Não foi a corrida que esperávamos, ficando bem abaixo das três primeiras da temporada 2016, mas ainda assim não para dizer que o Grande Prêmio da Rússia não tem significado nenhum na história da F1. Antes mesmo da largada a prova já chamava a atenção por ser a primeira em 22 anos no dia 1º de maio, dia da morte de Ayrton Senna. Após a bandeirada, é simplesmente impossível ficar indiferente à sétima vitória consecutiva de Nico Rosberg na F1, além do alemão da Mercedes ter 100% de aproveitamento no atual campeonato, lembrando até mesmo o ano em que Jenson Button foi campeão em 2009. Ok, Lewis Hamilton ainda não teve um final de semana 'trouble-free' em 2016 e as Ferraris estão bem abaixo da Mercedes ainda, além dos azares de Vettel nessa temporada. Porém, todas as vitórias de Nico Rosberg desde o México são indiscutíveis e mesmo o campeonato desse ano ser o mais longo da história, a diferença que Nico vem colocando sobre Hamilton, praticamente seu único rival pelo título, já começa a ficar bastante considerável.
A corrida teve seus rumos definidos na confusa largada em Sochi. Por sinal, até agora, todas as largadas de 2016 tiveram algum tipo de problema. Na quinzena passada, Sebastian Vettel subiu ao pódio na China irritado com a manobra de Daniil Kvyat na primeira curva da corrida em Xangai, gerando muitas críticas ao alemão sobre um suposto mimimi. Porém, desta vez Vettel tem toda razão para estar zangado com Kvyat e os inúmeros piiis no rádio são altamente justificados. Não sou a favor da teoria conspiração, mas não acho que Kvyat bateu em Vettel de propósito, principalmente na segunda pancada, mas o russo da Red Bull conseguiu destruir a corrida de Vettel e de sua equipe, pois quando Vettel recebeu a primeira pancada na primeira curva, ele foi jogado para cima de Ricciardo, fazendo com que os dois carros da Red Bull fossem aos boxes no final da primeira volta com bico quebrado. O incidente entre Vettel e Kvyat foi altamente favorável à Mercedes. Nico Rosberg tinha um rival a menos para se preocupar, enquanto Lewis Hamilton, ao contrário da corrida anterior, escapou bem da confusão e pulou de décimo para quinto. O inglês ultrapassou Massa na relargada e algumas voltas depois passou Raikkonen, mas Hamilton ficou preso atrás de Bottas. Lewis esperou a primeira e única rodada de paradas, mas para espanto geral, a Williams acertou na mosca e Bottas, ao antecipar sua parada e fazer um ótimo pit-stop, surgiu na frente de Hamilton. O inglês percebeu que tudo seria decidido na pista e partiu para cima de Bottas, o ultrapassando facilmente logo depois. Para quem é partidário de quanto mais pit-stops melhor, isso é mais um exemplo de que colocando as ultrapassagens nas mãos dos pilotos, eles podem tentar resolver tudo na pista e não esperar para que sua equipe faça a melhor estratégia e a melhor parada para superar um adversário. Voltando à corrida após esse pequeno momento de reflexão, quando Hamilton assumiu a segunda posição, ele já estava mais de 12s atrás de Nico Rosberg. O alemão sabia que Hamilton em quinto na primeira volta, era bem provável que o inglês assumisse a segunda posição rapidamente e enquanto teve pista livre, no mesmo momento em que Hamilton brigava na pista, Nico Rosberg abriu o máximo possível, fazendo várias voltas mais rápidas. Em certo momento da corrida, Hamilton baixou a diferença para perigosos 6s, mas quando Nico Rosberg se livrou do trânsito e Lewis foi avisado de que a temperatura de água do seu motor estava muito alta, Nico voltou a abrir e venceu com enorme tranquilidade. Muitos argumentarão que as quatro vitórias de 2016 foram conquistadas muito pelos problemas de Lewis Hamilton, mas um campeão sabe agarrar todas as chances que lhe aparecem e Rosberg fez isso nesse início de campeonato, aproveitando o azar de Hamilton para abrir uma grande vantagem no campeonato. Hamilton sabe muito bem disso e sua cara no pódio indicava bem isso. O inglês tem que reagir o mais rápido possível, ou então o tetracampeonato será adiado. Ano passado passei o segundo semestre inteiro sofrendo com o Ceará lutando para não cair. Alguém sempre dizia, faltam 'x' rodadas e o time vai se recuperar. O tempo passava e nada do time melhorar. Graças a Deus no fim deu certo, mas Hamilton não pode contar que um Lisca doido venha mudar tudo. A reviravolta de Hamilton tem que começar, no mais tardar, na próxima corrida em Barcelona.
A Ferrari mais uma vez se viu apenas com Kimi Raikkonen na corrida ainda na primeira volta da corrida. A pouca confiabilidade do carro vermelho cobra seu preço nesses momentos, onde uma punição colocou Vettel no meio do pelotão, estando mais exposto em se envolver em confusões. Todas as esperanças caíram nas costas de Raikkonen, que fez uma corrida burocrática para ser terceiro, a posição que a ele corresponde no jogo atual de forças da F1. Contudo, Raikkonen teve trabalho até deixar Bottas para trás e foi ultrapassado facilmente por Hamilton. A corrida sem sal do finlandês ficou bem destacado quando Kimi foi comemorar o terceiro lugar com sua equipe na hora da bandeirada, mas quando encostou nos boxes, não havia ninguém de vermelho no pit-wall. A Williams teve o seu melhor final de semana de 2016 e Bottas deu muito trabalho para Hamilton e Raikkonen, que tinham carros bem melhores do que o seu. Sem poder brigar com Mercedes e Ferrari, a Williams vinha sendo deixada para trás pela Red Bull, mas numa pista que casou muito bem com o FW38, Bottas andou em ótimo nível hoje e terminou em quarto, enquanto Massa foi menos brilhante e fez dele o que se esperava, terminando em quinto, mesmo tendo que fazer uma parada a mais do que os demais pilotos. Falando em Red Bull, o enjoado Helmut Marko aparecendo a todo momento na transmissão indica que algo não estava bem pelas glebas da Red Bull e havia um motivo para isso. Enquanto Max Verstappen quase levou seu Toro Rosso a um ótimo sexto lugar, se o holandês não tivesse sofrido uma quebra no motor, Daniil Kvyat fez uma prova horrorosa, merecendo até mesmo uma visita de Vettel à sua antiga equipe para reclamar das manobras do russo. Correndo em casa, talvez Kvyat tenha ficado frustrado em ver a Red Bull longe do pódio e fez aquele strike em Vettel na primeira curva, mas para azar da Red Bull, acabou levando também Ricciardo. A pane mental de Kvyat fez com que a Red Bull saísse da Rússia zerada, enquanto Verstappen dá claros indícios de ter mais potencial do que Kvyat e Carlos Sainz, que perdeu a décima posição nas voltas finais para Button.
Hoje duas equipes de fábrica fizeram um ótimo trabalho, pensando no contexto. Mesmo sendo um circuito de rua, Sochi tem longas retas e isso não faria nada bem ao ainda raquítico motor Honda, mas Fernando Alonso se colocou muito bem após as confusões da primeira curva, retardou ao máximo sua única parada e no final, o espanhol se colocou numa ótima sexta posição, inclusive fazendo ultrapassagens numa Sauber com motor Ferrari. Jenson Button andou boa parte do final de semana na frente de Alonso, mas o inglês não repetiu a performance na corrida, porém Jenson ainda teve tempo para ultrapassar Sainz nas últimas voltas e colocar a McLaren na zona da pontos. Colocar dois carros na zona de pontuação nesse atual casamento McLaren-Honda é um belo feito e mostra que houve uma boa evolução da equipe, o que é uma ótima notícia para a F1, pois seria ótimo ver novamente McLaren e Alonso brigando pela ponta. A Renault foi outra a surpreender. Largando nas últimas posições, os dois carros amarelos se saíram bem das confusões da primeira curva e já estavam próximos da zona da pontuação, mas foi Kevin Magnussen quem deu show. Piloto de enorme potencial, Magnussen vinha decepcionando até aqui, mas o dinamarquês fez uma bela prova para terminar em sétimo, chegando a segurar cinco carros atrás de si. O sem-sal Jolyon Palmer ficou fora da zona de pontos, mas andou na mesma balada de Magnussen em determinados momentos. Da mesma forma da McLaren-Honda, seria ótimo ver a Renault brigando pelas primeiras posições num futuro próximo.
A Hass voltou a marcar pontos com Romain Grosjean, enquanto o limitado Esteban Gutierrez bateu em Nico Hulkenberg e Ryo Haryanto na primeira curva, sendo punido e com isso, terminando em último dos que receberam a bandeirada. Talvez a maior disparidade entre companheiros de equipe na F1 2016 seja na Haas, com Grosjean sendo muito mais rápido do que Gutierrez, sem contar que não se envolve em acidentes como o mexicano. Sergio Pérez, em sua centésima corrida na F1, ainda marcou pontos, mas o mexicano também se envolveu em toques na primeira curva e aproveitou para trocar a estratégia e andou a maior parte do tempo com pneus macios, levando a Force India ao nono lugar. Olhando pelo lado do copo meio vazio, sete meses atrás Pérez chegava em terceiro em Sochi com a Force India... A Sauber segue em seu calvário e hoje briga com a Manor para não ser a pior equipe dessa temporada. A questão levantada por Galvão Bueno foi bastante pertinente. Se várias equipes precisavam de dinheiro e Felipe Nasr tem um ótimo patrocínio, não seria melhor o brasiliense levar seu gordo patrocínio à uma equipe melhor?
Como a história da F1 mostra, mesmo em ótimas temporadas, sempre há uma corrida chata no meio do caminho. Após ótimas corridas nas três primeiras provas de 2016, Sochi destoou um pouco, principalmente nas voltas finais, onde praticamente nada aconteceu. Porém, a corrida foi significativa para Nico Rosberg, que mesmo longe ser um virtuose, já coloca seu nome na história da F1. Vários números do alemão já o colocam entre os melhores que ainda não conquistaram um título mundial de F1. Ainda. A fase de Nico Rosberg é excelente e mesmo Lewis Hamilton sendo um excepcional piloto, Nico tem carro para vencer outras corridas (talvez não consecutivamente, como agora), além de administrar sua já grande vantagem no campeonato. 2016 promete!
A segunda pancada do Kvyat no Vettel foi de propósito mesmo. As justificativas do russo pra isso são pra lá de esfarrapadas. Três pontos de punição pra ele saíram baratinhas.
ResponderExcluirE a câmera on-board do Kvyat mostra claramente que não tinha a aglomeração que ele alegara na terceira curva como justificativa pro segundo toque no Vettel. Tinha apenas a Force India de Sérgio Perez ao lado do Vettel,e Kvyat não fez o menor esforço pra tentar evitar a batida.
E por muito pouco,a atitude suja do Kvyat também não custou caro a própria Red Bull pois por milímetros,Kvyat não tira também seu próprio companheiro Daniel Ricciardo na hora que virou pra direita logo depois de abalroar Vettel.
A atidude de Kvyat foi digna daquelas que Grosjean(em 2012) e Maldonado faziam. E se foi motivada pelas reclamações(injustas) de Vettel na China,fica pior ainda e só reforçam o quão barato saiu aqueles três pontos na carteira. Era pra no mínimo,uma corrida de gancho,mas o mais justo e correto era suspender Kvyat por duas ou três corridas.