A F1 chegava a um dos seus mais tradicionais palcos em Monte Carlo trinta anos atrás, com o travado circuito de Mônaco recebendo duas pequenas alterações em seu traçado, na chicane do porto e na curva do Gasômetro. Nos bastidores, a Renault demonstrava seu descontentamento com o programa de F1, fazendo com que a Lotus iniciasse conversações com a Honda para 1987. Os carros foram preparados especialmente para o circuito de Mônaco, com várias equipes introduzindo novidades nas suas configurações para se conseguir mais downforce.
Na quinta-feira, Senna foi o mais rápido, com a Williams-Honda tendo sérios problemas nos motores e Mansell estaria fora do grid de vinte carros no domingo. No sábado, a Honda deu a volta por cima e Mansell superou o tempo de Senna, mas Alain Prost veio no fim da sessão e foi o único a marcar 1:22. Com problemas no câmbio e numa pista em que detestava, Nelson Piquet teve que se conformar com uma obscura 11º posição. Alboreto mostrou mais uma vez sua ótima performance em circuitos de rua e levou a desequilibrada Ferrari ao quarto lugar. Enquanto Riccardo Patrese conseguia um impressionante sexto lugar com a problemática Brabham BT55, Elio de Angelis sofria com o motor BMW e largaria em vigésimo e último lugar no domingo. Dias mais tarde, a Brabham iria treinar em Paul Ricard e o piloto escolhido seria Patrese, mas chateado com o seu rendimento e querendo mais intimidade com o carro, De Angelis pede à equipe para testar na França no lugar de Patrese. O destino seria bastante cruel com o carismático italiano, que faria sua última corrida na F1 trinta anos atrás.
Grid:
1) Prost (McLaren) - 1:22.627
2) Mansell (Williams) - 1:23.047
3) Senna (Lotus) - 1:23.175
4) Alboreto (Ferrari) - 1:23.904
5) Berger (Benetton) - 1:23.960
6) Patrese (Brabham) - 1:24.102
7) Laffite (Ligier) - 1:24.402
8) Tambay (Lola) - 1:24.686
9) Rosberg (McLaren) - 1:24.701
10) Brundle (Tyrrell) - 1:24.860
O dia 11 de maio de 1986 estava ensolarado no principado de Mônaco, ao contrário dos quatro anos anteriores, e a primavera proporcionou um belo dia para se ter uma corrida em Monte Carlo. Antes da largada, Tambay e Laffite tem problemas em seus carros, mas enquanto o piloto da Lola largaria na sua posição original, Laffite largaria em último, para desespero de Guy Ligier. Na largada, Prost larga muito bem, enquanto Mansell larga muito mal, sendo superado por Senna, enquanto Keke Rosberg se aproveita do espaço à sua frente com os problemas de Laffite e pula para sexto lugar. Durante a primeira volta, o finlandês faz algo raro em Mônaco, mesmo trinta anos atrás: uma ultrapassagem. Na Mirabeau, Keke pega Berger de surpresa e pula para o quinto lugar, ganhando quatro posições em menos de uma vota!
Prost imprimi um bom ritmo e rapidamente abre com relação à Senna, enquanto Rosberg tentava ultrapassar Alboreto. Na segunda volta, Streiff perde o ponto de freada e bate em Alan Jones. Streiff consegue retornar à corrida sem problemas, enquanto o australiano, virado na contramão, mas com o carro intacto, não consegue voltar à prova e se torna o primeiro abandono do dia. Nas primeiras voltas Mansell acompanhou Senna de perto, mas logo no começo da corrida o inglês passaria a ter, mais uma vez, problemas com seu motor Honda e Senna se afastaria de Mansell, mas para sorte do piloto da Williams, Alboreto segurava Rosberg, claramente mais rápido do que eles. Na 16º volta, Keke Rosberg coloca de lado em cima de Alboreto na 'reta' dos boxes e mesmo o italiano apertando-o contra o guard-rail, Keke efetua a ultrapassagem na St. Devote, ganhando a quarta posição. Imediatamente Keke se aproxima de Mansell, enquanto Senna tinha 12s de desvantagem para Prost, que praticamente passeava no principado. Na volta 29 Mansell pára nos boxes e era seguido por Rosberg três voltas mais tarde, porém, o pit-stop da McLaren é muito ruim e o finlandês se vê novamente atrás de Alboreto, que tinha parado na mesma volta de Mansell. Desta vez Rosberg não espera mais do que uma volta para efetuar a ultrapassagem e ficar com terceiro lugar, já que a Williams também tinha aprontado com Mansell e o inglês agora estava atrás do finlandês. Prost faz sua parada na volta 35, mas sua vantagem para Senna era tão grande, que o francês retorna à pista apenas 5s atrás do brasileiro. Sabendo que Rosberg vinha muito rápido atrás, Prost sabia que não podia perder muito tempo e rapidamente encostou em Senna e tentou ultrapassar o brasileiro.
Porém, Senna já era conhecido por ser osso duro de roer e vendeu caro a posição, só sendo ultrapassado quando foi aos boxes trocar pneus na volta 43. Porém, o atraso de Senna em ir aos boxes lhe custou caro. Com pneus mais novos, Rosberg andou mais rápido do que o brasileiro e Senna voltou à corrida em terceiro, logo à frente de Mansell. O inglês diria mais tarde que não pôde seguir a Lotus de perto por causa de um pequeno vazamento de óleo no carro da frente e por isso, se conformou com a quarta posição. A corrida fica estática a partir de então. Prost fazia a volta mais rápida da corrida e continuava a sua dominação, enquanto Keke Rosberg coroava a dobradinha da McLaren com uma bela corrida de recuperação. Piquet tentava pelo menos ficar na zona de pontuação, mas o brasileiro acabaria indo aos boxes por uma segunda vez e ficava em nono lugar, atrás do dois carros da Ligier, numa boa corrida de recuperação de Laffite, saindo de último para sexto. As últimas voltas viram os líderes negociarem ultrapassagens com os retardatários, algumas vezes diminuindo bastante a diferença com o da frente, ou perdendo terreno, dependendo aonde pegava o retardatário. Coisas de Mônaco. Então, veio o grande susto do final de semana. Brundle e Tambay brigavam pela sétima posição, quando o francês mergulhou por dentro na Mirabeau. Provavelmente Brundle não viu o não quis ver Tambay e fechou a porta, fazendo com que Patrick Tambay capotasse, chegando a bater levemente com o pneu traseiro no capacete de Brundle. Por sorte, Tambay caiu com o carro para cima e pôde sair incólume do carro, enquanto Brundle levou seu carros até aos boxes para abandonar, além da marca do pneu em seu capacete. Mansell estava logo atrás da confusão e perdeu muito tempo para desviar do carro de Tambay. Após esse acidente, a corrida ficou ainda mais estática e Alain Prost pôde vencer pela terceira vez consecutiva em Mônaco, sendo o segundo piloto a conseguir isso, imitando Graham Hill anos anos 60. Keke Rosberg chegava em segundo para o que seria seu último pódio na F1, enquanto um esgotado Senna terminava em terceiro num pódio onde se acostumaria bastante a ficar no topo. Prost assumiu a liderança de um campeonato que se mostrava cada vez mais espetacular.
Chegada:
1) Prost
2) Rosberg
3) Senna
4) Mansell
5) Arnoux
6) Laffite
Nenhum comentário:
Postar um comentário