sexta-feira, 6 de maio de 2016

História: 20 anos do Grande Prêmio de San Marino de 1996

A Itália se preparou para receber seu novo herói vinte anos atrás. Michael Schumacher, ou simples 'Schummy' para os italianos, já havia conquistado os tifosi, apesar de uma pequena resistência inicial, por Michael ter substituído o ídolo Jean Alesi, mesmo o francês só contar com uma vitória em seis anos de Ferrari. Apesar de toda a festa ferrarista, a realidade mostrava uma Williams muito forte, tendo conquistado todas as quatro vitórias em 1996, sendo três com Hill e uma com Villeneuve, mostrando seu valor ao derrotar Schumacher no quintal do alemão, em Nürburgring, na corrida anterior.

O público italiano lotou as arquibancadas do Autodromo Enzo e Dino Ferrari com suas bandeiras vermelhas, esperando que Schumacher tirasse outro coelho da cartola na casa da Ferrari. O alemão liderou a primeira metade do treino de classificação, quando Damon Hill saiu com o segundo jogo de pneus dele e ficou 0.3s à frente da Ferrari. Quando o cronômetro marcava um minuto para o fim da sessão, Schumacher tirou o coelho da cartola e ficou com uma emocionante pole, o que tornou ainda mais especial quando a Ferrari do alemão quebrou algumas curvas após a sua melhor volta e Schumacher deu uma volta inteira no lado de fora de um carro da organização, para delírio da torcida. Villeneuve finalmente estava numa pista em que conhecia dos seus tempos de F3 Italiana e garantiu o terceiro lugar, mas que poderia ser ainda melhor se não fosse um erro do canadense em sua última volta rápida. Coulthard usou uma versão melhorada do motor Mercedes para ficar em quarto, enquanto Hakkinen era apenas 11º, já a Benetton ficou na média de 1996, com Berger e Alesi em quinto e sétimo, respectivamente, sendo separados por Irvine. Na parte de trás, finalmente a Forti Corse estrearia seu novo carro, quando Luca Badoer finalmente conseguiu um tempo dentro do limite de 107%  do tempo do pole.

Grid:
1) Schumacher (Ferrari) - 1:26.890
2) Hill (Williams) - 1:27.105
3) Villeneuve (Williams) - 1:27.220
4) Coulthard (McLaren) - 1:27.688
5) Alesi (Benetton) - 1:28.009
6) Irvine (Ferrari) - 1:28.205
7) Berger (Benetton) - 1:28.336
8) Salo (Tyrrell) - 1;28.423
9) Barrichello (Jordan) - 1:28.632
10) Frentzen (Sauber) - 1:28.785

O dia 5 de maio de 1996 estava ensolarado em Ímola, num dia perfeito para uma corrida de F1. Na volta de apresentação, Schumacher ficou longe do resto dos carros para evitar ficar muito tempo parado no grid. A torcida em peso torcia para uma largada relâmpago de Schumacher, mas foi Hill quem largou melhor na primeira fila no apagar das luzes vermelhas e ficou no meio da pista, enquanto Schumacher procurava o melhor local para tangenciar a primeira curva. Tudo parecia bom para Hill, até que Coulthard, numa largada impressionante, foi por fora da chicane Tamburello e tomou a ponta. Nesse mesmo local Villeneuve praticamente acabou sua corrida. Largando muito mal, o canadense acabou tendo um pneu furado ao passar por cima da asa dianteira de Alesi, fazendo com que Villeneuve procurasse os boxes ao final da primeira volta, caindo para último. Quem se aproveitou dessa confusão foi Mika Salo, que pulou de oitavo para quarto, seguido por Berger e Barrichello.

Com Salo servindo de tampão, os três primeiros colocados cruzaram na frente com alguma vantagem, mesmo sendo claro que Coulthard não tinha ritmo para andar na frente de Williams e Ferrari. Logo na terceira volta, para delírio do público em Ímola, essa ordem mudou quando Schumacher ultrapassou Hill na primeira chicane, com o alemão indo imediatamente para cima de Coulthard. O ritmo de Hill não era bom no começo da prova, mas Coulthard já tinha mostrado que era muito difícil de se ultrapassar e segurou Schumacher o primeiro stint de corrida, fazendo com que o alemão ficasse nas vistas de Hill. A corrida fica estática até a primeira rodada de paradas. Coulthard parou primeiro e numa volta voadora, Schumacher fez sua parada no giro seguinte e mesmo a Ferrari fazendo o pit-stop mais lento do que a McLaren, o alemão ainda passou na frente de Coulthard. Com pista livre, Schumacher tratou de abrir do escocês da McLaren. Porém, Hill permanecia na pista e andando muito rápido. A boa corrida de Salo chega ao fim na volta 23 com o motor quebrado, enquanto Alesi é penalizado por excesso de velocidade nos pits e perde ainda mais terreno, fazendo com que seu ano na Benetton ficasse ainda pior.

Quando faltavam três voltas para a metade da corrida, Damon Hill ainda não havia parado e tudo levava a crer que o inglês só faria um pit-stop. Ledo engano. Hill parou na volta 30 e com um pit-stop de apenas 7.5s, significava que pouco combustível tinha sido colocado na Williams do inglês, porém o pouco tempo perdido fez Damon sair dos pits na frente de Schumacher, para desgosto dos tifosi. Hill e Schumacher estavam separados por 1.5s, numa perseguição implacável do alemão. Ainda na volta 40, Schumacher fez sua segunda e última parada. O mecânico da Ferrari que segurava a mangueira se machucou, atrasando um pouco o alemão. Quando Coulthard teve sua bela corrida arruinada por causa de um problema hidráulico, Schumacher era segundo, mas 34s atrás de Hill. Para piorar as coisas, o alemão da Ferrari foi atrapalhado pela briga entre Hakkinen e Diniz, o que acabou ocasionando uma penalização para ambos. 

Faltando doze voltas para o fim, Hill fez sua parada e retornou à pista confortáveis 22s na frente de Schumacher, que por sua vez tinha uma tranquila vantagem sobre o terceiro colocado Gerhard Berger, que fazia uma corrida praticamente anônima, mas garantindo um pódio numa conturbada temporada para a atual campeã de construtores, a Benetton. Villeneuve havia feito uma boa corrida de recuperação, mas o canadense acabou tendo a suspensão quebrada no final da corrida, ainda pelo toque em Alesi na largada, e abandonou quando vinha em quinto. Hill recebeu a bandeirada tranquilamente na frente. O mesmo não podia dizer de Schumacher. A roda traseira direita da Ferrari travou no meio da última volta e Schumacher teve que fazer a metade da volta derradeira com seu carro envolto numa fumaça branca e sua roda totalmente travada. Para sorte do alemão, a vantagem sobre Berger era o suficiente para ele cruzar em segundo e logo depois Michael estacionar o seu carro. Os tifosi correram em delírio para dentro da pista, causando um grande perigo para os demais pilotos, mas no fim, tudo deu certo. Mesmo com Hill conseguindo a quarta vitória em cinco corridas em 1996, o final da corrida em Ímola teve muita festa para a Ferrari e Michael Schumacher.

Chegada:
1) Hill
2) Schumacher
3) Berger
4) Irvine
5) Barrichello
6) Alesi

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