James Hunt parou seu carro após a curva um com o câmbio quebrado, significando o terceiro abandono em cinco corridas para o piloto da McLaren, que se mostrava o único capaz de desafiar Lauda no quesito velocidade, mas no começo de 1976 Hunt ainda pecava bastante no quesito confiabilidade e regularidade.

A corrida fica estática na frente, com as Ferraris dominando a corrida, com Laffite num distante terceiro lugar, seguido por Scheckter e Amon, que corriam próximos, mas sem ataques de parte a parte. O tráfego intenso aproximou os dois carros da Ferrari, mas Lauda não deixou Regazzoni se aproximar mais do que 2s. O austríaco chegou a suspeitar de um problema na suspensão de sua Ferrari, mas logo isso se provou alarme falso. O que não era o caso de Chris Amon. Numa ótima corrida, correndo em quinto lugar, o neozelandês viu sua suspensão traseira quebrar e foi jogado violentamente contra as cercas de proteção. O Ensign ficou bem danificado, Amon saiu reclamando da mão direita e a fama de pé-frio do neozelandês ganhava mais um capítulo. Lauda vence com muita facilidade, conquistando seu primeiro Grand-Chelem (pole, melhor volta e vitória de ponta a ponta) da carreira. Laffite conquista o primeiro pódio para a Ligier, que literalmente agradeceu ao seu piloto, mostrando uma placa na última volta 'MERCI JACQUES'. Scheckter marcava os primeiros pontos do novo Tyrrell P34, Jones marcava os primeiros pontos da Surtees em 1976 e Mass completava em sexto numa corrida de paciência do alemão, pois ele também sofreu com o indócil McLaren em Zolder. Lauda disparava na ponta do mundial e nada parecia detê-lo no momento.

Chegada:
1) Lauda
2) Regazzoni
3) Laffite
4) Scheckter
5) Jones
6) Mass

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Figura(ESP): Max Verstappen

É até difícil explicar a sensação do que deve estar sentindo Max Verstappen nesse momento, depois de tudo pelo o que garoto holandês passou nos últimos dias. Envolvido numa polêmica troca com Daniil Kvyat, Verstappen saiu da Toro Rosso para a Red Bull sem praticamente nenhum contato com a equipe e muito menos com o carro. Além de todas essas dificuldades, Max teria que responder aos muitos questionamentos sobre ter ido tão rapidamente para a Red Bull às custas, praticamente, da carreira de Kvyat. Porém, Max Verstappen parece estar acostumado com a velocidade com que acontecem as coisas ao seu redor. Mesmo não conhecendo a equipe e o carro, holandês andou sempre no mesmo ritmo de Daniel Ricciardo, seu rápido, confiável e badalado novo companheiro de equipe. Mesmo levando quatro décimos do australiano no Q3, Verstappen andou boa parte do tempo na frente de Ricciardo na Classificação e largaria ao lado de Daniel no domingo, na segunda fila, o que já era a melhor posição de largada de Max. E foi na segunda fila, praticamente de camarote front stage, que Verstappen viu Hmailton ter uma pane mental e destruir a corrida da Mercedes, maior favorita à vitória em Barcelona. Contudo, a concorrência para Max Verstappen parecia grande demais mesmo para tanto talento. Além de Ricciardo, Max teria que enfrentar a dupla da Ferrari, faminta por uma vitória e com cinco títulos mundias nas costas. Mas quem disse que isso assusta Verstappen? O holandês andou no mesmo ritmo de Ricciardo e Vettel, não se incomodando com a presença do campeão mundial atrás de si. Vettel foi aos boxes e Ricciardo fez o mesmo, numa marcação homem a homem do que seriam os favoritos à vitória. Porém, talvez até mesmo a Red Bull duvidasse que Verstappen fosse capaz de levar seu carro até o fim da corrida sem destruir seus pneus. Contudo, da mesma forma que Verstappen não conhecia sua equipe, a Red Bull ainda não conhece seu novo piloto. Max fez uma corrida soberba, se aproveitou de um dia nada empolgante de Raikkonen e conseguiu uma incrível vitória, numa história mais parecida que saiu de um livro de conto de fadas. Aos 18 anos e sete meses, Max Verstappen escreveu outro recorde de precocidade em sua carreira na F1. Do jeito que vai, rapidamente os recordes de Max passarão a ser de quantidade, não mais precocidade. 

Figurão(ESP): Lewis Hamilton

Se uma foto vale mais do que mil palavras, basta a foto abaixo para explicar o porquê de Hamilton estar nessa parte da coluna.

domingo, 15 de maio de 2016

Aposta certeira

Quanto custa queimar a carreira de um jovem piloto para trazer outra promessa para a sua equipe? Este foi o questionamento feito à Red Bull, mais especificamente à Helmut Marko, que promoveu a polêmica troca entre Daniil Kvyat e Max Verstappen entre as corridas da Rússia e da Espanha. Mesmo Verstappen tendo muito mais potencial, muito se criticou a crueldade com Kvyat. Tudo isso seria apagado com uma boa atuação de Verstappen em algum momento na temporada. Contudo, a precocidade marca a curta carreira de Max Verstappen e o holandês só precisou de uma corrida para mostrar que o chato e ranzinza Helmut Marko estava certo em trocar o rápido e atrapalhado Kvyat pela promessa de fenômeno Max Verstappen. Numa corrida histórica em vários aspectos, Verstappen se aproveitou da pane mental de Hamilton para superar as Ferraris e seu companheiro de equipe Ricciardo para se tornar o mais jovem vencedor da história da F1 com 18 anos e sete meses.

A corrida hoje de Barcelona saiu do script de provas chatas na cidade espanhola e hoje vimos uma corrida emocionante e apertada do começo ao fim, que irá ecoar ainda por muito tempo. Primeiro, a Mercedes. Um toque, um zero ponto da Mercedes não seria nenhuma surpresa em algum momento da temporadas e até mesmo das duas anteriores. Nico Rosberg e Lewis Hamilton não são mais amigos há dois anos. Após a classificação, Hamilton aproveitou para dar algumas cutucadas em Rosberg, dizendo que conquistou todas as poles quando não teve problema no sábado. Mesmo inferior tecnicamente, Rosberg está num ótimo momento e mesmo não largando muito melhor do que Hamilton, conseguiu uma bela ultrapassagem por fora da curva um. Aquilo pode ter mexido na cabecinha de Hamilton, que tinha se comportado tão bem nos últimos tempos. Perdendo a vantagem da pole, 43 pontos atrás do rival no campeonato e querendo demarcar terreno, Hamilton não esperou mais do que algumas centenas de metros para atacar de forma agressiva Rosberg, que fechou de forma forte, mas sem ser desleal. A agressividade de Hamilton se tornou loucura quando Rosberg ficou totalmente por dentro e Lewis tentou achar espaço na grama. Alguém lembra da musiquinha do Programa do Ratinho nos testes de DNA? Pois essa 'canção' ecoou nos boxes da Mercedes na medida em que os dois carros prateados, na presença do presidente da Daimler nos boxes da equipe, saíram voando na curva quatro, destruindo a corrida dos dois e da Mercedes, para espanto de quem estava nas arquibancadas e dos milhões que acompanhavam a corrida pela TV. A chance de virada de Hamilton foi pro vinagre no momento, mas sua moral com a equipe desmoronou completamente. A relação entre Nico e Lewis, já abalada não de hoje, mas desde que a Mercedes se tornou a equipe dominante da F1, tende a piorar, mas Rosberg tem clara vantagem nesse entrevero. Hoje, somente a Mercedes pode conquistar o campeonato e com os dois pilotos zerados, Nico tem os mesmo 43 pontos de vantagem sobre Lewis, com uma corrida a menos para se disputar. Estou curioso para ver o que Hamilton dirá dessa disputa, o mesmo acontecendo com Rosberg, Wolff e Lauda. O clima na Mercedes ferverá!

Com a Mercedes fora da corrida com poucos metros de ação, a corrida caía no colo da Red Bull e da Ferrari, que tinham uma rara chance de vencer. A Red Bull tinha se mostrado superior à Ferrari em ritmo de classificação, mas os italianos sempre se mostraram melhor em ritmo de corrida. Ricciardo e Verstappen, estreante na equipe, ou seja, sem muita experiência com o carro, lideravam e ainda tinham a ajuda de Carlos Sainz, que largou muito bem e estava em terceiro, na frente das Ferraris de Vettel e Raikkonen. Deixando o espanhol para trás, Vettel tentou o ataque em cima de Verstappen e, posteriormente, em cima de Ricciardo. Inicialmente, essa parecia ser a briga pela vitória: Ricciardo x Vettel. Com pneus macios Ricciardo andou bem melhor do que Verstappen, mas os pneus tiveram vida curta e com pneus médios, Verstappen parecia melhor, o mesmo acontecendo com Vettel. Estabeleceu-se os três correndo separados por 1s, mas sem muitas disputadas. Então Vettel e Ricciardo, que pareciam brigar pela vitória, anteciparam suas paradas. Era uma briga de gato e rato da Ferrari e da Red Bull, que apostavam claramente nos seus dois primeiros pilotos. Porém, Verstappen e, mais atrás, Raikkonen faziam uma corrida dentro do script e quando novamente Vettel e Ricciardo pararam, com vantagem para Vettel, que saiu 7s na frente de Ricciardo, em terceiro, estabeleceu-se a dúvida: parar uma terceira vez com Verstappen e Raikkonen? Conhecendo o histórico de Raikkonen em preservar os pneus e o veterano já calçado com os médios, podia-se esperar que o finlandês desse o pulo do gato e não parasse mais. E Verstappen? O jovem holandês estava estreando num carro que mal andara e era mais conhecido pela agressividade. O tempo foi passando e Raikkonen talvez estivesse esperando uma terceira parada de Verstappen que nunca veio e quando tentou algo, seus pneus estavam desgastados demais, pelo tempo em que ficou atrás da Red Bull. Numa história de contos de fadas, Max Verstappen, que corria de kart até 2013 e duas semanas atrás amargava um abandono na Rússia com seu Toro Rosso, estreou na Red Bull e numa pilotagem impressionante, se tornou o piloto mais jovem da história da F1 a vencer uma corrida. Surgirão muitos questionamentos de que a F1 estaria tão fácil, que até um moleque de 18 anos pode vencer uma corrida. Isso são os inconformados. Olhando pelo lado do copo meio cheio, podemos estar presenciando um momento histórico, de um piloto diferenciado aparecendo na frente de nossos olhos. Um verdadeiro fenômeno!

A Ferrari subiu ao pódio com seus dois pilotos, mas ficou um gosto amargo na boca por ter perdido uma chance tão clara de vitória. Faltou agressividade em Raikkonen, que parecia certo de que Verstappen pararia em algum momento e por isso apenas escoltou o holandês e quando percebeu que o holandês não pararia mais, se viu sem pneus e teve que se conformar com o segundo lugar. A forma como Vettel se aproximou dos carros da Red Bull indicava que ele venceria a prova, mas a Ferrari cometeu o mesmo erro da decisão do título de 2010, quando se concentrou unicamente em Webber e se esqueceram de Vettel. Hoje, a Ferrari focou apenas em Ricciardo e se esqueceram de Verstappen, fazendo que a estratégia funcionasse para que Vettel ficasse à frente de Ricciardo, mas não na frente de Max. Vettel subiu ao pódio e ficará novamente com fama de chorão ao xingar quando foi atacado por Ricciardo nas voltas finais. Mesmo sendo mais rápido do que Raikkonen em boa parte das classificações, hoje Sebastian está atrás de Kimi no campeonato. Se Raikkonen pouco tentou ultrapassar Verstappen lá na frente, o mesmo não se pode dizer de Ricciardo, que tentou a ultrapassagem várias vezes em Vettel, colocando de lado três vezes na curva um, forçando ainda mais os seus desgastados pneus médios. A conta viria na penúltima volta, quando o pneu traseiro esquerdo furou e Ricciardo teve que se conformar com a quarta posição. Pior do que perder o pódio, é ver seu reinado dentro da Red Bull bastante ameaçado. Claramente mais rápido do que Kvyat e com a confiança total dos dirigentes, Daniel agora vê um Max Verstappen planamente fortalecido dentro do seio da cúpula da Red Bull e com a fama de campeão em potencial. Quem subiu para receber o troféu de vencedor pela Red Bull? Helmut Marko. E é o austríaco quem dita as ordens na Red Bull. Será outro ponto a ser observado no futuro: como se comportará Ricciardo dentro da Red Bull daqui para frente?

Com a corrida tão cheia de histórias e emoções na frente, os pilotos de quinto para trás foram ainda mais coadjuvantes do que normalmente o são. Bottas não largou bem, mas assim como fez as Ferraris, deixou Sainz para trás na primeira rodada de paradas e o finlandês ficou quietamente em quinto a corrida inteira. Felipe Massa fez uma boa corrida de recuperação após o erro da Williams na Classificação e ganhou dez posições no grid, chegando em oitavo e amealhando mais pontos no campeonato. Sainz largou bem, mas sem ritmo, segurou por muito pouco tempo as Ferraris, se achando em sexto e terminando a corrida na importante posição. Comparado à Verstappen em seu primeiro ano de F1, vendo o que holandês pode e deve fazer, Sainz sai fortalecido no futuro, pois o espanhol andou sempre próximo de Max na Toro Rosso. Se Verstappen obteve um sucesso extraordinário em sua estreia na Red Bull, Kvyat não foi tão bem em sua reestreia na Toro Rosso, ficando com o último ponto da corrida, após sempre andar atrás de Carlos Sainz. Kvyat terá que remar muito, se quiser refazer sua carreira na F1. Sergio Pérez fez uma prova discreta rumo aos pontos, num momento em que o mexicano se mostra bem mais forte do que o badalado Nico Hulkenberg, um dos poucos abandonos do dia, mas sempre fora da zona de pontos. Alonso decepcionou a torcida quando abandonou já no final da corrida, mas se o espanhol andou bem mais rápido do que Button na classificação, o inglês virou o jogo na corrida, largando melhor do que Alonso e terminando em nono. Alonso estava na zona de pontos quando abandonou, a McLaren vem evoluindo, mas ainda está longe do que a equipe e a Honda podem fazer. A Hass quase marcou pontos com Gutierrez, o que seria os primeiros do mexicano, mas Esteban foi superado por Button e Kvyat nas voltas finais e ficou em 11º, com Grosjean abandonando no final, quando andava atrás do mexicano. Realmente para Grosjean andar atrás de Gutierrez, algo de errado havia com o carro. Enquanto a Red Bull venceu a corrida com seus motores, a equipe Renault mal apareceu na TV, ficando discretamente fora dos pontos, mas já percebe-se que Kevin Magnussen está um ou mais degraus acima de Jolyon Palmer, que tanto chiou quando Nasr subiu da GP2 e ele, como campeão, não. Falando em Nasr, o brasiliense foi superado por Ericsson e com uma Sauber cambaleante, pega extremamente mal para Felipe se manter na F1 em 2017, mesmo com todo o aporte financeira que tem. A Manor pouco apareceu, se não levando voltas.

O Grande Prêmio da Espanha de 2016 foi cheio de histórias que marcarão a F1 pelas próximas semanas e, por que não, pelos próximos anos. O clima dentro da Mercedes ficará ainda mais pesado com mais um erro de Hamilton, que garantiu o primeiro zero da equipe tedesca desde 2012. Num momento em que Arrivabene está 'prestigiado' dentro da Ferrari, não vencer uma corrida onde a Mercedes não completou sequer uma volta não deixa de ser um mal resultado para os italianos. Porém, o que ficará na história é: até onde irá parar Max Verstappen?